OS DOCUMENTOS DE URÂNTIA
- A REVELAÇÃO DO TERCEIRO MILÊNIO -
INDICE
Documento 160
Rodan de Alexandria
160:0.1 (1772.1) Na manhã de domingo, 18 de setembro, André anunciou que nenhum trabalho seria planejado para a semana seguinte. Todos os apóstolos, exceto Natanael e Tomé, foram para casa visitar suas famílias ou passar uma temporada com amigos. Esta semana Jesus desfrutou de um período de descanso quase completo, mas Natanael e Tomé estiveram muito ocupados com suas discussões com um certo filósofo grego de Alexandria chamado Rodan. Este grego havia recentemente se tornado discípulo de Jesus por intermédio do ensinamento de um dos companheiros de Abner que havia conduzido uma missão em Alexandria. Rodan estava agora seriamente empenhado na tarefa de harmonizar a sua filosofia de vida com os novos ensinamentos religiosos de Jesus, e viera a Magadan na esperança de que o Mestre conversasse sobre estes problemas com ele. Também desejava garantir uma versão autoritativa e em primeira mão do evangelho de Jesus ou então de um de seus apóstolos. Embora o Mestre tenha se recusado a participar de tal conferência com Rodan, ele o recebeu amavelmente e de imediato orientou que Natanael e Tomé ouvissem tudo o que ele tinha a dizer e, em troca, lhe contassem sobre o evangelho.
1. A Filosofia Grega de Rodan
160:1.1 (1772.2) Na manhã de segunda-feira, Rodan começou uma série de dez palestras a Natanael, Tomé e um grupo de cerca de duas dúzias de crentes que por acaso estavam em Magadan. Estes discursos, condensados, combinados e reformulados em fraseologia moderna, apresentam os seguintes pensamentos para consideração:
160:1.2 (1772.3) A vida humana consiste em três grandes pulsões – impulsos, desejos e atrações. O caráter forte, a personalidade dominante, só são adquiridos pela conversão da pulsão natural da vida na arte social de viver, pela transformação dos desejos presentes naqueles anseios mais elevados que são capazes de realização duradoura, enquanto a atração comum da existência tem que ser transferida das ideias convencionais e estabelecidas para os reinos mais elevados de ideias inexploradas e ideais não descobertos.
160:1.3 (1772.4) Quanto mais complexa se tornar a civilização, mais difícil se tornará a arte de viver. Quanto mais rápidas forem as mudanças no costume social, mais complicada se tornará a tarefa de desenvolvimento do caráter. A cada dez gerações, a humanidade tem que aprender de novo a arte de viver para que o progresso continue. E se o homem se tornar tão engenhoso que aumente mais rapidamente as complexidades da sociedade, a arte de viver precisará voltar a ser dominada em menos tempo, talvez em cada geração. Se a evolução da arte de viver não conseguir acompanhar o ritmo da técnica da existência, a humanidade reverterá rapidamente ao simples impulso de viver – a obtenção da satisfação dos desejos presentes. Assim a humanidade permanecerá imatura; a sociedade não conseguirá crescer até à maturidade plena.
160:1.4 (1773.1) A maturidade social equivale ao grau em que o homem está disposto a renunciar à gratificação de meros desejos transitórios e presentes, em prol do entretenimento daqueles anseios superiores, cuja luta pela sua obtenção proporciona as satisfações mais abundantes do avanço progressivo em direção a metas permanentes. Mas a verdadeira marca da maturidade social é a disposição de um povo em renunciar ao direito de viver pacificamente e contente sob os padrões de promoção de facilidade da atração de crenças estabelecidas e ideias convencionais pela atração inquietante e que exige energia da busca das possibilidades inexploradas do alcançar de metas não descobertas de realidades espirituais idealistas.
160:1.5 (1773.2) Os animais respondem nobremente ao impulso da vida, mas somente o homem pode alcançar a arte de viver, embora a maioria da humanidade experimente apenas o impulso animal de viver. Os animais conhecem apenas esta pulsão cega e instintiva; o homem é capaz de transcender esta pulsão para a função natural. O homem pode optar por viver no plano elevado da arte inteligente, até mesmo no da alegria celestial e do êxtase espiritual. Os animais não investigam os propósitos da vida; portanto, eles nunca se preocupam, nem cometem suicídio. O suicídio entre os homens atesta que tais seres emergiram do estágio de existência puramente animal, e ao fato adicional de que os esforços exploratórios de tais seres humanos não conseguiram atingir os níveis artísticos da experiência mortal. Os animais não conhecem o sentido da vida; o homem não só possui capacidade para o reconhecimento de valores e a compreensão de significados, mas também é consciente do significado dos significados – ele é autoconsciente do discernimento.
160:1.6 (1773.3) Quando os homens ousam abandonar uma vida de desejo natural por uma vida de arte aventureira e de lógica incerta, têm que esperar sofrer os consequentes perigos das perdas emocionais – conflitos, infelicidade e incertezas – pelo menos até o momento da sua obtenção de algum grau de maturidade intelectual e emocional. O desânimo, a preocupação e a indolência são evidências positivas de imaturidade moral. A sociedade humana é confrontada com dois problemas: atingir a maturidade do indivíduo e atingir a maturidade da raça. O ser humano maduro logo começa a olhar para todos os outros mortais com sentimentos de ternura e com emoções de tolerância. Os homens maduros veem as pessoas imaturas com o amor e a consideração que os pais devotam aos filhos.
160:1.7 (1773.4) O viver bem-sucedido nada mais é do que a arte da mestria de técnicas confiáveis para resolver problemas comuns. O primeiro passo na solução de qualquer problema é localizar a dificuldade, isolar o problema e reconhecer francamente a sua natureza e gravidade. O grande erro é que, quando os problemas da vida estimulam os nossos medos profundos, recusamo-nos a reconhecê-los. Da mesma forma, quando o reconhecimento das nossas dificuldades implica a redução da nossa presunção há muito acalentada, a admissão da inveja ou o abandono de preconceitos profundamente arraigados, a pessoa mediana prefere agarrar-se às velhas ilusões de garantia e aos falsos sentimentos de segurança há muito acalentados. Apenas uma pessoa valente está disposta a admitir honestamente e a enfrentar destemidamente o que uma mente sincera e lógica descobre.
160:1.8 (1773.5) A solução sábia e eficaz de qualquer problema exige que a mente esteja isenta de sectarismo, paixão e todos os outros preconceitos puramente pessoais que possam interferir na pesquisa desinteressada dos fatores reais que constituem o problema se apresentando para ser solucionado. A solução dos problemas da vida requer coragem e sinceridade. Somente indivíduos honestos e valentes são capazes de seguir corajosamente através do labirinto desconcertante e confuso da vida até onde a lógica de uma mente destemida pode levar. E esta emancipação da mente e da alma nunca poderá ser efetuada sem a força motriz de um entusiasmo inteligente que beira o zelo religioso. É necessária a atração de um grande ideal para impulsionar o homem na busca de uma meta que está cercada de difíceis problemas materiais e múltiplos riscos intelectuais.
160:1.9 (1774.1) Mesmo que vocês estejam efetivamente armados para enfrentar as situações difíceis da vida, dificilmente poderão esperar êxito, a menos que estejam equipados com aquela sabedoria de mente e encanto de personalidade que lhes permita conquistar o apoio e a cooperação sinceros dos seus semelhantes. Vocês não podem esperar uma grande medida de êxito no trabalho secular ou religioso, a menos que aprendam como persuadir seus semelhantes, prevalecer sobre os homens. Vocês simplesmente têm que ter tato e tolerância.
160:1.10 (1774.2) Mas o maior de todos os métodos de resolução de problemas eu aprendi com Jesus, o seu Mestre. Refiro-me àquilo que ele pratica tão consistentemente, e que ele lhes ensinou tão fielmente, o isolamento da meditação de adoração. Neste hábito de Jesus sair tão frequentemente a sós para comungar com o Pai no céu encontra-se a técnica, não apenas de reunir força e sabedoria para os conflitos comuns da vida, mas também de se apossar da energia para a solução dos problemas mais elevados de natureza moral e espiritual. Mas mesmo os métodos corretos de resolver problemas não compensarão os defeitos inerentes da personalidade nem expiarão a ausência da fome e sede da verdadeira retidão.
160:1.11 (1774.3) Estou profundamente impressionado com o costume de Jesus de se separar a sós para se dedicar a estes períodos de avaliação solitária dos problemas da vida; buscar novas reservas de sabedoria e energia para atender às múltiplas demandas do serviço social; acelerar e aprofundar o propósito supremo da vida, submetendo de fato a personalidade total à consciência do contato com a divindade; agarrar-se à posse de métodos novos e melhores para se ajustar às situações em constante mudança da existência viva; efetuar aquelas reconstruções e reajustes vitais das atitudes pessoais que são tão essenciais para um melhor discernimento de tudo que vale a pena e é real; e fazer tudo isto com os olhos fitos na glória de Deus – respirar com sinceridade a oração favorita do seu Mestre: “Não seja feita a minha vontade, mas a Tua”.
160:1.12 (1774.4) Esta prática de adoração do seu Mestre traz aquele relaxamento que renova a mente; aquela iluminação que inspira a alma; aquela coragem que permite enfrentar valentemente os próprios problemas; aquela autocompreensão que oblitera o medo debilitante; e aquela consciência de união com a divindade que equipa o homem com a segurança que lhe permite ousar ser semelhante a Deus. O relaxamento da adoração, ou comunhão espiritual praticada pelo Mestre, alivia a tensão, remove conflitos e aumenta poderosamente os recursos totais da personalidade. E toda esta filosofia, mais o evangelho do reino, constitui a nova religião tal como a entendo.
160:1.13 (1774.5) O preconceito cega a alma ao reconhecimento da verdade, e o preconceito só pode ser removido pela devoção sincera da alma à adoração de uma causa que abrange e inclui todos os nossos semelhantes. O preconceito está inseparavelmente ligado ao egoísmo. O preconceito só pode ser eliminado abandonando-se a busca egoísta e substituindo-a pela busca da satisfação do serviço a uma causa que não é apenas maior que o eu, mas que é ainda maior que toda a humanidade – a busca por Deus, o alcançar da divindade. A evidência da maturidade da personalidade consiste na transformação do desejo humano de modo que ele busque constantemente a realização daqueles valores que são mais elevados e mais divinamente reais.
160:1.14 (1774.6) Num mundo em constante mudança, no meio de uma ordem social em evolução, é impossível manter metas de destino estabilizadas e estabelecidas. A estabilidade da personalidade só pode ser experimentada por aqueles que descobriram e abraçaram o Deus vivo como a meta eterna da realização infinita. E assim, transferir a própria meta do tempo para a eternidade, da Terra para o Paraíso, do humano para o divino, requer que o homem seja regenerado, convertido, nasça de novo; que ele se tornará o filho recriado do espírito divino; que ele obterá entrada na irmandade do reino do céu. Todas as filosofias e religiões que ficam aquém destes ideais são imaturas. A filosofia que ensino, ligada ao evangelho que vocês pregam, representa a nova religião da maturidade, o ideal de todas as gerações futuras. E isto é verdade porque o nosso ideal é final, infalível, eterno, universal, absoluto e infinito.
160:1.15 (1775.1) A minha filosofia deu-me o impulso de procurar as realidades da verdadeira realização, a meta da maturidade. Mas o meu impulso era impotente; minha busca carecia de força motriz; minha gesta sofria com a ausência de certeza de direcionamento. E estas deficiências têm sido abundantemente supridas por este novo evangelho de Jesus, com seu aprimoramento de discernimentos, elevação de ideais e estabelecimento de metas. Sem dúvidas nem suspeitas posso agora embarcar de todo o coração na aventura eterna.
2. A Arte do Viver
160:2.1 (1775.2) Existem apenas duas maneiras pelas quais os mortais podem viver juntos: a maneira material ou animal e a maneira espiritual ou humana. Por meio do uso de sinais e sons os animais são capazes de comunicar entre si de uma forma limitada. Mas tais formas de comunicação não transmitem significados, valores ou ideias. A única distinção entre o homem e o animal é que o homem pode comunicar com os seus semelhantes por meio de símbolos que certamente designam e identificam significados, valores, ideias e até ideais.
160:2.2 (1775.3) Como os animais não podem comunicar ideias uns aos outros, eles não podem desenvolver personalidade. O homem desenvolve personalidade porque pode assim comunicar-se com seus semelhantes tanto a respeito de ideias como de ideais.
160:2.3 (1775.4) É esta capacidade de comunicar e de compartilhar significados que constitui a cultura humana e que permite ao homem, por meio de associações sociais, construir civilizações. O conhecimento e a sabedoria tornam-se cumulativos devido à capacidade do homem de comunicar estas posses às gerações seguintes. E assim surgem as atividades culturais da raça: arte, ciência, religião e filosofia.
160:2.4 (1775.5) A comunicação simbólica entre os seres humanos predetermina trazer à existência grupos sociais. O mais eficaz de todos os grupos sociais é a família, mais particularmente os dois progenitores. A afeição pessoal é o vínculo espiritual que mantém unidas estas associações materiais. Uma relação tão eficaz também é possível entre duas pessoas do mesmo sexo, como é tão abundantemente ilustrado nas devoções das amizades genuínas.
160:2.5 (1775.6) Estas associações de amizade e afeição mútua são socializadoras e enobrecedoras porque encorajam e facilitam os seguintes fatores essenciais dos níveis mais elevados da arte de viver:
160:2.6 (1775.7) 1. Autoexpressão e autocompreensão mútuas. Muitos impulsos humanos nobres morrem porque não há ninguém para ouvir a sua expressão. Na verdade, não é bom que o homem fique só. Algum grau de reconhecimento e uma certa quantidade de apreciação são essenciais para o desenvolvimento do caráter humano. Sem o amor genuíno de um lar, nenhuma criança pode alcançar o pleno desenvolvimento do caráter normal. Caráter é algo mais do que mera mente e moral. De todas as relações sociais destinadas a desenvolver o caráter, a mais eficaz e ideal é a amizade afetuosa e compreensiva entre homem e mulher no abraço mútuo de um matrimônio inteligente. O casamento, com suas múltiplas relações, é mais bem concebido para extrair aqueles impulsos preciosos e os motivos mais elevados que são indispensáveis ao desenvolvimento de um caráter forte. Não hesito em glorificar assim a vida familiar, pois o seu Mestre escolheu sabiamente a relação pai-filho como a própria pedra angular deste novo evangelho do reino. E uma comunidade de relacionamento tão incomparável, homem e mulher no abraço afetuoso dos mais elevados ideais do tempo, é uma experiência tão valiosa e satisfatória que vale qualquer preço, qualquer sacrifício, requerido para a sua posse.
160:2.7 (1776.1) 2. União das almas – a mobilização da sabedoria. Todo ser humano, mais cedo ou mais tarde, adquire um certo conceito deste mundo e uma certa visão do próximo. Agora é possível, por meio da associação de personalidades, unir estas visões da existência temporal e das perspectivas eternas. Assim, a mente de um aumenta seus valores espirituais ao obter muito do discernimento do outro. Desta forma os homens enriquecem a alma combinando os seus respectivos bens espirituais. Igualmente, desta mesma forma, o homem é capaz de evitar a tendência sempre presente de ser vítima de distorção de visão, preconceito de ponto de vista e estreiteza de julgamento. O medo, a inveja e a vaidade só podem ser evitados pelo contato íntimo com outras mentes. Chamo sua atenção para o fato de que o Mestre nunca os envia sozinhos para trabalhar pela expansão do reino; ele sempre manda vocês saírem dois a dois. E como a sabedoria é um supraconhecimento, segue-se que, na união da sabedoria, o grupo social, pequeno ou grande, compartilha mutuamente todo o conhecimento.
160:2.8 (1776.2) 3. O entusiasmo pela vida. O isolamento tende a esgotar a carga de energia da alma. A associação com os semelhantes é essencial para a renovação do gosto pela vida e é indispensável para a manutenção da coragem para travar aquelas batalhas resultantes da ascensão aos níveis mais elevados da vida humana. A amizade aumenta as alegrias e glorifica os triunfos da vida. As associações humanas amorosas e íntimas tendem a aliviar o sofrimento do seu pesar e das dificuldades, grande parte da sua amargura. A presença de um amigo realça toda beleza e exalta cada bondade. Por meio de símbolos inteligentes o homem é capaz de acelerar e ampliar a capacidade apreciativa dos seus amigos. Uma das glórias que coroam a amizade humana é este poder e possibilidade de estimulação mútua da imaginação. O grande poder espiritual é inerente à consciência da devoção de todo o coração a uma causa comum, a lealdade mútua a uma Deidade cósmica.
160:2.9 (1776.3) 4. A defesa reforçada contra todo o mal. A associação de personalidades e o afeto mútuo são um seguro eficiente contra o mal. Dificuldades, pesares, decepções e derrotas são mais dolorosas e desanimadoras quando enfrentadas a sós. A associação não transmuta o mal em retidão, mas ajuda a diminuir grandemente a dor. Disse seu Mestre: “Felizes os que choram” – se um amigo estiver por perto para os confortar. Há uma força positiva em saber que vocês vivem para o bem-estar dos outros e que estes outros também vivem para o seu bem-estar e progresso. O homem definha em isolamento. Os seres humanos infalivelmente ficam desanimados quando veem apenas as transações transitórias do tempo. O presente, quando divorciado do passado e do futuro, torna-se exasperantemente trivial. Somente um vislumbre do círculo da eternidade pode inspirar o homem a dar o melhor de si e desafiar o que há de melhor nele para dar o máximo. E quando o homem está assim no seu melhor, ele vive de forma mais altruísta para o bem dos outros, dos seus companheiros de peregrinação no tempo e na eternidade.
160:2.10 (1777.1) Repito: tal associação inspiradora e enobrecedora encontra as suas possibilidades ideais na relação conjugal humana. É verdade que muito se consegue com o casamento, e muitos, muitos casamentos fracassam completamente em produzir estes frutos morais e espirituais. Vezes demais o casamento é celebrado por aqueles que procuram outros valores inferiores a estes acompanhamentos superiores da maturidade humana. O casamento ideal tem que se basear em algo mais estável do que as flutuações do sentimento e o capricho da mera atração sexual; tem que se basear numa devoção pessoal genuína e recíproca. E assim, se for possível construir pequenas unidades de associação humana tão confiáveis e eficazes, quando estas forem reunidas no agregado, o mundo contemplará uma grande e glorificada estrutura social, a civilização da maturidade mortal. Tal raça pode começar a perceber algo do ideal do seu Mestre de “paz na Terra e boa vontade entre os homens”. Embora tal sociedade não fosse perfeita ou inteiramente livre do mal, pelo menos se aproximaria da estabilização da maturidade.
3. Os Atrativos da Maturidade
160:3.1 (1777.2) O esforço em direção à maturidade necessita de trabalho, e o trabalho requer energia. De onde vem o poder para realizar tudo isto? As coisas físicas podem ser tidas como certas, mas o Mestre disse muito bem: “O homem não pode viver só de pão”. Concedida a posse de um corpo normal e de uma saúde razoavelmente boa, temos em seguida que procurar aqueles atrativos que atuarão como um estímulo para despertar as forças espirituais adormecidas do homem. Jesus ensinou-nos que Deus vive no homem; então, como podemos induzir o homem a liberar estes poderes da divindade e do infinito vinculados à alma? Como induziremos os homens a permitir que Deus possa brotar para o refrigério de nossas próprias almas enquanto estão em trânsito para fora e então servir ao propósito de iluminar, elevar e abençoar inúmeras outras almas? Qual a melhor forma de eu despertar estes poderes latentes para o bem que estão adormecidos em suas almas? De uma coisa tenho certeza: a excitação emocional não é o estímulo espiritual ideal. A excitação não aumenta a energia; em vez disso, esgota os poderes da mente e do corpo. De onde vem então a energia para fazer estas grandes coisas? Olhem para o seu Mestre. Mesmo agora ele está nas colinas absorvendo poder enquanto nós estamos aqui entregando energia. O segredo de todo este problema está envolto na comunhão espiritual, na adoração. Do ponto de vista humano, é uma questão de meditação e relaxamento combinados. A meditação faz o contato da mente com o espírito; o relaxamento determina a capacidade de receptividade espiritual. E este intercâmbio de força por fraqueza, de coragem por medo, da vontade de Deus pela mente do eu, constitui a adoração. Pelo menos é assim que o filósofo vê a questão.
160:3.2 (1777.3) Quando estas experiências são repetidas com frequência, elas se cristalizam em hábitos, hábitos de adoração que fortalecem, e tais hábitos eventualmente se transformam num caráter espiritual, e tal caráter é finalmente reconhecido pelos semelhantes como uma personalidade madura. Estas práticas são difíceis e demoradas no início, mas quando se tornam habituais, são ao mesmo tempo repousantes e economizadoras de tempo. Quanto mais complexa a sociedade se tornar, e quanto mais os atrativos da civilização se multiplicarem, mais urgente se tornará a necessidade de os indivíduos conhecedores de Deus formarem tais práticas protetoras habituais destinadas a conservar e aumentar as energias espirituais deles.
160:3.3 (1778.1) Outro requisito para a obtenção da maturidade é o ajustamento cooperativo dos grupos sociais a um ambiente em constante mudança. O indivíduo imaturo desperta os antagonismos dos seus semelhantes; o homem maduro conquista a cooperação sincera de seus companheiros, multiplicando assim muitas vezes os frutos de seus esforços de vida.
160:3.4 (1778.2) A minha filosofia me diz que há momentos em que tenho que lutar, se necessário, pela defesa do meu conceito de retidão, mas não duvido que o Mestre, com um tipo mais maduro de personalidade, fácil e graciosamente obteria uma vitória igual por sua técnica superior e cativante de tato e tolerância. Com demasiada frequência, quando lutamos pelo que é certo, verifica-se que tanto o vencedor como o vencido sofreram uma derrota. Ouvi o Mestre dizer ainda ontem que o “homem sábio, ao procurar entrar pela porta trancada, não destruiria a porta, mas sim procuraria a chave para destrancá-la”. Vezes demais travamos uma luta meramente para nos convencermos de que não temos medo.
160:3.5 (1778.3) Este novo evangelho do reino presta um grande serviço à arte de viver, na medida em que proporciona um incentivo novo e mais rico para uma vida mais elevada. Apresenta uma nova e excelsa meta de destino, um propósito de vida supremo. E estes novos conceitos da meta eterna e divina da existência são em si mesmos estímulos transcendentes, provocando a reação do que há de melhor que reside na natureza superior do homem. Em cada topo de montanha do pensamento intelectual encontram-se relaxamento para a mente, força para a alma e comunhão para o espírito. A partir desses pontos de vista de uma vida elevada, o homem é capaz de transcender as irritações materiais dos níveis inferiores de pensamento – preocupação, ciúme, inveja, vingança e o orgulho da personalidade imatura. Estas almas que escalam alto libertam-se de uma infinidade de conflitos decorrentes das trivialidades da vida, tornando-se assim livres para alcançar a consciência das correntes mais elevadas do conceito de espírito e da comunicação celestial. Mas o propósito da vida tem que ser zelosamente guardado contra a tentação de buscar uma realização fácil e transitória; da mesma forma, tem que ser promovido de modo a tornar-se imune às ameaças desastrosas do fanatismo.
4. O Equilíbrio da Maturidade
160:4.1 (1778.4) Embora tenham o olhar voltado exclusivamente para a realização das realidades eternas, vocês também têm que fazer provisões para as necessidades da vida temporal. Embora o espírito seja a nossa meta, a carne é um fato. Ocasionalmente, as necessidades da vida podem cair em nossas mãos por acidente, mas, em geral, temos que trabalhar de forma inteligente para obtê-las. Os dois principais problemas da vida são: ganhar a vida temporal e alcançar a sobrevivência eterna. E mesmo o problema de ganhar a vida requer a religião para a sua solução ideal. Ambos são problemas altamente pessoais. A verdadeira religião, de facto, não funciona separada do indivíduo.
160:4.2 (1778.5) Os elementos essenciais da vida temporal, como os vejo, são:
160:4.3 (1778.6) 1. Boa saúde física.
160:4.4 (1778.7) 2. Pensamento claro e límpido.
160:4.5 (1778.8) 3. Habilidade e perícia.
160:4.6 (1778.9) 4. Riqueza – os bens da vida.
160:4.7 (1778.10) 5. Capacidade de suportar a derrota.
160:4.8 (1778.11) 6. Cultura – educação e sabedoria.
160:4.9 (1779.1) Mesmo os problemas físicos de saúde e eficiência corporal são mais bem resolvidos quando são vistos do ponto de vista religioso do ensinamento do nosso Mestre: que o corpo e a mente do homem são a morada da dádiva dos Deuses, o espírito de Deus se tornando o espírito do homem. A mente do homem torna-se assim a mediadora entre as coisas materiais e as realidades espirituais.
160:4.10 (1779.2) É preciso inteligência para garantir a nossa parte nas coisas desejáveis da vida. É totalmente errado supor que a fidelidade no trabalho diário garantirá as recompensas da riqueza. Exceto a aquisição ocasional e acidental de riqueza, as recompensas materiais da vida temporal fluem por certos canais bem organizados, e apenas aqueles que têm acesso a estes canais podem esperar ser bem recompensados pelos seus esforços temporais. A pobreza tem sempre que ser o destino de todos os homens que procuram a riqueza por canais isolados e individuais. O planejamento sábio, portanto, torna-se a única coisa essencial para a prosperidade no mundo. O êxito requer não apenas devoção ao trabalho, mas também que a pessoa funcione como parte de algum dos canais de riqueza material. Se você for insensato, poderá conceder uma vida devotada à sua geração sem recompensa material; se você for um beneficiário acidental do fluxo de riqueza, poderá viver no luxo, mesmo que não tenha feito nada que valha a pena para os seus semelhantes.
160:4.11 (1779.3) Habilidade é aquilo que vocês herdam, enquanto perícia é aquilo que vocês adquirem. A vida não é real para quem não consegue fazer alguma coisa bem, habilmente. A perícia é uma das verdadeiras fontes de satisfação de viver. Habilidade implica o dom da previsão, da visão previdente. Não se deixem enganar pelas recompensas tentadoras das realizações desonestas; estejam dispostos a labutar pelos retornos posteriores inerentes ao esforço honesto. O homem sábio é capaz de distinguir entre meios e fins; caso contrário, por vezes o planejamento excessivo para o futuro anula o seu próprio propósito elevado. Como alguém que procura prazer, vocês devem sempre ter como objetivo ser um produtor assim como um consumidor.
160:4.12 (1779.4) Treinem a sua memória para manter em confiança sagrada os episódios da vida que dão força e que valem a pena, dos quais vocês se podem recordar à vontade, para seu prazer e edificação. Construam, assim, para vocês e em si mesmos galerias de reserva de beleza, bondade e grandiosidade artística. Mas as mais nobres de todas as memórias são as lembranças preciosas dos grandes momentos de uma amizade magnífica. E todos estes tesouros da memória irradiam suas influências mais preciosas e excelsas sob o toque libertador da adoração espiritual.
160:4.13 (1779.5) Mas a vida se tornará um fardo da existência, a menos que vocês aprendam a fracassar graciosamente. Existe na derrota uma arte que as almas nobres sempre adquirem; vocês têm que saber perder com alegria; vocês não podem ter medo do desapontamento. Nunca hesitem em admitir o fracasso. Não façam nenhuma tentativa de esconder o fracasso sob sorrisos enganosos e otimismo radiante. Soa sempre bem reivindicar êxito, mas os resultados finais são terríveis. Tal técnica leva diretamente à criação de um mundo de irrealidade e ao colapso inevitável da desilusão final.
160:4.14 (1779.6) O êxito pode gerar coragem e promover confiança, mas a sabedoria vem apenas das experiências de ajustamento aos resultados dos próprios fracassos. Homens que preferem ilusões otimistas à realidade nunca poderão se tornar sábios. Somente aqueles que encaram os fatos e os ajustam aos ideais podem alcançar a sabedoria. A sabedoria abrange tanto o fato como o ideal e, portanto, salva os seus devotos de ambos os extremos estéreis da filosofia – o homem cujo idealismo exclui os fatos e o materialista que é desprovido de perspectiva espiritual. Aquelas almas tímidas que só conseguem manter a luta da vida com a ajuda de contínuas falsas ilusões de êxito estão condenadas a sofrer o fracasso e a experimentar a derrota, à medida que finalmente despertam do mundo dos sonhos das suas próprias imaginações.
160:4.15 (1780.1) E é nesta questão de enfrentar o fracasso e de se adaptar à derrota que a visão de longo alcance da religião exerce a sua influência suprema. O fracasso é simplesmente um episódio educativo – um experimento cultural na aquisição de sabedoria – na experiência do homem que busca a Deus e que embarcou na eterna aventura da exploração de um universo. Para tais homens, a derrota não é senão um novo instrumento para alcançar níveis mais elevados de realidade do universo.
160:4.16 (1780.2) A carreira de um homem que busca a Deus pode revelar-se um grande êxito à luz da eternidade, ainda que todo o empreendimento da vida temporal possa parecer um fracasso esmagador, desde que cada fracasso na vida tenha produzido a cultura da sabedoria e a realização do espírito. Não cometam o erro de confundir conhecimento, cultura e sabedoria. Eles estão relacionados na vida, mas representam valores do espírito muito diferentes; a sabedoria sempre domina o conhecimento e sempre glorifica a cultura.
5. A Religião do Ideal
160:5.1 (1780.3) Vocês disseram-me que o seu Mestre considera a religião humana genuína como a experiência do indivíduo com as realidades espirituais. Tenho considerado a religião como a experiência do homem de reagir a algo que ele considera digno da homenagem e da devoção de toda a humanidade. Neste sentido, a religião simboliza a nossa devoção suprema àquilo que representa o nosso conceito mais elevado dos ideais da realidade e o alcance mais distante das nossas mentes em direção às possibilidades eternas da realização espiritual.
160:5.2 (1780.4) Quando os homens reagem à religião no sentido tribal, nacional ou racial, é porque consideram aqueles que não fazem parte do seu grupo como não sendo verdadeiramente humanos. Sempre consideramos o objeto de nossa lealdade religiosa como digno da reverência de todos os homens. A religião nunca pode ser uma questão de mera crença intelectual ou de raciocínio filosófico; a religião é sempre e para sempre um modo de reagir às situações da vida; é uma espécie de conduta. A religião abrange pensar, sentir e agir com reverência em relação a alguma realidade que consideramos digna de adoração universal.
160:5.3 (1780.5) Se algo se tornou uma religião na sua experiência, isso em si é evidente de que você já se tornou um evangelizador ativo dessa religião, uma vez que você considera o conceito supremo da sua religião como sendo digno da adoração de toda a humanidade, de todas as inteligências do universo. Se você não é um evangelizador positivo e missionário de sua religião, você está enganado, pois o que você chama de religião é apenas uma crença tradicional ou um mero sistema de filosofia intelectual. Se a sua religião é uma experiência espiritual, o seu objeto de adoração tem que ser a realidade do espírito universal e o ideal de todos os seus conceitos espiritualizados. Todas as religiões baseadas no medo, na emoção, na tradição e na filosofia eu chamo de religiões intelectuais, enquanto aquelas baseadas na verdadeira experiência do espírito eu chamo de religiões verdadeiras. O objeto da devoção religiosa pode ser material ou espiritual, verdadeiro ou falso, real ou irreal, humano ou divino. As religiões podem, portanto, ser boas ou más.
160:5.4 (1780.6) A moralidade e a religião não são necessariamente a mesma coisa. Um sistema de moral, ao captar um objeto de adoração, pode tornar-se uma religião. Uma religião, ao perder o seu apelo universal à lealdade e à devoção suprema, pode evoluir para um sistema de filosofia ou um código de moral. Esta coisa, ser, estado ou ordem de existência, ou possibilidade de realização que constitui o ideal supremo de lealdade religiosa, e que é o destinatário da devoção religiosa daqueles que adoram, é Deus. Independentemente do nome aplicado a este ideal de realidade do espírito, Ele é Deus.
160:5.5 (1781.1) As características sociais de uma religião verdadeira consistem no fato de que ela invariavelmente procura converter o indivíduo e transformar o mundo. A religião implica a existência de ideais não descobertos que transcendem em muito os padrões conhecidos de ética e moralidade incorporados até mesmo nos mais elevados costumes sociais das instituições mais maduras da civilização. A religião busca ideais não descobertos, realidades inexploradas, valores supra-humanos, sabedoria divina e verdadeira realização do espírito. A religião verdadeira faz tudo isto; todas as outras crenças não são dignas do nome. Vocês não podem ter uma religião espiritual genuína sem o ideal supremo e superno de um Deus eterno. Uma religião sem este Deus é uma invenção do homem, uma instituição humana de crenças intelectuais sem vida e de cerimônias emocionais sem sentido. Uma religião pode reivindicar como objeto de sua devoção um grande ideal. Mas tais ideais de irrealidade não são alcançáveis; tal conceito é ilusório. Os únicos ideais suscetíveis de realização humana são as realidades divinas dos valores infinitos residentes no fato espiritual do Deus eterno.
160:5.6 (1781.2) A palavra Deus, a ideia de Deus em contraste com o ideal de Deus, pode tornar-se parte de qualquer religião, por mais pueril ou falsa que essa religião possa ser. E esta ideia de Deus pode tornar-se qualquer coisa que aqueles que a consideram possam decidir fazer. As religiões inferiores moldam as suas ideias de Deus para satisfazer o estado natural do coração humano; as religiões superiores exigem que o coração humano seja mudado para atender às exigências dos ideais da verdadeira religião.
160:5.7 (1781.3) A religião de Jesus transcende todos os nossos conceitos anteriores da ideia de adoração, na medida em que ele não apenas retrata o seu Pai como o ideal da realidade infinita, mas também declara positivamente que esta fonte divina de valores e o centro eterno do universo é verdadeira e pessoalmente alcançável por toda criatura mortal que escolhe entrar no reino do céu na Terra, reconhecendo assim a aceitação da filiação com Deus e da irmandade com o homem. Esse, afirmo, é o conceito mais elevado de religião que o mundo já conheceu, e declaro que nunca poderá haver um conceito superior, uma vez que este evangelho abrange a infinidade das realidades, a divindade dos valores e a eternidade das realizações universais. Tal conceito constitui a realização da experiência do idealismo do supremo e do último.
160:5.8 (1781.4) Não estou apenas intrigado com os ideais consumados desta religião do seu Mestre, mas sinto-me profundamente movido a professar a minha crença no seu anúncio de que estes ideais de realidades do espírito são atingíveis; que vocês e eu podemos entrar nesta longa e eterna aventura com a certeza de nossa chegada final aos portais do Paraíso. Meus irmãos, sou um crente, eu embarquei; estou a caminho com vocês nesta aventura eterna. O Mestre diz que ele veio do Pai e que nos mostrará o caminho. Estou plenamente convencido de que ele fala a verdade. Estou finalmente convencido de que não existem ideais de realidade alcançáveis ou valores de perfeição fora do Pai Universal e eterno.
160:5.9 (1781.5) Venho, então, adorar não meramente o Deus das existências, mas o Deus da possibilidade de todas as existências futuras. Portanto, a sua devoção a um ideal supremo, se esse ideal for real, tem que ser devoção a este Deus dos universos passados, presentes e futuros de coisas e seres. E não existe outro Deus, pois não é possível haver outro Deus. Todos os outros deuses são produtos da imaginação, ilusões da mente mortal, distorções da falsa lógica e ídolos autoenganosos daqueles que os criam. Sim, vocês podem ter uma religião sem este Deus, mas isso não significa nada. E se vocês procuram substituir a realidade deste ideal do Deus vivo pela palavra Deus, vocês apenas se iludiram ao colocar uma ideia no lugar de um ideal, uma realidade divina. Tais crenças são meramente religiões de fantasias devaneadoras.
160:5.10 (1782.1) Vejo nos ensinamentos de Jesus a religião no seu melhor. Este evangelho permite-nos buscar o Deus verdadeiro e encontrá-Lo. Mas estamos dispostos a pagar o preço desta entrada no reino do céu? Estamos dispostos a nascer de novo, a sermos refeitos? Estamos dispostos a ficar sujeitos a este processo terrível e desafiador de autodestruição e reconstrução da alma? Não disse o Mestre: “Quem quiser salvar a sua vida terá que perdê-la. Não pensem que vim trazer paz, mas sim uma luta da alma”? É verdade que depois de pagarmos o preço da dedicação à vontade do Pai, experimentamos uma grande paz, desde que continuemos a caminhar nestes caminhos espirituais de vida consagrada.
160:5.11 (1782.2) Agora estamos verdadeiramente abandonando as atrações da ordem conhecida de existência enquanto sem reservas dedicamos a nossa gesta às atrações da ordem de existência desconhecida e inexplorada de uma vida futura de aventura nos mundos do espírito do idealismo mais elevado da realidade divina. E procuramos aqueles símbolos de significado com os quais transmitir aos nossos semelhantes estes conceitos da realidade do idealismo da religião de Jesus, e não deixaremos de orar por aquele dia em que toda a humanidade ficará emocionada pela visão comunitária desta verdade suprema. Agora mesmo, nosso conceito focalizado do Pai, mantido em nossos corações, é que Deus é espírito; conforme transmitido aos nossos semelhantes, que Deus é amor.
160:5.12 (1782.3) A religião de Jesus exige experiência viva e espiritual. Outras religiões podem consistir em crenças tradicionais, sentimentos emocionais, consciência filosófica e tudo mais, mas o ensinamento do Mestre requer a obtenção de níveis reais de verdadeira progressão do espírito.
160:5.13 (1782.4) A consciência do impulso de ser como Deus não é a verdadeira religião. Os sentimentos da emoção de adorar a Deus não são a verdadeira religião. O conhecimento da convicção de se esquecer de si mesmo e servir a Deus não é a verdadeira religião. A sabedoria do raciocínio de que esta religião é a melhor de todas não é a religião como uma experiência pessoal e espiritual. A religião verdadeira refere-se ao destino e à realidade da realização, bem como à realidade e ao idealismo daquilo que é aceito de todo o coração pela fé. E tudo isto tem que tornar-se pessoal para nós pela revelação do Espírito da Verdade.
160:5.14 (1782.5) E assim terminaram as dissertações do filósofo grego, um dos maiores de sua raça, que se tornara um crente no evangelho de Jesus.
Paper 160
Rodan of Alexandria
160:0.1 (1772.1) ON SUNDAY morning, September 18, Andrew announced that no work would be planned for the coming week. All of the apostles, except Nathaniel and Thomas, went home to visit their families or to sojourn with friends. This week Jesus enjoyed a period of almost complete rest, but Nathaniel and Thomas were very busy with their discussions with a certain Greek philosopher from Alexandria named Rodan. This Greek had recently become a disciple of Jesus through the teaching of one of Abner’s associates who had conducted a mission at Alexandria. Rodan was now earnestly engaged in the task of harmonizing his philosophy of life with Jesus’ new religious teachings, and he had come to Magadan hoping that the Master would talk these problems over with him. He also desired to secure a firsthand and authoritative version of the gospel from either Jesus or one of his apostles. Though the Master declined to enter into such a conference with Rodan, he did receive him graciously and immediately directed that Nathaniel and Thomas should listen to all he had to say and tell him about the gospel in return.
1. Rodan’s Greek Philosophy
160:1.1 (1772.2) Early Monday morning, Rodan began a series of ten addresses to Nathaniel, Thomas, and a group of some two dozen believers who chanced to be at Magadan. These talks, condensed, combined, and restated in modern phraseology, present the following thoughts for consideration:
160:1.2 (1772.3) Human life consists in three great drives—urges, desires, and lures. Strong character, commanding personality, is only acquired by converting the natural urge of life into the social art of living, by transforming present desires into those higher longings which are capable of lasting attainment, while the commonplace lure of existence must be transferred from one’s conventional and established ideas to the higher realms of unexplored ideas and undiscovered ideals.
160:1.3 (1772.4) The more complex civilization becomes, the more difficult will become the art of living. The more rapid the changes in social usage, the more complicated will become the task of character development. Every ten generations mankind must learn anew the art of living if progress is to continue. And if man becomes so ingenious that he more rapidly adds to the complexities of society, the art of living will need to be remastered in less time, perhaps every single generation. If the evolution of the art of living fails to keep pace with the technique of existence, humanity will quickly revert to the simple urge of living—the attainment of the satisfaction of present desires. Thus will humanity remain immature; society will fail in growing up to full maturity.
160:1.4 (1773.1) Social maturity is equivalent to the degree to which man is willing to surrender the gratification of mere transient and present desires for the entertainment of those superior longings the striving for whose attainment affords the more abundant satisfactions of progressive advancement toward permanent goals. But the true badge of social maturity is the willingness of a people to surrender the right to live peaceably and contentedly under the ease-promoting standards of the lure of established beliefs and conventional ideas for the disquieting and energy-requiring lure of the pursuit of the unexplored possibilities of the attainment of undiscovered goals of idealistic spiritual realities.
160:1.5 (1773.2) Animals respond nobly to the urge of life, but only man can attain the art of living, albeit the majority of mankind only experience the animal urge to live. Animals know only this blind and instinctive urge; man is capable of transcending this urge to natural function. Man may elect to live upon the high plane of intelligent art, even that of celestial joy and spiritual ecstasy. Animals make no inquiry into the purposes of life; therefore they never worry, neither do they commit suicide. Suicide among men testifies that such beings have emerged from the purely animal stage of existence, and to the further fact that the exploratory efforts of such human beings have failed to attain the artistic levels of mortal experience. Animals know not the meaning of life; man not only possesses capacity for the recognition of values and the comprehension of meanings, but he also is conscious of the meaning of meanings—he is self-conscious of insight.
160:1.6 (1773.3) When men dare to forsake a life of natural craving for one of adventurous art and uncertain logic, they must expect to suffer the consequent hazards of emotional casualties—conflicts, unhappiness, and uncertainties—at least until the time of their attainment of some degree of intellectual and emotional maturity. Discouragement, worry, and indolence are positive evidence of moral immaturity. Human society is confronted with two problems: attainment of the maturity of the individual and attainment of the maturity of the race. The mature human being soon begins to look upon all other mortals with feelings of tenderness and with emotions of tolerance. Mature men view immature folks with the love and consideration that parents bear their children.
160:1.7 (1773.4) Successful living is nothing more or less than the art of the mastery of dependable techniques for solving common problems. The first step in the solution of any problem is to locate the difficulty, to isolate the problem, and frankly to recognize its nature and gravity. The great mistake is that, when life problems excite our profound fears, we refuse to recognize them. Likewise, when the acknowledgment of our difficulties entails the reduction of our long-cherished conceit, the admission of envy, or the abandonment of deep-seated prejudices, the average person prefers to cling to the old illusions of safety and to the long-cherished false feelings of security. Only a brave person is willing honestly to admit, and fearlessly to face, what a sincere and logical mind discovers.
160:1.8 (1773.5) The wise and effective solution of any problem demands that the mind shall be free from bias, passion, and all other purely personal prejudices which might interfere with the disinterested survey of the actual factors that go to make up the problem presenting itself for solution. The solution of life problems requires courage and sincerity. Only honest and brave individuals are able to follow valiantly through the perplexing and confusing maze of living to where the logic of a fearless mind may lead. And this emancipation of the mind and soul can never be effected without the driving power of an intelligent enthusiasm which borders on religious zeal. It requires the lure of a great ideal to drive man on in the pursuit of a goal which is beset with difficult material problems and manifold intellectual hazards.
160:1.9 (1774.1) Even though you are effectively armed to meet the difficult situations of life, you can hardly expect success unless you are equipped with that wisdom of mind and charm of personality which enable you to win the hearty support and co-operation of your fellows. You cannot hope for a large measure of success in either secular or religious work unless you can learn how to persuade your fellows, to prevail with men. You simply must have tact and tolerance.
160:1.10 (1774.2) But the greatest of all methods of problem solving I have learned from Jesus, your Master. I refer to that which he so consistently practices, and which he has so faithfully taught you, the isolation of worshipful meditation. In this habit of Jesus’ going off so frequently by himself to commune with the Father in heaven is to be found the technique, not only of gathering strength and wisdom for the ordinary conflicts of living, but also of appropriating the energy for the solution of the higher problems of a moral and spiritual nature. But even correct methods of solving problems will not compensate for inherent defects of personality or atone for the absence of the hunger and thirst for true righteousness.
160:1.11 (1774.3) I am deeply impressed with the custom of Jesus in going apart by himself to engage in these seasons of solitary survey of the problems of living; to seek for new stores of wisdom and energy for meeting the manifold demands of social service; to quicken and deepen the supreme purpose of living by actually subjecting the total personality to the consciousness of contacting with divinity; to grasp for possession of new and better methods of adjusting oneself to the ever-changing situations of living existence; to effect those vital reconstructions and readjustments of one’s personal attitudes which are so essential to enhanced insight into everything worth while and real; and to do all of this with an eye single to the glory of God—to breathe in sincerity your Master’s favorite prayer, “Not my will, but yours, be done.”
160:1.12 (1774.4) This worshipful practice of your Master brings that relaxation which renews the mind; that illumination which inspires the soul; that courage which enables one bravely to face one’s problems; that self-understanding which obliterates debilitating fear; and that consciousness of union with divinity which equips man with the assurance that enables him to dare to be Godlike. The relaxation of worship, or spiritual communion as practiced by the Master, relieves tension, removes conflicts, and mightily augments the total resources of the personality. And all this philosophy, plus the gospel of the kingdom, constitutes the new religion as I understand it.
160:1.13 (1774.5) Prejudice blinds the soul to the recognition of truth, and prejudice can be removed only by the sincere devotion of the soul to the adoration of a cause that is all-embracing and all-inclusive of one’s fellow men. Prejudice is inseparably linked to selfishness. Prejudice can be eliminated only by the abandonment of self-seeking and by substituting therefor the quest of the satisfaction of the service of a cause that is not only greater than self, but one that is even greater than all humanity—the search for God, the attainment of divinity. The evidence of maturity of personality consists in the transformation of human desire so that it constantly seeks for the realization of those values which are highest and most divinely real.
160:1.14 (1774.6) In a continually changing world, in the midst of an evolving social order, it is impossible to maintain settled and established goals of destiny. Stability of personality can be experienced only by those who have discovered and embraced the living God as the eternal goal of infinite attainment. And thus to transfer one’s goal from time to eternity, from earth to Paradise, from the human to the divine, requires that man shall become regenerated, converted, be born again; that he shall become the re-created child of the divine spirit; that he shall gain entrance into the brotherhood of the kingdom of heaven. All philosophies and religions which fall short of these ideals are immature. The philosophy which I teach, linked with the gospel which you preach, represents the new religion of maturity, the ideal of all future generations. And this is true because our ideal is final, infallible, eternal, universal, absolute, and infinite.
160:1.15 (1775.1) My philosophy gave me the urge to search for the realities of true attainment, the goal of maturity. But my urge was impotent; my search lacked driving power; my quest suffered from the absence of certainty of directionization. And these deficiencies have been abundantly supplied by this new gospel of Jesus, with its enhancement of insights, elevation of ideals, and settledness of goals. Without doubts and misgivings I can now wholeheartedly enter upon the eternal venture.
2. The Art of Living
160:2.1 (1775.2) There are just two ways in which mortals may live together: the material or animal way and the spiritual or human way. By the use of signals and sounds animals are able to communicate with each other in a limited way. But such forms of communication do not convey meanings, values, or ideas. The one distinction between man and the animal is that man can communicate with his fellows by means of symbols which most certainly designate and identify meanings, values, ideas, and even ideals.
160:2.2 (1775.3) Since animals cannot communicate ideas to each other, they cannot develop personality. Man develops personality because he can thus communicate with his fellows concerning both ideas and ideals.
160:2.3 (1775.4) It is this ability to communicate and share meanings that constitutes human culture and enables man, through social associations, to build civilizations. Knowledge and wisdom become cumulative because of man’s ability to communicate these possessions to succeeding generations. And thereby arise the cultural activities of the race: art, science, religion, and philosophy.
160:2.4 (1775.5) Symbolic communication between human beings predetermines the bringing into existence of social groups. The most effective of all social groups is the family, more particularly the two parents. Personal affection is the spiritual bond which holds together these material associations. Such an effective relationship is also possible between two persons of the same sex, as is so abundantly illustrated in the devotions of genuine friendships.
160:2.5 (1775.6) These associations of friendship and mutual affection are socializing and ennobling because they encourage and facilitate the following essential factors of the higher levels of the art of living:
160:2.6 (1775.7) 1. Mutual self-expression and self-understanding. Many noble human impulses die because there is no one to hear their expression. Truly, it is not good for man to be alone. Some degree of recognition and a certain amount of appreciation are essential to the development of human character. Without the genuine love of a home, no child can achieve the full development of normal character. Character is something more than mere mind and morals. Of all social relations calculated to develop character, the most effective and ideal is the affectionate and understanding friendship of man and woman in the mutual embrace of intelligent wedlock. Marriage, with its manifold relations, is best designed to draw forth those precious impulses and those higher motives which are indispensable to the development of a strong character. I do not hesitate thus to glorify family life, for your Master has wisely chosen the father-child relationship as the very cornerstone of this new gospel of the kingdom. And such a matchless community of relationship, man and woman in the fond embrace of the highest ideals of time, is so valuable and satisfying an experience that it is worth any price, any sacrifice, requisite for its possession.
160:2.7 (1776.1) 2. Union of souls—the mobilization of wisdom. Every human being sooner or later acquires a certain concept of this world and a certain vision of the next. Now it is possible, through personality association, to unite these views of temporal existence and eternal prospects. Thus does the mind of one augment its spiritual values by gaining much of the insight of the other. In this way men enrich the soul by pooling their respective spiritual possessions. Likewise, in this same way, man is enabled to avoid that ever-present tendency to fall victim to distortion of vision, prejudice of viewpoint, and narrowness of judgment. Fear, envy, and conceit can be prevented only by intimate contact with other minds. I call your attention to the fact that the Master never sends you out alone to labor for the extension of the kingdom; he always sends you out two and two. And since wisdom is superknowledge, it follows that, in the union of wisdom, the social group, small or large, mutually shares all knowledge.
160:2.8 (1776.2) 3. The enthusiasm for living. Isolation tends to exhaust the energy charge of the soul. Association with one’s fellows is essential to the renewal of the zest for life and is indispensable to the maintenance of the courage to fight those battles consequent upon the ascent to the higher levels of human living. Friendship enhances the joys and glorifies the triumphs of life. Loving and intimate human associations tend to rob suffering of its sorrow and hardship of much of its bitterness. The presence of a friend enhances all beauty and exalts every goodness. By intelligent symbols man is able to quicken and enlarge the appreciative capacities of his friends. One of the crowning glories of human friendship is this power and possibility of the mutual stimulation of the imagination. Great spiritual power is inherent in the consciousness of wholehearted devotion to a common cause, mutual loyalty to a cosmic Deity.
160:2.9 (1776.3) 4. The enhanced defense against all evil. Personality association and mutual affection is an efficient insurance against evil. Difficulties, sorrow, disappointment, and defeat are more painful and disheartening when borne alone. Association does not transmute evil into righteousness, but it does aid in greatly lessening the sting. Said your Master, “Happy are they who mourn”—if a friend is at hand to comfort. There is positive strength in the knowledge that you live for the welfare of others, and that these others likewise live for your welfare and advancement. Man languishes in isolation. Human beings unfailingly become discouraged when they view only the transitory transactions of time. The present, when divorced from the past and the future, becomes exasperatingly trivial. Only a glimpse of the circle of eternity can inspire man to do his best and can challenge the best in him to do its utmost. And when man is thus at his best, he lives most unselfishly for the good of others, his fellow sojourners in time and eternity.
160:2.10 (1777.1) I repeat, such inspiring and ennobling association finds its ideal possibilities in the human marriage relation. True, much is attained out of marriage, and many, many marriages utterly fail to produce these moral and spiritual fruits. Too many times marriage is entered by those who seek other values which are lower than these superior accompaniments of human maturity. Ideal marriage must be founded on something more stable than the fluctuations of sentiment and the fickleness of mere sex attraction; it must be based on genuine and mutual personal devotion. And thus, if you can build up such trustworthy and effective small units of human association, when these are assembled in the aggregate, the world will behold a great and glorified social structure, the civilization of mortal maturity. Such a race might begin to realize something of your Master’s ideal of “peace on earth and good will among men.” While such a society would not be perfect or entirely free from evil, it would at least approach the stabilization of maturity.
3. The Lures of Maturity
160:3.1 (1777.2) The effort toward maturity necessitates work, and work requires energy. Whence the power to accomplish all this? The physical things can be taken for granted, but the Master has well said, “Man cannot live by bread alone.” Granted the possession of a normal body and reasonably good health, we must next look for those lures which will act as a stimulus to call forth man’s slumbering spiritual forces. Jesus has taught us that God lives in man; then how can we induce man to release these soul-bound powers of divinity and infinity? How shall we induce men to let go of God that he may spring forth to the refreshment of our own souls while in transit outward and then to serve the purpose of enlightening, uplifting, and blessing countless other souls? How best can I awaken these latent powers for good which lie dormant in your souls? One thing I am sure of: Emotional excitement is not the ideal spiritual stimulus. Excitement does not augment energy; it rather exhausts the powers of both mind and body. Whence then comes the energy to do these great things? Look to your Master. Even now he is out in the hills taking in power while we are here giving out energy. The secret of all this problem is wrapped up in spiritual communion, in worship. From the human standpoint it is a question of combined meditation and relaxation. Meditation makes the contact of mind with spirit; relaxation determines the capacity for spiritual receptivity. And this interchange of strength for weakness, courage for fear, the will of God for the mind of self, constitutes worship. At least, that is the way the philosopher views it.
160:3.2 (1777.3) When these experiences are frequently repeated, they crystallize into habits, strength-giving and worshipful habits, and such habits eventually formulate themselves into a spiritual character, and such a character is finally recognized by one’s fellows as a mature personality. These practices are difficult and time-consuming at first, but when they become habitual, they are at once restful and timesaving. The more complex society becomes, and the more the lures of civilization multiply, the more urgent will become the necessity for God-knowing individuals to form such protective habitual practices designed to conserve and augment their spiritual energies.
160:3.3 (1778.1) Another requirement for the attainment of maturity is the co-operative adjustment of social groups to an ever-changing environment. The immature individual arouses the antagonisms of his fellows; the mature man wins the hearty co-operation of his associates, thereby many times multiplying the fruits of his life efforts.
160:3.4 (1778.2) My philosophy tells me that there are times when I must fight, if need be, for the defense of my concept of righteousness, but I doubt not that the Master, with a more mature type of personality, would easily and gracefully gain an equal victory by his superior and winsome technique of tact and tolerance. All too often, when we battle for the right, it turns out that both the victor and the vanquished have sustained defeat. I heard the Master say only yesterday that the “wise man, when seeking entrance through the locked door, would not destroy the door but rather would seek for the key wherewith to unlock it.” Too often we engage in a fight merely to convince ourselves that we are not afraid.
160:3.5 (1778.3) This new gospel of the kingdom renders a great service to the art of living in that it supplies a new and richer incentive for higher living. It presents a new and exalted goal of destiny, a supreme life purpose. And these new concepts of the eternal and divine goal of existence are in themselves transcendent stimuli, calling forth the reaction of the very best that is resident in man’s higher nature. On every mountaintop of intellectual thought are to be found relaxation for the mind, strength for the soul, and communion for the spirit. From such vantage points of high living, man is able to transcend the material irritations of the lower levels of thinking—worry, jealousy, envy, revenge, and the pride of immature personality. These high-climbing souls deliver themselves from a multitude of the crosscurrent conflicts of the trifles of living, thus becoming free to attain consciousness of the higher currents of spirit concept and celestial communication. But the life purpose must be jealously guarded from the temptation to seek for easy and transient attainment; likewise must it be so fostered as to become immune to the disastrous threats of fanaticism.
4. The Balance of Maturity
160:4.1 (1778.4) While you have an eye single to the attainment of eternal realities, you must also make provision for the necessities of temporal living. While the spirit is our goal, the flesh is a fact. Occasionally the necessities of living may fall into our hands by accident, but in general, we must intelligently work for them. The two major problems of life are: making a temporal living and the achievement of eternal survival. And even the problem of making a living requires religion for its ideal solution. These are both highly personal problems. True religion, in fact, does not function apart from the individual.
160:4.2 (1778.5) The essentials of the temporal life, as I see them, are:
160:4.3 (1778.6) 1. Good physical health.
160:4.4 (1778.7) 2. Clear and clean thinking.
160:4.5 (1778.8) 3. Ability and skill.
160:4.6 (1778.9) 4. Wealth—the goods of life.
160:4.7 (1778.10) 5. Ability to withstand defeat.
160:4.8 (1778.11) 6. Culture—education and wisdom.
160:4.9 (1779.1) Even the physical problems of bodily health and efficiency are best solved when they are viewed from the religious standpoint of our Master’s teaching: That the body and mind of man are the dwelling place of the gift of the Gods, the spirit of God becoming the spirit of man. The mind of man thus becomes the mediator between material things and spiritual realities.
160:4.10 (1779.2) It requires intelligence to secure one’s share of the desirable things of life. It is wholly erroneous to suppose that faithfulness in doing one’s daily work will insure the rewards of wealth. Barring the occasional and accidental acquirement of wealth, the material rewards of the temporal life are found to flow in certain well-organized channels, and only those who have access to these channels may expect to be well rewarded for their temporal efforts. Poverty must ever be the lot of all men who seek for wealth in isolated and individual channels. Wise planning, therefore, becomes the one thing essential to worldly prosperity. Success requires not only devotion to one’s work but also that one should function as a part of some one of the channels of material wealth. If you are unwise, you can bestow a devoted life upon your generation without material reward; if you are an accidental beneficiary of the flow of wealth, you may roll in luxury even though you have done nothing worth while for your fellow men.
160:4.11 (1779.3) Ability is that which you inherit, while skill is what you acquire. Life is not real to one who cannot do some one thing well, expertly. Skill is one of the real sources of the satisfaction of living. Ability implies the gift of foresight, farseeing vision. Be not deceived by the tempting rewards of dishonest achievement; be willing to toil for the later returns inherent in honest endeavor. The wise man is able to distinguish between means and ends; otherwise, sometimes overplanning for the future defeats its own high purpose. As a pleasure seeker you should aim always to be a producer as well as a consumer.
160:4.12 (1779.4) Train your memory to hold in sacred trust the strength-giving and worth-while episodes of life, which you can recall at will for your pleasure and edification. Thus build up for yourself and in yourself reserve galleries of beauty, goodness, and artistic grandeur. But the noblest of all memories are the treasured recollections of the great moments of a superb friendship. And all of these memory treasures radiate their most precious and exalting influences under the releasing touch of spiritual worship.
160:4.13 (1779.5) But life will become a burden of existence unless you learn how to fail gracefully. There is an art in defeat which noble souls always acquire; you must know how to lose cheerfully; you must be fearless of disappointment. Never hesitate to admit failure. Make no attempt to hide failure under deceptive smiles and beaming optimism. It sounds well always to claim success, but the end results are appalling. Such a technique leads directly to the creation of a world of unreality and to the inevitable crash of ultimate disillusionment.
160:4.14 (1779.6) Success may generate courage and promote confidence, but wisdom comes only from the experiences of adjustment to the results of one’s failures. Men who prefer optimistic illusions to reality can never become wise. Only those who face facts and adjust them to ideals can achieve wisdom. Wisdom embraces both the fact and the ideal and therefore saves its devotees from both of those barren extremes of philosophy—the man whose idealism excludes facts and the materialist who is devoid of spiritual outlook. Those timid souls who can only keep up the struggle of life by the aid of continuous false illusions of success are doomed to suffer failure and experience defeat as they ultimately awaken from the dream world of their own imaginations.
160:4.15 (1780.1) And it is in this business of facing failure and adjusting to defeat that the far-reaching vision of religion exerts its supreme influence. Failure is simply an educational episode—a cultural experiment in the acquirement of wisdom—in the experience of the God-seeking man who has embarked on the eternal adventure of the exploration of a universe. To such men defeat is but a new tool for the achievement of higher levels of universe reality.
160:4.16 (1780.2) The career of a God-seeking man may prove to be a great success in the light of eternity, even though the whole temporal-life enterprise may appear as an overwhelming failure, provided each life failure yielded the culture of wisdom and spirit achievement. Do not make the mistake of confusing knowledge, culture, and wisdom. They are related in life, but they represent vastly differing spirit values; wisdom ever dominates knowledge and always glorifies culture.
5. The Religion of the Ideal
160:5.1 (1780.3) You have told me that your Master regards genuine human religion as the individual’s experience with spiritual realities. I have regarded religion as man’s experience of reacting to something which he regards as being worthy of the homage and devotion of all mankind. In this sense, religion symbolizes our supreme devotion to that which represents our highest concept of the ideals of reality and the farthest reach of our minds toward eternal possibilities of spiritual attainment.
160:5.2 (1780.4) When men react to religion in the tribal, national, or racial sense, it is because they look upon those without their group as not being truly human. We always look upon the object of our religious loyalty as being worthy of the reverence of all men. Religion can never be a matter of mere intellectual belief or philosophic reasoning; religion is always and forever a mode of reacting to the situations of life; it is a species of conduct. Religion embraces thinking, feeling, and acting reverently toward some reality which we deem worthy of universal adoration.
160:5.3 (1780.5) If something has become a religion in your experience, it is self-evident that you already have become an active evangel of that religion since you deem the supreme concept of your religion as being worthy of the worship of all mankind, all universe intelligences. If you are not a positive and missionary evangel of your religion, you are self-deceived in that what you call a religion is only a traditional belief or a mere system of intellectual philosophy. If your religion is a spiritual experience, your object of worship must be the universal spirit reality and ideal of all your spiritualized concepts. All religions based on fear, emotion, tradition, and philosophy I term the intellectual religions, while those based on true spirit experience I would term the true religions. The object of religious devotion may be material or spiritual, true or false, real or unreal, human or divine. Religions can therefore be either good or evil.
160:5.4 (1780.6) Morality and religion are not necessarily the same. A system of morals, by grasping an object of worship, may become a religion. A religion, by losing its universal appeal to loyalty and supreme devotion, may evolve into a system of philosophy or a code of morals. This thing, being, state, or order of existence, or possibility of attainment which constitutes the supreme ideal of religious loyalty, and which is the recipient of the religious devotion of those who worship, is God. Regardless of the name applied to this ideal of spirit reality, it is God.
160:5.5 (1781.1) The social characteristics of a true religion consist in the fact that it invariably seeks to convert the individual and to transform the world. Religion implies the existence of undiscovered ideals which far transcend the known standards of ethics and morality embodied in even the highest social usages of the most mature institutions of civilization. Religion reaches out for undiscovered ideals, unexplored realities, superhuman values, divine wisdom, and true spirit attainment. True religion does all of this; all other beliefs are not worthy of the name. You cannot have a genuine spiritual religion without the supreme and supernal ideal of an eternal God. A religion without this God is an invention of man, a human institution of lifeless intellectual beliefs and meaningless emotional ceremonies. A religion might claim as the object of its devotion a great ideal. But such ideals of unreality are not attainable; such a concept is illusionary. The only ideals susceptible of human attainment are the divine realities of the infinite values resident in the spiritual fact of the eternal God.
160:5.6 (1781.2) The word God, the idea of God as contrasted with the ideal of God, can become a part of any religion, no matter how puerile or false that religion may chance to be. And this idea of God can become anything which those who entertain it may choose to make it. The lower religions shape their ideas of God to meet the natural state of the human heart; the higher religions demand that the human heart shall be changed to meet the demands of the ideals of true religion.
160:5.7 (1781.3) The religion of Jesus transcends all our former concepts of the idea of worship in that he not only portrays his Father as the ideal of infinite reality but positively declares that this divine source of values and the eternal center of the universe is truly and personally attainable by every mortal creature who chooses to enter the kingdom of heaven on earth, thereby acknowledging the acceptance of sonship with God and brotherhood with man. That, I submit, is the highest concept of religion the world has ever known, and I pronounce that there can never be a higher since this gospel embraces the infinity of realities, the divinity of values, and the eternity of universal attainments. Such a concept constitutes the achievement of the experience of the idealism of the supreme and the ultimate.
160:5.8 (1781.4) I am not only intrigued by the consummate ideals of this religion of your Master, but I am mightily moved to profess my belief in his announcement that these ideals of spirit realities are attainable; that you and I can enter upon this long and eternal adventure with his assurance of the certainty of our ultimate arrival at the portals of Paradise. My brethren, I am a believer, I have embarked; I am on my way with you in this eternal venture. The Master says he came from the Father, and that he will show us the way. I am fully persuaded he speaks the truth. I am finally convinced that there are no attainable ideals of reality or values of perfection apart from the eternal and Universal Father.
160:5.9 (1781.5) I come, then, to worship, not merely the God of existences, but the God of the possibility of all future existences. Therefore must your devotion to a supreme ideal, if that ideal is real, be devotion to this God of past, present, and future universes of things and beings. And there is no other God, for there cannot possibly be any other God. All other gods are figments of the imagination, illusions of mortal mind, distortions of false logic, and the self-deceptive idols of those who create them. Yes, you can have a religion without this God, but it does not mean anything. And if you seek to substitute the word God for the reality of this ideal of the living God, you have only deluded yourself by putting an idea in the place of an ideal, a divine reality. Such beliefs are merely religions of wishful fancy.
160:5.10 (1782.1) I see in the teachings of Jesus, religion at its best. This gospel enables us to seek for the true God and to find him. But are we willing to pay the price of this entrance into the kingdom of heaven? Are we willing to be born again? to be remade? Are we willing to be subject to this terrible and testing process of self-destruction and soul reconstruction? Has not the Master said: “Whoso would save his life must lose it. Think not that I have come to bring peace but rather a soul struggle”? True, after we pay the price of dedication to the Father’s will, we do experience great peace provided we continue to walk in these spiritual paths of consecrated living.
160:5.11 (1782.2) Now are we truly forsaking the lures of the known order of existence while we unreservedly dedicate our quest to the lures of the unknown and unexplored order of the existence of a future life of adventure in the spirit worlds of the higher idealism of divine reality. And we seek for those symbols of meaning wherewith to convey to our fellow men these concepts of the reality of the idealism of the religion of Jesus, and we will not cease to pray for that day when all mankind shall be thrilled by the communal vision of this supreme truth. Just now, our focalized concept of the Father, as held in our hearts, is that God is spirit; as conveyed to our fellows, that God is love.
160:5.12 (1782.3) The religion of Jesus demands living and spiritual experience. Other religions may consist in traditional beliefs, emotional feelings, philosophic consciousness, and all of that, but the teaching of the Master requires the attainment of actual levels of real spirit progression.
160:5.13 (1782.4) The consciousness of the impulse to be like God is not true religion. The feelings of the emotion to worship God are not true religion. The knowledge of the conviction to forsake self and serve God is not true religion. The wisdom of the reasoning that this religion is the best of all is not religion as a personal and spiritual experience. True religion has reference to destiny and reality of attainment as well as to the reality and idealism of that which is wholeheartedly faith-accepted. And all of this must be made personal to us by the revelation of the Spirit of Truth.
160:5.14 (1782.5) And thus ended the dissertations of the Greek philosopher, one of the greatest of his race, who had become a believer in the gospel of Jesus.
Documento 160
Rodam de Alexandria
160:0.1 (1772.1) NO DOMINGO pela manhã, 18 de setembro, André anunciou que nenhum trabalho seria programado para a semana seguinte. Todos os apóstolos, exceto Natanael e Tomé, foram visitar os familiares ou estar com amigos. Nessa semana Jesus desfrutou de um período de descanso quase completo, mas Natanael e Tomé estiveram bastante ocupados com as suas conversas com um certo filósofo grego de Alexandria, chamado Rodam. Esse grego havia-se tornado recentemente um discípulo de Jesus, por meio dos ensinamentos de um dos colaboradores de Abner, o qual havia conduzido uma missão em Alexandria. Rodam estava agora sinceramente empenhado na tarefa de harmonizar a sua filosofia de vida adequando-a aos novos ensinamentos religiosos de Jesus e viera a Magadam esperando que o Mestre conversasse com ele sobre essa questão. Também desejava assegurar uma versão autorizada, do evangelho, em primeira mão e diretamente de Jesus ou de um dos seus apóstolos. Apesar de o Mestre não se ter mostrado inclinado a entrar em tal conferência com Rodam, recebeu-o amavelmente e imediatamente determinou a Natanael e Tomé que escutassem tudo o que ele tinha para dizer e que, por sua vez, tratassem com ele sobre todo o evangelho.
1. A Filosofia Grega de Rodam
160:1.1 (1772.2) No domingo cedo, pela manhã, Rodam deu início a uma série de dez discursos para Natanael, Tomé e um grupo de uns vinte e quatro crentes que se encontravam em Magadam. Essas palestras, condensadas, combinadas e relatadas na construção moderna de frases, apresentam os seguintes pensamentos à consideração:
160:1.2 (1772.3) Na vida humana, três grandes impulsos são básicos: os ímpetos, os desejos e os anseios. Um caráter firme e uma personalidade de comando são adquiridos apenas convertendo os ímpetos naturais da vida em arte social de viver, pela transformação dos desejos, do instante presente, em anseios mais elevados, que sejam capazes de um alcance duradouro; enquanto o anseio lugar-comum da existência deve ser transferido das idéias convencionais e estabelecidas, para domínios mais elevados de idéias inexploradas e ideais por serem descobertos.
160:1.3 (1772.4) Quanto mais complexa a civilização se torna, mais difícil ficará a arte de viver. Quanto mais rápidas as mudanças nos hábitos sociais, mais complicada ficará a tarefa do desenvolvimento do caráter. A cada dez gerações a humanidade deve aprender de novo a arte de viver, se é que o progresso deva continuar. E se o homem torna-se assim tão engenhoso, mais rapidamente ele aumenta as complexidades da sociedade; e a arte de viver necessitará ser reformada em menos tempo, talvez mesmo, a cada nova geração. Se a evolução da arte de viver fracassar em manter-se à altura da técnica da existência, a humanidade reverter-se-á rapidamente à condição simples da urgência na sobrevivência — a busca da satisfação dos desejos presentes. E assim a humanidade permanecerá imatura; e a sociedade fracassará no seu crescimento até a maturidade plena.
160:1.4 (1773.1) A maturidade social é equivalente ao grau pelo qual o homem está disposto a sacrificar a gratificação de desejos meramente transitórios e presentes, e passar a entreter aqueles anseios superiores, cuja obtenção requer esforço, mas que, se atingidos, proporcionam satisfações mais abundantes, e de avanço mais progressivo, na direção de metas permanentes. A verdadeira indicação de maturidade social, entretanto, é a vontade que um povo tem de renunciar ao direito de viver, pacífica e satisfatoriamente sob padrões que promovem a comodidade e sob crenças estabelecidas e idéias convencionais, em troca do anseio, inquietante sim e absorvedor de energia também, da busca de possibilidades inexploradas, para atingir metas novas, por descobrir, de realidades espirituais idealistas.
160:1.5 (1773.2) Os animais respondem nobremente ao impulso da vida, mas apenas o homem pode alcançar a arte de viver, se bem que a maioria da humanidade apenas experimente o ímpeto animal da vida. Os animais conhecem apenas essa urgência cega e instintiva; o homem é capaz de transcender a esses ímpetos da função natural. O homem pode optar por uma vida, no plano elevado da arte inteligente e, até mesmo, no plano da alegria celestial ou do êxtase espiritual. Os animais nada se perguntam sobre os propósitos da vida; e, conseqüentemente, nunca se preocupam, nem cometem suicídio. O suicídio entre os homens atesta que esses seres emergiram do estágio puramente animal de existência e subseqüentemente atesta o fato de que os esforços exploratórios de tais seres humanos falharam em atingir os níveis artísticos da experiência mortal. Os animais não conhecem o sentido da vida; o homem não somente possui a capacidade de reconhecer os valores e a compreensão dos significados, mas também é cônscio do significado dos significados — é consciente de um discernimento interior.
160:1.6 (1773.3) Quando os homens ousam abandonar uma vida de desejos naturais, por uma vida de aventuras na arte, cuja lógica é incerta, eles devem esperar sofrer os acasos conseqüentes das perdas emocionais — conflitos, infelicidade e incertezas — , pelo menos até que chegue o tempo de atingir, em algum grau, a maturidade intelectual e emocional. O desencorajamento, a preocupação e a indolência são evidências claras de imaturidade moral. A sociedade humana confronta-se com dois problemas: a maturidade do indivíduo, por ser atingida; e a maturidade da raça, também por ser atingida. O ser humano amadurecido logo começa a encarar todos os outros mortais com sentimentos de ternura e com emoções de tolerância. Os homens amadurecidos encaram os imaturos com o amor e a consideração com que os pais criam os filhos.
160:1.7 (1773.4) Viver com êxito é, nada mais, nada menos, do que a arte na mestria e no domínio das técnicas confiáveis para resolver problemas comuns. O primeiro passo na solução de qualquer problema é localizar a dificuldade, é isolar o problema e reconhecer francamente a sua natureza e gravidade. O grande erro é que, quando os problemas da vida despertam os nossos medos profundos, nós nos recusamos a reconhecê-los. Da mesma forma, quando o reconhecimento das nossas dificuldades envolve uma redução na nossa vaidade, já tão longamente acalentada, e, uma admissão da inveja ou o abandono de preconceitos já profundamente arraigados, o indivíduo comum prefere apegar-se às velhas ilusões de imunidade e aos falsos sentimentos de segurança, também acalentados há muito. Apenas uma pessoa valente pode estar honestamente disposta a admitir e encarar, destemidamente, o que a sua mente sincera e lógica descobre.
160:1.8 (1773.5) A solução sábia e efetiva de qualquer problema demanda que a mente seja isenta de sectarismos, paixões e todos os outros condicionamentos puramente pessoais, que poderiam interferir em uma busca desinteressada dos fatores reais que formam o problema a ser solucionado. A solução dos problemas da vida requer coragem e sinceridade. Apenas os indivíduos honestos e valentes são capazes de seguir bravamente, através do labirinto perturbador e confuso da vida, indo até onde a lógica de uma mente destemida pode levar. E essa emancipação da mente e da alma não pode efetivar-se sem o poder impulsionador de um entusiasmo inteligente, que beira o zelo religioso. A atração de um grande ideal é necessária para impulsionar o homem a perseguir uma meta que seja cercada de problemas materiais difíceis e cheia de riscos intelectuais múltiplos.
160:1.9 (1774.1) Ainda que vós estejais efetivamente equipados para encarar as situações difíceis da vida, não podereis esperar ter êxito, a menos que estejais providos daquela sabedoria da mente e encanto da personalidade, que vos propiciarão obter a cooperação e o apoio sincero dos vossos semelhantes. Vós não podeis esperar obter um sucesso em larga escala, seja no vosso trabalho secular, seja no religioso, a menos que tenhais aprendido como persuadir os vossos semelhantes, como convencer os homens. Deveis ter tato e tolerância, simplesmente.
160:1.10 (1774.2) O melhor entre todos os métodos maiores, na solução dos problemas, contudo, eu aprendi com Jesus, o vosso Mestre. Estou referindo-me àquilo que ele tão coerentemente pratica e que, com tanta fé, ensinou a vós: o isolamento da meditação adoradora. Nesse costume, que Jesus tem de sair tão freqüentemente e se isolar, para comungar com o Pai do céu, é que deve ser encontrada a técnica, não apenas para reunir as forças e a sabedoria a fim de lidar com os conflitos ordinários da vida, mas também para apossar-se da energia necessária à solução dos mais altos problemas de natureza moral e espiritual. Pois, nem mesmo os métodos corretos de solução dos problemas poderão reparar os defeitos inerentes da personalidade, nem compensar a ausência de fome e sede de retidão verdadeira.
160:1.11 (1774.3) Considero-me profundamente impressionado com o costume que Jesus tem de apartar-se e de, sozinho, engajar-se nessas sessões de sondagens solitárias dos problemas da vida; na busca de reservas novas de sabedoria e energia, para enfrentar as múltiplas demandas do serviço social; de estimular e aprofundar o propósito supremo da vida, ao sujeitar a personalidade total à consciência do contato com a divindade; de lutar por alcançar métodos novos e melhores de ajustamento às situações sempre mutantes da existência nesta vida; de efetuar aquelas reconstruções vitais e os reajustes nas atitudes pessoais, que são tão essenciais ao discernimento elevado, de tudo o que é real e que vale a pena; e de fazer tudo isso com olhos apenas na glória de Deus — e respirar com sinceridade na oração favorita do vosso Mestre: “Não o meu desejo, mas o Vosso seja cumprido”.
160:1.12 (1774.4) Essa prática integral na adoração, feita pelo vosso Mestre, proporciona aquele relaxamento que renova a mente, aquela iluminação que inspira a alma, aquela coragem que capacita para enfrentar valentemente os problemas, aquela compreensão que oblitera o medo debilitador e aquela consciência de união com a divindade que dota o homem com a segurança necessária para atrever-se a ser como Deus. O relaxamento gerado na adoração, ou comunhão espiritual, como praticada pelo Mestre, alivia a tensão, elimina os conflitos e aumenta poderosamente os recursos totais da personalidade. E toda essa filosofia mais o evangelho do Reino constituem a nova religião como eu a entendo.
160:1.13 (1774.5) O preconceito cega a alma para o reconhecimento da verdade; o preconceito pode ser removido somente pela devoção sincera da alma à adoração de uma causa que abranja e inclua plenamente todos os nossos semelhantes. O preconceito está indelevelmente vinculado ao egoísmo. O preconceito pode ser eliminado somente se a busca do ego for abandonada e substituída pela busca da satisfação pelo serviço de uma causa que seja, não apenas maior do que o ego, mas maior até do que toda a humanidade — a busca de Deus, o alcance da divindade. Uma evidência da maturidade da personalidade consiste na transformação do desejo humano, pela procura constante da realização desses valores, os mais elevados e os mais divinamente reais.
160:1.14 (1774.6) Num mundo em mudança contínua, em meio a uma ordem social em evolução, torna-se impossível manter metas imutáveis e rígidas de destino. A estabilidade da personalidade somente pode ser experimentada por aqueles que descobriram e abraçaram o Deus vivo, como meta eterna de alcance infinito. E, assim, transferir a meta do tempo para a eternidade, da Terra para o Paraíso, do humano para o divino, requer que o homem se torne regenerado, convertido, que nasça de novo; e que ele se transforme na criança recriada do espírito divino, conquistando assim a entrada na irmandade do Reino do céu. Todas as filosofias e religiões que não chegam a esses ideais são imaturas. A filosofia que eu ensino, ligada ao evangelho que pregais, representa a nova religião da maturidade, o ideal das gerações futuras. E isso é verdade porque o nosso ideal é definitivo, infalível, eterno, universal, absoluto e infinito.
160:1.15 (1775.1) A minha filosofia proporciona a mim o impulso de buscar as realidades de alcance verdadeiro, a meta da maturidade. Todavia esse meu ímpeto foi impotente; à minha procura faltava a força impulsionadora; a minha indagação sofria da ausência da certeza de direcionamento. E essas deficiências foram abundantemente supridas por este novo evangelho de Jesus, com o seu enaltecimento do discernimento interior, da elevação de ideais e nitidez de metas. Sem dúvidas e sem apreensões, eu posso agora, de coração pleno, entrar na aventura eterna.
2. A Arte de Viver
160:2.1 (1775.2) Apenas duas maneiras há, por meio das quais os mortais podem viver juntos: a maneira material ou animal e a maneira espiritual ou humana. Pelo uso de sinais e sons, os animais são capazes de comunicarem-se uns com os outros, de um modo limitado. Mas tais formas de comunicação não transmitem significados, valores ou idéias. Uma distinção entre homem e animal é que o homem pode comunicar-se com os seus semelhantes, por meio de símbolos que designam e identificam, com toda a certeza, significados, valores, idéias e mesmo ideais.
160:2.2 (1775.3) Posto que os animais não podem comunicar idéias, uns aos outros, eles não podem desenvolver uma personalidade. O homem desenvolve personalidade, porque ele pode comunicar-se dessa maneira com os seus semelhantes, tanto sobre idéias, quanto sobre ideais.
160:2.3 (1775.4) É essa habilidade de comunicar e compartilhar significados que constitui a cultura humana e que capacita o homem, por meio de agrupamentos sociais, a construir civilizações. O conhecimento e a sabedoria tornam-se cumulativos, por causa da habilidade que o homem tem de comunicar essas conquistas às gerações vindouras. E dessa maneira surgem as atividades culturais da raça: a arte, a ciência, a religião e a filosofia.
160:2.4 (1775.5) A comunicação simbólica entre os seres humanos predetermina o iniciar da existência de grupos sociais. O mais eficiente de todos os grupos sociais é a família, mais particularmente o grupo dos dois progenitores. O afeto pessoal é o laço espiritual que mantém essas ligações materiais unidas. Uma tal relação eficaz é também possível entre duas pessoas do mesmo sexo, como é ilustrado tão abundantemente pela devoção nas amizades genuínas.
160:2.5 (1775.6) Tais associações de amizade e afeto mútuo são socializantes e enobrecedoras, porque encorajam e facilitam os seguintes fatores, essenciais ao mais alto nível da arte de viver:
160:2.6 (1775.7) 1. A auto-expressão e a auto-compreensão mútuas. Muitos impulsos humanos nobres desaparecem porque não há ninguém que escute a sua expressão. Verdadeiramente, não é bom para o homem ficar só. Um certo grau de aprovação e uma certa quantidade de apreço são essenciais ao desenvolvimento do caráter humano. Sem o genuíno amor de um lar, nenhuma criança pode realizar o desenvolvimento pleno de um caráter normal. O caráter é algo mais do que a mera moral da mente e mais do que a moralidade. De todas as relações sociais entabuladas para desenvolver o caráter, a mais eficaz e ideal é a amizade afetuosa e compreensiva entre homem e mulher, no abraço mútuo de um matrimônio inteligente. O matrimônio, com as suas relações múltiplas, é mais bem indicado para estimular os impulsos preciosos e os motivos mais elevados, indispensáveis ao desenvolvimento de um caráter firme. Desse modo, não hesito em glorificar a vida familiar; e o vosso Mestre elegeu sabiamente a relação pai-filho como a pedra angular desse novo evangelho do Reino. E uma comunhão tão inigualável de relacionamento, entre homem e mulher, no abraço afetuoso dos mais altos ideais do tempo, torna-se uma experiência tão valiosa e satisfatória a ponto de valer a pena tê-la a qualquer preço, sob pena de qualquer sacrifício, necessário para consegui-la.
160:2.7 (1776.1) 2. A união de alma — a mobilização da sabedoria. Todo ser humano, mais cedo ou mais tarde, adquire um certo conceito deste mundo e uma certa visão do próximo. Pois bem, é possível, por meio da conjunção de personalidades, unir essas visões da existência temporal e das perspectivas eternas. Assim, a mente de um aumenta os seus valores espirituais ao ganhar muito do discernimento interior do outro. Dessa forma os homens enriquecem as suas almas, fazendo entre si a união das suas respectivas conquistas espirituais. Do mesmo modo, o homem torna-se capacitado para evitar aquela tendência sempre presente de ser vítima de uma distorção na sua visão, de ter um ponto de vista preconcebido ou estreiteza de julgamento. O medo, a inveja e a imodéstia somente podem ser evitados pelo estreito contato com outras mentes. Chamo a vossa atenção para o fato de que o Mestre nunca vos envia sozinhos para o trabalho de expansão do Reino; ele sempre envia dois a dois. E posto que a sabedoria é supraconhecimento, a conseqüência é que, com a união de sabedorias, em um grupo social pequeno ou grande, todo o conhecimento é compartilhado mutuamente.
160:2.8 (1776.2) 3. O entusiasmo pela vida. O isolamento tende a exaurir a carga de energia da alma. A associação com os semelhantes é essencial para a renovação do gosto pela vida e é indispensável à manutenção da coragem para lutar nas batalhas conseqüentes da ascensão aos níveis mais elevados da vida humana. A amizade intensifica as alegrias e glorifica os triunfos na vida. As ligações humanas de amor e intimidade tendem a aliviar o sofrimento das penas da vida e a dificuldade de muitas amarguras. A presença de um amigo acentua toda a beleza e exalta toda a bondade. Por meio de símbolos inteligentes, o homem torna-se capaz de vivificar e aumentar as capacidades de apreciação dos seus amigos. Uma das glórias que coroam as amizades humanas é esse poder e possibilidade de estímulo mútuo da imaginação. Um grande poder espiritual é inerente à consciência da devoção, de todo o coração, a uma causa comum, à lealdade mútua a uma Deidade cósmica.
160:2.9 (1776.3) 4. O aumento da defesa contra todo o mal. A associação de personalidades e o afeto mútuo são uma segurança eficiente contra o mal. As dificuldades, penas, derrotas e desapontamentos são mais dolorosos e desalentadores quando suportadas a sós. O companheirismo não transmuta o mal em retidão, mas contribui muito para a mitigação do golpe. Disse o vosso Mestre: “Felizes são aqueles que choram” — tendo junto um amigo para consolá-los. Há uma força positiva no conhecimento de que vivemos para o bem de outros e que esses outros da mesma forma vivem pelo nosso bem-estar e avanço. O homem definha em isolamento. Os seres humanos infalivelmente se tornam desalentados quando podem visualizar apenas as transações transitórias no tempo. O presente, quando divorciado do passado e do futuro, torna-se exasperadamente trivial. Um vislumbre apenas, do círculo da eternidade, pode inspirar o homem a dar o melhor de si; e pode desafiar esse melhor de si a se ultrapassar. E, quando o homem, assim, está no melhor de si, ele vive de forma menos egocêntrica e pelo bem dos outros, seus companheiros de jornada no tempo e na eternidade.
160:2.10 (1777.1) E repito: Uma associação tão inspiradora e enobrecedora encontra as suas possibilidades ideais na relação humana do matrimônio. É bem verdade que muito se realiza fora do matrimônio; e que muitos e muitos casamentos posteriormente fracassam em produzir esses frutos morais e espirituais. Em um número grande de vezes o matrimônio é adotado por aqueles que procuram outros valores, que são menos elevados que aquelas características que acompanham a maturidade humana. O matrimônio ideal deve fundamentar-se em algo mais estável do que as flutuações do sentimento e do que o mero capricho da atração sexual; deve ser baseado em devoção pessoal genuína e recíproca. E assim, se vós podeis construir essas pequenas unidades eficientes e plenas de confiabilidade de ligação humana, quando estas forem agrupadas no todo, o mundo irá contemplar uma estrutura social grande e glorificada, a civilização da maturidade mortal. Tal raça poderia começar a realizar algo do ideal do vosso Mestre, de “Paz na Terra aos homens de boa vontade”. Ainda que tal sociedade não seja perfeita, nem inteiramente livre do mal, ao menos aproximar-se-ia da estabilização da maturidade.
3. Os Anseios da Maturidade
160:3.1 (1777.2) O esforço na direção da maturidade exige trabalho; e trabalho requer energia. De onde viria o poder para realizar tudo isso? As coisas materiais poderiam ser visualizadas como algo garantido e, sobre isso o Mestre disse bem: “Nem só de pão vive o homem”. Garantida a posse de um corpo normal e com saúde razoavelmente boa, devemos em seguida procurar pelas atrações que atuarão como estímulo para despertar as forças espirituais adormecidas do homem. Jesus ensinou que Deus vive no homem; então, como podemos induzir os homens a liberar esses poderes, de divindade e de infinitude, de dentro das suas almas? Como induzirmos os homens a liberar o Deus de dentro de si, para que possa Ele refrescar as nossas próprias almas; e para que, manifestando-se fora de nós, possa Ele, assim, servir ao propósito de iluminar, elevar e abençoar outras incontáveis almas? Como posso eu, da melhor maneira, despertar tais poderes latentes, adormecidos nas vossas almas, para o bem? De uma coisa estou seguro: a excitação emocional não é o estímulo espiritual ideal. A excitação não aumenta a energia; antes exaure os poderes, tanto da mente, quanto do corpo. De onde vem então a energia para fazer as grandes coisas? Vede o vosso Mestre. Ainda agora, está longe nas montanhas, enchendo — se de energias, enquanto nós estamos aqui, gastando energia. O segredo de toda essa questão está guardado na comunhão espiritual, na adoração. Do ponto de vista humano, é uma questão de combinação entre meditação e relaxamento. A meditação faz o contato da mente com o espírito; o relaxamento determina a capacidade de receptividade espiritual. E esse intercâmbio, de força por fraqueza, de coragem por medo, da vontade de Deus pela vontade da mente do ego, constitui em si a adoração. Pelo menos, esse é o modo pelo qual o filósofo a vê.
160:3.2 (1777.3) Quando freqüentemente repetidas essas experiências cristalizam-se em hábitos, hábitos de fortalecimento na adoração; tais hábitos formulam certamente, por si mesmos, um caráter espiritual e tal caráter é finalmente reconhecido pelos semelhantes, como o de uma personalidade amadurecida. Essas práticas são difíceis e consomem tempo, no início, mas, quando se tornam habituais, passam a ser, de imediato, restauradoras e permitem poupar tempo. Quanto mais complexa a sociedade torna-se e quanto mais as atrações da civilização multiplicamse, mais urgente torna-se a necessidade, nos indivíduos que conhecem a Deus, de transformar essas práticas protetoras, cada vez mais, em hábitos destinados a conservar e aumentar as suas energias espirituais.
160:3.3 (1778.1) Outro quesito para atingir a maturidade é o ajustamento cooperativo, dos grupos sociais, ao ambiente em contínua mutação. O indivíduo imaturo desperta antagonismos nos seus semelhantes; o homem amadurecido ganha a cooperação, de coração aberto, dos seus amigos, multiplicando em muito, desse modo, os frutos dos esforços na sua vida.
160:3.4 (1778.2) A minha filosofia me diz que há momentos em que devo lutar, se necessário for, em defesa do meu conceito de retidão, mas não duvido que, com um tipo mais maduro de personalidade, o Mestre ganhasse com facilidade e graça uma vitória igual, por meio da sua técnica superior e cativante, de tato e tolerância. Muito freqüentemente, quando lutamos pelo certo, acontece que ambos, o vitorioso e o vencido são derrotados. Ouvi, ontem mesmo, o Mestre dizer que “o homem sábio, ao tentar entrar por uma porta fechada, não destruiria a porta, mas buscaria antes a chave para abri-la”. Não são poucas as vezes em que entramos em uma luta simplesmente para convencer a nós mesmos de que não temos medo.
160:3.5 (1778.3) Esse novo evangelho do Reino presta um grande serviço à arte da vida, no sentido de apresentar um incentivo novo e mais rico, para uma vida mais elevada. Apresenta uma nova meta elevada de destino, com um propósito supremo de vida. E esses novos conceitos da meta eterna e divina para a existência são, em si mesmos, estímulos transcendentais, que clamam por uma reação do que há de melhor dentro da melhor natureza do homem. No ponto mais elevado do pensamento intelectual devem ser encontrados: o relaxamento para a mente, a força para a alma e a comunhão para o espírito. Com tantos pontos de vantagem na vida elevada, o homem torna-se capaz de transcender as irritações materiais dos níveis mais baixos de pensamento — preocupação, ciúme, inveja, vingança e o orgulho da personalidade imatura. Essas almas, que farão altas escaladas, libertam-se a si mesmas dos inúmeros conflitos triviais e comuns da vida, tornando-se assim livres para dedicar as suas consciências às correntes mais elevadas de conceitos espirituais e de comunicação celeste. Contudo, o propósito da vida deve ser guardado zelosamente contra a tentação de realizações passageiras e fáceis de alcançar; da mesma forma deve ser levado avante esse propósito, mas de modo a tornar o homem imune às ameaças desastrosas do fanatismo.
4. O Equilíbrio da Maturidade
160:4.1 (1778.4) Conquanto mantendes uma vista voltada mais para alcançar realidades eternas, deveis também fazer a provisão para as necessidades da vida temporal. Enquanto o espírito é a nossa meta, a carne é um fato. Uma vez ou outra, as coisas que são necessárias para viver, podem cair nas nossas mãos por acaso; porém, de forma geral, devemos trabalhar inteligentemente para obtê-las. Os dois maiores problemas da vida são: cuidar da sobrevivência temporal e realizar a sobrevivência eterna. E, mesmo a questão da sobrevivência necessita da religião para a sua solução ideal. E tais são, ambos, problemas altamente pessoais. A verdadeira religião, de fato, não funciona separadamente do indivíduo.
160:4.2 (1778.5) Os fatores essenciais da vida temporal, como os vejo, são:
160:4.3 (1778.6) 1. A boa saúde física.
160:4.4 (1778.7) 2. O pensar claro e desimpedido.
160:4.5 (1778.8) 3. A habilidade e a perícia.
160:4.6 (1778.9) 4. A riqueza — os bens da vida.
160:4.7 (1778.10) 5. A capacidade de suportar a derrota.
160:4.8 (1778.11) 6. A cultura — educação e sabedoria.
160:4.9 (1779.1) Até mesmo as questões físicas, de saúde e capacidade corpórea, são mais bem resolvidas quando vistas do ponto de vista religioso dos ensinamentos do nosso Mestre: pois o corpo e a mente do homem são a morada do dom dos Deuses, o espírito de Deus tornando-se o espírito do homem. A mente do homem, assim, torna-se a mediadora entre as coisas materiais e as realidades espirituais.
160:4.10 (1779.2) Assegurar a nossa parte de coisas desejáveis na vida, requer inteligência. É inteiramente errôneo supor que a fidelidade de fazer o nosso trabalho diário vai assegurar as recompensas da riqueza. Exceção feita à aquisição ocasional e acidental de riqueza; as recompensas materiais da vida temporal devem fluir de certos canais, e somente aqueles que têm acesso a esses canais podem esperar ser bem recompensados pelos seus esforços temporais. A pobreza será sempre o quinhão de todos os homens que procuram a riqueza em canais isolados e individuais. O planejamento sábio, por conseguinte, torna-se o único elemento essencial à prosperidade no mundo. O êxito requer não apenas a nossa devoção ao próprio trabalho, mas também que funcionemos como uma parte de um dos canais da riqueza material. Se não fordes prudentes, podereis entregar uma vida devotada à vossa geração, sem obter recompensa material; se fordes um beneficiário acidental do fluir da riqueza, podereis nadar no luxo, ainda que não tenhais feito nada que valha a pena para os vossos semelhantes.
160:4.11 (1779.3) Habilidade é o que herdais, enquanto perícia é o que adquiris. A vida não é real para alguém que não pode fazer bem — como um especialista — ao menos uma coisa. A perícia é uma das fontes reais de satisfação do viver. A habilidade implica o dom de prever, de ver longe. Não vos deixeis decepcionar pela recompensa tentadora da realização desonesta; estejais dispostos a trabalhar arduamente pelo retorno futuro inerente à conduta honesta. O homem sábio é capaz de distinguir entre meios e fins; porém, algumas vezes, o próprio excesso de planejamento para o futuro derrota-se no seu alto propósito. Como um buscador de prazeres, deveríeis sempre visar ser tanto um criador quanto um consumidor.
160:4.12 (1779.4) Treinai a vossa memória para manter em lugar sagrado os episódios fortalecedores e valiosos da vida, dos quais vós podeis vos lembrar à vontade para o vosso prazer e edificação. Assim, construais para vós próprios, e em vós próprios, galerias de reserva de beleza, bondade e grandeza artística. E as memórias mais nobres de todas são os tesouros guardados na memória tais como os grandes momentos de uma amizade magnífica. E todos esses tesouros da memória irradiam as suas mais preciosas e elevadas influências sob o toque liberador da adoração espiritual.
160:4.13 (1779.5) A vida, contudo, transformar-se-á em uma carga existencial, a menos que aprendais como fracassar airosamente. Existe na derrota uma arte que as almas nobres sempre adquirem; deveis saber como perder sem perder a alegria; não deveis ter temor ao desapontamento. Nunca hesiteis em admitir o fracasso. Não tenteis disfarçar o fracasso por baixo de sorrisos justificativos ou, mesmo, de decepção ou de otimismo irradiantes. Soa bem clamarmos pelo sucesso, sempre; mas os resultados finais podem ser consternadores. Tal técnica leva diretamente à criação de um mundo de irrealidade e ao choque inevitável da desilusão final.
160:4.14 (1779.6) O êxito pode gerar coragem e proporcionar autoconfiança, mas a sabedoria advém somente das experiências de ajustamento aos resultados dos fracassos. Os homens que preferem as ilusões otimistas à realidade nunca se tornam sábios. Somente aqueles que enfrentam de frente os fatos, ajustando-os aos ideais, podem alcançar a sabedoria. A sabedoria inclui tanto os fatos, quanto o ideal e, por conseguinte, salva os seus devotos dos dois extremos estéreis da filosofia — o do homem cujo idealismo exclui os fatos; e o do materialista que é desprovido de abertura espiritual. As almas tímidas, que só mantêm a luta pela vida com a ajuda de falsas ilusões continuadas de sucesso, estão fadadas a sofrer fracassos e a experimentar a derrota quando, finalmente, acordarem do mundo de sonhos da sua própria imaginação.
160:4.15 (1780.1) E, nesse afã de encarar os insucessos, e de ajustamento à derrota, é que a visualização de longa distância, na religião, exerce a sua suprema influência. O malogro é simplesmente um episódio educacional — um experimento cultural na aquisição da sabedoria — , na experiência do homem que busca a Deus e que embarcou na aventura eterna da exploração de um universo. Para tais homens a derrota não é senão um novo instrumento para a realização de níveis mais elevados de realidade no universo.
160:4.16 (1780.2) A carreira de um homem que busca a Deus pode ser um grande êxito à luz da eternidade, ainda que toda a empresa da vida temporal possa parecer um completo malogro, cada fracasso na vida deve ser colhido como um complemento para se alcançar a cultura da sabedoria e do espírito. Não cometais o erro de confundir conhecimento, cultura e sabedoria. Eles estão relacionados entre si na vida, mas representam valores espirituais bastante diferentes: a sabedoria sempre domina o conhecimento e sempre glorifica a cultura.
5. A Religião do Ideal
160:5.1 (1780.3) Tendes dito a mim que o vosso Mestre considera a genuína religião humana como sendo a experiência pessoal com as realidades espirituais. Eu tenho considerado a religião como a experiência humana de reagir a algo que o homem encara como sendo digno de homenagem e devoção de toda a humanidade. Nesse sentido, a religião simboliza a nossa suprema devoção àquilo que representa o nosso conceito mais elevado dos ideais de realidade e de alcance mais profundo da nossa mente, na direção das possibilidades eternas de realização espiritual.
160:5.2 (1780.4) Quando os homens reagem à religião no sentido tribal, nacional ou racial, é porque encaram os que não estão no seu grupo como sendo não verdadeiramente humanos. Nós sempre encaramos o objeto da nossa lealdade religiosa como sendo digno da reverência de todos os homens. A religião jamais poderá ser uma questão de mera crença intelectual ou de raciocínio filosófico; a religião é sempre, e para sempre, um modo de reagir às situações da vida; é uma espécie de modo de conduta. A religião abrange o pensamento, os sentimentos e os atos, reverentemente, na direção de alguma realidade que julgamos ser digna da adoração universal.
160:5.3 (1780.5) Se alguma coisa na vossa experiência transformou-se em religião, é evidente que já vos convertestes em um evangelho ativo dessa religião, desde que vós categorizais o supremo conceito dessa religião como sendo digno da adoração de toda a humanidade, de todas as inteligências do universo. Se não sois um evangelho positivo e missionário da vossa religião, estareis iludindo-vos com aquilo que chamais de religião; e que é, pois, apenas uma crença tradicional ou um mero sistema de filosofia intelectual. Se a vossa religião é uma experiência espiritual, o vosso objeto de adoração deve ser a realidade do espírito universal e ideal de todos os vossos conceitos espiritualizados. Todas as religiões baseadas no medo, na emoção, na tradição ou na filosofia, eu as categorizo como religiões intelectuais; enquanto aquelas que são baseadas em verdadeiras experiências espirituais, eu as denominaria religiões verdadeiras. O objeto da devoção religiosa pode ser material ou espiritual, verdadeiro ou falso, real ou irreal, humano ou divino. As religiões podem, por conseguinte, ser tanto boas como más.
160:5.4 (1780.6) Moralidade e religião não são necessariamente a mesma coisa. Um sistema de moral, caso adote um objetivo de adoração, pode transformar-se em uma religião. Uma religião, ao perder o seu apelo universal de lealdade e suprema devoção, pode transformar-se em um sistema filosófico ou em um código moral. Essa coisa, ser, estado ou ordem de existência, ou possibilidade de obtenção — que constitui o ideal supremo, digno da lealdade religiosa, e que é o receptáculo da devoção religiosa daqueles que adoram, é Deus. Independentemente do nome dado a esse ideal de realidade espiritual, ele é Deus.
160:5.5 (1781.1) As características sociais de uma verdadeira religião consistem no fato de que, invariavelmente, ela procura converter o indivíduo e transformar o mundo. A religião implica a existência de ideais não descobertos que, de longe, transcendem aos padrões conhecidos da ética e da moralidade, ainda que incorporados aos mais altos costumes sociais das instituições mais amadurecidas da civilização. A religião procura ideais não descobertos, realidades inexploradas, valores supra-humanos, sabedoria divina e verdadeira realização espiritual. A verdadeira religião faz tudo isso; todas as outras crenças deixam de ser dignas do nome. Não podeis ter uma religião espiritual genuína, sem o ideal supremo e superno de um Deus eterno. Uma religião sem esse Deus é uma invenção do homem, uma instituição humana de crenças intelectuais, sem vida, e de cerimoniais emocionais sem significação. Uma religião poderia aclamar, como objeto da sua devoção, um grande ideal. Tais ideais irreais, contudo, não são alcançáveis; tal conceito é ilusório. Os únicos ideais susceptíveis de serem realizados pelo homem são as realidades divinas de valores infinitos, que residem na realidade espiritual do Deus eterno.
160:5.6 (1781.2) A palavra Deus, a idéia de Deus, em contraste com o ideal de Deus, pode tornarse parte de qualquer religião, não importa quão pueril ou falsa essa religião possa ser. E essa idéia de Deus pode tornar-se qualquer coisa que aqueles que a mantêm escolham fazer dela. As religiões menos elevadas modelam as suas idéias de Deus de modo a satisfazer o estado natural do coração do homem; as mais elevadas religiões requerem que o coração humano seja modificado para satisfazer as demandas dos ideais de uma verdadeira religião.
160:5.7 (1781.3) A religião de Jesus transcende a todos os nossos conceitos anteriores da idéia de adoração, não apenas na forma como ele retrata o seu Pai, como o ideal da realidade infinita, mas também, quando declara, de forma afirmativa, que essa fonte divina de valores e centro eterno do universo, é verdadeira e pessoalmente alcançável por toda criatura mortal, na Terra, que escolha entrar no Reino do céu, reconhecendo assim a aceitação da sua filiação a Deus e a sua irmandade com o homem. Admito, esse é o conceito mais elevado, de religião, que o mundo jamais conheceu, e afirmo que nunca poderá existir, um sequer, mais elevado, já que esse evangelho abrange a infinitude das realidades, a divindade de valores e a eternidade das realizações universais. Tal conceito constitui a realização da experiência do idealismo do Supremo e do Último.
160:5.8 (1781.4) Estou, não apenas intrigado pelos ideais consumados dessa religião do vosso Mestre, mas, fortemente inclinado a professar a minha crença nessa anunciação que ele faz, de que esses ideais das realidades do espírito sejam alcançáveis; de que vós podeis entrar, tanto quanto eu, nessa longa e eterna aventura, com a garantia dele, na certeza da nossa chegada final aos portais do Paraíso. Meus irmãos, eu sou um crente, eu me entreguei; estou convosco no caminho dessa aventura eterna. O Mestre diz que veio do Pai e que vai mostrar-nos o caminho. Estou plenamente persuadido de que ele diz a verdade. Estou finalmente convencido de que não há ideais atingíveis de realidade, nem valores de perfeição, fora do Pai Universal e eterno.
160:5.9 (1781.5) Venho, então, adorar, não meramente o Deus das existências, mas o Deus da possibilidade de todas as existências futuras. Portanto, a devoção a um ideal supremo, se esse ideal for real, deve ser a devoção a esse Deus dos universos passados, presentes e futuros de coisas e seres. E não há outro Deus, pois não é possível existir nenhum outro Deus. Todos os outros deuses são meras ficções da imaginação, ilusões da mente mortal, distorções de uma lógica falsa, ídolos ilusórios a decepcionar àqueles que os criaram. Sim, vós podeis ter uma religião sem esse Deus, mas isso não vai significar nada. E, se procurais substituir a palavra Deus pela realidade desse ideal do Deus vivo, tereis apenas enganado a vós mesmos ao colocar uma idéia no lugar de um ideal, uma realidade divina. Tais crenças são meramente religiões de aspirações fantasiosas.
160:5.10 (1782.1) Vejo nos ensinamentos de Jesus a religião na sua melhor expressão. Esse evangelho nos permite buscar o verdadeiro Deus e encontrá-Lo. Porém, estamos dispostos a pagar o preço dessa entrada no Reino do céu? Estamos querendo realmente nascer outra vez? E nos refazer? Estaremos dispostos a nos sujeitar a esse terrível processo de provação e destruição do ego e de reconstrução da alma? O Mestre, pois, não disse: “Quem quiser salvar a sua vida deve perdê-la. Acaso não vedes que não vim para vos trazer a paz, que vim mais vos trazer uma batalha da alma?” Em verdade, após pagarmos o preço da dedicação à vontade do Pai, experimentamos uma grande paz, desde que continuemos a seguir nesse caminho espiritual de consagrar a vida.
160:5.11 (1782.2) Ora, verdadeiramente abandonamos as atrações da ordem conhecida de existência, ao dedicarmo-nos sem reservas à busca das atrações da ordem desconhecida e inexplorada, da existência de uma vida futura de aventura nos mundos do espírito, do mais elevado idealismo da realidade divina. E buscamos aqueles símbolos plenos de significado, por meio dos quais podemos transmitir aos nossos semelhantes esses conceitos da realidade, do idealismo da religião de Jesus e não iremos cessar de orar pelo dia em que toda a humanidade comoverse-á com a visão comungada dessa verdade suprema. Agora mesmo, o nosso conceito focalizado do Pai, tal como o mantemos no fundo do coração, é o de que Deus é espírito; e, tal como o transmitimos aos nossos semelhantes, de que Deus é amor.
160:5.12 (1782.3) A religião de Jesus exige uma experiência viva e espiritual. Outras religiões podem consistir nas crenças tradicionais; nos envolvimentos emocionais; na consciência filosófica e em tudo o mais, mas o ensinamento do Mestre requer o alcance de níveis de progresso espiritual real.
160:5.13 (1782.4) A consciência do impulso de ser perfeito como Deus não é a verdadeira religião. Os sentimentos e a emoção da adoração de Deus não são a verdadeira religião. O conhecimento da convicção de esquecimento do eu, e serviço a Deus, não é a verdadeira religião. A sabedoria do pensamento de que uma religião é a melhor de todas não é religião em si, como uma experiência espiritual pessoal. A verdadeira religião, sim, refere-se ao destino e à realidade daquilo que se alcança, assim como também se refere à realidade e ao idealismo daquilo que se aceita por meio da fé, de coração aberto e pleno. E tudo isso deve ser tornado pessoal para nós, pela revelação do Espírito da Verdade.
160:5.14 (1782.5) E assim terminaram as dissertações do filósofo grego, um dos maiores da sua raça, que se tornou um crente na palavra de Jesus.