Urântia

OS DOCUMENTOS DE URÂNTIA

- A REVELAÇÃO DO TERCEIRO MILÊNIO -

INDICE

Documento 92

A Evolução Posterior da Religião

92:0.1 (1003.1) O homem possuía uma religião de origem natural como parte de sua experiência evolutiva muito antes de quaisquer revelações sistemáticas serem feitas em Urântia. Mas esta religião de origem natural era, em si mesma, o produto dos dons supra-animais do homem. A religião evolutiva surgiu lentamente ao longo dos milênios da carreira experiencial da humanidade por intermédio da ministração das seguintes influências operando por dentro e se impondo ao homem selvagem, ao bárbaro e ao civilizado:


92:0.2 (1003.2) 1. O ajudante da adoração – o aparecimento na consciência animal de potenciais supra-animais para a percepção da realidade. Isto pode ser chamado de instinto humano primordial em direção à Deidade.

92:0.3 (1003.3) 2. O ajudante da sabedoria – a manifestação em uma mente adoradora da tendência de dirigir sua adoração em canais mais elevados de expressão e rumo a conceitos sempre em expansão da realidade da Deidade.

92:0.4 (1003.4) 3. O Espírito Santo – esta é a concessão inicial da supramente e aparece infalivelmente em todas as personalidades humanas autênticas. Esta ministração a uma mente sedenta de adoração e desejosa de sabedoria cria a capacidade para autorrealizar o postulado da sobrevivência humana, tanto no conceito teológico quanto como uma experiência real e factual da personalidade.


92:0.5 (1003.5) O funcionamento coordenado destas três ministrações divinas é suficiente o bastante para iniciar e prosseguir o crescimento da religião evolutiva. Estas influências são posteriormente amplificadas por Ajustadores do Pensamento, serafinas e o Espírito da Verdade, todos os quais aceleram o índice de desenvolvimento religioso. Estas agências há muito têm funcionado em Urântia e continuarão aqui enquanto este planeta permanecer uma esfera habitada. Muito do potencial destas agências divinas nunca chegou ainda a ter oportunidade de expressão; muito será revelado nas eras vindouras à medida que a religião mortal ascender, nível por nível, em direção às alturas supernas do valor da morôncia e da verdade do espírito.


1. A Natureza Evolucionária da Religião


92:1.1 (1003.6) A evolução da religião foi traçada desde o medo primitivo e a crença em fantasmas, passando por muitos estágios sucessivos de desenvolvimento, incluindo aqueles esforços primeiro para coagir e depois para persuadir os espíritos. Os fetiches tribais transformaram-se em totens e deuses tribais; as fórmulas mágicas tornaram-se preces modernas. A circuncisão, no início um sacrifício, tornou-se um procedimento higiênico.

92:1.2 (1003.7) A religião progrediu desde a adoração da natureza, passando pela adoração dos fantasmas, até o fetichismo, ao longo da infância selvagem das raças. Com o alvorecer da civilização a raça humana adotou as crenças mais místicas e simbólicas, enquanto agora, com a aproximação da maturidade, a humanidade está amadurecendo para a apreciação da autêntica religião, até mesmo um começo da revelação da própria verdade.

92:1.3 (1004.1) A religião surge como uma reação biológica da mente às crenças espirituais e ao ambiente; é a última coisa a perecer ou mudar numa raça. A religião é o ajustamento da sociedade, em qualquer época, ao que é misterioso. Como instituição social ela abrange ritos, símbolos, cultos, escrituras, altares, santuários e templos. Água benta, relíquias, fetiches, amuletos, paramentos, sinos, tambores e sacerdócios são comuns a todas as religiões. E é impossível separar inteiramente a religião puramente evoluída da magia ou da feitiçaria.

92:1.4 (1004.2) O mistério e o poder sempre estimularam sentimentos e medos religiosos, ao passo que a emoção sempre funcionou como um poderoso fator condicionante em seu desenvolvimento. O medo sempre foi o estímulo religioso básico. O medo molda os deuses da religião evolutiva e motiva o ritual religioso dos crentes primitivos. À medida que a civilização avança, o medo é modificado pela reverência, admiração, respeito e simpatia e é depois condicionado pelo remorso e arrependimento.

92:1.5 (1004.3) Um povo asiático ensinava que “Deus é um grande medo”; esse é o resultado da religião puramente evolucionária. Jesus, a revelação do tipo mais elevado de vida religiosa, proclamou que “Deus é amor”.


2. Religião e os Costumes


92:2.1 (1004.4) A religião é a mais rígida e inflexível de todas as instituições humanas, mas de fato se ajusta tardiamente à sociedade em mudança. Finalmente, a religião evolutiva reflete de fato os costumes em mudança, os quais, por sua vez, podem ter sido afetados pela religião revelada. Lentamente, seguramente, mas relutantemente, a religião (adoração) segue na esteira da sabedoria – conhecimento dirigido pela razão experiencial e iluminado pela revelação divina.

92:2.2 (1004.5) A religião apega-se aos costumes; aquilo que era é antigo e supostamente sagrado. Por esta razão e nenhuma outra, os implementos de pedra persistiram por muito tempo na idade do bronze e do ferro. Esta declaração está registrada: “E se me fizerdes um altar de pedra, não o construireis de pedra lavrada, porque, se usardes vossas ferramentas para fazê-lo, o tereis poluído.” Ainda hoje, os hindus acendem o fogo de seus altares usando uma broca de fogo primitiva. No curso da religião evolutiva, a novidade sempre foi considerada um sacrilégio. O sacramento tinha que consistir, não em comida nova e manufaturada, mas na mais primitiva das iguarias: “A carne assada no fogo e pão ázimo servido com ervas amargas”. Todos os tipos de uso social e até procedimentos legais se apegam às velhas formas.

92:2.3 (1004.6) Quando o homem moderno se maravilha com a apresentação de tantas coisas nas escrituras de diferentes religiões que podem ser consideradas obscenas, ele deveria fazer uma pausa para considerar que as gerações passadas temeram eliminar o que seus ancestrais consideravam santo e sagrado. Muito do que uma geração pode considerar obsceno, as gerações precedentes consideraram parte de seus costumes aceitos, até mesmo como rituais religiosos aprovados. Uma quantidade considerável de controvérsia religiosa tem sido ocasionada pelas tentativas intermináveis de reconciliar práticas antigas mas repreensíveis com a razão recentemente avançada, para encontrar teorias plausíveis na justificação da perpetuação do credo de costumes antigos e obsoletos.

92:2.4 (1004.7) Mas é apenas insensatez tentar uma aceleração repentina demais do crescimento religioso. Uma raça ou nação só consegue assimilar de qualquer religião avançada aquilo que for razoavelmente coerente e compatível com seu estado evolutivo atual, acrescido do seu gênio para adaptação. Condições sociais, climáticas, políticas e econômicas são todas influentes na determinação do curso e progresso da evolução religiosa. A moralidade social não é determinada pela religião, isto é, pela religião evolucionária; ao contrário, as formas de religião são ditadas pela moralidade racial.

92:2.5 (1005.1) As raças dos homens aceitam apenas superficialmente uma religião estranha e nova; eles de fato a ajustam aos seus costumes e velhas maneiras de crer. Isto é bem ilustrado pelo exemplo de uma certa tribo da Nova Zelândia cujos sacerdotes, depois de aceitarem nominalmente o cristianismo, professaram ter recebido revelações diretas de Gabriel no sentido de que esta mesma tribo havia se tornado o povo escolhido de Deus e determinando que eles fossem autorizados a se entregarem livremente a relações sexuais inconsequentes e muitos outros dos seus costumes antigos e repreensíveis. E imediatamente todos os novos cristãos passaram para esta versão nova e menos exigente do cristianismo.

92:2.6 (1005.2) A religião em algum momento ou outro sancionou todos os tipos de comportamento contrário e incoerente, em algum momento aprovou praticamente tudo o que agora é considerado imoral ou pecaminoso. A consciência, sem ser ensinada pela experiência e sem a ajuda da razão, nunca foi e nunca poderá ser um guia seguro e infalível para a conduta humana. A consciência não é uma voz divina falando à alma humana. É meramente a soma total do conteúdo moral e ético dos costumes de qualquer estágio atual da existência; simplesmente representa o ideal humanamente concebido de reação em qualquer conjunto de circunstâncias.


3. A Natureza da Religião Evolucionária


92:3.1 (1005.3) O estudo da religião humana é o exame dos estratos sociais portadores de fósseis das eras passadas. Os costumes dos deuses antropomórficos são um reflexo verdadeiro da moral dos homens que primeiro conceberam tais deidades. As antigas religiões e mitologia retratam fielmente as crenças e tradições de povos há muito perdidas na obscuridade. Estas antigas práticas de culto perduram ao lado de novos costumes econômicos e evoluções sociais e, é claro, parecem grosseiramente incoerentes. Os remanescentes do culto apresentam uma autêntica imagem das religiões raciais do passado. Lembrem-se sempre, os cultos são formados, não para descobrir a verdade, mas sim para promulgar os credos deles.

92:3.2 (1005.4) A religião sempre foi em grande parte uma questão de ritos, rituais, observâncias, cerimônias e dogmas. Em geral, tornou-se maculada com aquele erro persistentemente causador de danos, a ilusão do povo escolhido. As ideias religiosas cardeais de encantamento, inspiração, revelação, propiciação, arrependimento, expiação, intercessão, sacrifício, prece, confissão, adoração, sobrevivência após a morte, sacramento, ritual, resgate, salvação, redenção, aliança, impureza, purificação, profecia, original pecado – todos eles remontam aos primeiros tempos do medo primordial dos fantasmas.

92:3.3 (1005.5) A religião primitiva é nada mais nada menos do que a luta pela existência material estendida para abranger a existência além do túmulo. As observâncias de um tal credo representavam a extensão da luta pela automanutenção no domínio de um mundo imaginário de espíritos-fantasmas. Mas quando tentados a criticar a religião evolutiva tomem cuidado. Lembrem-se, foi isso que aconteceu; é um fato histórico. E lembrem-se ainda de que o poder de qualquer ideia reside, não em sua certeza ou verdade, mas sim na vivacidade do seu apelo humano.

92:3.4 (1006.1) A religião evolutiva não faz provisão para mudança ou revisão; diferentemente da ciência, não provê a sua própria correção progressiva. A religião de evolução impõe respeito porque seus seguidores acreditam que ela é A Verdade; “a fé outrora dada aos santos” tem que, em teoria, ser tanto final quanto infalível. O culto resiste ao desenvolvimento porque o progresso autêntico certamente modificará ou destruirá o próprio culto; portanto, a revisão sempre tem que ser imposta a ele.

92:3.5 (1006.2) Apenas duas influências podem modificar e elevar os dogmas da religião natural: a pressão dos costumes que avançam lentamente e a iluminação periódica da revelação epocal. E não é estranho que o progresso fosse lento; nos tempos antigos, ser progressivo ou inventivo significava ser morto como feiticeiro. O culto avança lentamente em épocas de geração e ciclos com a longevidade de eras. Mas segue de fato em frente. A crença evolutiva em fantasmas lançou as bases para uma filosofia da religião revelada que acabará por destruir a superstição de sua origem.

92:3.6 (1006.3) A religião tem impedido o desenvolvimento social de muitas maneiras, mas sem religião não teria havido qualquer moralidade nem ética duradouras, nem civilização válida. A religião gerou muita cultura não religiosa: a escultura originou-se na fabricação de ídolos, a arquitetura na construção de templos, a poesia em encantamentos, a música em cânticos de adoração, o teatro na atuação para orientação dos espíritos e a dança nos festivais sazonais de adoração.

92:3.7 (1006.4) Mas, embora chamando a atenção para o fato de que a religião foi essencial para o desenvolvimento e preservação da civilização, deve-se registrar que a religião natural também tem feito muito para mutilar e prejudicar a própria civilização que, de outra forma, fomentou e manteve. A religião tem dificultado as atividades industriais e o desenvolvimento econômico; tem desperdiçado trabalho e esbanjado capital; nem sempre tem sido útil à família; não tem promovido adequadamente a paz e a boa vontade; às vezes tem negligenciado a educação e retardado a ciência; tem empobrecido indevidamente a vida para o pretenso enriquecimento da morte. A religião evolutiva, a religião humana, tem sido de fato culpada de todos estes e muitos outros enganos, erros e equívocos; no entanto, manteve de fato a ética cultural, a moralidade civilizada e a coerência social, e tornou possível que a religião revelada posteriormente compensasse estas muitas insuficiências evolutivas.

92:3.8 (1006.5) A religião evolutiva tem sido a instituição mais onerosa do homem, mas incomparavelmente eficaz. A religião humana só pode ser justificada à luz da civilização evolutiva. Se o homem não fosse o produto ascendente da evolução animal, tal curso de desenvolvimento religioso seria injustificado.

92:3.9 (1006.6) A religião facilitou a acumulação de capital; fomentou trabalhos de certos gêneros; o lazer dos sacerdotes promoveu a arte e o conhecimento; a raça, no final, ganhou muito como resultado de todos estes erros iniciais na técnica ética. Os xamãs, honestos e desonestos, eram terrivelmente onerosos, mas valiam tudo o que custavam. As profissões eruditas e a própria ciência emergiram dos sacerdócios parasitários. A religião fomentou a civilização e proporcionou continuidade social; tem sido a força policial moral de todos os tempos. A religião proporcionou aquela disciplina e autocontrole humanos que tornaram a sabedoria possível. A religião é o flagelo eficiente da evolução que impulsiona impiedosamente a humanidade indolente e sofredora desde o seu estado natural de inércia intelectual para a frente e para cima rumo aos níveis mais elevados da razão e sabedoria.

92:3.10 (1006.7) E esta herança sagrada da ascensão animal, a religião evolutiva, tem que continuar sempre a ser refinada e enobrecida pela censura contínua da religião revelada e pelo cadinho ardente da ciência genuína.


4. A Dádiva da Revelação


92:4.1 (1007.1) A revelação é evolutiva, mas sempre progressiva. Ao longo das eras da história de um mundo, as revelações da religião estão sempre se expandindo e se tornando cada vez mais esclarecedoras. É missão da revelação classificar e censurar as sucessivas religiões da evolução. Mas se a revelação deve exaltar e elevar as religiões da evolução, então tais visitações divinas têm que retratar ensinamentos que não estejam muito distantes do pensamento e das reações da época em que são apresentados. Então a revelação tem que estar sempre em contato com a evolução e assim o faz. A religião da revelação sempre tem que ser limitada pela capacidade de receptividade do homem.

92:4.2 (1007.2) Mas, independentemente da conexão ou derivação aparente, as religiões de revelação são sempre caracterizadas por uma crença em alguma Deidade de valor final e em algum conceito de sobrevivência da identidade da personalidade após a morte.

92:4.3 (1007.3) A religião evolutiva é sentimental, não lógica. É a reação do homem à crença num mundo hipotético de espíritos-fantasmas – o reflexo da crença humana, estimulado pela percepção e medo do desconhecido. A religião revelatória é proposta pelo mundo espiritual real; é a resposta do cosmos supraintelectual à fome dos mortais em acreditar nas Deidades universais e depender Delas. A religião evolutiva retrata as tentativas tortuosas da humanidade em busca da verdade; a religião reveladora é essa mesma verdade.

92:4.4 (1007.4) Houve muitos eventos de revelação religiosa, mas apenas cinco de importância epocal. Estes foram os seguintes:


92:4.5 (1007.5) 1. Os ensinamentos dalamatianos. O verdadeiro conceito da Primeira Fonte e Centro foi promulgado pela primeira vez em Urântia pelos cem membros corpóreos da equipe do Príncipe Caligástia. Esta revelação em expansão da Deidade prosseguiu por mais de 300 mil anos até que foi subitamente encerrada pela secessão planetária e pela ruptura do regime de ensino. Exceto pelo trabalho de Van, a influência da revelação dalamatiana ficou praticamente perdida para o mundo inteiro. Até os noditas haviam esquecido esta verdade na época da chegada de Adão. De todos os que receberam os ensinamentos dos cem, os homens vermelhos os mantiveram por mais tempo, mas a ideia do Grande Espírito era apenas um conceito nebuloso na religião ameríndia quando o contato com o cristianismo o esclareceu e fortaleceu muito.

92:4.6 (1007.6) 2. Os ensinamentos edênicos. Adão e Eva retrataram novamente o conceito do Pai de todos para os povos evolutivos. A ruptura do primeiro Éden interrompeu o curso da revelação adâmica antes que ela tivesse começado plenamente. Mas os ensinamentos abortados de Adão foram continuados pelos sacerdotes setitas, e algumas destas verdades nunca ficaram inteiramente perdidas para o mundo. A tendência inteira da evolução religiosa levantina foi modificada pelos ensinamentos dos setitas. Mas por volta de 2500 a.C. a humanidade em grande parte havia perdido de vista a revelação patrocinada nos dias do Éden.

92:4.7 (1007.7) 3. Melquisedeque de Salém. Este Filho emergencial de Nébadon inaugurou a terceira revelação da verdade em Urântia. Os preceitos cardinais dos seus ensinamentos eram a confiança e a . Ele ensinou a confiança na beneficência onipotente de Deus e proclamou que a fé era o ato pelo qual os homens conquistavam o favor de Deus. Seus ensinamentos gradualmente se misturaram com as crenças e práticas de várias religiões evolutivas e finalmente se desenvolveram para aqueles sistemas teológicos presentes em Urântia na abertura do primeiro milênio depois de Cristo.

92:4.8 (1008.1) 4. Jesus de Nazaré. Cristo Micael apresentou pela quarta vez a Urântia o conceito de Deus como o Pai Universal, e este ensinamento tem geralmente perdurado desde então. A essência do ensinamento dele foi amor e serviço, a adoração amorosa que um filho criatura dá voluntariamente em reconhecimento e resposta à ministração amorosa de Deus, seu Pai; o serviço de livre arbítrio que tais filhos criaturas prestam a seus irmãos na percepção jubilosa de que neste serviço eles também estão servindo a Deus o Pai.

92:4.9 (1008.2) 5. Os Documentos de Urântia. Os documentos, dos quais este é um, constituem a mais recente apresentação da verdade aos mortais de Urântia. Estes documentos diferem de todas as revelações anteriores, pois não são o trabalho de uma única personalidade do universo, mas uma apresentação composta por muitos seres. Mas nenhuma revelação que não seja alcançar o Pai Universal pode alguma vez ser completa. Todas as outras ministrações celestiais são apenas parciais, transitórias e praticamente adaptadas às condições locais no tempo e espaço. Embora admissões como esta possam diminuir a força e autoridade imediatas de todas as revelações, chegou o tempo em Urântia em que é aconselhável fazer tais declarações francas, mesmo correndo o risco de enfraquecer a futura influência e autoridade desta, a mais recente das revelações da verdade às raças mortais de Urântia.


5. Os Grandes Líderes Religiosos


92:5.1 (1008.3) Na religião evolutiva, os deuses são concebidos como existindo à semelhança da imagem do homem; na religião reveladora, os homens são ensinados que são filhos de Deus – até mesmo moldados à imagem finita da divindade; nas crenças sintetizadas compostas a partir dos ensinamentos da revelação e dos produtos da evolução, o conceito de Deus é uma mistura de:


92:5.2 (1008.4) 1. As ideias preexistentes dos cultos evolucionários.

92:5.3 (1008.5) 2. Os ideais sublimes da religião revelada.

92:5.4 (1008.6) 3. Os pontos de vista pessoais dos grandes líderes religiosos, dos profetas e mestres da humanidade.


92:5.5 (1008.7) A maioria das grandes épocas religiosas foi inaugurada pela vida e ensinamentos de alguma personalidade notável; a liderança originou a maioria dos movimentos morais dignos de nota da história. E os homens sempre tenderam a venerar o líder, mesmo à custa dos seus ensinamentos; a reverenciar a personalidade dele, mesmo perdendo de vista as verdades que ele proclamava. E isto não é sem razão; há uma aspiração instintiva no coração do homem evolucionário por ajuda de cima e do além. Este anseio é projetado para se ter a expectativa do aparecimento na Terra do Príncipe Planetário e dos Filhos Materiais posteriores. Em Urântia o homem tem sido privado destes líderes e governantes supra-humanos e, portanto, ele de fato constantemente procura compensar esta perda envolvendo seus líderes humanos em lendas relativas a origens sobrenaturais e carreiras milagrosas.

92:5.6 (1008.8) Muitas raças conceberam seus líderes como nascidos de virgens; suas carreiras são generosamente pontilhadas de episódios milagrosos, e seu retorno é sempre esperado pelos seus respectivos grupos. Na Ásia central os homens tribais ainda esperam o retorno de Gengis Cã; no Tibete, China e Índia é Buda; no Islã é Maomé; entre os ameríndios foi Hesunanin Onamonalonton; com os hebreus era, em geral, o retorno de Adão como governante material. Na Babilônia, o deus Marduk era uma perpetuação da lenda de Adão, a ideia do filho de Deus, o elo de ligação entre o homem e Deus. Após o aparecimento de Adão na Terra, os assim chamados filhos de Deus foram comuns entre as raças do mundo.

92:5.7 (1009.1) Mas, independentemente do temor supersticioso em que frequentemente eram encarados, permanece o fato de que estes mestres foram as personalidades de apoio temporais das quais dependeram as alavancas da verdade revelada para o avanço da moralidade, filosofia e religião da humanidade.

92:5.8 (1009.2) Houve centenas e centenas de líderes religiosos na história humana de um milhão de anos em Urântia, desde Onagar até o Guru Nanak. Durante este tempo houve muitos fluxos e refluxos da maré da verdade religiosa e da fé espiritual, e cada renascimento da religião urantiana foi, no passado, identificado com a vida e os ensinamentos de algum líder religioso. Ao considerar os mestres de tempos recentes, pode ser útil agrupá-los nas sete principais épocas religiosas da Urântia pós-adâmica:


92:5.9 (1009.3) 1. O período setita. Os sacerdotes setitas, regenerados sob a liderança de Amosad, tornaram-se os grandes instrutores pós-adâmicos. Eles atuaram em todas as terras dos anditas, e sua influência perdurou por mais tempo entre os gregos, sumérios e hindus. Entre os últimos, eles continuaram até o presente como os brâmanes da fé hindu. Os setitas e seus seguidores nunca perderam totalmente o conceito da Trindade revelado por Adão.

92:5.10 (1009.4) 2. Era dos missionários de Melquisedeque. A religião de Urântia foi regenerada em grande medida pelos esforços daqueles instrutores que foram comissionados por Maquiventa Melquisedeque quando ele viveu e ensinou em Salém quase 2 mil anos antes de Cristo. Estes missionários proclamaram a fé como o preço do favor de Deus, e seus ensinamentos, embora improdutivos para qualquer religião que surgisse imediatamente, formaram, não obstante, os alicerces sobre os quais os mestres da verdade posteriores edificariam as religiões de Urantia.

92:5.11 (1009.5) 3. A era pós-Melquisedeque. Embora Amenemope e Ikhnaton tenham ambos ensinado neste período, o gênio religioso notável da era pós-Melquisedeque foi o líder de um grupo de beduínos levantinos e o fundador da religião hebraica – Moisés. Moisés ensinou o monoteísmo. Disse ele: “Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus é um só Deus.” “O Senhor é Deus. Não há outro além Dele.” Ele persistentemente procurou erradicar os remanescentes do culto dos fantasmas entre seu povo, até mesmo prescrevendo a pena de morte para seus praticantes. O monoteísmo de Moisés foi adulterado por seus sucessores, mas em tempos posteriores eles de fato retornaram a muitos de seus ensinamentos. A grandiosidade de Moisés reside em sua sabedoria e sagacidade. Outros homens tiveram conceitos mais grandiosos de Deus, mas nenhum homem jamais teve tanto êxito em induzir um grande número de pessoas a adotar crenças tão avançadas.

92:5.12 (1009.6) 4. O sexto século antes de Cristo. Muitos homens surgiram para proclamar a verdade neste, um dos maiores séculos de despertar religioso já testemunhado em Urântia. Entre estes devem ser registrados Gautama, Confúcio, Lao-tsé, Zoroastro e os mestres jainistas. Os ensinamentos de Gautama se espalharam pela Ásia e ele é reverenciado como o Buda por milhões. Confúcio foi para a moral chinesa o que Platão foi para a filosofia grega e, embora houvesse repercussões religiosas nos ensinamentos de ambos, estritamente falando, nenhum deles foi um mestre religioso; Lao-tsé imaginou mais de Deus no Tao do que Confúcio na humanidade ou Platão no idealismo. Zoroastro, embora muito afetado pelo conceito predominante de espiritismo dual, o bem e o mal, ao mesmo tempo exaltava definitivamente a ideia de uma Deidade eterna e da vitória final da luz sobre as trevas.

92:5.13 (1010.1) 5. O primeiro século depois de Cristo. Como mestre religioso, Jesus de Nazaré começou com o culto que havia sido instituído por João Batista e progrediu até onde pôde afastando-se dos jejuns e das formalidades. Além de Jesus, Paulo de Tarso e Filo de Alexandria foram os maiores mestres desta época. Seus conceitos de religião desempenharam um papel predominante na evolução daquela fé que leva o nome de Cristo.

92:5.14 (1010.2) 6. O sexto século depois de Cristo. Maomé fundou uma religião que era superior a muitos dos credos do seu tempo. A sua era um protesto contra as reivindicações sociais da fé dos estrangeiros e contra a incoerência da vida religiosa do seu próprio povo.

92:5.15 (1010.3) 7. O século 15 depois de Cristo. Este período testemunhou dois movimentos religiosos: a ruptura da unidade do cristianismo no Ocidente e a síntese de uma nova religião no Oriente. Na Europa o cristianismo institucionalizado havia atingido aquele grau de inelasticidade que tornava o crescimento posterior incompatível com a unidade. No Oriente os ensinamentos combinados do islã, hinduísmo e budismo foram sintetizados por Nanak e seus seguidores no siquismo, uma das religiões mais avançadas da Ásia.


92:5.16 (1010.4) O futuro de Urântia sem dúvida será caracterizado pelo aparecimento de mestres da verdade religiosa – a Paternidade de Deus e a fraternidade de todas as criaturas. Mas é de se esperar que os esforços ardentes e sinceros destes futuros profetas sejam direcionados menos para o fortalecimento de barreiras inter-religiosas e mais para o aumento da irmandade religiosa de adoração espiritual entre os muitos seguidores das diferentes teologias intelectuais que tanto caracterizam o Urântia de Satânia.


6. As Religiões Compostas


92:6.1 (1010.5) As religiões de Urântia do século 20 apresentam um estudo interessante da evolução social do impulso de adoração do homem. Muitas fés progrediram pouquíssimo desde os dias do culto aos fantasmas. Os pigmeus da África não têm reações religiosas como classe, embora alguns deles acreditem ligeiramente num ambiente espiritual. Eles estão hoje exatamente onde o homem primitivo estava quando a evolução da religião começou. A crença básica da religião primitiva era a sobrevivência após a morte. A ideia de adorar um Deus pessoal indica um desenvolvimento evolutivo avançado, até mesmo o primeiro estágio da revelação. Os dyaks desenvolveram apenas as práticas religiosas mais primitivas. Os comparativamente recentes esquimós e ameríndios tinham conceitos muito inadequados de Deus; eles acreditavam em fantasmas e tinham uma ideia indefinida de alguma espécie de sobrevivência após a morte. Os nativos australianos da atualidade têm apenas medo de fantasmas, pavor do escuro e uma veneração rudimentar pelos ancestrais. Os zulus estão apenas desenvolvendo uma religião de medo de fantasmas e de sacrifício. Muitas tribos africanas, exceto pelo trabalho missionário de cristãos e maometanos, ainda não ultrapassaram o estágio de fetiche na evolução religiosa. Mas alguns grupos há muito se apegam à ideia do monoteísmo, como os trácios de outrora, que também acreditavam na imortalidade.

92:6.2 (1010.6) Em Urântia, as religiões evolucionária e revelatória estão progredindo lado a lado enquanto se misturam e se fundem nos diversificados sistemas teológicos encontrados no mundo na época da composição destes documentos. Estas religiões, as religiões de Urântia do século vinte, podem ser enumeradas como segue:


92:6.3 (1011.1) 1. Hinduísmo – a mais antiga.

92:6.4 (1011.2) 2. A religião hebraica.

92:6.5 (1011.3) 3. Budismo.

92:6.6 (1011.4) 4. Os ensinamentos de Confúcio.

92:6.7 (1011.5) 5. As crenças taoístas.

92:6.8 (1011.6) 6. Zoroastrismo.

92:6.9 (1011.7) 7. Xintoísmo.

92:6.10 (1011.8) 8. Jainismo.

92:6.11 (1011.9) 9. Cristianismo.

92:6.12 (1011.10) 10. Islã.

92:6.13 (1011.11) 11. Siquismo – a mais recente.


92:6.14 (1011.12) As religiões mais avançadas dos tempos antigos eram o judaísmo e o hinduísmo, e respectivamente cada uma delas influenciou grandemente o curso do desenvolvimento religioso no Oriente e no Ocidente. Tanto os hindus quanto os hebreus acreditavam que suas religiões eram inspiradas e reveladas, e acreditavam que todas as outras eram formas decadentes da única fé verdadeira.

92:6.15 (1011.13) A Índia está dividida entre hindus, sikhs, maometanos e jainistas, cada um retratando Deus, o homem e o universo conforme estes são variadamente concebidos. A China segue os ensinamentos taoístas e confucionistas; O xintoísmo é reverenciado no Japão.

92:6.16 (1011.14) As grandes fés internacionais e inter-raciais são a hebraica, a budista, a cristã e a islâmica. O budismo estende-se do Ceilão e Birmânia, passando pelo Tibete e China até o Japão. Ele mostrou uma adaptabilidade aos costumes de muitos povos que só foi igualada pelo cristianismo.

92:6.17 (1011.15) A religião hebraica abrange a transição filosófica do politeísmo para o monoteísmo; é um elo evolutivo entre as religiões de evolução e as religiões de revelação. Os hebreus foram o único povo ocidental a seguir dos seus primeiros deuses evolutivos diretamente para o Deus da revelação. Mas esta verdade nunca se tornou amplamente aceita até os dias de Isaías, o qual mais uma vez ensinou a ideia mesclada de uma deidade racial combinada com um Criador Universal: “Ó Senhor dos Exércitos, Deus de Israel, Tu és Deus, apenas Tu; Tu fizeste o céu e a Terra”. Em certa época a esperança de sobrevivência da civilização ocidental residia nos sublimes conceitos hebraicos da bondade e nos avançados conceitos helênicos da beleza.

92:6.18 (1011.16) A religião cristã é a religião sobre a vida e os ensinamentos de Cristo baseada na teologia do judaísmo, modificada ainda mais por meio da assimilação de certos ensinamentos zoroastrianos e da filosofia grega, e formulada principalmente por três indivíduos: Filo, Pedro e Paulo. Ela passou por muitas fases de evolução desde a época de Paulo e tornou-se tão completamente ocidentalizada que muitos povos não-europeus encaram o cristianismo muito naturalmente como uma revelação estrangeira de um Deus estrangeiro e para estrangeiros.

92:6.19 (1011.17) O islã é a ligação religioso-cultural do Norte da África, do Levante e do sudeste da Ásia. Foi a teologia judaica em conexão com os ensinamentos cristãos posteriores que tornou o islã monoteísta. Os seguidores de Maomé tropeçaram nos ensinamentos avançados da Trindade; eles não conseguiram compreender a doutrina de três personalidades divinas e uma Deidade. É sempre difícil induzir as mentes evolucionárias a aceitar subitamente a verdade revelada avançada. O homem é uma criatura evolutiva e no essencial tem que obter sua religião por meio de técnicas evolutivas.

92:6.20 (1012.1) A adoração dos ancestrais constituiu outrora um avanço decisivo na evolução religiosa, mas é tanto surpreendente quanto lamentável que este conceito primitivo perdure na China, Japão e Índia, em meio a tantas coisas relativamente mais avançadas, como o budismo e o hinduísmo. No Ocidente, o culto aos ancestrais evoluiu para a veneração dos deuses nacionais e o respeito pelos heróis raciais. No século 20 esta religião nacionalista que venera heróis aparece nos vários secularismos radicais e nacionalistas que caracterizam muitas raças e nações do Ocidente. Grande parte desta mesma atitude também é encontrada nas grandes universidades e nas maiores comunidades industriais dos povos de língua inglesa. Não muito diferente destes conceitos é a ideia de que a religião é apenas “uma busca compartilhada da boa vida”. As “religiões nacionais” nada mais são do que uma reversão ao antigo culto ao imperador romano e ao xintoísmo – culto ao estado na família imperial.


7. A Evolução Posterior da Religião


92:7.1 (1012.2) A religião nunca pode se tornar um fato científico. A filosofia pode, de fato, repousar sobre uma base científica, mas a religião sempre permanecerá evolucionária ou revelatória, ou uma possível combinação de ambas, como é no mundo de hoje.

92:7.2 (1012.3) Novas religiões não podem ser inventadas; elas vêm de evolução ou são reveladas subitamente. Todas as novas religiões evolucionárias são meramente expressões avançadas das velhas crenças, novas adaptações e ajustes. O velho não deixa de existir; ele se funde com o novo, assim como o siquismo brotou e floresceu do solo e das formas do hinduísmo, budismo, islã e outros cultos contemporâneos. A religião primitiva era muito democrática; o selvagem era expedito em tomar emprestado ou emprestar. Somente com a religião revelada surgiu o egotismo teológico autocrático e intolerante.

92:7.3 (1012.4) As muitas religiões de Urântia são todas boas na medida em que levam o homem a Deus e trazem ao homem a compreensão do Pai. É uma falácia para qualquer grupo de religiosos conceber seu credo como A Verdade; tais atitudes denotam mais arrogância teológica do que certeza de fé. Não existe uma religião de Urântia que não pudesse estudar e assimilar proveitosamente o melhor das verdades contidas em todas as outras fés, pois todas contêm a verdade. Os religiosos fariam melhor em pegar emprestado o melhor da fé espiritual viva de seus vizinhos em vez de denunciar o pior em suas superstições persistentes e rituais antiquados.

92:7.4 (1012.5) Todas estas religiões surgiram como resultado da resposta intelectual variável do homem à sua orientação espiritual idêntica. Eles nunca podem esperar alcançar uma uniformidade de credos, dogmas e rituais – estes são intelectuais; mas eles podem, e algum dia irão, realizar uma unidade na verdadeira adoração ao Pai de todos, pois isto é espiritual, e é sempre verdade, no espírito todos os homens são iguais.

92:7.5 (1012.6) A religião primitiva era em grande parte uma consciência no valor material, mas a civilização eleva os valores religiosos, pois a religião verdadeira é a devoção do eu ao serviço de valores significativos e supremos. À medida que a religião evolui, a ética se torna a filosofia da moral, e a moralidade se torna a disciplina do eu pelos padrões dos significados mais elevados e valores supremos – ideais divinos e espirituais. E assim a religião se torna uma devoção espontânea e primorosa, a experiência viva da fidelidade do amor.

92:7.6 (1013.1) A qualidade de uma religião é indicada por:


92:7.7 (1013.2) 1. Nível dos valores – lealdades.

92:7.8 (1013.3) 2. Profundidade dos significados – a sensibilização do indivíduo para a apreciação idealística destes valores mais elevados.

92:7.9 (1013.4) 3. Intensidade da consagração – o grau de devoção a estes valores divinos.

92:7.10 (1013.5) 4. O progresso irrestrito da personalidade neste caminho cósmico de vida espiritual idealista, compreensão da filiação a Deus e cidadania progressiva sem fim no universo.


92:7.11 (1013.6) Os significados religiosos progridem em autoconsciência quando a criança transfere suas ideias de onipotência dos pais para Deus. E a inteira experiência religiosa de tal criança depende em grande parte de o medo ou o amor terem predominado no relacionamento entre pais e filhos. Os escravos sempre experimentaram grande dificuldade em transferir o seu medo ao amo para conceitos de amor a Deus. A civilização, a ciência e as religiões avançadas têm que libertar a humanidade daqueles medos nascidos do pavor aos fenômenos naturais. E assim deve uma iluminação mais grandiosa livrar os mortais educados de toda a dependência de intermediários na comunhão com a Deidade.

92:7.12 (1013.7) Estes estágios intermediários de hesitação idólatra na transferência da veneração do humano e do visível para o divino e invisível são inevitáveis, mas deveriam ser encurtados pela consciência da ministração facilitadora do espírito divino residente. No entanto, o homem tem sido profundamente influenciado, não apenas pelos seus conceitos de Deidade, mas também pelo caráter dos heróis que ele escolheu homenagear. É extremamente desafortunado que aqueles que passaram a venerar o Cristo divino e ressuscitado devessem ter que negligenciar o homem – o valente e corajoso herói – Yeshua ben Yosef.

92:7.13 (1013.8) O homem moderno tem uma autoconsciência adequada da religião, mas seus costumes de adoração são confusos e desacreditados por sua acelerada metamorfose social e desenvolvimentos científicos sem precedentes. Homens e mulheres pensantes querem que a religião seja redefinida, e esta demanda obrigará a religião a se reavaliar.

92:7.14 (1013.9) O homem moderno é confrontado com a tarefa de fazer mais reajustes de valores humanos em uma geração do que vêm sendo feitos em dois mil anos. E tudo isto influencia a atitude social em relação à religião, pois a religião é um modo de vida e também uma técnica de pensamento.

92:7.15 (1013.10) A verdadeira religião tem sempre que ser, ao mesmo tempo, o fundamento eterno e a estrela-guia de todas as civilizações duradouras.


92:7.16 (1013.11) [Apresentado por um Melquisedeque de Nébadon.]

Paper 92

The Later Evolution of Religion

92:0.1 (1003.1) MAN possessed a religion of natural origin as a part of his evolutionary experience long before any systematic revelations were made on Urantia. But this religion of natural origin was, in itself, the product of man’s superanimal endowments. Evolutionary religion arose slowly throughout the millenniums of mankind’s experiential career through the ministry of the following influences operating within, and impinging upon, savage, barbarian, and civilized man:


92:0.2 (1003.2) 1. The adjutant of worship—the appearance in animal consciousness of superanimal potentials for reality perception. This might be termed the primordial human instinct for Deity.

92:0.3 (1003.3) 2. The adjutant of wisdom—the manifestation in a worshipful mind of the tendency to direct its adoration in higher channels of expression and toward ever-expanding concepts of Deity reality.

92:0.4 (1003.4) 3. The Holy Spirit—this is the initial supermind bestowal, and it unfailingly appears in all bona fide human personalities. This ministry to a worship-craving and wisdom-desiring mind creates the capacity to self-realize the postulate of human survival, both in theologic concept and as an actual and factual personality experience.

92:0.5 (1003.5) The co-ordinate functioning of these three divine ministrations is quite sufficient to initiate and prosecute the growth of evolutionary religion. These influences are later augmented by Thought Adjusters, seraphim, and the Spirit of Truth, all of which accelerate the rate of religious development. These agencies have long functioned on Urantia, and they will continue here as long as this planet remains an inhabited sphere. Much of the potential of these divine agencies has never yet had opportunity for expression; much will be revealed in the ages to come as mortal religion ascends, level by level, toward the supernal heights of morontia value and spirit truth.


1. The Evolutionary Nature of Religion


92:1.1 (1003.6) The evolution of religion has been traced from early fear and ghosts down through many successive stages of development, including those efforts first to coerce and then to cajole the spirits. Tribal fetishes grew into totems and tribal gods; magic formulas became modern prayers. Circumcision, at first a sacrifice, became a hygienic procedure.

92:1.2 (1003.7) Religion progressed from nature worship up through ghost worship to fetishism throughout the savage childhood of the races. With the dawn of civilization the human race espoused the more mystic and symbolic beliefs, while now, with approaching maturity, mankind is ripening for the appreciation of real religion, even a beginning of the revelation of truth itself.

92:1.3 (1004.1) Religion arises as a biologic reaction of mind to spiritual beliefs and the environment; it is the last thing to perish or change in a race. Religion is society’s adjustment, in any age, to that which is mysterious. As a social institution it embraces rites, symbols, cults, scriptures, altars, shrines, and temples. Holy water, relics, fetishes, charms, vestments, bells, drums, and priesthoods are common to all religions. And it is impossible entirely to divorce purely evolved religion from either magic or sorcery.

92:1.4 (1004.2) Mystery and power have always stimulated religious feelings and fears, while emotion has ever functioned as a powerful conditioning factor in their development. Fear has always been the basic religious stimulus. Fear fashions the gods of evolutionary religion and motivates the religious ritual of the primitive believers. As civilization advances, fear becomes modified by reverence, admiration, respect, and sympathy and is then further conditioned by remorse and repentance.

92:1.5 (1004.3) One Asiatic people taught that “God is a great fear”; that is the outgrowth of purely evolutionary religion. Jesus, the revelation of the highest type of religious living, proclaimed that “God is love.”


2. Religion and the Mores


92:2.1 (1004.4) Religion is the most rigid and unyielding of all human institutions, but it does tardily adjust to changing society. Eventually, evolutionary religion does reflect the changing mores, which, in turn, may have been affected by revealed religion. Slowly, surely, but grudgingly, does religion (worship) follow in the wake of wisdom—knowledge directed by experiential reason and illuminated by divine revelation.

92:2.2 (1004.5) Religion clings to the mores; that which was is ancient and supposedly sacred. For this reason and no other, stone implements persisted long into the age of bronze and iron. This statement is of record: “And if you will make me an altar of stone, you shall not build it of hewn stone, for, if you use your tools in making it, you have polluted it.” Even today, the Hindus kindle their altar fires by using a primitive fire drill. In the course of evolutionary religion, novelty has always been regarded as sacrilege. The sacrament must consist, not of new and manufactured food, but of the most primitive of viands: “The flesh roasted with fire and unleavened bread served with bitter herbs.” All types of social usage and even legal procedures cling to the old forms.

92:2.3 (1004.6) When modern man wonders at the presentation of so much in the scriptures of different religions that may be regarded as obscene, he should pause to consider that passing generations have feared to eliminate what their ancestors deemed to be holy and sacred. A great deal that one generation might look upon as obscene, preceding generations have considered a part of their accepted mores, even as approved religious rituals. A considerable amount of religious controversy has been occasioned by the never-ending attempts to reconcile olden but reprehensible practices with newly advanced reason, to find plausible theories in justification of creedal perpetuation of ancient and outworn customs.

92:2.4 (1004.7) But it is only foolish to attempt the too sudden acceleration of religious growth. A race or nation can only assimilate from any advanced religion that which is reasonably consistent and compatible with its current evolutionary status, plus its genius for adaptation. Social, climatic, political, and economic conditions are all influential in determining the course and progress of religious evolution. Social morality is not determined by religion, that is, by evolutionary religion; rather are the forms of religion dictated by the racial morality.

92:2.5 (1005.1) Races of men only superficially accept a strange and new religion; they actually adjust it to their mores and old ways of believing. This is well illustrated by the example of a certain New Zealand tribe whose priests, after nominally accepting Christianity, professed to have received direct revelations from Gabriel to the effect that this selfsame tribe had become the chosen people of God and directing that they be permitted freely to indulge in loose sex relations and numerous other of their olden and reprehensible customs. And immediately all of the new-made Christians went over to this new and less exacting version of Christianity.

92:2.6 (1005.2) Religion has at one time or another sanctioned all sorts of contrary and inconsistent behavior, has at some time approved of practically all that is now regarded as immoral or sinful. Conscience, untaught by experience and unaided by reason, never has been, and never can be, a safe and unerring guide to human conduct. Conscience is not a divine voice speaking to the human soul. It is merely the sum total of the moral and ethical content of the mores of any current stage of existence; it simply represents the humanly conceived ideal of reaction in any given set of circumstances.


3. The Nature of Evolutionary Religion


92:3.1 (1005.3) The study of human religion is the examination of the fossil-bearing social strata of past ages. The mores of the anthropomorphic gods are a truthful reflection of the morals of the men who first conceived such deities. Ancient religions and mythology faithfully portray the beliefs and traditions of peoples long since lost in obscurity. These olden cult practices persist alongside newer economic customs and social evolutions and, of course, appear grossly inconsistent. The remnants of the cult present a true picture of the racial religions of the past. Always remember, the cults are formed, not to discover truth, but rather to promulgate their creeds.

92:3.2 (1005.4) Religion has always been largely a matter of rites, rituals, observances, ceremonies, and dogmas. It has usually become tainted with that persistently mischief-making error, the chosen-people delusion. The cardinal religious ideas of incantation, inspiration, revelation, propitiation, repentance, atonement, intercession, sacrifice, prayer, confession, worship, survival after death, sacrament, ritual, ransom, salvation, redemption, covenant, uncleanness, purification, prophecy, original sin—they all go back to the early times of primordial ghost fear.

92:3.3 (1005.5) Primitive religion is nothing more nor less than the struggle for material existence extended to embrace existence beyond the grave. The observances of such a creed represented the extension of the self-maintenance struggle into the domain of an imagined ghost-spirit world. But when tempted to criticize evolutionary religion, be careful. Remember, that is what happened; it is a historical fact. And further recall that the power of any idea lies, not in its certainty or truth, but rather in the vividness of its human appeal.

92:3.4 (1006.1) Evolutionary religion makes no provision for change or revision; unlike science, it does not provide for its own progressive correction. Evolved religion commands respect because its followers believe it is The Truth; “the faith once delivered to the saints” must, in theory, be both final and infallible. The cult resists development because real progress is certain to modify or destroy the cult itself; therefore must revision always be forced upon it.

92:3.5 (1006.2) Only two influences can modify and uplift the dogmas of natural religion: the pressure of the slowly advancing mores and the periodic illumination of epochal revelation. And it is not strange that progress was slow; in ancient days, to be progressive or inventive meant to be killed as a sorcerer. The cult advances slowly in generation epochs and agelong cycles. But it does move forward. Evolutionary belief in ghosts laid the foundation for a philosophy of revealed religion which will eventually destroy the superstition of its origin.

92:3.6 (1006.3) Religion has handicapped social development in many ways, but without religion there would have been no enduring morality nor ethics, no worth-while civilization. Religion enmothered much nonreligious culture: Sculpture originated in idol making, architecture in temple building, poetry in incantations, music in worship chants, drama in the acting for spirit guidance, and dancing in the seasonal worship festivals.

92:3.7 (1006.4) But while calling attention to the fact that religion was essential to the development and preservation of civilization, it should be recorded that natural religion has also done much to cripple and handicap the very civilization which it otherwise fostered and maintained. Religion has hampered industrial activities and economic development; it has been wasteful of labor and has squandered capital; it has not always been helpful to the family; it has not adequately fostered peace and good will; it has sometimes neglected education and retarded science; it has unduly impoverished life for the pretended enrichment of death. Evolutionary religion, human religion, has indeed been guilty of all these and many more mistakes, errors, and blunders; nevertheless, it did maintain cultural ethics, civilized morality, and social coherence, and made it possible for later revealed religion to compensate for these many evolutionary shortcomings.

92:3.8 (1006.5) Evolutionary religion has been man’s most expensive but incomparably effective institution. Human religion can be justified only in the light of evolutionary civilization. If man were not the ascendant product of animal evolution, then would such a course of religious development stand without justification.

92:3.9 (1006.6) Religion facilitated the accumulation of capital; it fostered work of certain kinds; the leisure of the priests promoted art and knowledge; the race, in the end, gained much as a result of all these early errors in ethical technique. The shamans, honest and dishonest, were terribly expensive, but they were worth all they cost. The learned professions and science itself emerged from the parasitical priesthoods. Religion fostered civilization and provided societal continuity; it has been the moral police force of all time. Religion provided that human discipline and self-control which made wisdom possible. Religion is the efficient scourge of evolution which ruthlessly drives indolent and suffering humanity from its natural state of intellectual inertia forward and upward to the higher levels of reason and wisdom.

92:3.10 (1006.7) And this sacred heritage of animal ascent, evolutionary religion, must ever continue to be refined and ennobled by the continuous censorship of revealed religion and by the fiery furnace of genuine science.


4. The Gift of Revelation


92:4.1 (1007.1) Revelation is evolutionary but always progressive. Down through the ages of a world’s history, the revelations of religion are ever-expanding and successively more enlightening. It is the mission of revelation to sort and censor the successive religions of evolution. But if revelation is to exalt and upstep the religions of evolution, then must such divine visitations portray teachings which are not too far removed from the thought and reactions of the age in which they are presented. Thus must and does revelation always keep in touch with evolution. Always must the religion of revelation be limited by man’s capacity of receptivity.

92:4.2 (1007.2) But regardless of apparent connection or derivation, the religions of revelation are always characterized by a belief in some Deity of final value and in some concept of the survival of personality identity after death.

92:4.3 (1007.3) Evolutionary religion is sentimental, not logical. It is man’s reaction to belief in a hypothetical ghost-spirit world—the human belief-reflex, excited by the realization and fear of the unknown. Revelatory religion is propounded by the real spiritual world; it is the response of the superintellectual cosmos to the mortal hunger to believe in, and depend upon, the universal Deities. Evolutionary religion pictures the circuitous gropings of humanity in quest of truth; revelatory religion is that very truth.

92:4.4 (1007.4) There have been many events of religious revelation but only five of epochal significance. These were as follows:


92:4.5 (1007.5) 1. The Dalamatian teachings. The true concept of the First Source and Center was first promulgated on Urantia by the one hundred corporeal members of Prince Caligastia’s staff. This expanding revelation of Deity went on for more than three hundred thousand years until it was suddenly terminated by the planetary secession and the disruption of the teaching regime. Except for the work of Van, the influence of the Dalamatian revelation was practically lost to the whole world. Even the Nodites had forgotten this truth by the time of Adam’s arrival. Of all who received the teachings of the one hundred, the red men held them longest, but the idea of the Great Spirit was but a hazy concept in Amerindian religion when contact with Christianity greatly clarified and strengthened it.

92:4.6 (1007.6) 2. The Edenic teachings. Adam and Eve again portrayed the concept of the Father of all to the evolutionary peoples. The disruption of the first Eden halted the course of the Adamic revelation before it had ever fully started. But the aborted teachings of Adam were carried on by the Sethite priests, and some of these truths have never been entirely lost to the world. The entire trend of Levantine religious evolution was modified by the teachings of the Sethites. But by 2500 b.c. mankind had largely lost sight of the revelation sponsored in the days of Eden.

92:4.7 (1007.7) 3. Melchizedek of Salem. This emergency Son of Nebadon inaugurated the third revelation of truth on Urantia. The cardinal precepts of his teachings were trust and faith. He taught trust in the omnipotent beneficence of God and proclaimed that faith was the act by which men earned God’s favor. His teachings gradually commingled with the beliefs and practices of various evolutionary religions and finally developed into those theologic systems present on Urantia at the opening of the first millennium after Christ.

92:4.8 (1008.1) 4. Jesus of Nazareth. Christ Michael presented for the fourth time to Urantia the concept of God as the Universal Father, and this teaching has generally persisted ever since. The essence of his teaching was love and service, the loving worship which a creature son voluntarily gives in recognition of, and response to, the loving ministry of God his Father; the freewill service which such creature sons bestow upon their brethren in the joyous realization that in this service they are likewise serving God the Father.

92:4.9 (1008.2) 5. The Urantia Papers. The papers, of which this is one, constitute the most recent presentation of truth to the mortals of Urantia. These papers differ from all previous revelations, for they are not the work of a single universe personality but a composite presentation by many beings. But no revelation short of the attainment of the Universal Father can ever be complete. All other celestial ministrations are no more than partial, transient, and practically adapted to local conditions in time and space. While such admissions as this may possibly detract from the immediate force and authority of all revelations, the time has arrived on Urantia when it is advisable to make such frank statements, even at the risk of weakening the future influence and authority of this, the most recent of the revelations of truth to the mortal races of Urantia.


5. The Great Religious Leaders


92:5.1 (1008.3) In evolutionary religion, the gods are conceived to exist in the likeness of man’s image; in revelatory religion, men are taught that they are God’s sons—even fashioned in the finite image of divinity; in the synthesized beliefs compounded from the teachings of revelation and the products of evolution, the God concept is a blend of:


92:5.2 (1008.4) 1. The pre-existent ideas of the evolutionary cults.

92:5.3 (1008.5) 2. The sublime ideals of revealed religion.

92:5.4 (1008.6) 3. The personal viewpoints of the great religious leaders, the prophets and teachers of mankind.


92:5.5 (1008.7) Most great religious epochs have been inaugurated by the life and teachings of some outstanding personality; leadership has originated a majority of the worth-while moral movements of history. And men have always tended to venerate the leader, even at the expense of his teachings; to revere his personality, even though losing sight of the truths which he proclaimed. And this is not without reason; there is an instinctive longing in the heart of evolutionary man for help from above and beyond. This craving is designed to anticipate the appearance on earth of the Planetary Prince and the later Material Sons. On Urantia man has been deprived of these superhuman leaders and rulers, and therefore does he constantly seek to make good this loss by enshrouding his human leaders with legends pertaining to supernatural origins and miraculous careers.

92:5.6 (1008.8) Many races have conceived of their leaders as being born of virgins; their careers are liberally sprinkled with miraculous episodes, and their return is always expected by their respective groups. In central Asia the tribesmen still look for the return of Genghis Khan; in Tibet, China, and India it is Buddha; in Islam it is Mohammed; among the Amerinds it was Hesunanin Onamonalonton; with the Hebrews it was, in general, Adam’s return as a material ruler. In Babylon the god Marduk was a perpetuation of the Adam legend, the son-of-God idea, the connecting link between man and God. Following the appearance of Adam on earth, so-called sons of God were common among the world races.

92:5.7 (1009.1) But regardless of the superstitious awe in which they were often held, it remains a fact that these teachers were the temporal personality fulcrums on which the levers of revealed truth depended for the advancement of the morality, philosophy, and religion of mankind.

92:5.8 (1009.2) There have been hundreds upon hundreds of religious leaders in the million-year human history of Urantia from Onagar to Guru Nanak. During this time there have been many ebbs and flows of the tide of religious truth and spiritual faith, and each renaissance of Urantian religion has, in the past, been identified with the life and teachings of some religious leader. In considering the teachers of recent times, it may prove helpful to group them into the seven major religious epochs of post-Adamic Urantia:


92:5.9 (1009.3) 1. The Sethite period. The Sethite priests, as regenerated under the leadership of Amosad, became the great post-Adamic teachers. They functioned throughout the lands of the Andites, and their influence persisted longest among the Greeks, Sumerians, and Hindus. Among the latter they have continued to the present time as the Brahmans of the Hindu faith. The Sethites and their followers never entirely lost the Trinity concept revealed by Adam.

92:5.10 (1009.4) 2. Era of the Melchizedek missionaries. Urantia religion was in no small measure regenerated by the efforts of those teachers who were commissioned by Machiventa Melchizedek when he lived and taught at Salem almost two thousand years before Christ. These missionaries proclaimed faith as the price of favor with God, and their teachings, though unproductive of any immediately appearing religions, nevertheless formed the foundations on which later teachers of truth were to build the religions of Urantia.

92:5.11 (1009.5) 3. The post-Melchizedek era. Though Amenemope and Ikhnaton both taught in this period, the outstanding religious genius of the post-Melchizedek era was the leader of a group of Levantine Bedouins and the founder of the Hebrew religion—Moses. Moses taught monotheism. Said he: “Hear, O Israel, the Lord our God is one God.” “The Lord he is God. There is none beside him.” He persistently sought to uproot the remnants of the ghost cult among his people, even prescribing the death penalty for its practitioners. The monotheism of Moses was adulterated by his successors, but in later times they did return to many of his teachings. The greatness of Moses lies in his wisdom and sagacity. Other men have had greater concepts of God, but no one man was ever so successful in inducing large numbers of people to adopt such advanced beliefs.

92:5.12 (1009.6) 4. The sixth century before Christ. Many men arose to proclaim truth in this, one of the greatest centuries of religious awakening ever witnessed on Urantia. Among these should be recorded Gautama, Confucius, Lao-tse, Zoroaster, and the Jainist teachers. The teachings of Gautama have become widespread in Asia, and he is revered as the Buddha by millions. Confucius was to Chinese morality what Plato was to Greek philosophy, and while there were religious repercussions to the teachings of both, strictly speaking, neither was a religious teacher; Lao-tse envisioned more of God in Tao than did Confucius in humanity or Plato in idealism. Zoroaster, while much affected by the prevalent concept of dual spiritism, the good and the bad, at the same time definitely exalted the idea of one eternal Deity and of the ultimate victory of light over darkness.

92:5.13 (1010.1) 5. The first century after Christ. As a religious teacher, Jesus of Nazareth started out with the cult which had been established by John the Baptist and progressed as far as he could away from fasts and forms. Aside from Jesus, Paul of Tarsus and Philo of Alexandria were the greatest teachers of this era. Their concepts of religion have played a dominant part in the evolution of that faith which bears the name of Christ.

92:5.14 (1010.2) 6. The sixth century after Christ. Mohammed founded a religion which was superior to many of the creeds of his time. His was a protest against the social demands of the faiths of foreigners and against the incoherence of the religious life of his own people.

92:5.15 (1010.3) 7. The fifteenth century after Christ. This period witnessed two religious movements: the disruption of the unity of Christianity in the Occident and the synthesis of a new religion in the Orient. In Europe institutionalized Christianity had attained that degree of inelasticity which rendered further growth incompatible with unity. In the Orient the combined teachings of Islam, Hinduism, and Buddhism were synthesized by Nanak and his followers into Sikhism, one of the most advanced religions of Asia.


92:5.16 (1010.4) The future of Urantia will doubtless be characterized by the appearance of teachers of religious truth—the Fatherhood of God and the fraternity of all creatures. But it is to be hoped that the ardent and sincere efforts of these future prophets will be directed less toward the strengthening of interreligious barriers and more toward the augmentation of the religious brotherhood of spiritual worship among the many followers of the differing intellectual theologies which so characterize Urantia of Satania.


6. The Composite Religions


92:6.1 (1010.5) Twentieth-century Urantia religions present an interesting study of the social evolution of man’s worship impulse. Many faiths have progressed very little since the days of the ghost cult. The Pygmies of Africa have no religious reactions as a class, although some of them believe slightly in a spirit environment. They are today just where primitive man was when the evolution of religion began. The basic belief of primitive religion was survival after death. The idea of worshiping a personal God indicates advanced evolutionary development, even the first stage of revelation. The Dyaks have evolved only the most primitive religious practices. The comparatively recent Eskimos and Amerinds had very meager concepts of God; they believed in ghosts and had an indefinite idea of survival of some sort after death. Present-day native Australians have only a ghost fear, dread of the dark, and a crude ancestor veneration. The Zulus are just evolving a religion of ghost fear and sacrifice. Many African tribes, except through missionary work of Christians and Mohammedans, are not yet beyond the fetish stage of religious evolution. But some groups have long held to the idea of monotheism, like the onetime Thracians, who also believed in immortality.

92:6.2 (1010.6) On Urantia, evolutionary and revelatory religion are progressing side by side while they blend and coalesce into the diversified theologic systems found in the world in the times of the inditement of these papers. These religions, the religions of twentieth-century Urantia, may be enumerated as follows:


92:6.3 (1011.1) 1. Hinduism—the most ancient.

92:6.4 (1011.2) 2. The Hebrew religion.

92:6.5 (1011.3) 3. Buddhism.

92:6.6 (1011.4) 4. The Confucian teachings.

92:6.7 (1011.5) 5. The Taoist beliefs.

92:6.8 (1011.6) 6. Zoroastrianism.

92:6.9 (1011.7) 7. Shinto.

92:6.10 (1011.8) 8. Jainism.

92:6.11 (1011.9) 9. Christianity.

92:6.12 (1011.10) 10. Islam.

92:6.13 (1011.11) 11. Sikhism—the most recent.


92:6.14 (1011.12) The most advanced religions of ancient times were Judaism and Hinduism, and each respectively has greatly influenced the course of religious development in Orient and Occident. Both Hindus and Hebrews believed that their religions were inspired and revealed, and they believed all others to be decadent forms of the one true faith.

92:6.15 (1011.13) India is divided among Hindu, Sikh, Mohammedan, and Jain, each picturing God, man, and the universe as these are variously conceived. China follows the Taoist and the Confucian teachings; Shinto is revered in Japan.

92:6.16 (1011.14) The great international, interracial faiths are the Hebraic, Buddhist, Christian, and Islamic. Buddhism stretches from Ceylon and Burma through Tibet and China to Japan. It has shown an adaptability to the mores of many peoples that has been equaled only by Christianity.

92:6.17 (1011.15) The Hebrew religion encompasses the philosophic transition from polytheism to monotheism; it is an evolutionary link between the religions of evolution and the religions of revelation. The Hebrews were the only western people to follow their early evolutionary gods straight through to the God of revelation. But this truth never became widely accepted until the days of Isaiah, who once again taught the blended idea of a racial deity combined with a Universal Creator: “O Lord of Hosts, God of Israel, you are God, even you alone; you have made heaven and earth.” At one time the hope of the survival of Occidental civilization lay in the sublime Hebraic concepts of goodness and the advanced Hellenic concepts of beauty.

92:6.18 (1011.16) The Christian religion is the religion about the life and teachings of Christ based upon the theology of Judaism, modified further through the assimilation of certain Zoroastrian teachings and Greek philosophy, and formulated primarily by three individuals: Philo, Peter, and Paul. It has passed through many phases of evolution since the time of Paul and has become so thoroughly Occidentalized that many non-European peoples very naturally look upon Christianity as a strange revelation of a strange God and for strangers.

92:6.19 (1011.17) Islam is the religio-cultural connective of North Africa, the Levant, and southeastern Asia. It was Jewish theology in connection with the later Christian teachings that made Islam monotheistic. The followers of Mohammed stumbled at the advanced teachings of the Trinity; they could not comprehend the doctrine of three divine personalities and one Deity. It is always difficult to induce evolutionary minds suddenly to accept advanced revealed truth. Man is an evolutionary creature and in the main must get his religion by evolutionary techniques.

92:6.20 (1012.1) Ancestor worship onetime constituted a decided advance in religious evolution, but it is both amazing and regrettable that this primitive concept persists in China, Japan, and India amidst so much that is relatively more advanced, such as Buddhism and Hinduism. In the Occident, ancestor worship developed into the veneration of national gods and respect for racial heroes. In the twentieth century this hero-venerating nationalistic religion makes its appearance in the various radical and nationalistic secularisms which characterize many races and nations of the Occident. Much of this same attitude is also found in the great universities and the larger industrial communities of the English-speaking peoples. Not very different from these concepts is the idea that religion is but “a shared quest of the good life.” The “national religions” are nothing more than a reversion to the early Roman emperor worship and to Shinto—worship of the state in the imperial family.


7. The Further Evolution of Religion


92:7.1 (1012.2) Religion can never become a scientific fact. Philosophy may, indeed, rest on a scientific basis, but religion will ever remain either evolutionary or revelatory, or a possible combination of both, as it is in the world today.

92:7.2 (1012.3) New religions cannot be invented; they are either evolved, or else they are suddenly revealed. All new evolutionary religions are merely advancing expressions of the old beliefs, new adaptations and adjustments. The old does not cease to exist; it is merged with the new, even as Sikhism budded and blossomed out of the soil and forms of Hinduism, Buddhism, Islam, and other contemporary cults. Primitive religion was very democratic; the savage was quick to borrow or lend. Only with revealed religion did autocratic and intolerant theologic egotism appear.

92:7.3 (1012.4) The many religions of Urantia are all good to the extent that they bring man to God and bring the realization of the Father to man. It is a fallacy for any group of religionists to conceive of their creed as The Truth; such attitudes bespeak more of theological arrogance than of certainty of faith. There is not a Urantia religion that could not profitably study and assimilate the best of the truths contained in every other faith, for all contain truth. Religionists would do better to borrow the best in their neighbors’ living spiritual faith rather than to denounce the worst in their lingering superstitions and outworn rituals.

92:7.4 (1012.5) All these religions have arisen as a result of man’s variable intellectual response to his identical spiritual leading. They can never hope to attain a uniformity of creeds, dogmas, and rituals—these are intellectual; but they can, and some day will, realize a unity in true worship of the Father of all, for this is spiritual, and it is forever true, in the spirit all men are equal.

92:7.5 (1012.6) Primitive religion was largely a material-value consciousness, but civilization elevates religious values, for true religion is the devotion of the self to the service of meaningful and supreme values. As religion evolves, ethics becomes the philosophy of morals, and morality becomes the discipline of self by the standards of highest meanings and supreme values—divine and spiritual ideals. And thus religion becomes a spontaneous and exquisite devotion, the living experience of the loyalty of love.

92:7.6 (1013.1) The quality of a religion is indicated by:


92:7.7 (1013.2) 1. Level of values—loyalties.

92:7.8 (1013.3) 2. Depth of meanings—the sensitization of the individual to the idealistic appreciation of these highest values.

92:7.9 (1013.4) 3. Consecration intensity—the degree of devotion to these divine values.

92:7.10 (1013.5) 4. The unfettered progress of the personality in this cosmic path of idealistic spiritual living, realization of sonship with God and never-ending progressive citizenship in the universe.


92:7.11 (1013.6) Religious meanings progress in self-consciousness when the child transfers his ideas of omnipotence from his parents to God. And the entire religious experience of such a child is largely dependent on whether fear or love has dominated the parent-child relationship. Slaves have always experienced great difficulty in transferring their master-fear into concepts of God-love. Civilization, science, and advanced religions must deliver mankind from those fears born of the dread of natural phenomena. And so should greater enlightenment deliver educated mortals from all dependence on intermediaries in communion with Deity.

92:7.12 (1013.7) These intermediate stages of idolatrous hesitation in the transfer of veneration from the human and the visible to the divine and invisible are inevitable, but they should be shortened by the consciousness of the facilitating ministry of the indwelling divine spirit. Nevertheless, man has been profoundly influenced, not only by his concepts of Deity, but also by the character of the heroes whom he has chosen to honor. It is most unfortunate that those who have come to venerate the divine and risen Christ should have overlooked the man—the valiant and courageous hero—Joshua ben Joseph.

92:7.13 (1013.8) Modern man is adequately self-conscious of religion, but his worshipful customs are confused and discredited by his accelerated social metamorphosis and unprecedented scientific developments. Thinking men and women want religion redefined, and this demand will compel religion to re-evaluate itself.

92:7.14 (1013.9) Modern man is confronted with the task of making more readjustments of human values in one generation than have been made in two thousand years. And this all influences the social attitude toward religion, for religion is a way of living as well as a technique of thinking.

92:7.15 (1013.10) True religion must ever be, at one and the same time, the eternal foundation and the guiding star of all enduring civilizations.


92:7.16 (1013.11) [Presented by a Melchizedek of Nebadon.]

 

Documento 92

A Evolução Posterior da Religião

92:0.1 (1003.1) O HOMEM possuiu uma religião de origem natural, como parte da sua experiência evolucionária, muito antes que fossem feitas quaisquer revelações sistemáticas em Urântia. Mas essa religião de origem natural, em si mesma, foi um produto dos dons supra-animais do homem. A religião evolucionária tomou corpo devagar, através dos milênios, na carreira de experiência da humanidade, por intermédio da ministração das seguintes influências, operando interiormente ou impingindo-se, do exterior, sobre o homem selvagem, o bárbaro e o civilizado:

 

92:0.2 (1003.2) 1. O ajudante da adoração — o surgimento, na consciência animal, de potenciais supra-animais para a percepção da realidade. Isso poderia ser denominado o instinto humano primordial na direção da Deidade.

92:0.3 (1003.3) 2. O ajudante da sabedoria — a manifestação, em uma mente adoradora, da tendência de dirigir a sua adoração para canais mais elevados de expressão e na direção de conceitos sempre em expansão da realidade da Deidade.

92:0.4 (1003.4) 3. O Espírito Santo — essa é a dotação inicial da supramente e, infalivelmente, aparece em todas as personalidades humanas de boa fé. Essa ministração, para uma mente que almeja a adoração e que deseja a sabedoria, cria a capacidade da auto-realização dentro do postulado da sobrevivência humana, tanto no seu conceito teológico quanto como uma experiência real e factual da personalidade.

 

92:0.5 (1003.5) O funcionamento coordenado dessas três ministrações divinas é totalmente suficiente para iniciar e fazer prosseguir o crescimento da religião evolucionária. Essas influências, mais tarde, são amplificada pelos Ajustadores do Pensamento, pelos serafins e pelo Espírito da Verdade, os quais, todos eles, aceleram em grau o desenvolvimento religioso. Essas agências vêm, há muito, atuando em Urântia e continuarão aqui, enquanto este planeta continuar sendo uma esfera habitada. Grande parte do potencial desses agentes divinos não teve ainda uma oportunidade de expressão; e muito será revelado nas idades que virão, à medida que a religião dos mortais elevar-se, nível após nível, na direção das alturas supernas dos valores moronciais e da verdade do espírito.

 

1. A Natureza Evolucionária da Religião

 

92:1.1 (1003.6) A evolução da religião tem sido traçada, desde o medo primitivo e a crença em fantasmas, passando por muitos dos sucessivos estágios de desenvolvimento, incluindo os esforços para coagir os espíritos, primeiro, e para bajulá-los, depois. Os fetiches tribais transformaram-se em totens e em deuses tribais; as fórmulas mágicas transformaram-se nas preces modernas. A circuncisão, inicialmente um sacrifício, transformou-se em um procedimento de higiene.

92:1.2 (1003.7) A religião progrediu, desde a infância selvagem das raças, da adoração da natureza ao fetichismo, passando pela adoração dos fantasmas. Após a aurora da civilização, a raça humana desposou crenças mais místicas e simbólicas, ao passo que se aproximando da maturidade, agora, a humanidade está ficando pronta para o reconhecimento da verdadeira religião e, mesmo, para um começo da revelação da verdade em si.

92:1.3 (1004.1) A religião surge como uma reação biológica da mente às crenças espirituais e ao meio ambiente; é a última coisa a perecer ou a mudar em uma raça. A religião é uma adaptação da sociedade, em qualquer idade, àquilo que é misterioso. Como instituição social, a religião abrange ritos, símbolos, cultos, escrituras, altares, santuários e templos. A água benta, as relíquias, os fetiches, os encantos, os ornamentos, os sinos, os tambores e o sacerdócio são comuns a todas as religiões. E é impossível distinguir a religião que haja evoluído, puramente, por meio da magia ou da feitiçaria.

92:1.4 (1004.2) O mistério e o poder têm sempre estimulado os sentimentos e os temores religiosos, enquanto a emoção tem funcionado sempre como um fator condicionante poderoso do seu desenvolvimento. O temor tem sido sempre o estímulo religioso básico. O medo molda os deuses da religião evolucionária, motivando o ritual religioso dos crentes primitivos. À medida que a civilização avança, o medo é modificado pela reverência, admiração, respeito e simpatia e, então, é condicionado ainda pelo remorso e pelo arrependimento.

92:1.5 (1004.3) Um povo asiático ensinava que “Deus é um grande temor”; sendo isso um resultado da religião puramente evolucionária. Jesus, a revelação do mais elevado tipo de vida religiosa, proclamou que “Deus é amor”.

 

2. A Religião e os Costumes

 

92:2.1 (1004.4) A religião é a mais rígida e a mais inflexível de todas as instituições humanas, e só tardiamente ela se adapta à sociedade em mudança. Finalmente, a religião evolucionária reflete a mudança dos costumes que, por sua vez, podem ter sido afetados pela religião revelada. Gradativa e seguramente, mas com uma certa resistência, a religião (o culto) caminha devagar na esteira da sabedoria — conhecimento dirigido pela razão experiencial e iluminado pela revelação divina.

92:2.2 (1004.5) A religião adere aos costumes; aquilo que foi é, antiga e supostamente, sagrado. Por essa razão e por nenhuma outra, os utensílios de pedra perduraram ainda por muito tempo na idade do bronze e do ferro. Os registros contêm a seguinte afirmação: “E se vós fizerdes um altar de pedra para mim, vós não o construireis de pedra talhada, pois, se usardes as vossas ferramentas para fazê-lo, vós o tereis profanado”. Mesmo hoje, os hindus acendem os fogos nos seus altares usando uma broca primitiva. No curso da religião evolucionária, a novidade tem sido sempre encarada como um sacrilégio. O sacramento deve consistir não de alimento novo e manufaturado, mas do comestível mais primitivo: “A carne fresca, tostada no fogo, e o pão sem levedura, servido com ervas amargas”. Todos os tipos de uso social, e mesmo os procedimentos legais estão aferrados às velhas formas.

92:2.3 (1004.6) Quando o homem moderno surpreende-se de que as escrituras das diferentes religiões apresentem tantas passagens que poderiam ser consideradas como obscenas, ele deveria refletir e observar que as gerações passadas temeram eliminar aquilo que os seus ancestrais consideravam santo e sagrado. Grande parte daquilo que uma geração poderia considerar obsceno, as gerações precedentes consideraram como os seus costumes aceitos e, mesmo, como rituais religiosos aprovados. Um número considerável de controvérsias religiosas tem sido ocasionado pelas tentativas, sem fim, de reconciliar práticas antigas, mas repreensíveis, com o novo avanço da razão, para encontrar teorias plausíveis para justificar as crenças que se perpetuam em costumes vetustos e ultrapassados.

92:2.4 (1004.7) Mas seria apenas uma tolice esperar uma aceleração súbita demais na evolução religiosa. Uma raça ou uma nação pode assimilar, de qualquer religião avançada, apenas aquilo que é razoavelmente consistente e compatível com o seu status evolucionário momentâneo, e com o seu talento para a adaptação. As condições sociais, climáticas, políticas e econômicas são, todas, de muita influência na determinação do curso e progresso da evolução religiosa. A moralidade social não é determinada pela religião, ou seja, pela religião evolucionária; antes, são as formas da religião que são ditadas pela moralidade da raça.

92:2.5 (1005.1) As raças humanas apenas superficialmente aceitam uma religião estranha e nova; de fato, elas ajustam-nas aos seus velhos costumes e modos de crer. Isso é bem ilustrado pelo exemplo de uma certa tribo da Nova Zelândia, cujos sacerdotes, depois de aceitar nominalmente o cristianismo, professaram ter recebido revelações diretas de Gabriel, no sentido de que essa mesma tribo havia-se tornado o povo escolhido de Deus e que, portanto, podia entregar-se às suas relações sexuais livres e a numerosos outros dos seus costumes velhos e repreensíveis. Imediatamente todos os novos cristãos aderiram a essa versão nova e menos severa de cristianismo.

92:2.6 (1005.2) Em dado momento ou em outro, a religião sancionou todas as espécies de comportamentos incoerentes ou contrários a si e, em certa época, aprovou praticamente tudo o que hoje é considerado como imoral ou pecaminoso. A consciência, sem o ensinamento da experiência e sem o auxílio da razão, nunca foi e nunca poderá ser um guia seguro e sem erros para a conduta humana. A consciência não é uma voz divina, falando à alma humana. É, meramente, a soma total do conteúdo moral e ético dos costumes de qualquer etapa da existência presente; e representa, simplesmente, o ideal, humanamente concebido, de reação a um conjunto qualquer de circunstâncias dadas.

 

3. A Natureza da Religião Evolucionária

 

92:3.1 (1005.3) O estudo da religião humana é o exame da fossilização dos substratos sociais das idades passadas. Os costumes dos deuses antropomórficos são um reflexo verdadeiro da moral dos homens que inicialmente conceberam tais deidades. As religiões antigas e a mitologia retratam fielmente as crenças e as tradições dos povos, perdidas há muito na obscuridade. Essas antigas práticas de culto perduram junto com os novos costumes econômicos e as evoluções sociais e, claro está, parecem grosseiramente incoerentes. Os remanescentes do culto apresentam um verdadeiro quadro das religiões raciais do passado. Lembrai-vos sempre de que os cultos não são formados para descobrir a verdade, mas para promulgar as crenças dessa verdade.

92:3.2 (1005.4) A religião tem sido sempre, antes de tudo, uma questão de ritos, rituais, observâncias, cerimônias e dogmas. Geralmente ela se encontra contaminada por aquele erro que provoca discórdias persistentes: a ilusão do povo escolhido. As idéias religiosas cardinais — encantamento, inspiração, revelação, propiciação, arrependimento, expiação, intercessão, sacrifício, prece, confissão, adoração, sobrevivência pós-morte, sacramento, ritual, resgate, salvação, redenção, aliança, impureza, purificação, profecia, pecado original — remontam todas aos tempos iniciais do temor primordial dos fantasmas.

92:3.3 (1005.5) A religião primitiva é nada mais e nada menos do que um prolongamento da luta pela existência material, estendida para além-túmulo. Assim, a observância de um credo representou a extensão da luta pela automanutenção, no domínio de um mundo imaginado, de espíritos-fantasmas. Mas, se fordes tentados a criticar a religião evolucionária, sede cuidadosos. Lembrai-vos de que isso é o que aconteceu; é um fato histórico. Lembrai-vos, ainda, de que o poder de qualquer idéia repousa não na sua certeza ou verdade, mas na força da sua sedução sobre os homens.

92:3.4 (1006.1) A religião evolucionária não toma providências para assegurar as mudanças ou a revisão; diferentemente da ciência, ela não se prepara para a sua própria correção progressiva. A religião que evoluiu impõe respeito, porque os seus seguidores acreditam que ela seja A Verdade; “a fé que uma vez foi entregue aos santos” deve, em teoria, ser tanto definitiva quanto infalível. O culto resiste ao desenvolvimento, porque é certo que o progresso verdadeiro irá modificar, ou destruir, o próprio culto. Portanto, a sua revisão deve sempre ser imposta.

92:3.5 (1006.2) Apenas duas influências podem modificar e elevar os dogmas da religião natural: a pressão dos costumes que mudam lentamente e a iluminação periódica feita pelas revelações para toda uma época. Não é estranho que o progresso tenha sido lento, pois, outrora, ser progressista ou inventivo significava ser levado à morte como feiticeiro. O culto avança lentamente, em gerações históricas, denominadas epocais, e ciclos que duram idades, mas continua sempre indo para frente. A crença evolucionária em fantasmas lançou as bases para uma filosofia de religião revelada que, finalmente, irá destruir a superstição que é parte da sua origem.

92:3.6 (1006.3) A religião tem limitado o desenvolvimento social de muitas maneiras, mas, sem a religião, não teria havido uma moralidade e uma ética duradouras, nem uma civilização que valesse a pena. A religião foi a mãe de grande parte da cultura não religiosa: a escultura originou-se na moldagem dos ídolos, a arquitetura, na construção dos templos, a poesia, nos encantamentos, a música, nos cânticos para os cultos, o drama, nos ritos para se guiar os espíritos, e a dança, nos festivais sazonais de adoração.

92:3.7 (1006.4) Contudo, ao mesmo tempo em que se chama a atenção para o fato de que a religião foi essencial para o desenvolvimento e a preservação da civilização, deveria ficar registrado que a religião natural tem contribuído em muito para limitar e paralisar essa mesma civilização que, por outro lado, ela fomentou e manteve. A religião tem estorvado as atividades industriais e o desenvolvimento econômico; tem sido imprevidente quanto ao trabalho e tem desperdiçado o capital. Ela não tem sido sempre útil à família; não tem fomentado adequadamente a paz e a boa vontade; algumas vezes, negligenciou a educação e atrasou a ciência; tem empobrecido, indevidamente, a vida, pretendendo enriquecer a morte. De fato, a religião evolucionária, cuja origem é humana, tem sido culpada por todos esses erros e por muitas outras faltas e desacertos; todavia, ela manteve a ética cultural, a moralidade civilizada e a coerência social, e tornou possível à futura religião revelada compensar muitas dessas falhas da imperfeição evolucionária.

92:3.8 (1006.5) A religião evolucionária tem sido a instituição mais dispendiosa do homem, mas é incomparavelmente a mais eficaz. A religião humana pode ser justificada apenas à luz de uma evolução da civilização. Se o homem não fosse um produto ascendente, de evolução animal, então esse curso seguido pelo desenvolvimento religioso não teria a menor justificativa.

92:3.9 (1006.6) A religião facilitou a acumulação do capital e incentivou algumas espécies de trabalho. O lazer dos sacerdotes promoveu a arte e o conhecimento. E toda a raça, afinal, ganhou muito em conseqüência de todos esses erros iniciais da técnica ética. Os xamãs, honestos e desonestos, foram terrivelmente dispendiosos, mas eles valeram tudo o que custaram. As profissões eruditas e a própria ciência emergiram de sacerdócios parasitas. A religião fomentou a civilização e assegurou a continuidade da sociedade; tem sido a força de policiamento moral de todos os tempos. A religião cuidou para que a disciplina humana e o autocontrole tornassem a sabedoria possível. A religião é o açoite eficiente da evolução, que retira impiedosamente a humanidade indolente e sofredora do seu estado natural de inércia intelectual, impelindo-a para frente e para cima, elevando-a até os níveis mais altos de razão e sabedoria.

92:3.10 (1006.7) Como herança sagrada de ascendência animal, a religião evolucionária deve continuar a ser sempre enobrecida pela censura constante da religião revelada, e deve ser sempre refinada no crisol abrasador da ciência genuína.

 

4. A Dádiva da Revelação

 

92:4.1 (1007.1) A revelação é evolucionária, mas é sempre progressiva. Ao longo das idades da história de um mundo, as revelações da religião estão sempre em expansão e são, sucessivamente, sempre mais elucidativas. É missão da revelação selecionar e censurar as religiões sucessivas da evolução. Mas, se a revelação deve enaltecer as religiões da evolução e levá-las a um ponto superior, então essas visitações divinas devem retratar ensinamentos que não estejam muito distanciados do pensamento e das reações da época na qual elas são apresentadas. Assim, a revelação deve manter-se sempre em contato com a evolução, e assim ela o faz. A religião da revelação deve sempre ser limitada pela capacidade do homem para recebê-la.

92:4.2 (1007.2) Mas, a despeito das relações ou das suas origens aparentes, as religiões de revelação são sempre caracterizadas por uma crença em alguma Deidade de valor final e em algum conceito da sobrevivência da identidade da personalidade, depois da morte.

92:4.3 (1007.3) A religião evolucionária é sentimental, não é lógica. A reação do homem é acreditar em um mundo hipotético de espíritos-fantasmas — é o reflexo da crença do homem, excitado pela percepção e pelo medo do desconhecido. A religião reveladora é proposta pelo verdadeiro mundo espiritual; é a resposta do cosmo supra-intelectual à sede dos mortais de acreditar nas Deidades universais e de contar com elas. A religião evolucionária é o retrato do caminhar em círculos viciosos que a humanidade faz para a busca da verdade; a religião reveladora é essa verdade em si mesma.

92:4.4 (1007.4) Houve muitos acontecimentos de revelação religiosa, mas apenas cinco deles foram de significação para toda uma época. As revelações epocais foram as seguintes:

 

92:4.5 (1007.5) 1. Os ensinamentos Dalamatianos. O verdadeiro conceito da Primeira Fonte e Centro foi promulgado em Urântia, pela primeira vez, pelos cem membros da assessoria corpórea do Príncipe Caligástia. Essa revelação expandida da Deidade persistiu por mais de trezentos mil anos, até que foi subitamente interrompida pela secessão planetária e pela ruptura do regime de ensino. Exceto pelo trabalho de Van, a influência da revelação Dalamatiana ficou praticamente perdida para todo o mundo. Até os noditas haviam esquecido essa verdade, já na época da chegada de Adão. Entre todos os que receberam os ensinamentos vindos dos cem, os homens vermelhos foram aqueles que os conservaram por mais tempo; mas a idéia do Grande Espírito não era senão uma concepção nebulosa, na religião ameríndia, quando o contato com o cristianismo clarificou-a e reforçou-a consideravelmente.

92:4.6 (1007.6) 2. Os ensinamentos Edênicos. Adão e Eva retrataram, uma vez mais, o conceito do Pai de todos aos povos evolucionários. A dissolução do primeiro Éden interrompeu o curso da revelação Adâmica, antes que ela tivesse começado de fato. Mas os ensinamentos abortados de Adão foram continuados pelos sacerdotes setitas, e algumas dessas verdades nunca foram inteiramente perdidas para o mundo. Toda a tendência da evolução religiosa do levante foi modificada pelos ensinamentos dos setitas. Mas, por volta de 2500 a.C., a humanidade tinha perdido de vista, em grande parte, a revelação promovida à época do Éden.

92:4.7 (1007.7) 3. Melquisedeque de Salém. Este Filho emergencial de Nébadon inaugurou a terceira revelação da verdade em Urântia. Os preceitos cardinais dos seus ensinamentos foram: confiança e fé. Ele ensinou a confiança na beneficência onipotente de Deus e proclamou a fé como o ato por meio do qual os homens ganham o favorecimento de Deus. Os seus ensinamentos gradualmente misturaram-se às crenças e práticas de várias religiões evolucionárias e, finalmente, resultaram naqueles sistemas teológicos presentes em Urântia quando da abertura do primeiro milênio depois de Cristo.

92:4.8 (1008.1) 4. Jesus de Nazaré. Cristo Michael apresentou o conceito de Deus, trazido assim em Urântia pela quarta vez, como o Pai Universal; e esse ensinamento perdurou em geral desde então. A essência do seu ensinamento foi amor e serviço, a adoração amorosa que um filho criatura dá voluntariamente em reconhecimento e em retorno à ministração do amor de Deus, o seu Pai; o serviço que tais filhos criaturas oferecem, de vontade espontânea aos seus irmãos, em uma alegre compreensão de que, nesse serviço, eles estão servindo, do mesmo modo, a Deus, o Pai.

92:4.9 (1008.2) 5. Os Documentos de Urântia. Os documentos, dos quais este é um deles, constituem a mais recente apresentação da verdade aos mortais de Urântia. Esses documentos diferem de todas as revelações anteriores, pois não são trabalho de uma única personalidade do universo; são, sim, apresentações compostas, efetuadas por muitos seres. Nenhuma revelação, todavia, pode jamais ser completa, antes de se alcançar o Pai Universal. Todas as outras ministrações celestes não são mais do que parciais, transitórias e praticamente adaptadas às condições locais de tempo e de espaço. É possível que, ao admitir tudo isso, possamos esvaziar a força imediata e a autoridade de todas as revelações, mas é chegado o tempo em Urântia, em que é aconselhável fazer essa declaração franca, ainda que correndo o risco de enfraquecer a influência futura e a autoridade desta obra, que é a mais recente das revelações da verdade às raças mortais de Urântia.

 

5. Os Grandes Líderes Religiosos

 

92:5.1 (1008.3) Na religião evolucionária, os deuses são concebidos para existir à semelhança da imagem do homem; na religião reveladora, é ensinado aos homens que são filhos de Deus — feitos, mesmo, à imagem finita da divindade. Nas crenças sintetizadas compostas dos ensinamentos da revelação e dos produtos da evolução, o conceito de Deus é uma combinação entre:

 

92:5.2 (1008.4) 1. As idéias preexistentes dos cultos evolucionários.

92:5.3 (1008.5) 2. Os ideais sublimes da religião revelada.

92:5.4 (1008.6) 3. Os pontos de vista pessoais dos grandes líderes religiosos, os profetas e mestres da humanidade.

 

92:5.5 (1008.7) A maioria das grandes épocas religiosas foi inaugurada pela vida e ensinamentos de alguma personalidade proeminente; a liderança originou a maioria dos movimentos morais dignos de nota da história. E os homens sempre tiveram a tendência para venerar um líder, ainda que seja às custas dos seus ensinamentos; de reverenciar a sua personalidade, ainda que percam de vista as verdades que ele proclamou. E isso não acontece sem motivo: há um desejo instintivo no coração do homem evolucionário, de receber ajuda de cima e do além. Esse anseio tem a finalidade de antecipar a vinda, à Terra, do Príncipe Planetário e, posteriormente, dos Filhos Materiais. Em Urântia, o homem tem sido privado desses líderes e governantes supra-humanos e, por isso, constantemente ele procura compensar essa perda, envolvendo os seus líderes humanos em lendas que estabelecem origens sobrenaturais e carreiras miraculosas para eles.

92:5.6 (1008.8) Muitas raças têm concebido os seus líderes como tendo nascido de virgens; as suas carreiras são generosamente pontuadas por episódios miraculosos, e o retorno desses líderes é sempre aguardado pelos seus respectivos grupos. Na Ásia central, os homens das tribos ainda aguardam pelo retorno de Gengis Khan; no Tibete, na China e na Índia, de Buda; no islamismo, de Maomé; entre os ameríndios, de Hesunanin Onamonalonton; com os hebreus foi, em geral, o retorno de Adão como o governante material. Na Babilônia, o deus Marduk foi uma perpetuação da lenda de Adão, da idéia do filho de Deus, do elo entre o homem e Deus. Em seguida ao aparecimento de Adão na Terra, os assim chamados filhos de Deus eram comuns entre as raças do mundo.

92:5.7 (1009.1) Todavia, independentemente do respeito supersticioso que freqüentemente os envolveu, ainda permanece como fato que esses mestres foram as personalidades temporais de apoio, das quais dependeram as alavancas da verdade revelada, para fazerem avançar a moralidade, a filosofia e a religião da humanidade.

92:5.8 (1009.2) Houve centenas e centenas de líderes religiosos, na história milenar de Urântia, desde Onagar, ao Guru Nanak. Durante esse tempo, houve muitas cheias e vazantes, na maré da verdade religiosa e da fé espiritual, e cada renascimento da religião urantiana tem sido, no passado, identificado com a vida e os ensinamentos de algum líder religioso. Considerando os instrutores dos tempos recentes, pode ser útil agrupá-los em sete épocas religiosas maiores, da Urântia pós-Adâmica:

 

92:5.9 (1009.3) 1. O período Setit a. Os sacerdotes Setitas, regenerados sob a liderança de Amosad, tornaram-se os grandes instrutores pós-Adâmicos. Eles ensinaram nas terras dos anditas, e a sua influência perdurou por mais tempo entre os gregos, sumérios e indianos. Entre estes últimos, a sua influência continuou até o tempo presente, como entre os brâmanes de fé hindu. Os setitas e os seus seguidores nunca se perderam inteiramente do conceito da Trindade, revelado por Adão.

92:5.10 (1009.4) 2. A era dos missionários de Melquisedeque. A religião de Urântia foi regenerada, em grande medida, pelos esforços daqueles instrutores que saíram em comissões formadas por Maquiventa Melquisedeque, quando ele viveu e ensinou em Salém, quase dois mil anos antes de Cristo. Esses missionários proclamaram a fé como o preço para o favorecimento de Deus, e os seus ensinamentos, ainda que improdutivos, para o aparecimento imediato de qualquer religião, formaram, contudo, as fundações sobre as quais os instrutores posteriores da verdade iriam construir as religiões de Urântia.

92:5.11 (1009.5) 3. A era pós-Melquisedeque. Embora Amenemope e Iknaton tivessem, ambos, ensinado neste período, o gênio religioso mais notável da era pós-Melquisedeque foi o líder de um grupo de beduínos do levante, o fundador da religião hebraica — Moisés. Moisés ensinou o monoteísmo. Disse ele: “Escutai, ó Israel, o Senhor nosso Deus é um só Deus”. “O Senhor é Deus. Não há outro além Dele.” E, persistentemente, buscou ele desarraigar o remanescente do culto aos fantasmas junto ao seu povo, prescrevendo até a pena de morte para os seus praticantes. O monoteísmo de Moisés foi adulterado pelos seus sucessores, mas, em tempos posteriores, eles retornaram a muitos dos seus ensinamentos. A grandeza de Moisés repousa na sua sabedoria e sagacidade. Outros homens tiveram conceitos mais elevados de Deus, mas nenhum homem teve jamais tanto êxito em induzir grandes números de pessoas a adotar crenças tão avançadas.

92:5.12 (1009.6) 4. O sexto século antes de Cristo. Muitos homens surgiram para proclamar a verdade neste que foi um dos séculos marcantes para um despertar religioso jamais visto em Urântia. Entre esses devem ser lembrados Gautama, Confúcio, Lao-tsé, Zoroastro e os mestres jainistas. Os ensinamentos de Gautama tornaram-se bastante difundidos na Ásia, e ele é reverenciado por milhões, como o Buda. Confúcio foi, para a moralidade dos chineses, o que Platão foi para a filosofia grega e, mesmo tendo havido repercussões religiosas para os ensinamentos de ambos, nenhum dos dois foi, estritamente falando, um mestre religioso; Lao-tsé teve uma visualização maior de Deus, no Tao, do que Confúcio no campo das humanidades, ou Platão no idealismo. Zoroastro, se bem que muito influenciado pelo conceito de um espiritualismo predominantemente dualista, ou seja, do bem e do mal, ao mesmo tempo exaltou definitivamente a idéia de uma Deidade eterna, e da vitória última da luz sobre as trevas.

92:5.13 (1010.1) 5. O primeiro século depois de Cristo. Como um mestre religioso, Jesus de Nazaré partiu do culto que tinha sido estabelecido por João Batista e progrediu até onde pôde, libertando aquele culto das amarras e das formalidades. Além de Jesus, Paulo de Tarso e Filo de Alexandria foram os maiores mestres dessa era. Os conceitos deles, dentro da religião, exerceram um papel dominante na evolução da fé que traz o nome de Cristo.

92:5.14 (1010.2) 6. O sexto século depois de Cristo. Maomé fundou uma religião que foi superior a muitos dos credos desta época. E esta foi um protesto contra as exigências sociais das religiões estrangeiras e contra a incoerência da vida religiosa do seu próprio povo.

92:5.15 (1010.3) 7. O décimo quinto século depois de Cristo. Este período testemunhou dois movimentos religiosos: a ruptura da unidade do cristianismo no Ocidente, e a síntese de uma nova religião no Oriente. Na Europa, a cristandade institucionalizada tinha atingido aquele grau de inflexibilidade que tornou qualquer crescimento posterior incompatível com a unidade. No Oriente, os ensinamentos combinados do islamismo, do hinduísmo e do budismo foram sintetizados por Nanak e pelos seus seguidores no sikismo, uma das mais avançadas religiões da Ásia.

 

92:5.16 (1010.4) O futuro de Urântia, sem dúvida, será caracterizado pelo aparecimento de educadores da verdade religiosa — a Paternidade de Deus e a fraternidade de todas as criaturas. Mas é de se esperar que os esforços sinceros e ardentes dos profetas futuros sejam dirigidos menos para o fortalecimento de barreiras inter-religiosas e mais para o aumento da irmandade religiosa de culto espiritual, entre os muitos seguidores das diferentes teologias intelectuais tão características da Urântia de Satânia.

 

6. As Religiões Compostas

 

92:6.1 (1010.5) As religiões do século vinte, em Urântia, oferecem um interessante quadro da evolução social da tendência humana para a adoração. Muitas fés pouco progrediram desde os dias do culto dos fantasmas. Os pigmeus da África não têm nenhuma reação religiosa, como classe, embora alguns deles acreditem vagamente em um meio ambiente com espíritos. Eles estão, hoje, exatamente onde o homem primitivo estava, quando a evolução da religião começou. A crença básica da religião primitiva era a de sobrevivência depois da morte. A idéia de adorar um Deus pessoal indica um desenvolvimento evolucionário avançado, e mesmo o primeiro estágio da revelação. Os Diaks desenvolveram apenas as práticas religiosas mais primitivas. Os esquimós e os ameríndios, relativamente recentes, tinham um conceito muito estreito de Deus; eles acreditavam em fantasmas e tinham, ainda que indefinida, uma idéia sobre alguma espécie de sobrevivência depois da morte. Os nativos australianos dos dias atuais têm apenas medo de fantasmas, um temor do escuro e uma veneração rudimentar pelos ancestrais. Os zulus só agora estão desenvolvendo uma religião de medo de fantasmas e de sacrifícios. Muitas tribos africanas, a não ser pelo trabalho missionário dos cristãos e maometanos, ainda não passam do estágio do fetiche, na sua evolução religiosa. Mas alguns grupos vêm mantendo, há muito, a idéia do monoteísmo, como os trácios de outrora, que acreditavam também na imortalidade.

92:6.2 (1010.6) Em Urântia, a religião evolucionária e a religião reveladora estão progredindo lado a lado, e, ao mesmo tempo, amalgamando-se e fundindo-se nos sistemas teológicos diversificados, encontrados no mundo à época da elaboração destes documentos. Essas religiões, as religiões da Urântia do século vinte, podem ser enumeradas como a seguir.

 

92:6.3 (1011.1) 1. O hinduísmo — a mais antiga.

92:6.4 (1011.2) 2. A religião hebraica.

92:6.5 (1011.3) 3. O budismo.

92:6.6 (1011.4) 4. Os ensinamentos de Confúcio.

92:6.7 (1011.5) 5. As crenças taoístas.

92:6.8 (1011.6) 6. O zoroastrismo.

92:6.9 (1011.7) 7. O xintoísmo.

92:6.10 (1011.8) 8. O jainismo.

92:6.11 (1011.9) 9. O cristianismo.

92:6.12 (1011.10) 10. O islamismo.

92:6.13 (1011.11) 11. O sikismo — a mais recente.

 

92:6.14 (1011.12) As religiões mais avançadas dos tempos antigos foram o judaísmo e o hinduísmo, e cada uma havia influenciado em grande parte o curso do desenvolvimento religioso, respectivamente, no Oriente e no Ocidente. Ambos, hindus e hebreus acreditaram que as suas religiões foram inspiradas e reveladas, e acreditavam que todas as outras eram formas decadentes da fé única e verdadeira.

92:6.15 (1011.13) A Índia está dividida entre as religiões hindu, sikista, maometana e jainista, cada uma delas retratando Deus, o homem e o universo, segundo a sua própria concepção. A China segue os ensinamentos taoístas e confucionistas; o xintoísmo é reverenciado no Japão.

92:6.16 (1011.14) As grandes crenças internacionais e inter-raciais são a hebraica, a budista, a cristã e a islâmica. O budismo estende-se do Ceilão e Birmânia até o Tibete, e da China ao Japão. Ele tem demonstrado uma capacidade de adaptação aos costumes de tantos povos, que tem sido igualada apenas pelo cristianismo.

92:6.17 (1011.15) A religião hebraica abrange a transição filosófica do politeísmo ao monoteísmo; é um elo evolucionário entre as religiões de evolução e as religiões de revelação. Os hebreus foram o único povo do Ocidente a seguir a evolução dos seus deuses evolucionários primitivos até o Deus da revelação. Mas essa verdade nunca se tornou amplamente aceita até os dias de Isaías que, uma vez mais, ensinou uma idéia mista de uma deidade da raça, conjugada com a do Criador Universal: “Ó Senhor das Hostes, Deus de Israel, sois Deus, e apenas vós; vós criastes o céu e a Terra”. Num certo momento, a esperança da sobrevivência, na civilização ocidental, repousa nos conceitos hebraicos sublimes da bondade e nos conceitos helênicos avançados da beleza.

92:6.18 (1011.16) A religião cristã é a religião sobre a vida e os ensinamentos de Cristo, baseados na teologia do judaísmo, modificados posteriormente por meio da assimilação de certos ensinamentos zoroastrianos e da filosofia grega, e formulados primariamente por três indivíduos: Filo, Pedro e Paulo. Ela passou por muitas fases de evolução, desde o tempo de Paulo; e tornou-se tão completamente ocidentalizada que muitos povos não europeus, muito naturalmente, consideram o cristianismo uma estranha revelação, de um Deus estranho, destinada a estrangeiros.

92:6.19 (1011.17) O islamismo é a conexão religioso-cultural entre a África do norte, o Levante, e o sudoeste da Ásia. Foi a teologia judaica, em ligação com os ensinamentos posteriores do cristianismo, que tornou o islamismo monoteísta. Os seguidores de Maomé tropeçaram nos ensinamentos avançados da Trindade; eles não podiam compreender uma doutrina de três personalidades divinas e uma Deidade. É sempre difícil induzir as mentes evolucionárias a aceitarem, subitamente, uma verdade superior revelada. O homem é uma criatura evolucionária e deve adquirir a sua religião principalmente por técnicas evolucionárias.

92:6.20 (1012.1) A adoração dos antepassados, em uma determinada época, constituiu um avanço incontestável na evolução religiosa, mas é tão surpreendente quanto lamentável que esse conceito primitivo sobreviva na China, no Japão e na Índia, em meio a tantas coisas relativamente tão mais avançadas, tais como o budismo e o hinduísmo. No Ocidente, o culto dos antepassados desenvolveu-se na veneração de deuses nacionais e no respeito pelos heróis da raça. No século vinte, essa religião nacionalista, de veneração de heróis, faz sua aparição nos vários secularismos e nacionalismos radicais que caracterizam muitas raças e nações do Ocidente. Grande parte dessa mesma atitude é também encontrada nas grandes universidades e nas comunidades industriais maiores, dos povos de língua inglesa. Não muito diferente desses conceitos é a idéia de que a religião não é senão “uma busca compartilhada do lado bom da vida”. As “religiões nacionais” nada mais são do que uma reversão para o culto primevo ao imperador romano, e ao xintoísmo — a adoração do estado, na família imperial.

 

7. A Evolução Ulterior da Religião

 

92:7.1 (1012.2) A religião não pode nunca se tornar um fato científico. A filosofia pode, verdadeiramente, repousar em uma base científica, mas a religião permanecerá, para sempre, evolucionária, ou reveladora, ou uma combinação possível de ambas, como ela é no mundo de hoje.

92:7.2 (1012.3) Novas religiões não podem ser inventadas; ou são a conseqüência de uma evolução ou são subitamente reveladas. Todas as religiões evolucionárias novas são meras expressões avançadas de velhas crenças, em novas adaptações e ajustamentos. O velho não deixa de existir; ele funde-se com o novo, como no caso do sikismo, que cresceu e floresceu do solo e das formas do hinduísmo, do budismo, do islamismo e de outros cultos contemporâneos. A religião primitiva era muito democrática; o selvagem tomava emprestado e emprestava facilmente. Apenas com a religião revelada apareceu o egotismo teológico, autocrático e intolerante.

92:7.3 (1012.4) As inúmeras religiões de Urântia são todas boas, na medida em que todas levam o homem até Deus e trazem até o homem a compreensão do Pai. É uma falácia, para qualquer grupo de religiosos, conceber o seu credo como a Verdade; tal atitude denota mais arrogância teológica do que certeza de fé. Todas as religiões de Urântia tirariam proveito do estudo e da assimilação do que há de melhor nas verdades contidas em qualquer outra fé, pois todas contêm verdades. Os religiosos fariam melhor em tomar emprestado o que há de mais profundo na fé espiritual viva do vizinho, do que em denunciar o que nela há de pior, nas suas superstições remanescentes e nos rituais sem valor.

92:7.4 (1012.5) Todas essas religiões surgiram como resultado das respostas intelectuais variáveis dos homens a uma mesma e idêntica condução espiritual. E não podem, elas, nunca esperar atingir uma uniformidade de credos, dogmas e rituais, pois estes são intelectuais. Mas podem realizar, e algum dia realizarão, a unidade na adoração verdadeira do Pai de todos, pois esta é espiritual, e é para sempre verdadeiro que, no espírito, todos os homens são iguais.

92:7.5 (1012.6) A religião primitiva foi, em grande parte, uma conscientização no nível dos valores materiais, mas a civilização eleva os valores religiosos, pois a verdadeira religião é a devoção do eu a serviço de valores com significado supremo. À medida que a religião evolui, a ética transforma-se na filosofia das morais, e a moralidade transforma-se na disciplina do eu, segundo os critérios mais elevados e supremos de valor — os ideais espirituais e divinos. A religião converte-se, assim, em uma devoção espontânea e rara, a experiência viva da lealdade do amor.

92:7.6 (1013.1) O que indica a qualidade de uma religião é:

 

92:7.7 (1013.2) 1. O nível dos seus valores — as suas lealdades.

92:7.8 (1013.3) 2. A profundidade dos seus significados — a sensibilização dos indivíduos à apreciação idealista desses valores mais elevados.

92:7.9 (1013.4) 3. A intensidade da consagração — o grau de devoção a esses valores divinos.

92:7.10 (1013.5) 4. O progresso sem entraves da personalidade nesse caminho cósmico de vida espiritual idealista, a compreensão da filiação a Deus e o progredir sem fim na cidadania do universo.

 

92:7.11 (1013.6) Os significados religiosos progridem em autoconsciência, quando a criança transfere as idéias de onipotência, dos seus progenitores para Deus. E toda a experiência religiosa dessa criança depende muito do que predominou na relação pai-filho: se o medo, ou se o amor. Os escravos têm experimentado sempre uma grande dificuldade de transferir o medo dos seus donos para os conceitos do amor a Deus. A civilização, a ciência e as religiões avançadas devem libertar a humanidade desses medos nascidos do horror aos fenômenos naturais. E, assim, um esclarecimento maior deveria livrar os mortais educados de toda a dependência de intermediários na comunhão com a Deidade.

92:7.12 (1013.7) Esses estágios intermediários de hesitação idólatra na transferência da veneração do humano e do visível para o divino e o invisível são inevitáveis; mas deveriam ser abreviados pela consciência da ministração facilitadora do espírito residente divino. Entretanto, o homem tem sido profundamente influenciado, não apenas pelos seus conceitos da Deidade, mas também pelo caráter dos heróis que ele escolheu para honrar. É uma infelicidade grande que aqueles que chegaram a venerar o Cristo divino, e ressuscitado, tivessem negligenciado o homem — o valente e corajoso herói — Joshua ben José.

92:7.13 (1013.8) O homem moderno está autoconsciente da religião, de um modo adequado, mas o hábito que tem de adoração está confuso, deixando-o em descrença, devido à metamorfose social acelerada e aos desenvolvimentos científicos sem precedentes. Os homens e as mulheres pensantes querem que a religião seja redefinida, e essa exigência irá levar a religião a reavaliar a si própria.

92:7.14 (1013.9) O homem moderno depara-se com a tarefa de fazer, em uma única geração, mais re-adequações dos valores humanos do que as que têm sido feitas em dois mil anos. E tudo isso influencia a atitude social para com a religião, pois a religião é um modo de vida, tanto quanto uma técnica de pensar.

92:7.15 (1013.10) A verdadeira religião deve, sempre e simultaneamente, ser o fundamento eterno e a estrela guia de todas as civilizações duradouras.

 

92:7.16 (1013.11) [Apresentado por um Melquisedeque de Nébadon.]