Urântia

OS DOCUMENTOS DE URÂNTIA

- A REVELAÇÃO DO TERCEIRO MILÊNIO -

INDICE

Documento 178

O Último Dia no Acampamento

178:0.1 (1929.1) Jesus planejou passar esta quinta-feira, o seu último dia livre na Terra, como um Filho divino encarnado, com os seus apóstolos e alguns discípulos leais e devotados. Logo após a hora do desjejum nesta bela manhã, o Mestre os conduziu a um local isolado a uma curta distância acima do acampamento, e ali lhes ensinou muitas verdades novas. Embora Jesus tenha proferido outros discursos aos apóstolos durante as primeiras horas da tardinha, esta fala da manhã de quinta-feira foi o seu discurso de despedida ao grupo combinado de apóstolos e discípulos escolhidos do acampamento, tanto judeus como gentios. Os doze estavam todos presentes, exceto Judas. Pedro e vários apóstolos comentaram sobre sua ausência, e alguns deles pensaram que Jesus o havia enviado à cidade para cuidar de algum assunto, provavelmente para acertar os detalhes da próxima celebração da Páscoa. Judas não voltou ao acampamento senão no meio da tarde, pouco tempo antes de Jesus conduzir os doze a Jerusalém para participarem da Última Ceia.

 

1. Discurso sobre Filiação e Cidadania

 

178:1.1 (1929.2) Jesus conversou com cerca de cinquenta dos seus seguidores de confiança durante quase duas horas e respondeu a uma série de perguntas a respeito da relação entre o reino do céu e os reinos deste mundo, a respeito da relação entre a filiação com Deus e a cidadania nos governos terrenos. Este discurso, juntamente com as suas respostas às perguntas, pode ser resumido e reformulado em linguagem moderna como segue:

178:1.2 (1929.3) Os reinos deste mundo, sendo materiais, muitas vezes podem achar necessário empregar a força física na execução das suas leis e para a manutenção da ordem. No reino do céu os verdadeiros crentes não recorrerão ao emprego da força física. O reino do céu, sendo uma irmandade espiritual dos filhos de Deus nascidos no espírito, só pode ser promulgado pelo poder do espírito. Esta distinção de procedimento refere-se às relações do reino dos crentes com os reinos do governo secular e não anula o direito dos grupos sociais de crentes de manterem a ordem nas suas fileiras e de administrarem a disciplina aos membros indisciplinados e indignos.

178:1.3 (1929.4) Nada há de incompatível entre a filiação no reino espiritual e a cidadania no governo secular ou civil. É dever do crente dar a César as coisas que são de César e a Deus as coisas que são de Deus. Não pode haver qualquer desacordo entre estes dois requisitos, sendo um material e o outro espiritual, a menos que suceda que um César presuma usurpar as prerrogativas de Deus e exija que lhe seja prestada homenagem espiritual e adoração suprema. Nesse caso, vocês adorarão apenas a Deus enquanto procuram esclarecer esses governantes terrenos equivocados e, dessa forma, os levarem também ao reconhecimento do Pai no céu. Vocês não prestarão adoração espiritual aos governantes terrenos; nem deverão empregar as forças físicas dos governos terrenos, cujos governantes poderão algum dia tornar-se crentes, na obra de promover a missão do reino espiritual.

178:1.4 (1930.1) A filiação no reino, do ponto de vista da civilização em avanço, deveria ajudá-los a se tornarem cidadãos ideais dos reinos deste mundo, uma vez que a irmandade e o serviço são as pedras angulares do evangelho do reino. O chamado de amor do reino espiritual deveria provar ser o destruidor eficaz da pulsão de ódio dos cidadãos descrentes e de mentalidade belicista dos reinos terrenos. Mas estes filhos de mente materialista em trevas nunca saberão da sua luz espiritual da verdade, a menos que vocês se aproximem deles com aquele serviço social altruísta que é o resultado natural da produção dos frutos do espírito na experiência de vida de cada indivíduo crente.

178:1.5 (1930.2) Como homens mortais e materiais, vocês de fato são cidadãos dos reinos terrenos, e deveriam ser bons cidadãos, tanto melhor por terem se tornado filhos do espírito renascidos do reino celestial. Como filhos do reino do céu iluminados pela fé e libertados pelo espírito, vocês enfrentam uma dupla responsabilidade de dever para com o homem e dever para com Deus, enquanto assumem voluntariamente uma terceira e sagrada obrigação: servir à irmandade dos crentes que conhecem a Deus.

178:1.6 (1930.3) Vocês não podem adorar os seus governantes temporais e não devem empregar o poder temporal na promoção do reino espiritual; mas deveriam manifestar a ministração justa de serviço amoroso igualmente aos crentes e aos descrentes. No evangelho do reino reside o poderoso Espírito da Verdade, e em breve derramarei este mesmo espírito sobre toda a carne. Os frutos do espírito, o seu serviço sincero e amoroso, são a poderosa alavanca social para elevar as raças das trevas, e este Espírito da Verdade se tornará o seu fulcro multiplicador de poder.

178:1.7 (1930.4) Demonstrem sabedoria e exibam sagacidade ao lidarem com governantes civis descrentes. Pela discrição mostrem-se peritos em resolver divergências menores e em corrigir mal-entendidos insignificantes. De todas as maneiras possíveis – em tudo o que não comprometa a sua lealdade espiritual aos governantes do universo – procurem viver pacificamente com todos os homens. Sejam sempre tão sábios quanto as serpentes, mas tão inofensivos quanto as pombas.

178:1.8 (1930.5) Vocês deveriam se tornar ainda melhores cidadãos do governo secular como resultado de se tornarem filhos iluminados do reino; assim como os governantes dos governos terrenos deveriam tornar-se melhores governantes nos assuntos civis como resultado da crença neste evangelho do reino celestial. A atitude de serviço altruísta ao homem e de adoração inteligente a Deus deveria tornar todos os crentes do reino melhores cidadãos do mundo, enquanto a atitude de cidadania honesta e de devoção sincera ao dever temporal deveria ajudar a tornar tal cidadão mais facilmente alcançável pelo chamado do espírito à filiação no reino celestial.

178:1.9 (1930.6) Enquanto os governantes dos governos terrenos procurarem exercer a autoridade de ditadores religiosos, vocês que acreditam neste evangelho apenas poderão esperar problemas, perseguições e até a morte. Mas a própria luz que vocês trazem ao mundo, e até mesmo a própria maneira pela qual vocês sofrerão e morrerão por este evangelho do reino, irão, por si só, acabar por iluminar o mundo inteiro e resultar no divórcio gradual entre a política e a religião. A pregação persistente deste evangelho do reino algum dia trará a todas as nações uma nova e inacreditável libertação, independência intelectual e liberdade religiosa.

178:1.10 (1931.1) Debaixo das perseguições que virão em breve por parte daqueles que odeiam este evangelho de alegria e liberdade, vocês florescerão e o reino prosperará. Mas vocês estarão em grave perigo em tempos subsequentes quando a maioria dos homens falarem bem dos crentes do reino e muitos em altos cargos aceitarem nominalmente o evangelho do reino celestial. Aprendam a ser fiéis ao reino mesmo em tempos de paz e prosperidade. Não tentem os anjos da sua supervisão a conduzi-los por caminhos problemáticos como uma disciplina amorosa destinada a salvar suas almas volúveis.

178:1.11 (1931.2) Lembrem-se de que vocês estão incumbidos de pregar este evangelho do reino – o desejo supremo de fazer a vontade do Pai juntamente com o júbilo supremo da realização pela fé da filiação com Deus – e vocês não podem permitir que nada distraia a sua devoção a este dever único. Deixem toda a humanidade se beneficiar do transbordamento da sua ministração espiritual amorosa, da comunhão intelectual esclarecedora e do serviço social edificante; mas a nenhum destes trabalhos humanitários, nem a todos eles, deveria ser permitido tomar o lugar da proclamação do evangelho. Estas ministrações poderosas são os subprodutos sociais das ministrações e transformações ainda mais poderosas e sublimes produzidas no coração do crente do reino pelo Espírito da Verdade vivo e pela compreensão pessoal de que a fé de um homem nascido do espírito confere a segurança de comunhão viva com o Deus eterno.

178:1.12 (1931.3) Vocês não podem procurar promulgar a verdade nem estabelecer a retidão pelo poder dos governos civis ou pela decretação de leis seculares. Vocês podem sempre trabalhar para persuadir as mentes dos homens, mas nunca podem ousar obrigá-los. Vocês não podem esquecer a grande lei da equidade humana que lhes ensinei em forma positiva: tudo o que você gostaria que os homens lhe fizessem, faça-o também a eles.

178:1.13 (1931.4) Quando um crente do reino for chamado para servir o governo civil, que ele preste tal serviço como cidadão temporal de tal governo, embora tal crente deva exibir no seu serviço civil todos os traços comuns da cidadania tal como estes foram aprimorados pela iluminação espiritual da associação enobrecedora da mente do homem mortal com o espírito residente do Deus eterno. Se o descrente pode qualificar-se como um servidor público superior, vocês deveriam questionar seriamente se as raízes da verdade em seu coração não morreram devido à falta das águas vivas da comunhão espiritual e do serviço social combinados. A consciência da filiação com Deus deveria acelerar toda a vida de serviço de cada homem, mulher e criança que se tornou possuidor de um estímulo tão poderoso para todos os poderes inerentes a uma personalidade humana.

178:1.14 (1931.5) Vocês não devem ser místicos passivos ou ascetas insípidos; vocês não deveriam se tornar sonhadores e andarilhos, confiando indolentemente numa Providência fictícia para prover até mesmo as necessidades da vida. De fato, vocês devem ser gentis em seu trato com mortais em erro, pacientes em seu relacionamento com homens ignorantes e tolerantes sob provocação; mas vocês também devem ser valentes na defesa da retidão, poderosos na promulgação da verdade e dinâmicos na pregação deste evangelho do reino, até os confins da Terra.

178:1.15 (1931.6) Este evangelho do reino é uma verdade viva. Eu lhes disse que é como o fermento na massa, como o grão da semente de mostarda; e agora declaro que é como a semente do ser vivo, que, de geração em geração, embora permaneça a mesma semente viva, infalivelmente se desdobra em novas manifestações e cresce aceitavelmente em canais de nova adaptação às necessidades e condições peculiares de cada geração sucessiva. A revelação que fiz a vocês é uma revelação viva e eu desejo que ela produza frutos apropriados em cada indivíduo e em cada geração de acordo com as leis do crescimento espiritual, do aumento e do desenvolvimento adaptativo. De geração em geração este evangelho tem que mostrar vitalidade crescente e exibir maior profundidade de poder espiritual. Não podemos permitir que se torne meramente uma memória sagrada, uma mera tradição sobre mim e os tempos em que vivemos agora.

178:1.16 (1932.1) E não esqueçam: não fizemos nenhum ataque direto às pessoas ou à autoridade daqueles que se sentam no assento de Moisés; apenas lhes oferecemos a nova luz, a qual eles tão vigorosamente rejeitaram. Nós os atacamos apenas pela denúncia de sua deslealdade espiritual para com as próprias verdades que professam ensinar e salvaguardar. Entramos em conflito com estes líderes estabelecidos e governantes reconhecidos apenas quando eles se lançaram diretamente no caminho da pregação do evangelho do reino aos filhos dos homens. E mesmo agora, não somos nós que os atacamos, mas eles que procuram a nossa destruição. Não se esqueçam de que vocês foram incumbidos de pregar apenas as boas novas. Vocês não devem atacar os métodos antigos; vocês devem colocar habilmente o fermento da nova verdade no meio das velhas crenças. Deixem o Espírito da Verdade fazer o seu próprio trabalho. Deixem a controvérsia surgir somente quando aqueles que desprezam a verdade a impuserem a vocês. Mas quando o descrente obstinado os atacar, não hesitem em permanecer em vigorosa defesa da verdade que os salvou e santificou.

178:1.17 (1932.2) Durante as vicissitudes da vida, lembrem-se sempre de amar uns aos outros. Não lutem com os homens, nem mesmo com os descrentes. Mostrem misericórdia até mesmo para aqueles que maltratam vocês. Mostrem-se cidadãos leais, artesãos íntegros, vizinhos louváveis, parentes devotados, pais compreensivos e crentes sinceros na irmandade do reino do Pai. E meu espírito estará sobre vocês, agora e até o fim do mundo.

178:1.18 (1932.3) Quando Jesus concluiu o seu ensinamento, já era quase uma hora da tarde, e eles voltaram imediatamente para o acampamento, onde Davi e os seus companheiros haviam preparado o almoço para eles.

 

2. Após a Refeição do Meio-Dia

 

178:2.1 (1932.4) Poucos dos ouvintes do Mestre foram capazes de assimilar sequer uma parte do seu discurso da manhã. De todos os que o ouviram, os gregos foram os que mais compreenderam. Até os onze apóstolos ficaram perplexos com as suas alusões aos futuros reinos políticos e às sucessivas gerações de crentes no reino. Os seguidores mais devotados de Jesus não conseguiam conciliar o fim iminente da sua ministração terrena com estas referências a um futuro alargado de atividades evangélicas. Alguns destes crentes judeus estavam começando a sentir que a maior tragédia da Terra estava prestes a ter lugar, mas não conseguiam conciliar tal desastre iminente nem com a atitude pessoal alegremente indiferente do Mestre, nem com seu discurso matinal, no qual ele repetidamente aludiu às futuras transações do reino celestial, estendendo-se por vastos períodos de tempo e abrangendo relações com muitos e sucessivos reinos temporais na Terra.

178:2.2 (1932.5) Ao meio-dia daquele dia todos os apóstolos e discípulos tinham sabido sobre a fuga apressada de Lázaro de Betânia. Eles começavam a sentir a sombria determinação dos governantes judeus em exterminar Jesus e seus ensinamentos.

178:2.3 (1932.6) Davi Zebedeu, por meio do trabalho dos seus agentes secretos em Jerusalém, estava plenamente informado sobre o progresso do plano para prender e matar Jesus. Ele sabia tudo sobre o papel de Judas nesta trama, mas nunca revelou esse conhecimento aos outros apóstolos nem a nenhum dos discípulos. Pouco depois do almoço, ele chamou Jesus de lado e, com ousadia, perguntou-lhe se ele sabia – mas nunca foi adiante com sua pergunta. O Mestre, levantando a mão, interrompeu-o, dizendo: “Sim, Davi, eu sei tudo sobre isso e sei que você sabe, mas cuide de não contar a ninguém. Apenas não duvide em seu próprio coração de que a vontade de Deus prevalecerá no final”.

178:2.4 (1933.1) Esta conversa com Davi foi interrompida pela chegada de um mensageiro vindo de Filadélfia trazendo a notícia de que Abner tinha ouvido falar da conspiração para matar Jesus e perguntando se ele deveria partir para Jerusalém. Este mensageiro apressou-se para Filadélfia com esta palavra para Abner: “Continue com sua obra. Se eu me afastar de vocês na carne, é apenas para que eu possa retornar no espírito. Eu não os abandonarei. Estarei com vocês até o fim”.

178:2.5 (1933.2) Cerca deste momento, Filipe foi até o Mestre e perguntou: “Mestre, visto que a hora da Páscoa se aproxima, onde você gostaria que nos preparássemos para comê-la?” E quando Jesus ouviu a pergunta de Filipe, respondeu: “Vá e traga Pedro e João, e eu lhes darei instruções sobre a ceia que comeremos juntos esta noite. Quanto à Páscoa, vocês terão que considerar depois que tivermos feito isso primeiro”.

178:2.6 (1933.3) Quando ouviu o Mestre falando com Filipe sobre esses assuntos, Judas aproximou-se para poder ouvir a conversa deles. Mas Davi Zebedeu, que estava perto, aproximou-se e entabulou uma conversa com Judas, enquanto Filipe, Pedro e João foram para um lado para conversar com o Mestre.

178:2.7 (1933.4) Jesus disse aos três: “Vão imediatamente para Jerusalém e, ao entrarem pelo portão, encontrarão um homem carregando um cântaro de água. Ele lhes falará e então vocês o seguirão. Quando ele os levar a uma determinada casa, vão atrás dele e perguntem ao bom homem daquela casa: ‘Onde fica a sala de hóspedes em que o Mestre irá comer a ceia com seus apóstolos?’ E, assim que tiverem perguntado isso, este anfitrião lhes mostrará um grande cenáculo todo mobiliado e pronto para nós”.

178:2.8 (1933.5) Quando os apóstolos chegaram à cidade, encontraram o homem com o jarro de água perto do portão e seguiram atrás dele até a casa de João Marcos, onde o pai do rapaz os encontrou e lhes mostrou o cenáculo de prontidão para a refeição noturna.

178:2.9 (1933.6) E tudo isto aconteceu como resultado de um entendimento alcançado entre o Mestre e João Marcos durante a tarde do dia anterior quando eles estavam sozinhos nas colinas. Jesus queria ter certeza de que teria esta última refeição com seus apóstolos sem ser perturbado e, acreditando que se Judas soubesse de antemão o local de encontro deles poderia combinar com seus inimigos para levá-lo, ele fez este arranjo secreto com João Marcos. Desta forma, Judas não soube do local de reunião deles senão mais tarde quando chegou lá em companhia de Jesus e dos outros apóstolos.

178:2.10 (1933.7) Davi Zebedeu tinha muitos assuntos a tratar com Judas, de modo que foi fácil impedi-lo de seguir Pedro, João e Filipe, como tanto desejava fazer. Quando Judas deu a Davi certa quantia em dinheiro para provisões, Davi lhe disse: “Judas, não seria bom, dadas as circunstâncias, fornecer-me um pouco de dinheiro adiantado para as minhas reais necessidades?” E, depois de ter refletido por um momento, Judas respondeu: “Sim, Davi, acho que seria sensato. Na verdade, tendo em conta as condições perturbadas em Jerusalém, penso que seria melhor entregar-lhe todo o dinheiro. Eles conspiram contra o Mestre e, caso alguma coisa acontecesse comigo, vocês não seriam prejudicados”.

178:2.11 (1934.1) E assim Davi recebeu todos os fundos apostólicos e os recibos de todo o dinheiro depositado. Só na noite do dia seguinte os apóstolos souberam desta transação.

178:2.12 (1934.2) Eram cerca de quatro e meia da tarde quando os três apóstolos retornaram e informaram a Jesus que tudo estava pronto para a ceia. O Mestre imediatamente se preparou para conduzir seus doze apóstolos pela trilha até a estrada de Betânia e na sequência a caminho de Jerusalém. E esta foi a última viagem que ele fez com todos os doze.

 

3. A Caminho da Ceia

 

178:3.1 (1934.3) Procurando novamente evitar as multidões que iam e vinham pelo vale do Cédron entre o Parque Getsêmani e Jerusalém, Jesus e os doze caminharam pela borda oeste do Monte das Oliveiras para encontrar a estrada que levava de Betânia até a cidade. Ao se aproximarem do local onde Jesus havia permanecido na noite anterior para discursar sobre a destruição de Jerusalém, eles inconscientemente pararam enquanto olhavam abaixo em silêncio para a cidade. Como chegavam um pouco cedo, e dado que não queria passar pela cidade senão depois do pôr do sol, Jesus disse aos seus companheiros:

178:3.2 (1934.4 “Sentem-se e descansem enquanto falo com vocês sobre o que tem que acontecer em breve. Todos estes anos vivi com vocês como irmãos e lhes ensinei a verdade a respeito do reino do céu e lhes revelei seus mistérios. E meu Pai realmente fez muitas obras maravilhosas relacionadas à minha missão na Terra. De tudo isto vocês foram testemunhas e participantes na experiência de serem trabalhadores junto com Deus. E vocês me prestarão testemunho de que já há algum tempo os avisei de que tenho que retornar em breve à obra que o Pai me deu para fazer; eu lhes disse claramente que tenho que deixá-los no mundo para continuar o trabalho do reino. Foi com este propósito que os destaquei nas colinas de Cafarnaum. A experiência que vêm tendo comigo, vocês têm agora que se preparar para compartilhar com outros. Assim como o Pai me enviou a este mundo, também estou prestes a enviá-los para me representar e terminar a obra que comecei.

 

178:3.3 (1934.5) “Vocês olham para aquela cidade com tristeza, pois ouviram as minhas palavras contando sobre o fim de Jerusalém. Eu os avisei de antemão para que não pereçam na destruição dela e assim atrasem a proclamação do evangelho do reino. Da mesma forma, eu os advirto para que tomem cuidado para não se exporem desnecessariamente ao perigo quando eles vierem para levar o Filho do Homem. Tenho que ir, mas vocês deverão permanecer para testemunhar este evangelho quando eu partir, assim como ordenei que Lázaro fugisse da ira do homem para que pudesse viver para tornar conhecida a glória de Deus. Se for a vontade do Pai que eu parta, nada que vocês possam fazer poderá frustrar o plano divino. Tomem cuidado para que eles não matem vocês também. Que suas almas sejam valentes na defesa do evangelho pelo poder do espírito, mas não se deixem levar por nenhuma tentativa tola de defender o Filho do Homem. Não preciso de defesa nenhuma da mão do homem; os exércitos do céu estão agora mesmo à disposição; mas estou determinado a fazer a vontade do meu Pai no céu e, portanto, temos que nos submeter àquilo que em breve nos sobrevirá.

 

 

178:3.4 (1934.6) “Quando virem esta cidade destruída, não esqueçam que já entraram na vida eterna de serviço infindável no reino do céu sempre em avanço, até mesmo no céu dos céus. Vocês devem saber que no universo de meu Pai e no meu há muitas moradas, e que ali aguarda os filhos da luz a revelação de cidades cujo construtor é Deus e de mundos cujo hábito de vida é a retidão e a alegria na verdade. Eu trouxe o reino do céu para vocês aqui na Terra, mas declaro que todos vocês que pela fé entrarem nele e permanecerem nele pelo serviço vivo da verdade, certamente ascenderão aos mundos no alto e se sentarão comigo no reino do espírito de nosso Pai. Mas primeiro vocês têm que se preparar e completar a obra que começaram comigo. Vocês primeiro têm que passar por muitas tribulações e suportar muitas tristezas – e essas provações estão sobre nós agora mesmo – e quando houverem terminado sua obra na Terra, vocês virão para a minha alegria, assim como eu terminei a obra de meu Pai na Terra e estou prestes a retornar ao abraço Dele.”

 

 

178:3.5 (1935.1) Depois de ter falado, o Mestre se levantou, e todos o seguiram Monte das Oliveiras abaixo e cidade adentro. Nenhum dos apóstolos, exceto três, sabia para onde estavam indo enquanto caminhavam pelas ruas estreitas na escuridão que se aproximava. As multidões os acotovelavam, mas ninguém os reconhecia nem sabia que o Filho de Deus passava a caminho do último encontro mortal com os seus embaixadores escolhidos do reino. E nem os apóstolos sabiam que um dentre eles já havia entrado numa conspiração para trair e entregar o Mestre nas mãos de seus inimigos.

 

178:3.6 (1935.2) João Marcos os havia seguido por todo o caminho até a cidade e, depois que passaram pelo portão, ele seguiu apressado por outra rua, de modo que ficou esperando para acolhê-los na casa de seu pai quando eles chegassem.

 

Paper 178

Last Day at the Camp

178:0.1 (1929.1) JESUS planned to spend this Thursday, his last free day on earth as a divine Son incarnated in the flesh, with his apostles and a few loyal and devoted disciples. Soon after the breakfast hour on this beautiful morning, the Master led them to a secluded spot a short distance above their camp and there taught them many new truths. Although Jesus delivered other discourses to the apostles during the early evening hours of the day, this talk of Thursday forenoon was his farewell address to the combined camp group of apostles and chosen disciples, both Jews and gentiles. The twelve were all present save Judas. Peter and several of the apostles remarked about his absence, and some of them thought Jesus had sent him into the city to attend to some matter, probably to arrange the details of their forthcoming celebration of the Passover. Judas did not return to the camp until midafternoon, a short time before Jesus led the twelve into Jerusalem to partake of the Last Supper.


1. Discourse on Sonship and Citizenship


178:1.1 (1929.2) Jesus talked to about fifty of his trusted followers for almost two hours and answered a score of questions regarding the relation of the kingdom of heaven to the kingdoms of this world, concerning the relation of sonship with God to citizenship in earthly governments. This discourse, together with his answers to questions, may be summarized and restated in modern language as follows:
178:1.2 (1929.3) The kingdoms of this world, being material, may often find it necessary to employ physical force in the execution of their laws and for the maintenance of order. In the kingdom of heaven true believers will not resort to the employment of physical force. The kingdom of heaven, being a spiritual brotherhood of the spirit-born sons of God, may be promulgated only by the power of the spirit. This distinction of procedure refers to the relations of the kingdom of believers to the kingdoms of secular government and does not nullify the right of social groups of believers to maintain order in their ranks and administer discipline upon unruly and unworthy members.

178:1.3 (1929.4) There is nothing incompatible between sonship in the spiritual kingdom and citizenship in the secular or civil government. It is the believer’s duty to render to Caesar the things which are Caesar’s and to God the things which are God’s. There cannot be any disagreement between these two requirements, the one being material and the other spiritual, unless it should develop that a Caesar presumes to usurp the prerogatives of God and demand that spiritual homage and supreme worship be rendered to him. In such a case you shall worship only God while you seek to enlighten such misguided earthly rulers and in this way lead them also to the recognition of the Father in heaven. You shall not render spiritual worship to earthly rulers; neither should you employ the physical forces of earthly governments, whose rulers may sometime become believers, in the work of furthering the mission of the spiritual kingdom.

178:1.4 (1930.1) Sonship in the kingdom, from the standpoint of advancing civilization, should assist you in becoming the ideal citizens of the kingdoms of this world since brotherhood and service are the cornerstones of the gospel of the kingdom. The love call of the spiritual kingdom should prove to be the effective destroyer of the hate urge of the unbelieving and war-minded citizens of the earthly kingdoms. But these material-minded sons in darkness will never know of your spiritual light of truth unless you draw very near them with that unselfish social service which is the natural outgrowth of the bearing of the fruits of the spirit in the life experience of each individual believer.

178:1.5 (1930.2) As mortal and material men, you are indeed citizens of the earthly kingdoms, and you should be good citizens, all the better for having become reborn spirit sons of the heavenly kingdom. As faith-enlightened and spirit-liberated sons of the kingdom of heaven, you face a double responsibility of duty to man and duty to God while you voluntarily assume a third and sacred obligation: service to the brotherhood of God-knowing believers.

178:1.6 (1930.3) You may not worship your temporal rulers, and you should not employ temporal power in the furtherance of the spiritual kingdom; but you should manifest the righteous ministry of loving service to believers and unbelievers alike. In the gospel of the kingdom there resides the mighty Spirit of Truth, and presently I will pour out this same spirit upon all flesh. The fruits of the spirit, your sincere and loving service, are the mighty social lever to uplift the races of darkness, and this Spirit of Truth will become your power-multiplying fulcrum.

178:1.7 (1930.4) Display wisdom and exhibit sagacity in your dealings with unbelieving civil rulers. By discretion show yourselves to be expert in ironing out minor disagreements and in adjusting trifling misunderstandings. In every possible way—in everything short of your spiritual allegiance to the rulers of the universe—seek to live peaceably with all men. Be you always as wise as serpents but as harmless as doves.

178:1.8 (1930.5) You should be made all the better citizens of the secular government as a result of becoming enlightened sons of the kingdom; so should the rulers of earthly governments become all the better rulers in civil affairs as a result of believing this gospel of the heavenly kingdom. The attitude of unselfish service of man and intelligent worship of God should make all kingdom believers better world citizens, while the attitude of honest citizenship and sincere devotion to one’s temporal duty should help to make such a citizen the more easily reached by the spirit call to sonship in the heavenly kingdom.

178:1.9 (1930.6) So long as the rulers of earthly governments seek to exercise the authority of religious dictators, you who believe this gospel can expect only trouble, persecution, and even death. But the very light which you bear to the world, and even the very manner in which you will suffer and die for this gospel of the kingdom, will, in themselves, eventually enlighten the whole world and result in the gradual divorcement of politics and religion. The persistent preaching of this gospel of the kingdom will some day bring to all nations a new and unbelievable liberation, intellectual freedom, and religious liberty.

178:1.10 (1931.1) Under the soon-coming persecutions by those who hate this gospel of joy and liberty, you will thrive and the kingdom will prosper. But you will stand in grave danger in subsequent times when most men will speak well of kingdom believers and many in high places nominally accept the gospel of the heavenly kingdom. Learn to be faithful to the kingdom even in times of peace and prosperity. Tempt not the angels of your supervision to lead you in troublous ways as a loving discipline designed to save your ease-drifting souls.

178:1.11 (1931.2) Remember that you are commissioned to preach this gospel of the kingdom—the supreme desire to do the Father’s will coupled with the supreme joy of the faith realization of sonship with God—and you must not allow anything to divert your devotion to this one duty. Let all mankind benefit from the overflow of your loving spiritual ministry, enlightening intellectual communion, and uplifting social service; but none of these humanitarian labors, nor all of them, should be permitted to take the place of proclaiming the gospel. These mighty ministrations are the social by-products of the still more mighty and sublime ministrations and transformations wrought in the heart of the kingdom believer by the living Spirit of Truth and by the personal realization that the faith of a spirit-born man confers the assurance of living fellowship with the eternal God.

178:1.12 (1931.3) You must not seek to promulgate truth nor to establish righteousness by the power of civil governments or by the enaction of secular laws. You may always labor to persuade men’s minds, but you must never dare to compel them. You must not forget the great law of human fairness which I have taught you in positive form: Whatsoever you would that men should do to you, do even so to them.

178:1.13 (1931.4) When a kingdom believer is called upon to serve the civil government, let him render such service as a temporal citizen of such a government, albeit such a believer should display in his civil service all of the ordinary traits of citizenship as these have been enhanced by the spiritual enlightenment of the ennobling association of the mind of mortal man with the indwelling spirit of the eternal God. If the unbeliever can qualify as a superior civil servant, you should seriously question whether the roots of truth in your heart have not died from the lack of the living waters of combined spiritual communion and social service. The consciousness of sonship with God should quicken the entire life service of every man, woman, and child who has become the possessor of such a mighty stimulus to all the inherent powers of a human personality.

178:1.14 (1931.5) You are not to be passive mystics or colorless ascetics; you should not become dreamers and drifters, supinely trusting in a fictitious Providence to provide even the necessities of life. You are indeed to be gentle in your dealings with erring mortals, patient in your intercourse with ignorant men, and forbearing under provocation; but you are also to be valiant in defense of righteousness, mighty in the promulgation of truth, and aggressive in the preaching of this gospel of the kingdom, even to the ends of the earth.

178:1.15 (1931.6) This gospel of the kingdom is a living truth. I have told you it is like the leaven in the dough, like the grain of mustard seed; and now I declare that it is like the seed of the living being, which, from generation to generation, while it remains the same living seed, unfailingly unfolds itself in new manifestations and grows acceptably in channels of new adaptation to the peculiar needs and conditions of each successive generation. The revelation I have made to you is a living revelation, and I desire that it shall bear appropriate fruits in each individual and in each generation in accordance with the laws of spiritual growth, increase, and adaptative development. From generation to generation this gospel must show increasing vitality and exhibit greater depth of spiritual power. It must not be permitted to become merely a sacred memory, a mere tradition about me and the times in which we now live.

178:1.16 (1932.1) And forget not: We have made no direct attack upon the persons or upon the authority of those who sit in Moses’ seat; we only offered them the new light, which they have so vigorously rejected. We have assailed them only by the denunciation of their spiritual disloyalty to the very truths which they profess to teach and safeguard. We clashed with these established leaders and recognized rulers only when they threw themselves directly in the way of the preaching of the gospel of the kingdom to the sons of men. And even now, it is not we who assail them, but they who seek our destruction. Do not forget that you are commissioned to go forth preaching only the good news. You are not to attack the old ways; you are skillfully to put the leaven of new truth in the midst of the old beliefs. Let the Spirit of Truth do his own work. Let controversy come only when they who despise the truth force it upon you. But when the willful unbeliever attacks you, do not hesitate to stand in vigorous defense of the truth which has saved and sanctified you.

178:1.17 (1932.2) Throughout the vicissitudes of life, remember always to love one another. Do not strive with men, even with unbelievers. Show mercy even to those who despitefully abuse you. Show yourselves to be loyal citizens, upright artisans, praiseworthy neighbors, devoted kinsmen, understanding parents, and sincere believers in the brotherhood of the Father’s kingdom. And my spirit shall be upon you, now and even to the end of the world.

178:1.18 (1932.3) When Jesus had concluded his teaching, it was almost one o’clock, and they immediately went back to the camp, where David and his associates had lunch ready for them.


2. After the Noontime Meal


178:2.1 (1932.4) Not many of the Master’s hearers were able to take in even a part of his forenoon address. Of all who heard him, the Greeks comprehended most. Even the eleven apostles were bewildered by his allusions to future political kingdoms and to successive generations of kingdom believers. Jesus’ most devoted followers could not reconcile the impending end of his earthly ministry with these references to an extended future of gospel activities. Some of these Jewish believers were beginning to sense that earth’s greatest tragedy was about to take place, but they could not reconcile such an impending disaster with either the Master’s cheerfully indifferent personal attitude or his forenoon discourse, wherein he repeatedly alluded to the future transactions of the heavenly kingdom, extending over vast stretches of time and embracing relations with many and successive temporal kingdoms on earth.

178:2.2 (1932.5) By noon of this day all the apostles and disciples had learned about the hasty flight of Lazarus from Bethany. They began to sense the grim determination of the Jewish rulers to exterminate Jesus and his teachings.

178:2.3 (1932.6) David Zebedee, through the work of his secret agents in Jerusalem, was fully advised concerning the progress of the plan to arrest and kill Jesus. He knew all about the part of Judas in this plot, but he never disclosed this knowledge to the other apostles nor to any of the disciples. Shortly after lunch he did lead Jesus aside and, making bold, asked him whether he knew—but he never got further with his question. The Master, holding up his hand, stopped him, saying: “Yes, David, I know all about it, and I know that you know, but see to it that you tell no man. Only doubt not in your own heart that the will of God will prevail in the end.”

178:2.4 (1933.1) This conversation with David was interrupted by the arrival of a messenger from Philadelphia bringing word that Abner had heard of the plot to kill Jesus and asking if he should depart for Jerusalem. This runner hastened off for Philadelphia with this word for Abner: “Go on with your work. If I depart from you in the flesh, it is only that I may return in the spirit. I will not forsake you. I will be with you to the end.”

178:2.5 (1933.2) About this time Philip came to the Master and asked: “Master, seeing that the time of the Passover draws near, where would you have us prepare to eat it?” And when Jesus heard Philip’s question, he answered: “Go and bring Peter and John, and I will give you directions concerning the supper we will eat together this night. As for the Passover, that you will have to consider after we have first done this.”

178:2.6 (1933.3) When Judas heard the Master speaking with Philip about these matters, he drew closer that he might overhear their conversation. But David Zebedee, who was standing near, stepped up and engaged Judas in conversation while Philip, Peter, and John went to one side to talk with the Master.

178:2.7 (1933.4) Said Jesus to the three: “Go immediately into Jerusalem, and as you enter the gate, you will meet a man bearing a water pitcher. He will speak to you, and then shall you follow him. When he leads you to a certain house, go in after him and ask of the good man of that house, ‘Where is the guest chamber wherein the Master is to eat supper with his apostles?’ And when you have thus inquired, this householder will show you a large upper room all furnished and ready for us.”

178:2.8 (1933.5) When the apostles reached the city, they met the man with the water pitcher near the gate and followed on after him to the home of John Mark, where the lad’s father met them and showed them the upper room in readiness for the evening meal.

178:2.9 (1933.6) And all of this came to pass as the result of an understanding arrived at between the Master and John Mark during the afternoon of the preceding day when they were alone in the hills. Jesus wanted to be sure he would have this one last meal undisturbed with his apostles, and believing if Judas knew beforehand of their place of meeting he might arrange with his enemies to take him, he made this secret arrangement with John Mark. In this way Judas did not learn of their place of meeting until later on when he arrived there in company with Jesus and the other apostles.

178:2.10 (1933.7) David Zebedee had much business to transact with Judas so that he was easily prevented from following Peter, John, and Philip, as he so much desired to do. When Judas gave David a certain sum of money for provisions, David said to him: “Judas, might it not be well, under the circumstances, to provide me with a little money in advance of my actual needs?” And after Judas had reflected for a moment, he answered: “Yes, David, I think it would be wise. In fact, in view of the disturbed conditions in Jerusalem, I think it would be best for me to turn over all the money to you. They plot against the Master, and in case anything should happen to me, you would not be hampered.”

178:2.11 (1934.1) And so David received all the apostolic cash funds and receipts for all money on deposit. Not until the evening of the next day did the apostles learn of this transaction.

178:2.12 (1934.2) It was about half past four o’clock when the three apostles returned and informed Jesus that everything was in readiness for the supper. The Master immediately prepared to lead his twelve apostles over the trail to the Bethany road and on into Jerusalem. And this was the last journey he ever made with all twelve of them.


3. On the Way to the Supper


178:3.1 (1934.3) Seeking again to avoid the crowds passing through the Kidron valley back and forth between Gethsemane Park and Jerusalem, Jesus and the twelve walked over the western brow of Mount Olivet to meet the road leading from Bethany down to the city. As they drew near the place where Jesus had tarried the previous evening to discourse on the destruction of Jerusalem, they unconsciously paused while they stood and looked down in silence upon the city. As they were a little early, and since Jesus did not wish to pass through the city until after sunset, he said to his associates:

178:3.2 (1934.4) “Sit down and rest yourselves while I talk with you about what must shortly come to pass. All these years have I lived with you as brethren, and I have taught you the truth concerning the kingdom of heaven and have revealed to you the mysteries thereof. And my Father has indeed done many wonderful works in connection with my mission on earth. You have been witnesses of all this and partakers in the experience of being laborers together with God. And you will bear me witness that I have for some time warned you that I must presently return to the work the Father has given me to do; I have plainly told you that I must leave you in the world to carry on the work of the kingdom. It was for this purpose that I set you apart, in the hills of Capernaum. The experience you have had with me, you must now make ready to share with others. As the Father sent me into this world, so am I about to send you forth to represent me and finish the work I have begun.

178:3.3 (1934.5) “You look down on yonder city in sorrow, for you have heard my words telling of the end of Jerusalem. I have forewarned you lest you should perish in her destruction and so delay the proclamation of the gospel of the kingdom. Likewise do I warn you to take heed lest you needlessly expose yourselves to peril when they come to take the Son of Man. I must go, but you are to remain to witness to this gospel when I have gone, even as I directed that Lazarus flee from the wrath of man that he might live to make known the glory of God. If it is the Father’s will that I depart, nothing you may do can frustrate the divine plan. Take heed to yourselves lest they kill you also. Let your souls be valiant in defense of the gospel by spirit power but be not misled into any foolish attempt to defend the Son of Man. I need no defense by the hand of man; the armies of heaven are even now near at hand; but I am determined to do the will of my Father in heaven, and therefore must we submit to that which is so soon to come upon us.

178:3.4 (1934.6) “When you see this city destroyed, forget not that you have entered already upon the eternal life of endless service in the ever-advancing kingdom of heaven, even of the heaven of heavens. You should know that in my Father’s universe and in mine are many abodes, and that there awaits the children of light the revelation of cities whose builder is God and worlds whose habit of life is righteousness and joy in the truth. I have brought the kingdom of heaven to you here on earth, but I declare that all of you who by faith enter therein and remain therein by the living service of truth, shall surely ascend to the worlds on high and sit with me in the spirit kingdom of our Father. But first must you gird yourselves and complete the work which you have begun with me. You must first pass through much tribulation and endure many sorrows—and these trials are even now upon us—and when you have finished your work on earth, you shall come to my joy, even as I have finished my Father’s work on earth and am about to return to his embrace.”

178:3.5 (1935.1) When the Master had spoken, he arose, and they all followed him down Olivet and into the city. None of the apostles, save three, knew where they were going as they made their way along the narrow streets in the approaching darkness. The crowds jostled them, but no one recognized them nor knew that the Son of God was passing by on his way to the last mortal rendezvous with his chosen ambassadors of the kingdom. And neither did the apostles know that one of their own number had already entered into a conspiracy to betray the Master into the hands of his enemies.

178:3.6 (1935.2) John Mark had followed them all the way into the city, and after they had entered the gate, he hurried on by another street so that he was waiting to welcome them to his father’s home when they arrived.

 

Documento 178

O Último Dia no Acampamento

178:0.1 (1929.1) JESUS havia planejado passar essa quinta-feira, o seu último dia livre, como um Filho divino encarnado, na Terra, com os seus apóstolos e uns poucos discípulos leais e devotados. Logo após a hora do desjejum, nessa bela manhã, o Mestre conduziu-os a um local retirado, a pouca distância acima do acampamento e, ali, lhes ensinou muitas novas verdades. Embora Jesus tenha feito outros discursos aos apóstolos durante as primeiras horas da tarde naquele dia, essa conversa de antes do meio-dia de quinta-feira foi a sua fala de despedida aos vários grupos do acampamento, de apóstolos e discípulos escolhidos, tanto judeus quanto gentios. Todos os doze estavam presentes, salvo Judas. Pedro e vários dos apóstolos notaram a ausência dele, e alguns até pensaram que Jesus o tinha enviado à cidade para cuidar de alguma questão, provavelmente para acertar os detalhes da celebração vindoura da Páscoa. Judas não retornou ao acampamento senão no meio da tarde, pouco antes de Jesus conduzir os doze a Jerusalém para compartilharem da Última Ceia.

 

1. Discurso sobre Filiação e Cidadania

 

178:1.1 (1929.2)Jesus falou para cerca de cinqüenta dos seus seguidores de confiança, durante quase duas horas, e respondeu a umas tantas perguntas a respeito da relação entre o Reino do céu e os reinos deste mundo, a respeito da relação entre a filiação a Deus e a cidadania nos governos terrenos. Este discurso, junto com as suas respostas, pode ser resumido e reescrito, em linguagem moderna, da seguinte maneira:

178:1.2 (1929.3) Os reinos deste mundo, sendo materiais, podem freqüentemente considerar que seja necessário empregar a força física para a execução das suas leis e para a manutenção da ordem. No Reino do céu os verdadeiros crentes não recorrerão ao emprego da força física. O Reino do céu, sendo uma fraternidade espiritual dos filhos nascidos do espírito de Deus, pode apenas ser promulgado pelo poder do espírito. Essa distinção de procedimento refere-se às relações do Reino dos crentes com o reino do governo secular e não anula o direito que os grupos sociais de crentes têm de manter a ordem nas suas fileiras e de administrar a disciplina junto a membros rebeldes e indignos.

178:1.3 (1929.4) Nada há de incompatível entre a filiação ao Reino espiritual e a cidadania no governo secular ou civil. É dever do crente conferir a César as coisas que são de César e a Deus as coisas que são de Deus. Não pode haver qualquer desacordo entre esses dois quesitos, um sendo material e o outro espiritual, a menos que aconteça que algum César presuma usurpar as prerrogativas de Deus e exija que lhe sejam conferidas uma homenagem espiritual e a suprema adoração. Num tal caso vós adorareis apenas a Deus e, ao mesmo tempo, buscareis esclarecer a esses dirigentes terrenos mal orientados, para conduzi-los, desse modo, também ao reconhecimento do Pai no céu. Não deveríeis prestar culto espiritual a dirigentes terrenos nem empregar as forças físicas dos governos terrenos, cujos dirigentes possam em algum tempo tornar-se crentes, no trabalho de fazer progredir a missão do Reino espiritual.

178:1.4 (1930.1) A filiação ao Reino, do ponto de vista da civilização em avanço, deveria ajudar a fazer de vós cidadãos ideais dos reinos deste mundo, pois a fraternidade e o serviço são pedras fundamentais do evangelho do Reino. O chamado de amor do Reino espiritual deveria mostrar-se como sendo o destruidor eficiente do instinto de ódio dos cidadãos descrentes e belicosos dos reinos primitivos. Mas esses filhos de mentes materialistas, vivendo nas trevas, nunca saberão da vossa luz espiritual para a verdade, a menos que vos aproximeis bastante deles naquele serviço social generoso que vem naturalmente como o fruto do espírito o qual cresce na experiência de vida de todo indivíduo que crê.

178:1.5 (1930.2) Como homens mortais e materiais, vós sois de fato cidadãos dos reinos terrestres e devereis ser cidadãos bons, e tanto melhor que vos tenhais tornado filhos renascidos do espírito do Reino do céu. Como filhos esclarecidos pela fé e de espíritos liberados do Reino celeste, vós estais diante da responsabilidade dupla do dever para com o homem e do dever para com Deus e, ao mesmo tempo, voluntariamente, assumis uma terceira e sagrada obrigação: o serviço à irmandade dos crentes que conhecem a Deus.

178:1.6 (1930.3) Vós não podeis cultuar os vossos dirigentes temporais, e não deveríeis empregar o poder temporal para dar apoio ao progresso do Reino espiritual; mas deveríeis manifestar, do mesmo modo, a ministração justa de serviço de amor aos crentes e descrentes. No evangelho do Reino reside o poderoso Espírito da Verdade, e em breve eu verterei esse espírito sobre toda a carne. Os frutos do espírito, do vosso serviço dedicado e sincero, são uma poderosa alavanca social para elevar as raças, tirando-as das trevas, e esse Espírito da Verdade tornar-se- á o vosso ponto de apoio para a multiplicação do vosso poder.

178:1.7 (1930.4) Dai mostras de sabedoria e manifestai sagacidade no vosso trato com os dirigentes civis descrentes. Para melhor discernimento, mostrai-vos hábeis em remover as diferenças menores e em ajustar os pequenos mal-entendidos. De todos os modos possíveis — em tudo que não exija o sacrifício da vossa lealdade espiritual aos dirigentes do universo — , buscai viver pacificamente com todos os homens. Sede sempre sábios como as serpentes, e inofensivos como os pombos.

178:1.8 (1930.5) Deveríeis transformar-vos nos melhores cidadãos para o governo secular, como conseqüência de tornar-vos filhos esclarecidos do Reino; de um tal modo que os dirigentes dos governos terrenos tornem-se melhores nos assuntos civis por acreditarem neste evangelho do Reino celeste. A atitude do serviço desinteressado ao homem e a adoração inteligente a Deus deveriam fazer, de todos os crentes do Reino, melhores cidadãos deste mundo, enquanto a atitude de cidadania honesta e de devoção sincera ao próprio dever temporal deveriam ajudar a fazer desse cidadão um indivíduo mais facilmente alcançável pelo chamado do espírito à filiação ao Reino celeste.

178:1.9 (1930.6) Se os dirigentes do governo terreno buscarem exercer a autoridade de ditadores religiosos, vós que credes neste evangelho, não podereis esperar nada mais do que complicações, perseguição e mesmo a morte. Mas a própria luz que trouxerdes ao mundo e mesmo o modo pelo qual vós sofrereis e morrereis por este evangelho do Reino irão, por si próprios, finalmente iluminar todo o mundo e resultar em uma separação gradativa entre a política e a religião. A pregação persistente deste evangelho do Reino irá, algum dia, trazer uma libertação nova a todas as nações e, também, uma liberdade intelectual e religiosa inacreditável.

178:1.10 (1931.1) Sob as perseguições que logo virão, feitas por aqueles que odeiam este evangelho de alegria e liberdade, vós florescereis e o Reino prosperará. Contudo, estareis sob um grave perigo em épocas subseqüentes, quando a maior parte dos homens falará favoravelmente aos crentes do Reino, e muitos que ocupam altas posições nominalmente aceitarão o evangelho do Reino celeste. Aprendei a ser fiéis ao Reino, mesmo em tempos de paz e prosperidade. Não tenteis os anjos que vos supervisionam a conduzir-vos por caminhos de tribulações, como uma disciplina de amor designada a salvar as vossas almas que vagueiam despreocupadas.

178:1.11 (1931.2) Lembrai-vos que tendes a missão de pregar este evangelho do Reino — o desejo supremo de cumprir a vontade do Pai combinado à suprema alegria da realização pela fé da filiação a Deus — e não deveis permitir que nenhuma coisa distraia a vossa devoção a esse dever. Deixai que toda a humanidade se beneficie do transbordamento da vossa amorosa ministração espiritual, da comunhão intelectual esclarecedora e do serviço social que eleva; mas não deveria ser permitido a nenhum desses trabalhos humanitários, nem a todos eles, tomar o lugar da proclamação do evangelho. Essas ministrações poderosas são os subprodutos sociais das ministrações e transformações, ainda mais poderosas e sublimes, formadas no coração do crente do Reino, pelo Espírito da Verdade vivo, pela compreensão e a realização pessoal de que a fé, em um homem nascido do espírito, confere a garantia da fraternidade viva com o Deus eterno.

178:1.12 (1931.3) Não deveis buscar promulgar a verdade nem estabelecer a retidão pelo poder dos governos civis, ou pela aplicação das leis seculares. Vós podeis trabalhar sempre para persuadir às mentes dos homens, mas não deveis jamais ousar obrigá-los. Não vos deveis esquecer da grande lei da justiça humana que eu vos ensinei na forma positiva: fazei aos homens aquilo que gostaríeis que os homens fizessem a vós.

178:1.13 (1931.4) Quando um crente do Reino é convocado para servir ao governo civil, que ele preste esse serviço como um cidadão temporal de tal governo; esse crente, todavia, deveria mostrar no seu serviço civil todas as qualidades ordinárias da cidadania, tais como estas tiverem sido realçadas pelo esclarecimento espiritual resultante da ligação social enobrecedora da mente do homem mortal com o espírito residente do Deus eterno. Se os descrentes podem qualificar-se como servidores civis superiores, vós devíeis questionar seriamente se as raízes da verdade no vosso coração não morreram pela falta da água viva da comunhão espiritual combinada com o serviço social. A consciência da filiação a Deus deveria estimular toda a vida de serviço de cada homem, mulher e criança que se tiver tornado um possuidor de um estímulo assim poderoso para todos os poderes inerentes a uma personalidade humana.

178:1.14 (1931.5) Não deveis ser místicos passivos nem ascetas insípidos; não deveríeis transformar- vos em sonhadores, nem em andarilhos que, indolentemente, confiam em uma Providência fictícia que proporciona até as necessidades da vida. Em verdade, deveis ser doces no vosso trato com os mortais equivocados, pacientes no vosso intercâmbio com os homens ignorantes e indulgentes sob provocações; mas vós também deveis ser valentes na defesa da retidão, poderosos na promulgação da verdade e dinâmicos na pregação deste evangelho do Reino, até os confins da Terra.

178:1.15 (1931.6) Este evangelho do Reino é uma verdade viva. Eu vos disse que é como o fermento na massa, como o grão da semente de mostarda; e agora eu declaro que é como a semente do ser vivo, que, de geração para geração, ao mesmo tempo em que permanece sendo a mesma semente viva, se desdobra infalivelmente em novas manifestações e cresce aceitavelmente nos canais de uma nova adaptação às necessidades e condições peculiares de cada geração sucessiva. A revelação que fiz a vós é uma revelação viva, e eu desejo que produza frutos apropriados em cada indivíduo e em cada geração, de acordo com as leis do crescimento espiritual, do desenvolvimento e do aperfeiçoamento adaptado. De geração para geração, este evangelho deve mostrar uma vitalidade crescente e exibir maior profundidade de poder espiritual. Não se deve permitir que se torne meramente uma memória sagrada, uma mera tradição sobre mim e sobre os tempos que agora vivemos.

178:1.16 (1932.1) E não vos esqueçais: Não fizemos nenhum ataque direto às pessoas, nem às autoridades daqueles que tomam o assento de Moisés; apenas oferecemos a eles a nova luz, que eles rejeitaram tão vigorosamente. Apenas os atacamos com a denúncia da sua deslealdade espiritual às mesmas verdades que eles professam ensinar e salvaguardar. Entramos em conflito com esses líderes estabelecidos e dirigentes reconhecidos, apenas quando eles se opuseram diretamente à pregação do evangelho do Reino aos filhos dos homens. E, mesmo agora, não somos nós que os atacamos, mas são eles que buscam a nossa destruição. Não vos esqueçais de que a vossa missão é apenas sair pregando as boas-novas. Não deveis atacar os caminhos antigos; vós sois hábeis para pôr o fermento da nova verdade no meio das velhas crenças. Deixai que o Espírito da Verdade faça o seu próprio trabalho. Deixai que a controvérsia venha apenas quando aqueles que desprezam a verdade forçarem-na entre vós. No entanto, quando o descrente disposto vos atacar, não hesiteis em permanecer na defesa vigorosa da verdade que vos salvou e santificou.

178:1.17 (1932.2)Ao longo das vicissitudes da vida, lembrai-vos sempre de amar-vos uns aos outros. Não luteis com os homens, nem mesmo com os descrentes. Mostrai misericórdia mesmo àqueles que abusam de vós com desprezo. Demonstrai ser cidadãos leais, artesãos probos, vizinhos dignos de louvor, membros devotados da família, pais compreensivos e crentes sinceros na fraternidade do Reino do Pai. E o meu espírito pairará sobre vós, agora e mesmo até o fim do mundo.

178:1.18 (1932.3) Quando Jesus concluiu o seu ensinamento, era quase uma hora, e eles foram imediatamente de volta para o acampamento, onde Davi e os seus amigos estavam com o almoço pronto à espera deles.

 

2. Após a Refeição do Meio-dia

 

178:2.1 (1932.4)Poucos dentre os ouvintes do Mestre foram capazes de entender sequer parte da sua alocução de antes do meio-dia. De todos os que o ouviram, os gregos foram os que mais compreenderam. Mesmo os onze apóstolos ficaram desorientados com as alusões aos reinos políticos do futuro e às sucessivas gerações de crentes do Reino. Os mais devotados seguidores de Jesus não conseguiram conciliar o fim iminente da sua ministração terrena com essas referências a um futuro expandido de atividades do evangelho. Alguns desses crentes judeus estavam começando a sentir que a grande tragédia da Terra estava para acontecer, mas eles não podiam reconciliar um desastre tão iminente com a atitude pessoal alegremente indiferente do Mestre, nem com o seu discurso de antes do meio- dia, no qual repetidamente ele aludia às transações futuras do Reino celeste, que se estenderiam a vastos intervalos de tempo e que abrangiam relações com muitos e sucessivos reinos temporais na Terra.

178:2.2 (1932.5) Nesse dia, por volta do meio-dia, todos os apóstolos e discípulos estavam sabendo da fuga apressada de Lázaro de Betânia. Eles começaram a sentir a inflexível determinação dos dirigentes judeus de exterminar Jesus e os seus ensinamentos.

178:2.3 (1932.6) Davi Zebedeu, por intermédio do trabalho dos seus agentes secretos em Jerusalém, estava plenamente avisado sobre o progresso do plano para prender e matar Jesus. E sabia de tudo sobre o papel de Judas nessa conspiração, mas não revelou esse conhecimento aos outros apóstolos, nem a qualquer dos discípulos. Pouco depois do almoço, Davi levou Jesus a um local isolado e ousou perguntar-lhe se ele sabia — mas não foi adiante com a sua pergunta. O Mestre, segurando a sua mão, refreou-o, dizendo: “Sim, Davi, eu sei de tudo e sei que tu sabes; no entanto, cuida de nada dizer a nenhum homem. Apenas não duvides, no teu próprio coração, de que a vontade de Deus prevalecerá no fim”.

178:2.4 (1933.1) Essa conversa com Davi foi interrompida com a chegada de um mensageiro da Filadélfia trazendo notícias de Abner, que sabendo da conspiração para matar Jesus, perguntava se devia partir para Jerusalém. Esse corredor apressou- se a voltar para a Filadélfia com esta mensagem para Abner: “Continuai com o vosso trabalho. Se eu me separar de vós na carne, é apenas para que eu possa voltar em espírito. Eu não vos abandonarei. Estarei convosco até o fim”.

178:2.5 (1933.2) Nesse momento, Filipe veio ao Mestre e perguntou: “Mestre, vendo que a hora da Páscoa aproxima-se, onde desejarias que preparássemos o que há para comer?” E, quando ouviu a pergunta de Filipe, Jesus respondeu: “Vai e traze Pedro e João. E então eu darei a todos vós as instruções a respeito da ceia que faremos juntos nesta noite. Quanto à Páscoa, deverás considerá-la depois que tivermos feito isso”.

178:2.6 (1933.3)Quando ouviu o Mestre falar com Filipe sobre esses assuntos, Judas aproximou- se para poder ouvir a conversa deles. Mas Davi Zebedeu, que estava por perto, aproximou-se de Judas e entabulou uma conversa com ele, enquanto Filipe, Pedro e João foram para um lado a fim de conversar com o Mestre.

178:2.7 (1933.4) Disse Jesus aos três: “Ide imediatamente a Jerusalém e, ao passardes pelo portão, ireis encontrar um homem que traz consigo um cântaro de água. Ele falará convosco, e então vós o seguireis. Ele os levará a uma certa casa, ide com ele e perguntai ao bom homem daquela casa: ‘Onde é a sala de hóspedes em que o Mestre deve tomar a ceia com os seus apóstolos?’ E, após perguntado isso, esse dono da casa vos mostrará uma ampla sala no andar de cima, toda mobiliada e pronta para nós”.

178:2.8 (1933.5) Ao chegar à cidade os apóstolos encontraram o homem com o cântaro de água perto do portão e seguiram-no até a casa de João Marcos, onde o pai do rapaz os recebeu e mostrou-lhes a sala no andar de cima pronta para a ceia.

178:2.9 (1933.6) E tudo isso aconteceu em conseqüência de um entendimento ao qual chegaram o Mestre e João Marcos durante a tarde do dia anterior, quando estiveram a sós nas colinas. Jesus queria estar certo de ter essa última refeição sem ser perturbado, com os seus apóstolos. E, acreditando que Judas poderia armar com os seus inimigos para levá-lo, se soubesse de antemão do local de encontro deles, então, fez esse arranjo em segredo com João Marcos. Desse modo, Judas só ficou sabendo do local de encontro mais tarde, quando chegou lá, em companhia de Jesus e dos outros apóstolos.

178:2.10 (1933.7) Davi Zebedeu tinha muitos assuntos para tratar com Judas e, desse modo este foi facilmente impedido de seguir Pedro, João e Filipe, como tanto desejaria ter feito. Quando Judas entregou a Davi uma certa soma de dinheiro para as provisões, Davi disse a ele: “Judas, não seria oportuno, dadas as circunstâncias, proporcionares um pouco de dinheiro, em adiantamento, pelas minhas necessidades reais?” E, depois de haver refletido por um momento, Judas respondeu: “Sim, Davi, acho que seria sábio. De fato, por causa das condições inquietantes em Jerusalém, julgo que seria melhor entregar-te todo o dinheiro. Eles conspiram contra o Mestre e, em caso de qualquer coisa acontecer a mim, tu não ficarás em dificuldade”.

178:2.11 (1934.1) E, assim, Davi recebeu todo o fundo do caixa apostólico e os recibos de todo dinheiro em depósito. Os apóstolos só souberam dessa transação na noite do dia seguinte.

178:2.12 (1934.2) Era por volta de quatro e meia da tarde quando os três apóstolos voltaram e informaram a Jesus que tudo estava pronto para a ceia. O Mestre imediatamente preparou-se para levar os seus doze apóstolos até a trilha para a estrada de Betânia e até Jerusalém. E essa foi a última caminhada que ele fez com todos os doze juntos.

 

3. A Caminho da Ceia

 

178:3.1 (1934.3) Buscando novamente evitar as multidões, passando pelo vale do Cedrom, indo para frente e para trás, entre o parque do Getsêmani e Jerusalém, Jesus e os doze caminharam pelo lado oeste do monte das Oliveiras, para alcançar a estrada que, de Betânia, levava até a cidade. À medida que se aproximaram do local em que Jesus havia parado, na tarde anterior, para discursar sobre a destruição de Jerusalém, pararam inconscientemente e, em silêncio, olharam lá embaixo para a cidade. Sendo um pouco cedo e desde que não queria passar pela cidade antes do entardecer, Jesus disse aos seus seguidores:

178:3.2 (1934.4) “Assentai-vos e descansai, enquanto eu converso convosco sobre tudo que em breve irá acontecer. Por todos esses anos tenho vivido convosco como irmãos, ensinei-vos a verdade a respeito do Reino celeste e revelei-vos os mistérios dele. E o meu Pai realmente fez muitas obras maravilhosas relacionadas à minha missão na Terra. Tendes sido testemunhas de tudo e tomastes parte na experiência de trabalhar junto com Deus. E, agora, dareis o testemunho de que vos avisei há algum tempo, de que devo em breve voltar à obra que o Pai me consagrou para realizar; tenho-vos dito claramente que vos devo deixar no mundo para continuar o trabalho do Reino. Foi com esse propósito que me afastei convosco nas montanhas de Cafarnaum. A experiência que tivestes comigo, deveis agora estar prontos para compartilhá-la com outros. Como o Pai enviou-me a este mundo, e estou pronto para enviar-vos adiante para que me representeis e termineis a obra inicada por mim.

 

 

178:3.3 (1934.5) “Contemplai esta cidade com tristeza, pois ouvistes as minhas palavras contando sobre o fim de Jerusalém. E vos preveni de antemão, para que não pereçais na sua destruição, pois assim retardaríeis a proclamação do evangelho do Reino. Do mesmo modo eu vos previno para que tomeis o cuidado de não vos expor desnecessariamente ao perigo, quando vierem buscar o Filho do Homem. Eu preciso ir, mas vós devereis permanecer e dar testemunho deste evangelho quando eu tiver ido e, do mesmo modo, instruí que Lázaro fugisse da ira dos homens, para que pudesse viver e tornar conhecida a glória de Deus. Se a vontade do Pai for que eu parta, nada do que podeis fazer frustrará o plano divino. Tomai cuidado convosco, para que eles não vos matem também. Que as vossas almas sejam valentes na defesa do evangelho, pelo poder do espírito, mas não sejais levados a cometer tolices tentando defender o Filho do Homem. Não preciso de nenhuma defesa vinda da mão do homem; os exércitos celestes estão à disposição, neste mesmo instante, mas estou determinado a fazer a vontade do meu Pai no céu e, portanto, devemos submeter-nos àquilo que está para vir.

 

178:3.4 (1934.6) “Quando virdes esta cidade destruída, não vos esqueçais de que entrastes já na vida eterna a serviço eterno do Reino celeste sempre em avanço, e mesmo no céu dos céus. Deveis saber que, no universo do meu Pai e tanbém no meu, existem muitas moradas; e que uma revelação aguarda pelos filhos da luz, revelação de cidades cujo construtor é Deus, e mundos cujo hábito de vida é a retidão e alegria da verdade. Eu trouxe a vós, aqui na Terra, o Reino do céu; mas declaro que todos vós que entrardes nele e permanecerdes nele pela fé, certamente ascendereis aos mundos no alto, pelo serviço vivo à verdade, e assentar-vos-eis comigo no Reino espiritual do nosso Pai. Mas deveis primeiro criar coragem e completar a obra que iniciastes comigo. Deveis primeiro passar por muitas atribulações e resistir a muitas tristezas — e essas provações já estão caindo sobre nós — e, quando houverdes terminado a vossa obra na Terra, devereis vir para a minha alegria, do mesmo modo que eu já haverei terminado a obra do meu Pai na Terra e estarei na iminência de voltar para o Seu abraço”.

 

178:3.5 (1935.1) Depois de haver dito isso, Jesus levantou-se, e todos seguiram-no, pelo monte das Oliveiras abaixo, rumo à cidade. Nenhum dos apóstolos, exceto três deles, sabiam para onde estavam indo, enquanto passavam pelas ruas estreitas sob a escuridão da noite. As multidões apertavam-nos, mas ninguém os reconheceu, nem sabia que o Filho de Deus estava passando por ali, a caminho do último encontro mortal com os seus embaixadores escolhidos do Reino. Nem os apóstolos sabiam que um dentre eles havia já abraçado uma conspiração para atraiçoar o Mestre, e que o entregaria nas mãos dos seus inimigos.

 

178:3.6 (1935.2) João Marcos os havia acompanhado por todo o caminho até a cidade e, após haverem seguido portão da cidade adentro, apressou-se por uma outra viela, de modo que já estava esperando para dar-lhes as boas-vindas à casa do seu pai, quando eles lá chegavam.