OS DOCUMENTOS DE URÂNTIA
- A REVELAÇÃO DO TERCEIRO MILÊNIO -
INDICE
Documento 85
As Origens da Adoração
85:0.1 (944.1) A religião primitiva teve uma origem biológica, um desenvolvimento evolutivo natural, além das associações morais e à parte de todas as influências espirituais. Os animais superiores têm medos, mas não ilusões, portanto, nenhuma religião. O homem cria suas religiões primitivas a partir dos seus medos e por meio das suas ilusões.
85:0.2 (944.2) Na evolução da espécie humana, a adoração em suas manifestações primitivas aparece muito antes que a mente do homem seja capaz de formular os conceitos mais complexos da vida presente e futura que mereçam ser chamados de religião. A religião inicial era de natureza totalmente intelectual e baseada inteiramente em circunstâncias associativas. Os objetos de adoração eram totalmente sugestivos; eles consistiam nas coisas da natureza que estavam próximas, ou que avultavam na experiência comum dos urantianos primitivos de mente simples.
85:0.3 (944.3) Assim que a religião evoluiu para além da adoração da natureza, ela adquiriu raízes de origem no espírito, mas, não obstante, sempre condicionada pelo ambiente social. À medida que a adoração da natureza se desenvolveu, os conceitos do homem vislumbraram uma divisão de trabalho no mundo supramortal; havia espíritos da natureza para lagos, árvores, cachoeiras, chuva e centenas de outros fenômenos terrestres comuns.
85:0.4 (944.4) Em um momento ou outro o homem mortal adorou tudo na face da Terra, inclusive a si mesmo. Ele também adorou tudo o que se possa imaginar no céu e sob a superfície da Terra. O homem primitivo temia todas as manifestações de poder; ele adorava todos os fenômenos naturais que não conseguia compreender. A observação de poderosas forças naturais, como tempestades, inundações, terremotos, deslizamentos de terra, vulcões, fogo, calor e frio, impressionou grandemente a mente em expansão do homem. As coisas inexplicáveis da vida ainda são chamadas de “atos de Deus” e “dispensações misteriosas da Providência”.
1. Adoração de Pedras e Montes
85:1.1 (944.5) O primeiro objeto a ser adorado pelo homem em evolução foi uma pedra. Hoje, o povo Kateri do sul da Índia ainda adora uma pedra, assim como numerosas tribos do norte da Índia. Jacó dormia sobre uma pedra porque a venerava; ele até a ungiu. Raquel escondia várias pedras sagradas em sua tenda.
85:1.2 (944.6) As pedras primeiro impressionaram o homem primitivo como sendo fora do comum por causa da maneira como apareciam tão repentinamente na superfície de um campo cultivado ou um pasto. Os homens não conseguiam levar em conta a erosão ou os resultados do revirar do solo. As pedras também impressionavam grandemente os povos primitivos por causa de sua frequente semelhança com animais. A atenção do homem civilizado é atraída por numerosas formações de pedra nas montanhas que tanto se assemelham às faces de animais e até de homens. Mas a influência mais profunda foi exercida por pedras meteóricas que os humanos primitivos viam mergulhando na atmosfera com grandiosidade flamejante. A estrela cadente era tremenda para o homem primitivo, e ele acreditava facilmente que tais rastos ardentes marcavam a passagem de um espírito em seu caminho para a Terra. Não é de admirar que os homens fossem levados a adorar tais fenômenos, especialmente quando depois descobriram os meteoros. E isto levou a uma maior reverência por todas as outras pedras. Em Bengala muitos adoram um meteoro que caiu na Terra em 1880 d.C.
85:1.3 (945.1) Todos os antigos clãs e tribos tinham suas pedras sagradas, e a maioria dos povos modernos manifesta certo grau de veneração por certos tipos de pedras – as joias deles. Um grupo de cinco pedras era reverenciado na Índia; na Grécia era uma pilha de trinta; entre os homens vermelhos era geralmente um círculo de pedras. Os romanos sempre jogavam uma pedra para o alto ao invocar Júpiter. Na Índia, até hoje, uma pedra pode ser usada como testemunha. Em algumas regiões uma pedra pode ser empregada como um talismã da lei e, por seu prestígio, um infrator pode ser levado ao tribunal. Mas simples mortais nem sempre identificam a Deidade com um objeto de cerimônia reverente. Tais fetiches são muitas vezes meros símbolos do objeto real de adoração.
85:1.4 (945.2) Os antigos tinham uma consideração peculiar pelos buracos nas pedras. Supunha-se que tais rochas porosas fossem extraordinariamente eficazes na cura de doenças. As orelhas não eram perfuradas para carregar pedras, mas as pedras eram colocadas para manter os orifícios das orelhas abertos. Mesmo nos tempos modernos pessoas supersticiosas fazem furos nas moedas. Na África os nativos fazem muito alarde por causa de suas pedras-fetiche. De fato, entre todas as tribos e povos atrasados as pedras ainda são mantidas em veneração supersticiosa. A adoração da pedra é ainda hoje difundida em todo o mundo. A lápide é um símbolo sobrevivente de imagens e ídolos que foram esculpidos em pedra em conexão com crenças nos fantasmas e nos espíritos dos companheiros defuntos.
85:1.5 (945.3) A adoração dos montes seguiu-se à adoração das pedras, e os primeiros montes a serem venerados foram grandes formações de pedra. Atualmente, tornou-se costume acreditar que os deuses habitavam as montanhas, de modo que as altas elevações de terra eram adoradas por este motivo adicional. Com o passar do tempo, certas montanhas foram associadas a certos deuses e, portanto, tornaram-se sagradas. Os aborígines ignorantes e supersticiosos acreditavam que as cavernas levavam ao submundo, com seus espíritos malignos e demônios, em contraste com as montanhas, que foram identificadas com os conceitos evolutivos posteriores de espíritos bons e deidades.
2. Adoração de Plantas e Árvores
85:2.1 (945.4) As plantas foram primeiro temidas e depois adoradas por causa dos licores inebriantes que eram derivados delas. O homem primitivo acreditava que a embriaguez tornava alguém divino. Supunha-se que havia algo incomum e sagrado em tal experiência. Mesmo nos tempos modernos o álcool é conhecido como “espirituoso”.
85:2.2 (945.5) O homem primitivo olhava para os grãos que brotavam com pavor e respeito supersticioso. O apóstolo Paulo não foi o primeiro a extrair profundas lições espirituais do grão que brota e a pregar crenças religiosas sobre isso.
85:2.3 (945.6) Os cultos de adoração das árvores estão entre os grupos religiosos mais antigos. Todos os primeiros matrimônios eram realizados sob as árvores e, quando as mulheres desejavam filhos, às vezes eram encontradas na floresta abraçadas afetuosamente a um robusto carvalho. Muitas plantas e árvores eram veneradas por causa de seus poderes medicinais reais ou imaginários. O selvagem acreditava que todos os efeitos químicos eram devidos à atividade direta de forças sobrenaturais.
85:2.4 (945.7) As ideias sobre os espíritos das árvores variavam grandemente entre as diferentes tribos e raças. Algumas árvores eram habitadas por espíritos bondosos; outras abrigavam os enganosos e cruéis. Os finlandeses acreditavam que a maioria das árvores era ocupada por espíritos bons. Os suíços por muito tempo desconfiaram das árvores, acreditando que continham espíritos traiçoeiros. Os habitantes da Índia e do leste da Rússia consideram os espíritos das árvores como sendo cruéis. Os patagônios ainda adoram as árvores, assim como os primeiros semitas. Muito depois de os hebreus terem cessado a adoração das árvores, eles continuaram a venerar suas várias deidades nos bosques. Exceto na China, outrora existia um culto universal à árvore da vida.
85:2.5 (946.1) A crença de que a água ou os metais preciosos sob a superfície da Terra podem ser detectados por uma varinha adivinhatória de madeira é uma relíquia dos antigos cultos às árvores. A Festa do Mastro, a árvore de Natal e a prática supersticiosa de bater na madeira perpetuam alguns dos antigos costumes de adoração às árvores e os posteriores cultos às árvores.
85:2.6 (946.2) Muitas destas primeiras formas de veneração da natureza ficaram misturadas com as técnicas de adoração que evoluíram mais tarde, mas os primeiros tipos de adoração ativados pelos ajudantes da mente estavam funcionando muito antes de a recém-despertada natureza religiosa da humanidade tornar-se plenamente receptiva ao estímulo das influências espirituais.
3. A Adoração de Animais
85:3.1 (946.3) O homem primitivo tinha um sentimento peculiar e solidário pelos animais superiores. Seus ancestrais tinham vivido com eles e até se acasalado com eles. No sul da Ásia cedo se acreditou que as almas dos homens voltavam à Terra em forma animal. Esta crença era uma sobrevivência da prática ainda anterior de adorar animais.
85:3.2 (946.4) Os primeiros homens reverenciavam os animais por seu poder e sua astúcia. Eles pensavam que o faro aguçado e os olhos que enxergam longe de certas criaturas indicavam orientação do espírito. Os animais foram todos adorados por uma raça ou outra em um momento ou outro. Entre tais objetos de adoração estavam criaturas que eram consideradas meio humanas e meio animais, como centauros e sereias.
85:3.3 (946.5) Os hebreus adoraram serpentes até os dias do rei Ezequias, e os hindus ainda mantêm relações amistosas com suas cobras domésticas. A adoração chinesa do dragão é uma sobrevivência dos cultos da cobra. A sabedoria da serpente era um símbolo da medicina grega e ainda é empregada como um emblema pelos médicos modernos. A arte do encantamento de cobras tem sido transmitida desde os dias das mulheres xamãs do culto do amor das cobras, que, como resultado de picadas diárias de cobras, tornavam-se imunes, de fato, tornavam-se autênticas viciadas em veneno e não podiam viver sem esta toxina.
85:3.4 (946.6) A adoração de insetos e outros animais foi promovida por uma posterior interpretação errônea da regra de ouro – fazer aos outros (todas as formas de vida) o que vocês gostariam que lhes fizessem. Os antigos acreditaram outrora que todos os ventos eram produzidos pelas asas dos pássaros e, portanto, temiam tanto quanto adoravam todas as criaturas aladas. Os primeiros nórdicos pensavam que os eclipses eram causados por um lobo que devorava uma porção do sol ou da lua. Os hindus frequentemente mostravam Vishnu com uma cabeça de cavalo. Muitas vezes um símbolo de animal representa um deus esquecido ou um culto desaparecido. No início da religião evolutiva o cordeiro tornou-se o típico animal sacrificial e a pomba o símbolo da paz e do amor.
85:3.5 (946.7) Na religião, o simbolismo pode ser bom ou mau precisamente na medida em que o símbolo substitui ou não a ideia original de adoração. E o simbolismo não pode ser confundido com a idolatria direta em que o objeto material é direta e realmente adorado.
4. Adoração dos Elementos
85:4.1 (946.8) A humanidade tem adorado a terra, o ar, a água e o fogo. As raças primitivas veneravam nascentes e adoravam rios. Mesmo agora floresce na Mongólia um influente culto ao rio. O batismo tornou-se um cerimonial religioso na Babilônia, e os gregos praticavam o banho ritual anual. Era fácil para os antigos imaginar que os espíritos habitavam nas nascentes borbulhantes, nas fontes jorrando, nos rios caudalosos e nas torrentes furiosas. As águas em movimento impressionaram vividamente estas mentes simples com crenças de animação pelo espírito e poder sobrenatural. Às vezes um homem que estava se afogando teria seu socorro recusado por medo de se ofender algum deus do rio.
85:4.2 (947.1) Muitas coisas e numerosos eventos têm funcionado como estímulos religiosos para diferentes povos em diferentes eras. Um arco-íris ainda é adorado por muitas das tribos das montanhas da Índia. Tanto na Índia quanto na África acredita-se que o arco-íris seja uma gigantesca cobra celestial; hebreus e cristãos o consideram como “o arco da promessa”. Igualmente, influências consideradas benéficas em uma parte do mundo podem ser vistas como malignas em outras regiões. O vento leste é um deus na América do Sul, pois traz chuva; na Índia é um demônio porque traz poeira e causa seca. Os antigos beduínos acreditavam que um espírito da natureza produzia os redemoinhos de areia e, mesmo nos tempos de Moisés, a crença nos espíritos da natureza era forte o suficiente para garantir sua perpetuação na teologia hebraica como anjos de fogo, água e ar.
85:4.3 (947.2) As nuvens, a chuva e o granizo foram todos temidos e adorados por numerosas tribos primitivas e por muitos dos primeiros cultos da natureza. Tempestades de vento com trovões e relâmpagos intimidavam o homem primitivo. Ele ficava tão impressionado com estes distúrbios dos elementos que o trovão foi considerado a voz de um deus irado. A adoração do fogo e o medo do relâmpago estavam ligados e foram difundidos entre muitos dos primeiros grupos.
85:4.4 (947.3) O fogo estava misturado com a magia nas mentes dos mortais primitivos dominados pelo medo. Um devoto da magia se lembrará vividamente de um resultado casual positivo na prática de suas fórmulas mágicas, enquanto esquece imperturbavelmente uma série de resultados negativos, fracassos absolutos. A reverência ao fogo atingiu seu auge na Pérsia, onde perdurou por muito tempo. Algumas tribos adoravam o fogo como uma deidade em si; outros o reverenciavam como o símbolo flamejante do espírito purificador e depurador de suas deidades veneradas. As virgens vestais estavam encarregadas do dever de vigiar os fogos sagrados e, no século 20, as velas ainda queimam como parte do ritual de muitos serviços religiosos.
5. Adoração dos Corpos Celestiais
85:5.1 (947.4) A adoração de rochas, montes, árvores e animais desenvolveu-se naturalmente por meio da veneração atemorizada dos elementos até a deificação do sol, da lua e das estrelas. Na Índia e em outros lugares as estrelas eram consideradas as almas glorificadas de grandes homens que haviam partido da vida na carne. Os caldeus cultuadores das estrelas consideravam-se filhos do pai-céu e da mãe-terra.
85:5.2 (947.5) A adoração da lua precedeu a adoração do sol. A veneração da lua esteve no auge durante a era da caça, enquanto a adoração do sol se tornou a principal cerimônia religiosa das eras agrícolas subsequentes. A adoração solar criou extensas raízes pela primeira vez na Índia, e lá persistiu por mais tempo. Na Pérsia a veneração ao sol deu origem ao posterior culto mitraico. Entre muitos povos o sol era considerado o ancestral de seus reis. Os caldeus colocam o sol no centro dos “sete círculos do universo”. Civilizações posteriores honraram o sol dando seu nome ao primeiro dia da semana.
85:5.3 (947.6) Supunha-se que o deus-sol era o pai místico dos filhos do destino nascidos de uma virgem os quais sempre se pensava que de vez em quando eram concedidos como salvadores às raças favorecidas. Estes bebês sobrenaturais sempre eram colocados à deriva em algum rio sagrado para serem resgatados de maneira extraordinária, após o que cresceriam para se tornarem personalidades milagrosas e libertadores dos seus povos.
6. Adoração ao Homem
85:6.1 (948.1) Tendo adorado tudo o mais na face da Terra e nos céus acima, o homem não tem hesitado em honrar a si mesmo com tal adoração. O selvagem de mente simples não faz distinção clara entre bestas, homens e deuses.
85:6.2 (948.2) O homem primitivo considerava todas as pessoas incomuns como sobre-humanas, e temia tanto tais seres que mantinha um respeito reverente por eles; até certo ponto ele literalmente os adorava. Mesmo ter gêmeos era considerado uma grande sorte ou muito azar. Lunáticos, epilépticos e os débeis mentais eram frequentemente adorados por seus companheiros de mente normal, que acreditavam que tais seres anormais eram resididos pelos deuses. Sacerdotes, reis e profetas eram adorados; os homens santos do passado eram considerados inspirados pelas deidades.
85:6.3 (948.3) Os chefes tribais morriam e eram deificados. Mais tarde, almas ilustres faleciam e eram santificadas. A evolução sem ajuda nunca originou deuses mais elevados do que os espíritos glorificados, exaltados e evoluídos de humanos falecidos. No início da evolução a religião cria seus próprios deuses. No curso da revelação os Deuses formulam a religião. A religião evolutiva cria seus deuses à imagem e semelhança do homem mortal; a religião reveladora busca evoluir e transformar o homem mortal à imagem e semelhança de Deus.
85:6.4 (948.4) Os deuses fantasmas, que são de suposta origem humana, devem ser distinguidos dos deuses da natureza, pois a adoração da natureza de fato desenvolveu um panteão – espíritos da natureza elevados à posição de deuses. Os cultos da natureza continuaram a se desenvolver junto com os cultos dos fantasmas que apareceram mais tarde, e cada um exerceu uma influência sobre o outro. Muitos sistemas religiosos adotaram um conceito dual de deidade, deuses da natureza e deuses fantasmas; em algumas teologias estes conceitos estão confusamente entrelaçados, como é ilustrado por Thor, um herói fantasma que também era o mestre do relâmpago.
85:6.5 (948.5) Mas a adoração do homem pelo homem atingiu seu apogeu quando os governantes temporais impuseram tal veneração aos seus súditos e, em substanciação de tais exigências, reivindicavam ter descendido da deidade.
7. Os Ajudantes da Adoração e da Sabedoria
85:7.1 (948.6) A adoração da natureza pode parecer ter surgido natural e espontaneamente nas mentes dos homens e mulheres primitivos, e assim aconteceu; mas estava operando todo este tempo nestas mesmas mentes primitivas o sexto espírito ajudante, o qual havia sido concedido a estes povos como uma influência orientadora desta fase da evolução humana. E este espírito estava constantemente estimulando a pulsão da adoração da espécie humana, por mais primitivas que fossem suas primeiras manifestações. O espírito da adoração deu origem definida ao impulso humano de adorar, não obstante aquele medo animal ter motivado a expressão de adoração e sua prática inicial ter se centrado em objetos da natureza.
85:7.2 (948.7) Vocês têm que se lembrar de que o sentimento, e não o pensamento, foi a influência orientadora e controladora em todo o desenvolvimento evolutivo. Para a mente primitiva há pouca diferença entre temer, evitar, honrar e adorar.
85:7.3 (948.8) Quando a pulsão da adoração é admoestada e dirigida pela sabedoria – o pensamento meditativo e experiencial – ela então começa a se desenvolver para o fenômeno da verdadeira religião. Quando o sétimo espírito ajudante, o espírito de sabedoria, alcança a ministração efetiva, então na adoração o homem começa a se afastar da natureza e dos objetos naturais para o Deus da natureza e para o Criador eterno de todas as coisas naturais.
85:7.4 (949.1) [Apresentado por um Brilhante Estrela do Entardecer de Nébadon.]
Paper 85
The Origins of Worship
85:0.1 (944.1) PRIMITIVE religion had a biologic origin, a natural evolutionary development, aside from moral associations and apart from all spiritual influences. The higher animals have fears but no illusions, hence no religion. Man creates his primitive religions out of his fears and by means of his illusions.
85:0.2 (944.2) In the evolution of the human species, worship in its primitive manifestations appears long before the mind of man is capable of formulating the more complex concepts of life now and in the hereafter which deserve to be called religion. Early religion was wholly intellectual in nature and was entirely predicated on associational circumstances. The objects of worship were altogether suggestive; they consisted of the things of nature which were close at hand, or which loomed large in the commonplace experience of the simple-minded primitive Urantians.
85:0.3 (944.3) When religion once evolved beyond nature worship, it acquired roots of spirit origin but was nevertheless always conditioned by the social environment. As nature worship developed, man’s concepts envisioned a division of labor in the supermortal world; there were nature spirits for lakes, trees, waterfalls, rain, and hundreds of other ordinary terrestrial phenomena.
85:0.4 (944.4) At one time or another mortal man has worshiped everything on the face of the earth, including himself. He has also worshiped about everything imaginable in the sky and beneath the surface of the earth. Primitive man feared all manifestations of power; he worshiped every natural phenomenon he could not comprehend. The observation of powerful natural forces, such as storms, floods, earthquakes, landslides, volcanoes, fire, heat, and cold, greatly impressed the expanding mind of man. The inexplicable things of life are still termed “acts of God” and “mysterious dispensations of Providence.”
1. Worship of Stones and Hills
85:1.1 (944.5) The first object to be worshiped by evolving man was a stone. Today the Kateri people of southern India still worship a stone, as do numerous tribes in northern India. Jacob slept on a stone because he venerated it; he even anointed it. Rachel concealed a number of sacred stones in her tent.
85:1.2 (944.6) Stones first impressed early man as being out of the ordinary because of the manner in which they would so suddenly appear on the surface of a cultivated field or pasture. Men failed to take into account either erosion or the results of the overturning of soil. Stones also greatly impressed early peoples because of their frequent resemblance to animals. The attention of civilized man is arrested by numerous stone formations in the mountains which so much resemble the faces of animals and even men. But the most profound influence was exerted by meteoric stones which primitive humans beheld hurtling through the atmosphere in flaming grandeur. The shooting star was awesome to early man, and he easily believed that such blazing streaks marked the passage of a spirit on its way to earth. No wonder men were led to worship such phenomena, especially when they subsequently discovered the meteors. And this led to greater reverence for all other stones. In Bengal many worship a meteor which fell to earth in a.d. 1880.
85:1.3 (945.1) All ancient clans and tribes had their sacred stones, and most modern peoples manifest a degree of veneration for certain types of stones—their jewels. A group of five stones was reverenced in India; in Greece it was a cluster of thirty; among the red men it was usually a circle of stones. The Romans always threw a stone into the air when invoking Jupiter. In India even to this day a stone can be used as a witness. In some regions a stone may be employed as a talisman of the law, and by its prestige an offender can be haled into court. But simple mortals do not always identify Deity with an object of reverent ceremony. Such fetishes are many times mere symbols of the real object of worship.
85:1.4 (945.2) The ancients had a peculiar regard for holes in stones. Such porous rocks were supposed to be unusually efficacious in curing diseases. Ears were not perforated to carry stones, but the stones were put in to keep the ear holes open. Even in modern times superstitious persons make holes in coins. In Africa the natives make much ado over their fetish stones. In fact, among all backward tribes and peoples stones are still held in superstitious veneration. Stone worship is even now widespread over the world. The tombstone is a surviving symbol of images and idols which were carved in stone in connection with beliefs in ghosts and the spirits of departed fellow beings.
85:1.5 (945.3) Hill worship followed stone worship, and the first hills to be venerated were large stone formations. It presently became the custom to believe that the gods inhabited the mountains, so that high elevations of land were worshiped for this additional reason. As time passed, certain mountains were associated with certain gods and therefore became holy. The ignorant and superstitious aborigines believed that caves led to the underworld, with its evil spirits and demons, in contrast with the mountains, which were identified with the later evolving concepts of good spirits and deities.
2. Worship of Plants and Trees
85:2.1 (945.4) Plants were first feared and then worshiped because of the intoxicating liquors which were derived therefrom. Primitive man believed that intoxication rendered one divine. There was supposed to be something unusual and sacred about such an experience. Even in modern times alcohol is known as “spirits.”
85:2.2 (945.5) Early man looked upon sprouting grain with dread and superstitious awe. The Apostle Paul was not the first to draw profound spiritual lessons from, and predicate religious beliefs on, the sprouting grain.
85:2.3 (945.6) The cults of tree worship are among the oldest religious groups. All early marriages were held under the trees, and when women desired children, they would sometimes be found out in the forest affectionately embracing a sturdy oak. Many plants and trees were venerated because of their real or fancied medicinal powers. The savage believed that all chemical effects were due to the direct activity of supernatural forces.
85:2.4 (945.7) Ideas about tree spirits varied greatly among different tribes and races. Some trees were indwelt by kindly spirits; others harbored the deceptive and cruel. The Finns believed that most trees were occupied by kind spirits. The Swiss long mistrusted the trees, believing they contained tricky spirits. The inhabitants of India and eastern Russia regard the tree spirits as being cruel. The Patagonians still worship trees, as did the early Semites. Long after the Hebrews ceased tree worship, they continued to venerate their various deities in the groves. Except in China, there once existed a universal cult of the tree of life.
85:2.5 (946.1) The belief that water or precious metals beneath the earth’s surface can be detected by a wooden divining rod is a relic of the ancient tree cults. The Maypole, the Christmas tree, and the superstitious practice of rapping on wood perpetuate certain of the ancient customs of tree worship and the later-day tree cults.
85:2.6 (946.2) Many of these earliest forms of nature veneration became blended with the later evolving techniques of worship, but the earliest mind-adjutant-activated types of worship were functioning long before the newly awakening religious nature of mankind became fully responsive to the stimulus of spiritual influences.
3. The Worship of Animals
85:3.1 (946.3) Primitive man had a peculiar and fellow feeling for the higher animals. His ancestors had lived with them and even mated with them. In southern Asia it was early believed that the souls of men came back to earth in animal form. This belief was a survival of the still earlier practice of worshiping animals.
85:3.2 (946.4) Early men revered the animals for their power and their cunning. They thought the keen scent and the farseeing eyes of certain creatures betokened spirit guidance. The animals have all been worshiped by one race or another at one time or another. Among such objects of worship were creatures that were regarded as half human and half animal, such as centaurs and mermaids.
85:3.3 (946.5) The Hebrews worshiped serpents down to the days of King Hezekiah, and the Hindus still maintain friendly relations with their house snakes. The Chinese worship of the dragon is a survival of the snake cults. The wisdom of the serpent was a symbol of Greek medicine and is still employed as an emblem by modern physicians. The art of snake charming has been handed down from the days of the female shamans of the snake love cult, who, as the result of daily snake bites, became immune, in fact, became genuine venom addicts and could not get along without this poison.
85:3.4 (946.6) The worship of insects and other animals was promoted by a later misinterpretation of the golden rule—doing to others (every form of life) as you would be done by. The ancients once believed that all winds were produced by the wings of birds and therefore both feared and worshiped all winged creatures. The early Nordics thought that eclipses were caused by a wolf that devoured a portion of the sun or moon. The Hindus often show Vishnu with a horse’s head. Many times an animal symbol stands for a forgotten god or a vanished cult. Early in evolutionary religion the lamb became the typical sacrificial animal and the dove the symbol of peace and love.
85:3.5 (946.7) In religion, symbolism may be either good or bad just to the extent that the symbol does or does not displace the original worshipful idea. And symbolism must not be confused with direct idolatry wherein the material object is directly and actually worshiped.
4. Worship of the Elements
85:4.1 (946.8) Mankind has worshiped earth, air, water, and fire. The primitive races venerated springs and worshiped rivers. Even now in Mongolia there flourishes an influential river cult. Baptism became a religious ceremonial in Babylon, and the Greeks practiced the annual ritual bath. It was easy for the ancients to imagine that the spirits dwelt in the bubbling springs, gushing fountains, flowing rivers, and raging torrents. Moving waters vividly impressed these simple minds with beliefs of spirit animation and supernatural power. Sometimes a drowning man would be refused succor for fear of offending some river god.
85:4.2 (947.1) Many things and numerous events have functioned as religious stimuli to different peoples in different ages. A rainbow is yet worshiped by many of the hill tribes of India. In both India and Africa the rainbow is thought to be a gigantic celestial snake; Hebrews and Christians regard it as “the bow of promise.” Likewise, influences regarded as beneficent in one part of the world may be looked upon as malignant in other regions. The east wind is a god in South America, for it brings rain; in India it is a devil because it brings dust and causes drought. The ancient Bedouins believed that a nature spirit produced the sand whirls, and even in the times of Moses belief in nature spirits was strong enough to insure their perpetuation in Hebrew theology as angels of fire, water, and air.
85:4.3 (947.2) Clouds, rain, and hail have all been feared and worshiped by numerous primitive tribes and by many of the early nature cults. Windstorms with thunder and lightning overawed early man. He was so impressed with these elemental disturbances that thunder was regarded as the voice of an angry god. The worship of fire and the fear of lightning were linked together and were widespread among many early groups.
85:4.4 (947.3) Fire was mixed up with magic in the minds of primitive fear-ridden mortals. A devotee of magic will vividly remember one positive chance result in the practice of his magic formulas, while he nonchalantly forgets a score of negative results, out-and-out failures. Fire reverence reached its height in Persia, where it long persisted. Some tribes worshiped fire as a deity itself; others revered it as the flaming symbol of the purifying and purging spirit of their venerated deities. Vestal virgins were charged with the duty of watching sacred fires, and in the twentieth century candles still burn as a part of the ritual of many religious services.
5. Worship of the Heavenly Bodies
85:5.1 (947.4) The worship of rocks, hills, trees, and animals naturally developed up through fearful veneration of the elements to the deification of the sun, moon, and stars. In India and elsewhere the stars were regarded as the glorified souls of great men who had departed from the life in the flesh. The Chaldean star cultists considered themselves to be the children of the sky father and the earth mother.
85:5.2 (947.5) Moon worship preceded sun worship. Veneration of the moon was at its height during the hunting era, while sun worship became the chief religious ceremony of the subsequent agricultural ages. Solar worship first took extensive root in India, and there it persisted the longest. In Persia sun veneration gave rise to the later Mithraic cult. Among many peoples the sun was regarded as the ancestor of their kings. The Chaldeans put the sun in the center of “the seven circles of the universe.” Later civilizations honored the sun by giving its name to the first day of the week.
85:5.3 (947.6) The sun god was supposed to be the mystic father of the virgin-born sons of destiny who ever and anon were thought to be bestowed as saviors upon favored races. These supernatural infants were always put adrift upon some sacred river to be rescued in an extraordinary manner, after which they would grow up to become miraculous personalities and the deliverers of their peoples.
6. Worship of Man
85:6.1 (948.1) Having worshiped everything else on the face of the earth and in the heavens above, man has not hesitated to honor himself with such adoration. The simple-minded savage makes no clear distinction between beasts, men, and gods.
85:6.2 (948.2) Early man regarded all unusual persons as superhuman, and he so feared such beings as to hold them in reverential awe; to some degree he literally worshiped them. Even having twins was regarded as being either very lucky or very unlucky. Lunatics, epileptics, and the feeble-minded were often worshiped by their normal-minded fellows, who believed that such abnormal beings were indwelt by the gods. Priests, kings, and prophets were worshiped; the holy men of old were looked upon as inspired by the deities.
85:6.3 (948.3) Tribal chiefs died and were deified. Later, distinguished souls passed on and were sainted. Unaided evolution never originated gods higher than the glorified, exalted, and evolved spirits of deceased humans. In early evolution religion creates its own gods. In the course of revelation the Gods formulate religion. Evolutionary religion creates its gods in the image and likeness of mortal man; revelatory religion seeks to evolve and transform mortal man into the image and likeness of God.
85:6.4 (948.4) The ghost gods, who are of supposed human origin, should be distinguished from the nature gods, for nature worship did evolve a pantheon—nature spirits elevated to the position of gods. The nature cults continued to develop along with the later appearing ghost cults, and each exerted an influence upon the other. Many religious systems embraced a dual concept of deity, nature gods and ghost gods; in some theologies these concepts are confusingly intertwined, as is illustrated by Thor, a ghost hero who was also master of the lightning.
85:6.5 (948.5) But the worship of man by man reached its height when temporal rulers commanded such veneration from their subjects and, in substantiation of such demands, claimed to have descended from deity.
7. The Adjutants of Worship and Wisdom
85:7.1 (948.6) Nature worship may seem to have arisen naturally and spontaneously in the minds of primitive men and women, and so it did; but there was operating all this time in these same primitive minds the sixth adjutant spirit, which had been bestowed upon these peoples as a directing influence of this phase of human evolution. And this spirit was constantly stimulating the worship urge of the human species, no matter how primitive its first manifestations might be. The spirit of worship gave definite origin to the human impulse to worship, notwithstanding that animal fear motivated the expression of worshipfulness, and that its early practice became centered upon objects of nature.
85:7.2 (948.7) You must remember that feeling, not thinking, was the guiding and controlling influence in all evolutionary development. To the primitive mind there is little difference between fearing, shunning, honoring, and worshiping.
85:7.3 (948.8) When the worship urge is admonished and directed by wisdom—meditative and experiential thinking—it then begins to develop into the phenomenon of real religion. When the seventh adjutant spirit, the spirit of wisdom, achieves effective ministration, then in worship man begins to turn away from nature and natural objects to the God of nature and to the eternal Creator of all things natural.
85:7.4 (949.1) [Presented by a Brilliant Evening Star of Nebadon.]
Documento 85
As Origens da Adoração
85:0.1 (944.1) A RELIGIÃO primitiva teve uma origem biológica, um desenvolvimento evolucionário natural, independentemente das conjunções morais e de todas as influências espirituais. Os animais, mesmo os superiores, têm medos, mas não têm ilusões e, conseqüentemente, nenhuma religião. O homem cria as suas religiões primitivas dos próprios temores e por meio das suas ilusões.
85:0.2 (944.2) Na evolução da espécie humana, a adoração, nas suas manifestações primitivas, apareceu muito antes que a mente do homem fosse capaz de formular os conceitos mais complexos de vida os quais agora, e futuramente, merecem ser chamados de religião. A religião primitiva tinha uma natureza totalmente intelectual e era baseada inteiramente em circunstâncias de relacionamento. Os objetos da adoração eram sempre sugestivos; consistiam de coisas da natureza que estavam à mão, ou ocupavam lugar bem comum na experiência dos urantianos primitivos de mentes simples.
85:0.3 (944.3) Quando evoluiu além da adoração da natureza, a religião adquiriu raízes de origem espiritual; entretanto, foi ainda sempre condicionada pelo ambiente social. À medida que se desenvolveu a adoração da natureza, o homem imaginou conceitos de uma divisão do trabalho para o mundo supramortal; havia espíritos da natureza para os lagos, árvores, cachoeiras, chuva e centenas de outros fenômenos terrestres comuns.
85:0.4 (944.4) Em uma época ou em outra, o homem mortal adorou tudo sobre a face da Terra, incluindo a si próprio. E adorou também tudo o que fosse imaginável, no céu e sob a superfície da Terra. O homem primitivo temia todas as manifestações de poder; e adorou a todos os fenômenos naturais que não podia compreender. As forças naturais poderosas, tais como as tempestades, enchentes, terremotos, deslizamentos de terra, vulcões, fogo, calor e frio, como observadas pelo homem, impressionaram em muito a sua mente em expansão. As coisas inexplicáveis da vida ainda são chamadas de “atos de Deus” e de “dispensações misteriosas da Providência”.
1. A Adoração de Pedras e Montanhas
85:1.1 (944.5) O primeiro objeto a ser adorado pelo homem em evolução foi uma pedra. Hoje, o povo Kateri, do sul da Índia, ainda adora uma pedra, como o fazem numerosas tribos no norte da Índia. Jacó dormiu sobre uma pedra porque ele a venerava; e até mesmo a ungiu. Raquel escondia um bom número de pedras sagradas na sua tenda.
85:1.2 (944.6) As pedras impressionaram o homem primitivo, primeiro, por serem extraordinárias, em vista do modo pelo qual tão subitamente apareciam na superfície de um campo cultivado ou um pasto. Os homens não levavam em conta a erosão, nem os resultados dos arados sobre o solo. As pedras também impressionaram muito aos povos primitivos, pela sua freqüente semelhança com animais. A atenção do homem civilizado detém-se em numerosas formações de pedras, nas montanhas que tanto se assemelham às faces de animais e mesmo de homens. Contudo, a influência mais profunda foi exercida pelos meteoros, os quais os humanos primitivos viam entrar na atmosfera, em uma grandiosidade flamejante. A estrela cadente era atemorizante para o homem primitivo, que acreditava com facilidade que aqueles riscos flamejantes marcavam a passagem de um espírito a caminho da Terra. Não é de causar surpresa que os homens fossem levados a adorar tais fenômenos, especialmente quando descobriram subseqüentemente os meteoros. E isso levou a uma reverência ainda maior a todas as outras pedras. Em Bengala muitos adoram um meteoro que caiu na Terra em 1 880 d.C.
85:1.3 (945.1) Todos os clãs e tribos antigas tiveram as suas pedras sagradas; e a maior parte dos povos modernos manifesta uma certa veneração por alguns tipos de pedras — as suas jóias. Um grupo de cinco pedras foi reverenciado na Índia; na Grécia, um agrupamento de trinta delas; em meio aos homens vermelhos, era comum um círculo de pedras. Os romanos sempre atiravam uma pedra para o ar, quando invocavam Júpiter. Na Índia, até hoje, uma pedra pode ser usada como testemunha. Em algumas regiões, uma pedra pode ser empregada como um talismã da lei, e um transgressor pode ser levado ao tribunal pelo seu prestígio. Todavia, os simples mortais nem sempre identificam a Deidade com um objeto reverenciado com cerimônia. Tais fetiches são, muitas vezes, meros símbolos do objeto real da adoração.
85:1.4 (945.2) Os antigos tinham uma consideração peculiar pelos orifícios nas pedras. Supunha-se que as rochas porosas fossem inusitadamente eficazes para curar doenças. As orelhas não eram perfuradas para o porte de pedras, mas as pedras eram colocadas ali para manter os furos das orelhas abertos. Mesmo nos tempos modernos, as pessoas supersticiosas fazem furos nas moedas. Na África, os nativos fazem grande alarde dos seus fetiches pelas pedras. De fato, em meio a todas as tribos e povos atrasados, as pedras são ainda mantidas sob uma veneração supersticiosa. A adoração das pedras ainda agora se encontra muito disseminada por todo o mundo. A pedra tumular é um símbolo sobrevivente de imagens e ídolos esculpidos, em vista das crenças nos fantasmas e espíritos dos companheiros que se foram.
85:1.5 (945.3) A adoração de colinas veio depois da adoração da pedra, e as primeiras colinas a serem veneradas foram grandes formações de rochas. Em seguida, tornou-se hábito acreditar que os deuses habitavam nas montanhas, de um modo tal que as altas elevações de terras eram adoradas por mais essa razão. Com o passar do tempo, sendo associadas a certos deuses, certas montanhas tornavam-se sagradas. Os aborígines ignorantes e supersticiosos acreditavam que as cavernas levavam ao submundo, com os seus espíritos e demônios malignos e, ao contrário, as montanhas, eram identificadas com os conceitos, num desenvolvimento mais recente, das deidades e dos espíritos bons.
2. A Adoração de Plantas e Árvores
85:2.1 (945.4) As plantas primeiro foram temidas e depois adoradas, por causa dos tóxicos que se derivavam delas. O homem primitivo acreditava que a intoxicação fazia com que alguém se tornasse divino. Supunham haver algo de inusitado e sagrado em tal experiência. Mesmo nos tempos modernos, o álcool é conhecido como “espírito”.
85:2.2 (945.5) O homem primitivo via a semente germinando com um temor e um respeito supersticioso. O apóstolo Paulo não foi o primeiro a retirar lições espirituais profundas da semente germinando, e a pregar crenças religiosas sobre ela.
85:2.3 (945.6) Os cultos de adoração de árvore estão nos grupos das religiões mais antigas. Todos os casamentos primitivos eram feitos sob as árvores e, quando as mulheres desejavam ter filhos, algumas vezes iam às florestas abraçar afetuosamente um robusto carvalho. Muitas plantas e árvores foram veneradas pelos seus poderes medicinais, reais ou imaginários. O selvagem acreditava que todos os efeitos químicos fossem devidos à atividade direta de forças sobrenaturais.
85:2.4 (945.7) As idéias sobre os espíritos das árvores variavam muito entre as tribos e raças diferentes. Algumas árvores eram habitadas por espíritos afáveis; outras abrigavam espíritos cruéis e enganosos. Os finlandeses acreditavam que a maior parte das árvores era ocupada por espíritos bons. Os suíços há muito desconfiavam das árvores, acreditando que continham espíritos traiçoeiros. Os habitantes da Índia e da Rússia Oriental consideravam os espíritos das árvores como sendo cruéis. Os patagônios ainda adoram árvores, como o fizeram os semitas primitivos. Muito depois de cessarem de adorar as árvores, os hebreus continuaram a venerar as suas várias deidades dos bosques. Exceto na China, houve um culto universal à árvore da vida.
85:2.5 (946.1) A crença de que a água, bem como os metais preciosos, debaixo da superfície da Terra, podem ser detectados por um divinatório ramo de madeira é uma lembrança dos antigos cultos às árvores. O mastro de Primeiro de maio, a árvore de Natal e a prática supersticiosa de bater na madeira perpetuam alguns dos antigos costumes de adoração das árvores e dos seus cultos mais recentes.
85:2.6 (946.2) Muitas das formas mais primitivas de veneração da natureza combinaram-se a técnicas de adoração posteriores, em evolução, mas os tipos mais primitivos de adoração, ativados pelos espíritos ajudantes da mente, estavam funcionando muito antes de a natureza religiosa recém-despertada da humanidade se tornar plenamente sensível ao estímulo das influências espirituais.
3. A Adoração de Animais
85:3.1 (946.3) O homem primitivo possuiu um sentimento peculiar e fraternal para com os animais superiores. Os seus ancestrais haviam vivido com eles e haviam, até mesmo, se acasalado com eles. No sul da Ásia acreditou-se primitivamente que as almas dos homens voltavam à Terra, na forma animal. Essa crença era um remanescente da prática ainda mais primitiva de adorar os animais.
85:3.2 (946.4) Os homens primitivos reverenciavam os animais pelo seu poder e astúcia. Julgavam que os apurados sentidos do olfato e da visão de certas criaturas fosse um sinal de orientação espiritual. Os animais têm sido adorados por uma raça ou por outra, em um momento ou em outro. Entre esses objetos de adoração, estavam criaturas que foram consideradas como meio humanas e meio animais, tais como o centauro e a sereia.
85:3.3 (946.5) Os hebreus adoravam serpentes até os dias do rei Ezequias; os indianos ainda mantêm relações amigáveis com as suas cobras caseiras. A adoração chinesa ao dragão é um remanescente dos cultos das cobras. A sabedoria da serpente era um símbolo da medicina grega e é ainda empregado como um emblema pelos médicos modernos. A arte do encantamento das cobras tem sido transmitida desde a época das xamãs femininas do culto de amor às cobras, e, como resultado das picadas diárias das cobras, elas tornavam-se imunes; de fato, se tornaram verdadeiras dependentes do veneno, sem o qual não podiam viver.
85:3.4 (946.6) A adoração dos insetos e outros animais foi promovida por uma má interpretação da regra dourada — de fazer aos outros (toda a forma de vida) como gostaríeis que fosse feito a vós. Os antigos, certa época, acreditaram que todos os ventos seriam produzidos pelas asas de pássaros e, por isso, tanto temiam como adoravam todas as criaturas com asas. Os nórdicos primitivos julgavam que os eclipses eram causados por um lobo que devorara um pedaço do sol ou da lua. Os hindus freqüentemente mostram Vishnu com uma cabeça de cavalo. Muitas vezes, o símbolo de um animal representa um deus esquecido ou um culto extinto. Primitivamente, na religião evolucionária, o cordeiro tornou-se o animal típico do sacrifício, e a pomba, o símbolo da paz e do amor.
85:3.5 (946.7) Na religião, o simbolismo pode ser bom ou mau, na mesma medida em que o símbolo substitui ou não a idéia original adorada. E o simbolismo não deve ser confundido com a idolatria diretamente, na qual o objeto material é direta e factualmente adorado.
4. A Adoração dos Elementos
85:4.1 (946.8) A humanidade tem adorado a terra, o ar, a água e o fogo. As raças primitivas veneraram fontes e adoraram rios. E, ainda agora, na Mongólia, floresce o culto de um rio importante. O batismo tornou-se um cerimonial religioso na Babilônia, e os gregos praticavam o ritual anual do banho. Fácil era que os antigos imaginassem os espíritos residindo nas nascentes borbulhantes, nas fontes efusivas, nos rios fluentes e torrentes intensas. As águas em movimento causavam impressões vívidas nessas mentes simples, que acreditavam na animação dos espíritos e no poder sobrenatural. Algumas vezes, a um homem que se afogava era negado o socorro, por medo de ofender algum deus do rio.
85:4.2 (947.1) Muitas coisas e numerosos acontecimentos têm funcionado como estímulos religiosos para povos diferentes, em épocas diferentes. Um arco-íris ainda é adorado por muitas das tribos das montanhas na Índia. Tanto na Índia quanto na África, o arco-íris é considerado como sendo uma cobra celestial gigantesca; os hebreus e os cristãos consideram-no o “arco da promessa”. Do mesmo modo, influências consideradas como benéficas, em uma parte do mundo, podem ser consideradas malignas em outras regiões. O vento oriental é um deus na América do Sul, pois traz a chuva; na Índia, é um demônio, porque traz a poeira e causa a seca. Os beduínos antigos acreditavam que um espírito da natureza produzia os redemoinhos de areia e, mesmo na época de Moisés, a crença em espíritos da natureza foi forte o suficiente a ponto de assegurar a sua perpetuação na teologia hebraica, como anjos do fogo, da água e do ar.
85:4.3 (947.2) As nuvens, a chuva e o granizo têm sido todos temidos e adorados por numerosas tribos primitivas e por muitos dos cultos primitivos da natureza. As tempestades de vento com trovões e relâmpagos aterrorizavam o homem primitivo. Tão impressionado ele ficava com as perturbações dos elementos, que o trovão era considerado a voz de um deus irado. A adoração do fogo e o temor dos relâmpagos eram ligados um ao outro e foram bem disseminados entre muitos grupos primitivos.
85:4.4 (947.3) O fogo esteve associado à magia nas mentes dos mortais dominados pelo medo. Um devoto da magia lembrará vividamente de um resultado por acaso positivo, na prática das suas fórmulas mágicas e, ao mesmo tempo, se esquece, indiferentemente, de uma série de resultados negativos, de fracassos absolutos. A reverência ao fogo atingiu o seu apogeu na Pérsia, onde perdurou por muito tempo. Algumas tribos adoravam o fogo como uma deidade em si; outras reverenciavam-no como o símbolo flamejante do espírito da purificação e da purgação das suas deidades veneradas. As virgens vestais eram encarregadas do dever de vigiar os fogos sagrados; e as velas, no século vinte, ainda queimam como uma parte do ritual de muitos serviços religiosos.
5. A Adoração dos Corpos Celestes
85:5.1 (947.4) A adoração de rochas, montanhas, árvores e animais desenvolveu-se naturalmente por meio da veneração amedrontada dos elementos, até a deificação do sol, da lua e das estrelas. Na Índia e em outros lugares, as estrelas eram consideradas como as almas glorificadas de grandes homens que haviam partido da vida na carne. Os cultuadores caldeus das estrelas consideravam-se como sendo os filhos do pai-céu e da mãe-terra.
85:5.2 (947.5) A adoração da lua precedeu a adoração do sol. A veneração da lua esteve no seu auge durante a era da caça, enquanto a adoração do sol tornou-se a principal cerimônia religiosa das idades agriculturais subseqüentes. A adoração solar arraigou-se extensivamente na Índia, inicialmente, e ali perdurou por mais tempo. Na Pérsia, a veneração do sol deu origem ao culto mitraico posterior. Entre muitos povos, o sol foi considerado o ancestral dos seus reis. Os caldeus colocavam o sol no centro dos “sete círculos do universo”. Mais tarde, as civilizações honraram o sol, dando o seu nome ao primeiro dia da semana.
85:5.3 (947.6) Supunha-se que o deus do sol fosse o pai místico dos filhos do destino, nascidos de uma virgem, os quais, de tempos em tempos, se outorgavam como salvadores das raças favorecidas. Esses infantes sobrenaturais eram sempre encontrados, à deriva, em algum rio sagrado, para serem resgatados de um modo extraordinário, depois do que cresceriam para tornar-se personalidades miraculosas e libertadores dos seus povos.
6. A Adoração do Homem
85:6.1 (948.1) Tendo adorado tudo o mais sobre a face da Terra, e nos céus acima, o homem não hesitou em honrar a si próprio com tal adoração. O selvagem de mente simples não faz distinção clara entre as bestas, os homens e os deuses.
85:6.2 (948.2) O homem primitivo tinha como supra-humanas todas as pessoas inusitadas e, assim, ele temia tais seres, a ponto de ter por eles um respeito reverente; em uma certa medida, literalmente os adorava. Até o fato de dar irmãos gêmeos à luz era considerado ou de muita sorte ou de muita falta de sorte. Os lunáticos, os epiléticos e os de mente débil eram freqüentemente adorados pelos seus semelhantes de mentes normais, que acreditavam que tais seres anormais eram resididos por deuses. Sacerdotes, reis e profetas foram adorados; os homens sagrados de outrora eram considerados como sendo inspirados pelas deidades.
85:6.3 (948.3) Os chefes tribais eram deificados quando mortos. Posteriormente, almas que se distinguiram eram santificadas depois de falecidas. A evolução, sem ajuda, nunca originou deuses mais elevados do que os espíritos glorificados, exaltados e evoluídos dos humanos mortos. Na evolução primitiva, a religião cria os seus próprios deuses. No curso da revelação, os Deuses formulam religiões. A religião evolutiva cria os seus deuses à imagem e semelhança do homem mortal; a religião reveladora busca evoluir e transformar o homem mortal à imagem e à semelhança de Deus.
85:6.4 (948.4) Os deuses fantasmas, que se supõe serem de origem humana, deveriam distinguir-se dos deuses da natureza, pois a adoração da natureza fez evoluir um panteão — de espíritos da natureza elevados à posição de deuses. Os cultos da natureza continuaram a desenvolver-se junto com os cultos dos fantasmas, que surgiram posteriormente, e cada um exerceu uma influência sobre os outros. Muitos sistemas religiosos adotaram um conceito dual de deidade; os deuses da natureza e os deuses fantasmas; em algumas teologias, esses conceitos estão entrelaçados confusamente, como é ilustrado por Tor, um herói fantasma que foi também o mestre do relâmpago.
85:6.5 (948.5) A adoração do homem pelo homem, todavia, teve o seu apogeu quando os governantes temporais exigiam uma grande veneração dos seus súditos e, para dar substância a essas exigências, reinvindicavam descender da deidade.
7. Os Ajudantes da Adoração e da Sabedoria
85:7.1 (948.6) A adoração da natureza parece ter surgido natural e espontaneamente nas mentes dos homens e mulheres primitivos, e assim foi; mas, ao mesmo tempo, estava atuando sobre essas mesmas mentes primitivas o sexto espírito ajudante da mente, espírito este que foi outorgado a esses povos como uma influência orientadora dessa fase da evolução humana. E esse espírito esteve sempre estimulando o impulso da adoração da espécie humana, não importando quão primitiva a sua primeira manifestação pudesse ser. O espírito da adoração deu uma origem definida ao impulso da adoração, não obstante aquele medo animal motivasse a expressão da adoração, e aquela prática inicial houvesse sido centrada em objetos da natureza.
85:7.2 (948.7) Deveis lembrar-vos de que o sentimento, e não o pensamento, foi a influência que guiou e controlou todo o desenvolvimento evolucionário. Para a mente primitiva, há pouca diferença entre temer, esquivar-se, honrar e adorar.
85:7.3 (948.8) Quando o impulso da adoração está disciplinado e é dirigido pela sabedoria — do pensamento meditativo e experiencial — , então ele começa a desenvolver-se no fenômeno da verdadeira religião. Quando o sétimo espírito ajudante, o espírito da sabedoria, alcança uma ministração efetiva, então o homem em adoração começa a afastar-se da natureza e dos objetos naturais, para voltar-se para o Deus da natureza e para o Criador eterno de todas as coisas naturais.
85:7.4 (949.1) [Apresentado por um Brilhante Estrela Vespertino de Nébadon.]