Urântia

OS DOCUMENTOS DE URÂNTIA

- A REVELAÇÃO DO TERCEIRO MILÊNIO -

INDICE

Documento 122

Nascimento e Infância de Jesus

122:0.1 (1344.1) Dificilmente será possível explicar plenamente as muitas razões que levaram à escolha da Palestina como a região para a consagração de Micael e, especialmente, a razão específica pela qual a família de José e Maria deveria ter sido escolhida como o cenário imediato para o aparecimento deste Filho de Deus em Urântia.

122:0.2 (1344.2) Após um estudo do relatório especial sobre a situação dos mundos segregados preparado pelos Melquisedeques, em conselho com Gabriel, Micael finalmente escolheu Urântia como o planeta no qual decretaria sua consagração final. Subsequentemente a esta decisão Gabriel fez uma visita pessoal a Urântia e, como resultado do seu estudo dos grupos humanos e de sua pesquisa das características espirituais, intelectuais, raciais e geográficas do mundo e de seus povos, decidiu que os hebreus possuíam aquelas vantagens relativas que justificaram sua seleção como a raça da consagração. Após a aprovação desta decisão por Micael, Gabriel nomeou e despachou para Urântia a Comissão Familiar dos Doze – selecionada dentre as ordens mais elevadas de personalidades do universo – a qual foi incumbida da tarefa de fazer uma investigação da vida familiar judia. Quando esta comissão terminou seus trabalhos, Gabriel estava presente em Urântia e recebeu o relatório nomeando três uniões prospectivas como sendo, na opinião da comissão, igualmente favoráveis como famílias de consagração para a encarnação projetada de Micael.

122:0.3 (1344.3) Dos três casais indicados, Gabriel fez a escolha pessoal de José e Maria, posteriormente fazendo sua aparição pessoal a Maria, momento em que transmitiu a ela as boas novas de que havia sido selecionada para se tornar a mãe terrena da criança da consagração.

 

1. José e Maria

 

122:1.1 (1344.4) José, o pai humano de Jesus (Yeshua ben Yosef), era um hebreu entre os hebreus, embora carregasse muitas estirpes raciais não-judaicas que haviam sido acrescentadas à sua árvore ancestral de tempos em tempos pelas linhagens femininas dos seus progenitores. A ancestralidade do pai de Jesus remontava aos dias de Abraão e, por intermédio deste venerável patriarca, às primeiras linhagens de hereditariedade que levavam aos sumérios e aos noditas e, por intermédio das tribos sulinas do antigo homem azul, até Andon e Fonta. Davi e Salomão não estavam na linhagem direta dos ancestrais de José, nem a linhagem de José remontava diretamente a Adão. Os ancestrais imediatos de José foram artesãos – construtores, carpinteiros, pedreiros e ferreiros. O próprio José foi carpinteiro e mais tarde empreiteiro. Sua família pertencia a uma longa e ilustre linhagem da nobreza do povo comum, aqui e ali acentuada pelo aparecimento de indivíduos incomuns que se distinguiram em conexão com a evolução da religião em Urântia.

122:1.2 (1345.1) Maria, a mãe terrena de Jesus, era descendente de uma longa linhagem de ancestrais singulares abrangendo muitas das mulheres mais notáveis da história racial de Urântia. Embora Maria fosse uma mulher comum de sua época e geração, possuindo um temperamento bastante normal, ela contava entre suas ancestrais mulheres bem conhecidas tal como Anon, Tamar, Rute, Betsabé, Ansie, Cloa, Eva, Enta e Ratta. Nenhuma mulher judia daquela época tinha uma linhagem mais ilustre de progenitores comuns ou uma que remontasse a origens mais auspiciosas. A ancestralidade de Maria, como a de José, foi caracterizada pela predominância de indivíduos fortes, mas medianos, suprida aqui e ali por numerosas personalidades destacadas na marcha da civilização e na evolução progressiva da religião. Considerada racialmente, é dificilmente apropriado considerar Maria como uma judia. Em cultura e crença ela era judia, mas em dotação hereditária era mais uma amálgama das estirpes síria, hitita, fenícia, grega e egípcia, sendo sua herança racial mais genérica do que a de José.

122:1.3 (1345.2) De todos os casais que viviam na Palestina por volta da época da consagração projetada por Micael, José e Maria possuíam a combinação mais ideal de amplas conexões raciais e dotes de personalidade medianos superiores. Era o plano de Micael aparecer na Terra como um homem mediano, para que as pessoas comuns pudessem entendê-lo e recebê-lo; daí que Gabriel selecionou precisamente pessoas como José e Maria para se tornarem os pais da consagração.

 

2. Gabriel Aparece a Isabel

 

122:2.1 (1345.3) O trabalho da vida de Jesus em Urântia foi realmente iniciado por João Batista. Zacarias, o pai de João, pertencia ao sacerdócio judeu, enquanto sua mãe, Isabel, era membro do ramo mais próspero do mesmo grande grupo familiar ao qual também pertencia Maria, a mãe de Jesus. Zacarias e Isabel, embora estivessem casados há muitos anos, não tinham filhos.

122:2.2 (1345.4) Foi no final do mês de junho do ano 8 a.C., cerca de três meses depois do casamento de José e Maria, que Gabriel apareceu a Isabel certo dia ao meio-dia, da mesma forma que mais tarde deu a conhecer a sua presença a Maria. Gabriel disse:

122:2.3 (1345.5) “Enquanto o seu marido, Zacarias, está diante do altar em Jerusalém, e enquanto o povo congregado reza pela vinda de um libertador, eu, Gabriel, vim anunciar que em breve você conceberá um filho que será o precursor deste instrutor divino, e chamará o seu filho de João. Ele crescerá dedicado ao Senhor seu Deus e, quando chegar à maturidade, alegrará o seu coração porque converterá muitas almas a Deus, e também anunciará a vinda do curador de almas do seu povo e o espírito libertador de toda a humanidade. Sua parenta Maria será a mãe deste filho de promessa, e eu também aparecerei para ela”.

122:2.4 (1345.6) Esta visão assustou muito Isabel. Após a partida de Gabriel ela repassou esta experiência em sua mente, ponderando longamente sobre as palavras do majestoso visitante, mas não falou sobre a revelação a ninguém, exceto a seu marido, até sua subsequente visita a Maria no início de fevereiro do ano seguinte.

122:2.5 (1345.7) Por cinco meses, no entanto, Isabel ocultou seu segredo até mesmo de seu marido. Após sua revelação da história da visita de Gabriel, Zacarias ficou muito cético e por semanas duvidou de toda a experiência, apenas consentindo sem entusiasmo em acreditar na visita de Gabriel à esposa quando não pôde mais questionar que ela estava grávida. Zacarias ficou muito perplexo com a futura maternidade de Isabel, mas não duvidou da integridade de sua esposa, apesar da idade avançada dele mesmo. Só cerca de seis semanas antes do nascimento de João é que Zacarias, como resultado de um sonho impressionante, ficou plenamente convencido de que Isabel se tornaria a mãe de um filho do destino, aquele que iria preparar o caminho para a vinda do Messias.

122:2.6 (1346.1) Gabriel apareceu a Maria por volta de meados de novembro de 8 a.C., enquanto ela trabalhava no seu lar em Nazaré. Mais tarde, depois que Maria soube sem sombra de dúvida que seria mãe, ela persuadiu José a deixá-la viajar até a cidade de Judá, 6,5 quilômetros a oeste de Jerusalém, nos montes, para visitar Isabel. Gabriel havia informado cada uma destas futuras mães de sua aparição à outra. Naturalmente, elas estavam ansiosas para se reunir, comparar experiências e conversar sobre os futuros prováveis dos seus filhos. Maria permaneceu com sua prima distante por três semanas. Isabel fez muito para fortalecer a fé de Maria na visão de Gabriel, de modo que esta voltou para casa mais plenamente dedicada ao chamado para ser mãe do filho do destino a quem ela em breve apresentaria ao mundo como um bebê indefeso, uma criança comum e normal do reino.

122:2.7 (1346.2) João nasceu na Cidade de Judá, em 25 de março de 7 a.C. Zacarias e Isabel se regozijaram muito ao perceber que um filho tinha vindo para eles como Gabriel havia prometido, e quando no oitavo dia apresentaram a criança para a circuncisão, eles a batizaram formalmente de João, conforme haviam sido instruídos anteriormente. Já tinha partido um sobrinho de Zacarias para Nazaré, levando a mensagem de Isabel a Maria proclamando que lhe nascera um filho e que seu nome seria João.

122:2.8 (1346.3) Desde a mais tenra infância João foi sensatamente imbuído por seus pais com a ideia de que iria crescer para se tornar um líder espiritual e um instrutor religioso. E o solo do coração de João sempre foi sensível à semeadura de tais sementes sugestivas. Mesmo quando criança ele era encontrado com frequência no templo durante as temporadas de serviço de seu pai e ficava tremendamente impressionado com o significado de tudo o que via.

 

3. O Anúncio de Gabriel a Maria

 

122:3.1 (1346.4) Uma tarde por volta do pôr-do-sol, antes de José ter voltado para casa, Gabriel apareceu a Maria ao lado de uma mesa baixa de pedra e, depois que ela recuperou a compostura, disse: “Venho a pedido de alguém que é meu Senhor e a quem você irá amar e nutrir. A você, Maria, trago boas novas ao anunciar que a concepção dentro de você foi ordenada pelo céu, e que no devido tempo se tornará mãe de um filho; você o chamará de Yeshua, e ele irá inaugurar o reino dos céus na Terra e entre os homens. Não fale deste assunto senão a José e a Isabel, sua parente, a quem também apareci, e que agora também dará à luz um filho, cujo nome será João, e o qual irá preparar o caminho para a mensagem de libertação que o seu filho irá proclamar aos homens com grande poder e profunda convicção. E não duvide da minha palavra, Maria, pois este lar foi escolhido como a habitação mortal do filho do destino. Minha bênção repousa sobre você, o poder dos Altíssimos a fortalecerá e o Senhor de toda a Terra a cobrirá com sua sombra.

122:3.2 (1346.5) Maria ponderou sobre esta visitação secretamente em seu coração por muitas semanas, até ter certeza de que estava grávida, antes de ousar revelar estes acontecimentos inusitados ao marido. Quando José ouviu tudo isto, embora tivesse grande confiança em Maria, ficou muito perturbado e não conseguiu dormir por muitas noites. A princípio José teve dúvidas sobre a visitação de Gabriel. Então, quando ele estava quase convencido de que Maria tinha realmente ouvido a voz e visto a forma do mensageiro divino, ele ficou com a mente dividida enquanto ponderava como poderiam ser tais coisas. Como poderia a descendência de seres humanos ser um filho de destino divino? José nunca conseguiu conciliar estas ideias conflitantes até que, após várias semanas de reflexão, tanto ele quanto Maria chegaram à conclusão de que haviam sido escolhidos para se tornarem os pais do Messias, embora dificilmente fosse o conceito judaico que o esperado libertador seria de natureza divina. Ao chegar a esta memorável conclusão, Maria apressou-se a partir para visitar Isabel.

122:3.3 (1347.1) Ao retornar, Maria foi visitar seus pais, Joaquim e Ana. Seus dois irmãos e duas irmãs, assim como seus pais, sempre foram muito céticos quanto à missão divina de Jesus, embora, é claro, neste momento eles nada soubessem sobre a visitação de Gabriel. Mas Maria confidenciou a sua irmã Salomé que achava que seu filho estava destinado a se tornar um grande instrutor.

122:3.4 (1347.2) O anúncio de Gabriel a Maria foi feito no dia seguinte à concepção de Jesus e foi o único evento de ocorrência sobrenatural relacionado com toda a sua experiência de conceber e dar à luz o filho da promessa.

 

4. O Sonho de José

 

122:4.1 (1347.3) José só se conformou com a ideia de que Maria se tornaria a mãe de uma criança extraordinária depois de ter tido um sonho muito impressionante. Neste sonho um brilhante mensageiro celestial apareceu a ele e, entre outras coisas, disse: “José, eu apareço por ordem d’Aquele que agora reina nas alturas e fui orientado a instruí-lo a respeito do filho que Maria conceberá e que se tornará uma grande luz no mundo. Nele estará a vida, e sua vida se tornará a luz da humanidade. Ele virá primeiro para seu próprio povo, mas eles dificilmente o receberão; mas a todos quantos o receberem, ele revelará que eles são filhos de Deus”. Depois desta experiência, José deixou totalmente de duvidar da história de Maria sobre a visita de Gabriel e da promessa de que a criança por nascer se tornaria um mensageiro divino para o mundo.

122:4.2 (1347.4) Em todas estas visitações nada foi dito sobre a casa de Davi. Nada jamais foi insinuado sobre Jesus se tornar um “libertador dos judeus”, nem mesmo que ele seria o Messias há muito esperado. Jesus não era tal Messias que os judeus esperavam, mas era o libertador do mundo. Sua missão era para todas as raças e povos, não para um único grupo.

122:4.3 (1347.5) José não era da linhagem do rei Davi. Maria tinha mais ancestralidade davídica do que José. É verdade que José foi à cidade de Davi, Belém, para ser registrado no censo romano, mas isso porque, seis gerações antes, o ancestral paterno de José daquela geração, sendo órfão, foi adotado por um certo Zadoc, o qual era um descendente direto de David; portanto, José também foi considerado como da “casa de Davi”.

122:4.4 (1347.6) A maioria das assim chamadas profecias messiânicas do Antigo Testamento foi adaptada para se aplicar a Jesus muito depois de sua vida ter sido vivida na Terra. Durante séculos os profetas hebreus haviam proclamado a vinda de um libertador, e estas promessas tinham sido interpretadas por sucessivas gerações como se referindo a um novo governante judeu que se sentaria no trono de Davi e, pelos reputados métodos milagrosos de Moisés, avançaria para estabelecer os judeus na Palestina como uma nação poderosa, livre de toda dominação estrangeira. Mais uma vez, muitas passagens figurativas encontradas nas escrituras hebraicas foram subsequentemente erroneamente aplicadas à missão de vida de Jesus. Muitos ditos do Antigo Testamento foram distorcidos até parecerem se encaixar em algum episódio da vida terrena do Mestre. O próprio Jesus certa vez negou publicamente qualquer ligação com a casa real de Davi. Até mesmo a passagem de “uma donzela dará à luz um filho” foi adaptada para se ler: “uma virgem dará à luz um filho”. Isto também se aplica às muitas genealogias tanto de José quanto de Maria que foram elaboradas após a carreira de Micael na Terra. Muitas destas linhagens contêm muita da ancestralidade do Mestre, mas no geral não são genuínas e não podem ser consideradas factuais. Os primeiros seguidores de Jesus sucumbiram vezes demais à tentação de fazer com que todas as antigas declarações proféticas parecessem encontrar cumprimento na vida de seu Senhor e Mestre.

 

5. Os Pais Terrenos de Jesus

 

122:5.1 (1348.1) José era um homem de boas maneiras, extremamente consciencioso e em todos os aspectos fiel às convenções e práticas religiosas do seu povo. Falava pouco, mas pensava muito. A situação sofrida do povo judeu causava muita tristeza a José. Quando jovem, entre seus oito irmãos e irmãs, ele havia sido mais alegre, mas nos primeiros anos da vida de casado (durante a infância de Jesus) ele esteve sujeito a períodos de leve desânimo espiritual. Estas manifestações temperamentais melhoraram grandemente pouco antes de sua morte prematura e depois que a condição econômica de sua família havia sido aprimorada por seu progresso do posto de carpinteiro para o papel de um próspero empreiteiro.

122:5.2 (1348.2) O temperamento de Maria era bastante oposto ao de seu marido. Ela geralmente era alegre, raramente ficava abatida e possuía uma disposição sempre ensolarada. Maria se entregava à expressão livre e frequente de seus sentimentos emocionais e nunca foi vista entristecida senão depois da súbita morte de José. E mal se recuperara deste choque quando teve impostas sobre si as ansiedades e as dúvidas suscitadas pela carreira extraordinária do seu filho mais velho, a qual estava se desenrolando tão rapidamente diante do seu olhar atônito. Mas durante toda esta experiência inusitada, Maria foi calma, corajosa e bastante sábia em seu relacionamento com seu estranho e pouco compreendido primogênito e seus irmãos e irmãs ainda vivos.

122:5.3 (1348.3) Jesus derivou muito de sua gentileza incomum e de sua maravilhosa compreensão compassiva da natureza humana de seu pai; herdou o dom de grande instrutor e sua tremenda capacidade de justa indignação da sua mãe. Nas reações emocionais ao ambiente de sua vida adulta, Jesus era como seu pai, meditativo e repleto de adoração, às vezes caracterizado por aparente tristeza; mas com mais frequência ele se conduzia à maneira da disposição otimista e determinada de sua mãe. No conjunto, o temperamento de Maria tendia a dominar a carreira do Filho divino à medida que ele crescia e dava passos memoráveis em sua vida adulta. Em alguns detalhes, Jesus era uma mistura das características de seus pais; em outros aspectos, ele exibia as características de um em contraste com as do outro.

122:5.4 (1348.4) De José Jesus obteve seu treinamento estrito nos usos dos cerimoniais judaicos e sua familiaridade incomum com as escrituras hebraicas; de Maria ele derivou um ponto de vista mais amplo da vida religiosa e um conceito mais liberal de liberdade espiritual pessoal.

122:5.5 (1349.1) Tanto a família de José como a de Maria eram bem educadas para a época. José e Maria foram educados muito acima da média de sua época e posição na vida. Ele era um pensador; ela era uma planejadora, especialista em adaptação e prática na execução imediata. José era um moreno de olhos negros; Maria, um tipo quase loiro de olhos castanhos.

122:5.6 (1349.2) Se José tivesse vivido, sem dúvida teria se tornado um firme crente na missão divina de seu filho mais velho. Maria alternava entre acreditar e duvidar, sendo grandemente influenciada pela posição assumida por seus outros filhos e por seus amigos e parentes, mas sempre ficou fortalecida em sua atitude final pela memória da aparição de Gabriel a ela logo após a criança ter sido concebida.

122:5.7 (1349.3) Maria era uma tecelã perita e habilidosa acima da média na maioria das artes domésticas daquela época; ela era uma boa dona de casa e uma superior administradora do lar. Tanto José como Maria eram bons educadores e cuidaram para que seus filhos fossem bem versados no aprendizado daquela época.

122:5.8 (1349.4) Quando José era um rapaz foi empregado pelo pai de Maria na obra de construção de um anexo para sua casa, e foi quando Maria trouxe um copo de água para José, durante uma refeição do meio-dia, que a corte do casal que estava destinado a se tornar os pais de Jesus realmente começou.

122:5.9 (1349.5) José e Maria casaram-se, de acordo com o costume judaico, na casa de Maria nos arredores de Nazaré quando José tinha 21 anos. Este casamento concluiu um namoro normal de quase dois anos de duração. Pouco depois mudaram-se para sua nova casa em Nazaré, que tinha sido construída por José com a ajuda de dois de seus irmãos. A casa estava localizada perto do sopé do terreno elevado próximo, que tão encantadoramente dava para a paisagem do campo circundante. Nesta casa, especialmente preparada, estes pais jovens e expectantes pensaram em dar as boas-vindas ao filho prometido, sem perceber que este evento memorável para um universo iria acontecer enquanto eles estivessem ausentes de casa em Belém da Judeia.

122:5.10 (1349.6) A maior parte da família de José tornou-se crente nos ensinamentos de Jesus, mas pouquíssimos da gente de Maria acreditaram nele antes que ele partisse deste mundo. José inclinava-se mais para o conceito espiritual do Messias esperado, mas Maria e sua família, especialmente seu pai, se agarravam à ideia do Messias como libertador temporal e governante político. Os ancestrais de Maria haviam estado flagrantemente identificados com as atividades dos Macabeus dos tempos recentes.

122:5.11 (1349.7) José defendia vigorosamente as perspectivas orientais, ou babilônicas, da religião judaica; Maria inclinava-se fortemente para a interpretação ocidental, ou helenista, mais liberal e mais ampla da lei e dos profetas.

 

6. O Lar em Nazaré

 

122:6.1 (1349.8) A casa de Jesus não ficava longe da colina alta na parte norte de Nazaré, a alguma distância da nascente de água da aldeia, que ficava na parte leste da cidade. A família de Jesus residia nos arredores da cidade, o que tornou mais fácil para ele, posteriormente, desfrutar de passeios frequentes no campo e fazer viagens até o topo deste monte próximo, o mais alto de todos os montes no sul da Galileia, exceto pela cordilheira do Monte Tabor a leste e o monte Naim, que tinha aproximadamente a mesma altura. A casa deles estava localizada um pouco ao sul e ao leste do promontório sulino deste monte e a meio caminho entre a base desta elevação e a estrada que saía de Nazaré em direção a Caná. Além de subir o monte, o passeio favorito de Jesus era seguir uma trilha estreita que serpenteava ao redor da base do monte na direção nordeste até um ponto onde se juntava à estrada para Séforis.

122:6.2 (1350.1) A casa de José e Maria era uma estrutura de pedra de um só cômodo com um telhado plano e uma construção adjacente para abrigar os animais. A mobília consistia em uma mesa baixa de pedra, pratos e potes de barro e pedra, um tear, uma lamparina, vários banquinhos e esteiras para dormir no chão de pedra. No quintal das traseiras, junto ao anexo dos animais, ficava o abrigo que cobria o forno e o moinho para moer o grão. Eram necessárias duas pessoas para operar este tipo de moinho, uma para moer e outra para despejar o grão. Quando menino, Jesus costumava despejar grão nesse moinho enquanto sua mãe girava o moedor.

122:6.3 (1350.2) Nos anos posteriores, à medida que a família crescia, todos eles se agachavam em torno da mesa de pedra ampla para saborear suas refeições, servindo-se de um prato comum, ou pote, de comida. Durante o inverno, na refeição da noite, a mesa era iluminada por uma pequena lamparina achatada de barro, cheia de azeite. Após o nascimento de Marta, José construiu um anexo a esta casa, um grande cômodo, que era usado como carpintaria durante o dia e como quarto de dormir à noite.

 

7. A Viagem para Belém

 

122:7.1 (1350.3) No mês de março de 8 a.C. (o mês em que José e Maria se casaram), César Augusto decretou que todos os habitantes do Império Romano deveriam ser contados, que um censo deveria ser feito, o que poderia ser usado para efetuar uma melhor tributação. Os judeus sempre tiveram grande preconceito contra qualquer tentativa de “numerar o povo”, e isto, em conexão com as sérias dificuldades domésticas de Herodes, rei da Judeia, havia conspirado para causar o adiamento da realização deste censo no reino judeu por um ano. Em todo o Império Romano este censo foi registrado no ano 8 a.C., exceto no reino palestino de Herodes, onde foi feito em 7 a.C., um ano depois.

122:7.2 (1350.4) Não era necessário que Maria fosse a Belém para se registrar – José foi autorizado a registrar-se por sua família – mas Maria, sendo uma pessoa aventureira e ousada, insistiu em acompanhá-lo. Ela temia ser deixada sozinha não fosse a criança nascer enquanto José estivesse ausente e, também, por Belém não ficar longe da cidade de Judá, Maria entreviu a possibilidade de uma visita agradável à sua parente Isabel.

122:7.3 (1350.5) José praticamente proibiu Maria de acompanhá-lo, mas não adiantou; quando foi embalada a comida para a viagem de três ou quatro dias, ela preparou rações duplas e se aprontou para a viagem. Mas antes que de fato se fossem, José ficara resignado com a ida de Maria, e alegremente partiram de Nazaré ao raiar do dia.

122:7.4 (1350.6) José e Maria eram pobres e, visto que tinham apenas um animal de carga, Maria, estando em gravidez adiantada, montava no animal com as provisões enquanto José caminhava, conduzindo o animal. A construção e a mobília de uma casa tinham sido um grande desgaste para José pois ele também tinha que contribuir para o sustento de seus pais, já que seu pai havia ficado incapacitado recentemente. E assim este casal judeu saiu de seu humilde lar na manhã de 18 de agosto de 7 a.C., em sua jornada para Belém.

122:7.5 (1351.1) Seu primeiro dia de viagem os levou em redor do sopé do monte Gilboa, onde acamparam durante a noite à beira do rio Jordão e se envolveram em muitas especulações sobre que tipo de filho lhes nasceria, com José aderindo ao conceito de um instrutor espiritual e Maria apegando-se à ideia de um Messias judeu, um libertador da nação hebreia.

122:7.6 (1351.2) Bem cedo na manhã radiosa de 19 de agosto, José e Maria estavam novamente a caminho. Tomaram a refeição do meio-dia no sopé do monte Sartaba, com vista para o vale do Jordão, e seguiram viagem, chegando a Jericó para passar a noite, onde pararam em uma pousada na estrada nos arredores da cidade. Após a refeição da noite e depois de muita discussão sobre a opressão do governo romano, Herodes, o registro no censo e a influência relativa de Jerusalém e Alexandria como centros de ensino e cultura judaicos, os viajantes de Nazaré se retiraram para o descanso noturno. Cedo na manhã de 20 de agosto retomaram sua viagem, chegando a Jerusalém antes do meio-dia, visitando o templo e seguindo para seu destino, chegando a Belém no meio da tarde.

122:7.7 (1351.3) A estalagem estava sobrelotada e, por isso, José procurou alojamento com parentes distantes, mas todos os aposentos em Belém estavam repletos. Ao retornar ao pátio da estalagem, foi informado de que os estábulos das caravanas, escavados na encosta da rocha e situados logo abaixo da estalagem, haviam sido desobstruídos de animais e limpos para a recepção de hóspedes. Deixando o jumento no pátio, José carregou suas sacolas com roupas e provisões e desceu com Maria os degraus de pedra para seus aposentos abaixo. Viram-se instalados no que havia sido um depósito de grãos na frente das baias e manjedouras. As cortinas das tendas haviam sido penduradas e eles se consideraram afortunados por terem aposentos tão confortáveis.

122:7.8 (1351.4) José havia pensado em sair imediatamente e se registrar, mas Maria estava exausta; ela estava consideravelmente atormentada e implorou que ele permanecesse ao seu lado, o que ele fez.

 

8. O Nascimento de Jesus

 

122:8.1 (1351.5) Durante toda aquela noite Maria esteve tão inquieta que nenhum dos dois dormiu muito. Ao raiar do dia as dores do parto estavam bem evidentes e, ao meio-dia, 21 de agosto de 7 a.C., com a ajuda e as ministrações afetuosas de mulheres companheiras de viagem, Maria deu à luz um filho varão. Jesus de Nazaré nasceu no mundo, foi envolto nas roupas que Maria trouxera para tal possível contingência e colocado numa manjedoura próxima.

122:8.2 (1351.6) Exatamente da mesma maneira que todos os bebês antes daquele dia e desde então vieram ao mundo, a criança prometida nasceu; e no oitavo dia, de acordo com a prática judaica, ele foi circuncidado e formalmente chamado de Yeshua (Jesus).

122:8.3 (1351.7) No dia seguinte ao nascimento de Jesus, José fez seu registro. Encontrando um homem com quem haviam conversado duas noites antes em Jericó, José foi levado por ele a um amigo abastado que tinha um quarto na pousada e que disse que trocaria de bom grado alojamentos com o casal de Nazaré. Naquela tarde eles se mudaram para a estalagem, onde moraram por quase três semanas até encontrarem hospedagem na casa de um parente distante de José.

122:8.4 (1351.8) No segundo dia após o nascimento de Jesus, Maria mandou dizer a Isabel que seu filho havia chegado e, em troca, recebeu uma mensagem convidando José a ir a Jerusalém para conversar sobre todos os assuntos deles com Zacarias. Na semana seguinte José foi a Jerusalém para conferenciar com Zacarias. Tanto Zacarias quanto Isabel ficaram possuídos pela sincera convicção de que Jesus realmente se tornaria o libertador judeu, o Messias, e que seu filho João seria seu lugar-tenente, seu braço direito do destino. E como Maria entretinha estas mesmas ideias, não foi difícil persuadir José a permanecer em Belém, a cidade de Davi, para que Jesus crescesse e se tornasse o sucessor de Davi no trono de todo o Israel. Consequentemente, eles permaneceram em Belém por mais de um ano, enquanto José trabalhava um pouco em seu ofício de carpinteiro.

122:8.5 (1352.1) Ao meio-dia do nascimento de Jesus, as serafinas de Urântia, congregadas sob as suas diretoras, de fato cantaram hinos de glória sobre a manjedoura de Belém, mas estas expressões de louvor não foram escutadas por ouvidos humanos. Nenhum pastor ou qualquer outra criatura mortal veio prestar homenagem ao bebê de Belém até o dia da chegada de certos sacerdotes de Ur, os quais foram enviados de Jerusalém por Zacarias.

122:8.6 (1352.2) Estes sacerdotes da Mesopotâmia haviam sido informados algum tempo antes por um estranho instrutor religioso de seu país que ele tivera um sonho no qual fora informado de que “a luz da vida” estava prestes a aparecer na Terra como um bebê e entre os judeus. E para lá foram estes três instrutores em busca desta “luz da vida”. Depois de muitas semanas de busca infrutífera em Jerusalém, eles estavam prestes a retornar a Ur quando Zacarias os encontrou e revelou sua crença de que Jesus era o objeto da busca deles e os enviou a Belém, onde encontraram o bebê e deixaram suas oferendas com Maria, sua mãe terrena. O bebê tinha quase três semanas no momento da visita deles.

122:8.7 (1352.3) Estes sábios não viram nenhuma estrela que os guiasse até Belém. A bela lenda da estrela de Belém se originou desta maneira: Jesus nasceu em 21 de agosto ao meio-dia do ano 7 a.C. Em 29 de maio de 7 a.C. ocorreu uma conjunção extraordinária de Júpiter e Saturno na constelação de Peixes. E é um fato astronômico notável que conjunções semelhantes tenham ocorrido em 29 de setembro e 5 de dezembro do mesmo ano. Com base nestes eventos extraordinários, mas inteiramente naturais, os zelotes bem-intencionados da geração seguinte elaboraram a atraente lenda da estrela de Belém e os Magos adoradores sendo desse modo conduzidos à manjedoura, onde contemplaram e adoraram o bebê recém-nascido. As mentes orientais e do Oriente Próximo se deleitam com contos fantasiosos e estão continuamente criando belos mitos desses sobre as vidas dos seus líderes religiosos e heróis políticos. Na ausência da imprensa, quando a maior parte do conhecimento humano era passado de boca em boca de uma geração para outra, era muito fácil para os mitos se tornarem tradições e para as tradições acabarem sendo aceitas como fatos.

 

9. A Apresentação no Templo

 

122:9.1 (1352.4) Moisés havia ensinado aos judeus que todo filho primogênito pertencia ao Senhor e que, em vez de seu sacrifício, como era o costume entre as nações pagãs, tal filho poderia viver desde que seus pais o redimissem pelo pagamento de cinco siclos a qualquer sacerdote autorizado. Havia também uma lei mosaica que determinava que uma mãe, após a passagem de um certo período de tempo, deveria se apresentar (ou ter alguém fazendo o sacrifício adequado por ela) no templo para purificação. Era costume realizar ambas as cerimônias ao mesmo tempo. Consequentemente, José e Maria subiram pessoalmente ao templo em Jerusalém para apresentar Jesus aos sacerdotes e efetuar sua redenção e também para fazer o sacrifício adequado para assegurar a purificação cerimonial de Maria da alegada impureza do parto.

122:9.2 (1353.1) Permaneciam constantemente nos pátios do templo dois personagens notáveis: Simeão, um cantor, e Ana, uma poetisa. Simeão era da Judeia, mas Ana era da Galileia. Estes dois estavam frequentemente na companhia um do outro, e ambos eram íntimos do sacerdote Zacarias, que lhes havia confiado o segredo de João e Jesus. Tanto Simeão quanto Ana ansiavam pela vinda do Messias, e sua confiança em Zacarias os levou a acreditar que Jesus era o esperado libertador do povo judeu.

122:9.3 (1353.2) Zacarias sabia o dia em que José e Maria deveriam aparecer no templo com Jesus, e havia combinado previamente com Simeão e Ana que indicaria, pela saudação de sua mão erguida, qual na procissão dos filhos primogênitos era Jesus.

122:9.4 (1353.3) Para esta ocasião Ana havia escrito um poema que Simeão começou a cantar, para grande espanto de José, Maria e de todos os que estavam reunidos no pátio do templo. E o hino deles, da redenção do filho primogênito, foi assim:

 

122:9.5 (1353.4) Bendito seja o Senhor, o Deus de Israel,

122:9.6 (1353.5) Pois ele nos visitou e proporcionou a redenção para o seu povo;

122:9.7 (1353.6) Ele ergueu uma trombeta de salvação para todos nós

122:9.8 (1353.7) Na casa de seu servo Davi.

122:9.9 (1353.8) Assim como ele falou pela boca de seus santos profetas –

122:9.10 (1353.9) Salvação de nossos inimigos e das mãos de todos os que nos odeiam;

122:9.11 (1353.10) Para mostrar misericórdia a nossos pais e lembrar de sua santa aliança –

122:9.12 (1353.11) O juramento que Ele fez a Abraão, nosso pai,

122:9.13 (1353.12) Para nos conceder que, sendo libertados das mãos de nossos inimigos,

122:9.14 (1353.13) Devem servi-lo sem medo,

122:9.15 (1353.14) Em santidade e retidão perante Ele todos os nossos dias.

122:9.16 (1353.15) Sim, e tu, filho da promessa, serás chamado o profeta do Altíssimo;

122:9.17 (1353.16) Pois irás diante da face do Senhor para estabelecer o Seu reino;

122:9.18 (1353.17) Para dar conhecimento da salvação ao Seu povo

122:9.19 (1353.18) Na remissão de seus pecados.

122:9.20 (1353.19) Alegrem-se com a terna misericórdia de nosso Deus, porque a aurora vinda do alto já nos visitou

122:9.21 (1353.20) Para iluminar aqueles que estão sentados na escuridão e na sombra da morte;

122:9.22 (1353.21) Guiar nossos pés nos caminhos da paz.

122:9.23 (1353.22) E agora que o teu servo parta em paz, ó Senhor, segundo a tua palavra,

122:9.24 (1353.23) Pois meus olhos viram a tua salvação,

122:9.25 (1353.24) Que preparaste perante a face de todos os povos;

122:9.26 (1353.25) Uma luz até mesmo para o desvendar dos gentios

122:9.27 (1353.26) E a glória do teu povo Israel.

 

122:9.28 (1353.27) No caminho de volta para Belém, José e Maria ficaram em silêncio – confusos e intimidados. Maria ficou muito perturbada com a saudação de despedida de Ana, a idosa poetisa, e José não se harmonizou com este esforço prematuro de fazer de Jesus o esperado Messias do povo judeu.

 

10. Os Atos de Herodes

 

122:10.1 (1353.28) Mas os vigilantes de Herodes não estavam inativos. Quando relataram a ele a visita dos sacerdotes de Ur a Belém, Herodes convocou estes caldeus para comparecerem diante dele. Perguntou diligentemente a estes sábios sobre o novo “rei dos judeus”, mas eles lhe deram pouca satisfação, explicando que o bebê havia nascido de uma mulher que viera a Belém com o marido para o censo. Herodes, não satisfeito com esta resposta, enviou-os com uma bolsa e ordenou que encontrassem o menino para que ele também fosse adorá-lo, pois haviam declarado que o reino dele seria espiritual, não temporal. Mas quando os sábios não voltaram, Herodes ficou desconfiado. Enquanto ele refletia sobre estas coisas, seus informantes retornaram e fizeram um relatório completo das recentes ocorrências no templo, trazendo-lhe uma cópia de partes do cântico de Simeão que havia sido cantado nas cerimônias de redenção de Jesus. Mas eles falharam em seguir José e Maria, e Herodes ficou muito zangado com eles quando não puderam lhe dizer para onde o casal havia levado o bebê. Ele então despachou espiões para localizar José e Maria. Sabendo que Herodes perseguia a família de Nazaré, Zacarias e Isabel permaneceram longe de Belém. O bebê menino ficou escondido com parentes de José.

 

 

 

122:10.2 (1354.1) José tinha medo de procurar trabalho, e suas pequenas economias estavam desaparecendo rapidamente. Mesmo na época das cerimônias de purificação no templo, José se considerava suficientemente pobre para justificar a oferta de dois pombinhos por Maria, conforme Moisés havia instruído para a purificação das mães entre os pobres.

 

122:10.3 (1354.2) Quando, depois de mais de um ano de buscas, os espiões de Herodes não haviam localizado Jesus, e por causa da suspeita de que o bebê ainda estivesse escondido em Belém, ele preparou uma ordem determinando que fosse feita uma busca sistemática em todas as casas em Belém, e que todos os bebês meninos com menos de dois anos de idade deveriam ser mortos. Desta maneira Herodes esperava garantir que esta criança que se tornaria “rei dos judeus” fosse destruída. E assim morreram em um dia dezesseis bebês meninos em Belém da Judeia. Mas intrigas e assassinatos, mesmo em sua própria família imediata, eram ocorrências comuns na corte de Herodes.

 

122:10.4 (1354.3) O massacre destes infantes ocorreu por volta de meados de outubro do ano 6 a.C., quando Jesus tinha pouco mais de um ano de idade. Mas havia crentes na vinda do Messias até mesmo entre o séquito da corte de Herodes, e um deles, sabendo da ordem para chacinar os bebês meninos de Belém, comunicou-se com Zacarias, o qual por sua vez despachou um mensageiro a José; e na noite anterior ao massacre José e Maria partiram de Belém com o bebê para Alexandria no Egito. De modo a evitar chamar a atenção, eles viajaram sozinhos para o Egito com Jesus. Foram para Alexandria com fundos providenciados por Zacarias, e lá José trabalhou em seu ramo enquanto Maria e Jesus se hospedavam com parentes abastados da família de José. Permaneceram em Alexandria por dois anos completos, não retornando a Belém senão depois da morte de Herodes.

 

Paper 122

Birth and Infancy of Jesus

122:0.1 (1344.1) IT WILL hardly be possible fully to explain the many reasons which led to the selection of Palestine as the land for Michael’s bestowal, and especially as to just why the family of Joseph and Mary should have been chosen as the immediate setting for the appearance of this Son of God on Urantia.

122:0.2 (1344.2) After a study of the special report on the status of segregated worlds prepared by the Melchizedeks, in counsel with Gabriel, Michael finally chose Urantia as the planet whereon to enact his final bestowal. Subsequent to this decision Gabriel made a personal visit to Urantia, and, as a result of his study of human groups and his survey of the spiritual, intellectual, racial, and geographic features of the world and its peoples, he decided that the Hebrews possessed those relative advantages which warranted their selection as the bestowal race. Upon Michael’s approval of this decision, Gabriel appointed and dispatched to Urantia the Family Commission of Twelve—selected from among the higher orders of universe personalities—which was intrusted with the task of making an investigation of Jewish family life. When this commission ended its labors, Gabriel was present on Urantia and received the report nominating three prospective unions as being, in the opinion of the commission, equally favorable as bestowal families for Michael’s projected incarnation.

122:0.3 (1344.3) From the three couples nominated, Gabriel made the personal choice of Joseph and Mary, subsequently making his personal appearance to Mary, at which time he imparted to her the glad tidings that she had been selected to become the earth mother of the bestowal child.

 

1. Joseph and Mary

 

122:1.1 (1344.4) Joseph, the human father of Jesus (Joshua ben Joseph), was a Hebrew of the Hebrews, albeit he carried many non-Jewish racial strains which had been added to his ancestral tree from time to time by the female lines of his progenitors. The ancestry of the father of Jesus went back to the days of Abraham and through this venerable patriarch to the earlier lines of inheritance leading to the Sumerians and Nodites and, through the southern tribes of the ancient blue man, to Andon and Fonta. David and Solomon were not in the direct line of Joseph’s ancestry, neither did Joseph’s lineage go directly back to Adam. Joseph’s immediate ancestors were mechanics—builders, carpenters, masons, and smiths. Joseph himself was a carpenter and later a contractor. His family belonged to a long and illustrious line of the nobility of the common people, accentuated ever and anon by the appearance of unusual individuals who had distinguished themselves in connection with the evolution of religion on Urantia.

122:1.2 (1345.1) Mary, the earth mother of Jesus, was a descendant of a long line of unique ancestors embracing many of the most remarkable women in the racial history of Urantia. Although Mary was an average woman of her day and generation, possessing a fairly normal temperament, she reckoned among her ancestors such well-known women as Annon, Tamar, Ruth, Bathsheba, Ansie, Cloa, Eve, Enta, and Ratta. No Jewish woman of that day had a more illustrious lineage of common progenitors or one extending back to more auspicious beginnings. Mary’s ancestry, like Joseph’s, was characterized by the predominance of strong but average individuals, relieved now and then by numerous outstanding personalities in the march of civilization and the progressive evolution of religion. Racially considered, it is hardly proper to regard Mary as a Jewess. In culture and belief she was a Jew, but in hereditary endowment she was more a composite of Syrian, Hittite, Phoenician, Greek, and Egyptian stocks, her racial inheritance being more general than that of Joseph.

122:1.3 (1345.2) Of all couples living in Palestine at about the time of Michael’s projected bestowal, Joseph and Mary possessed the most ideal combination of widespread racial connections and superior average of personality endowments. It was the plan of Michael to appear on earth as an average man, that the common people might understand him and receive him; wherefore Gabriel selected just such persons as Joseph and Mary to become the bestowal parents.

 

2. Gabriel Appears to Elizabeth

 

122:2.1 (1345.3) Jesus’ lifework on Urantia was really begun by John the Baptist. Zacharias, John’s father, belonged to the Jewish priesthood, while his mother, Elizabeth, was a member of the more prosperous branch of the same large family group to which Mary the mother of Jesus also belonged. Zacharias and Elizabeth, though they had been married many years, were childless.

122:2.2 (1345.4) It was late in the month of June, 8 b.c., about three months after the marriage of Joseph and Mary, that Gabriel appeared to Elizabeth at noontide one day, just as he later made his presence known to Mary. Said Gabriel:

122:2.3 (1345.5) “While your husband, Zacharias, stands before the altar in Jerusalem, and while the assembled people pray for the coming of a deliverer, I, Gabriel, have come to announce that you will shortly bear a son who shall be the forerunner of this divine teacher, and you shall call your son John. He will grow up dedicated to the Lord your God, and when he has come to full years, he will gladden your heart because he will turn many souls to God, and he will also proclaim the coming of the soul-healer of your people and the spirit-liberator of all mankind. Your kinswoman Mary shall be the mother of this child of promise, and I will also appear to her.”

122:2.4 (1345.6) This vision greatly frightened Elizabeth. After Gabriel’s departure she turned this experience over in her mind, long pondering the sayings of the majestic visitor, but did not speak of the revelation to anyone save her husband until her subsequent visit with Mary in early February of the following year.

122:2.5 (1345.7) For five months, however, Elizabeth withheld her secret even from her husband. Upon her disclosure of the story of Gabriel’s visit, Zacharias was very skeptical and for weeks doubted the entire experience, only consenting halfheartedly to believe in Gabriel’s visit to his wife when he could no longer question that she was expectant with child. Zacharias was very much perplexed regarding the prospective motherhood of Elizabeth, but he did not doubt the integrity of his wife, notwithstanding his own advanced age. It was not until about six weeks before John’s birth that Zacharias, as the result of an impressive dream, became fully convinced that Elizabeth was to become the mother of a son of destiny, one who was to prepare the way for the coming of the Messiah.

122:2.6 (1346.1) Gabriel appeared to Mary about the middle of November, 8 b.c., while she was at work in her Nazareth home. Later on, after Mary knew without doubt that she was to become a mother, she persuaded Joseph to let her journey to the City of Judah, four miles west of Jerusalem, in the hills, to visit Elizabeth. Gabriel had informed each of these mothers-to-be of his appearance to the other. Naturally they were anxious to get together, compare experiences, and talk over the probable futures of their sons. Mary remained with her distant cousin for three weeks. Elizabeth did much to strengthen Mary’s faith in the vision of Gabriel, so that she returned home more fully dedicated to the call to mother the child of destiny whom she was so soon to present to the world as a helpless babe, an average and normal infant of the realm.

122:2.7 (1346.2) John was born in the City of Judah, March 25, 7 b.c. Zacharias and Elizabeth rejoiced greatly in the realization that a son had come to them as Gabriel had promised, and when on the eighth day they presented the child for circumcision, they formally christened him John, as they had been directed aforetime. Already had a nephew of Zacharias departed for Nazareth, carrying the message of Elizabeth to Mary proclaiming that a son had been born to her and that his name was to be John.

122:2.8 (1346.3) From his earliest infancy John was judiciously impressed by his parents with the idea that he was to grow up to become a spiritual leader and religious teacher. And the soil of John’s heart was ever responsive to the sowing of such suggestive seeds. Even as a child he was found frequently at the temple during the seasons of his father’s service, and he was tremendously impressed with the significance of all that he saw.

 

3. Gabriel’s Announcement to Mary

 

122:3.1 (1346.4) One evening about sundown, before Joseph had returned home, Gabriel appeared to Mary by the side of a low stone table and, after she had recovered her composure, said: “I come at the bidding of one who is my Master and whom you shall love and nurture. To you, Mary, I bring glad tidings when I announce that the conception within you is ordained by heaven, and that in due time you will become the mother of a son; you shall call him Joshua, and he shall inaugurate the kingdom of heaven on earth and among men. Speak not of this matter save to Joseph and to Elizabeth, your kinswoman, to whom I have also appeared, and who shall presently also bear a son, whose name shall be John, and who will prepare the way for the message of deliverance which your son shall proclaim to men with great power and deep conviction. And doubt not my word, Mary, for this home has been chosen as the mortal habitat of the child of destiny. My benediction rests upon you, the power of the Most Highs will strengthen you, and the Lord of all the earth shall overshadow you.”

122:3.2 (1346.5) Mary pondered this visitation secretly in her heart for many weeks until of a certainty she knew she was with child, before she dared to disclose these unusual events to her husband. When Joseph heard all about this, although he had great confidence in Mary, he was much troubled and could not sleep for many nights. At first Joseph had doubts about the Gabriel visitation. Then when he became well-nigh persuaded that Mary had really heard the voice and beheld the form of the divine messenger, he was torn in mind as he pondered how such things could be. How could the offspring of human beings be a child of divine destiny? Never could Joseph reconcile these conflicting ideas until, after several weeks of thought, both he and Mary reached the conclusion that they had been chosen to become the parents of the Messiah, though it had hardly been the Jewish concept that the expected deliverer was to be of divine nature. Upon arriving at this momentous conclusion, Mary hastened to depart for a visit with Elizabeth.

122:3.3 (1347.1) Upon her return, Mary went to visit her parents, Joachim and Hannah. Her two brothers and two sisters, as well as her parents, were always very skeptical about the divine mission of Jesus, though, of course, at this time they knew nothing of the Gabriel visitation. But Mary did confide to her sister Salome that she thought her son was destined to become a great teacher.

122:3.4 (1347.2) Gabriel’s announcement to Mary was made the day following the conception of Jesus and was the only event of supernatural occurrence connected with her entire experience of carrying and bearing the child of promise.

 

4. Joseph’s Dream

 

122:4.1 (1347.3) Joseph did not become reconciled to the idea that Mary was to become the mother of an extraordinary child until after he had experienced a very impressive dream. In this dream a brilliant celestial messenger appeared to him and, among other things, said: “Joseph, I appear by command of Him who now reigns on high, and I am directed to instruct you concerning the son whom Mary shall bear, and who shall become a great light in the world. In him will be life, and his life shall become the light of mankind. He shall first come to his own people, but they will hardly receive him; but to as many as shall receive him to them will he reveal that they are the children of God.” After this experience Joseph never again wholly doubted Mary’s story of Gabriel’s visit and of the promise that the unborn child was to become a divine messenger to the world.

122:4.2 (1347.4) In all these visitations nothing was said about the house of David. Nothing was ever intimated about Jesus’ becoming a “deliverer of the Jews,” not even that he was to be the long-expected Messiah. Jesus was not such a Messiah as the Jews had anticipated, but he was the world’s deliverer. His mission was to all races and peoples, not to any one group.

122:4.3 (1347.5) Joseph was not of the line of King David. Mary had more of the Davidic ancestry than Joseph. True, Joseph did go to the City of David, Bethlehem, to be registered for the Roman census, but that was because, six generations previously, Joseph’s paternal ancestor of that generation, being an orphan, was adopted by one Zadoc, who was a direct descendant of David; hence was Joseph also accounted as of the “house of David.”

122:4.4 (1347.6) Most of the so-called Messianic prophecies of the Old Testament were made to apply to Jesus long after his life had been lived on earth. For centuries the Hebrew prophets had proclaimed the coming of a deliverer, and these promises had been construed by successive generations as referring to a new Jewish ruler who would sit upon the throne of David and, by the reputed miraculous methods of Moses, proceed to establish the Jews in Palestine as a powerful nation, free from all foreign domination. Again, many figurative passages found throughout the Hebrew scriptures were subsequently misapplied to the life mission of Jesus. Many Old Testament sayings were so distorted as to appear to fit some episode of the Master’s earth life. Jesus himself onetime publicly denied any connection with the royal house of David. Even the passage, “a maiden shall bear a son,” was made to read, “a virgin shall bear a son.” This was also true of the many genealogies of both Joseph and Mary which were constructed subsequent to Michael’s career on earth. Many of these lineages contain much of the Master’s ancestry, but on the whole they are not genuine and may not be depended upon as factual. The early followers of Jesus all too often succumbed to the temptation to make all the olden prophetic utterances appear to find fulfillment in the life of their Lord and Master.

 

5. Jesus’ Earth Parents

 

122:5.1 (1348.1) Joseph was a mild-mannered man, extremely conscientious, and in every way faithful to the religious conventions and practices of his people. He talked little but thought much. The sorry plight of the Jewish people caused Joseph much sadness. As a youth, among his eight brothers and sisters, he had been more cheerful, but in the earlier years of married life (during Jesus’ childhood) he was subject to periods of mild spiritual discouragement. These temperamental manifestations were greatly improved just before his untimely death and after the economic condition of his family had been enhanced by his advancement from the rank of carpenter to the role of a prosperous contractor.

122:5.2 (1348.2) Mary’s temperament was quite opposite to that of her husband. She was usually cheerful, was very rarely downcast, and possessed an ever-sunny disposition. Mary indulged in free and frequent expression of her emotional feelings and was never observed to be sorrowful until after the sudden death of Joseph. And she had hardly recovered from this shock when she had thrust upon her the anxieties and questionings aroused by the extraordinary career of her eldest son, which was so rapidly unfolding before her astonished gaze. But throughout all this unusual experience Mary was composed, courageous, and fairly wise in her relationship with her strange and little-understood first-born son and his surviving brothers and sisters.

122:5.3 (1348.3) Jesus derived much of his unusual gentleness and marvelous sympathetic understanding of human nature from his father; he inherited his gift as a great teacher and his tremendous capacity for righteous indignation from his mother. In emotional reactions to his adult-life environment, Jesus was at one time like his father, meditative and worshipful, sometimes characterized by apparent sadness; but more often he drove forward in the manner of his mother’s optimistic and determined disposition. All in all, Mary’s temperament tended to dominate the career of the divine Son as he grew up and swung into the momentous strides of his adult life. In some particulars Jesus was a blending of his parents’ traits; in other respects he exhibited the traits of one in contrast with those of the other.

122:5.4 (1348.4) From Joseph Jesus secured his strict training in the usages of the Jewish ceremonials and his unusual acquaintance with the Hebrew scriptures; from Mary he derived a broader viewpoint of religious life and a more liberal concept of personal spiritual freedom.

122:5.5 (1349.1) The families of both Joseph and Mary were well educated for their time. Joseph and Mary were educated far above the average for their day and station in life. He was a thinker; she was a planner, expert in adaptation and practical in immediate execution. Joseph was a black-eyed brunet; Mary, a brown-eyed well-nigh blond type.

122:5.6 (1349.2) Had Joseph lived, he undoubtedly would have become a firm believer in the divine mission of his eldest son. Mary alternated between believing and doubting, being greatly influenced by the position taken by her other children and by her friends and relatives, but always was she steadied in her final attitude by the memory of Gabriel’s appearance to her immediately after the child was conceived.

122:5.7 (1349.3) Mary was an expert weaver and more than averagely skilled in most of the household arts of that day; she was a good housekeeper and a superior homemaker. Both Joseph and Mary were good teachers, and they saw to it that their children were well versed in the learning of that day.

122:5.8 (1349.4) When Joseph was a young man, he was employed by Mary’s father in the work of building an addition to his house, and it was when Mary brought Joseph a cup of water, during a noontime meal, that the courtship of the pair who were destined to become the parents of Jesus really began.

122:5.9 (1349.5) Joseph and Mary were married, in accordance with Jewish custom, at Mary’s home in the environs of Nazareth when Joseph was twenty-one years old. This marriage concluded a normal courtship of almost two years’ duration. Shortly thereafter they moved into their new home in Nazareth, which had been built by Joseph with the assistance of two of his brothers. The house was located near the foot of the near-by elevated land which so charmingly overlooked the surrounding countryside. In this home, especially prepared, these young and expectant parents had thought to welcome the child of promise, little realizing that this momentous event of a universe was to transpire while they would be absent from home in Bethlehem of Judea.

122:5.10 (1349.6) The larger part of Joseph’s family became believers in the teachings of Jesus, but very few of Mary’s people ever believed in him until after he departed from this world. Joseph leaned more toward the spiritual concept of the expected Messiah, but Mary and her family, especially her father, held to the idea of the Messiah as a temporal deliverer and political ruler. Mary’s ancestors had been prominently identified with the Maccabean activities of the then but recent times.

122:5.11 (1349.7) Joseph held vigorously to the Eastern, or Babylonian, views of the Jewish religion; Mary leaned strongly toward the more liberal and broader Western, or Hellenistic, interpretation of the law and the prophets.

 

6. The Home at Nazareth

 

122:6.1 (1349.8) The home of Jesus was not far from the high hill in the northerly part of Nazareth, some distance from the village spring, which was in the eastern section of the town. Jesus’ family dwelt in the outskirts of the city, and this made it all the easier for him subsequently to enjoy frequent strolls in the country and to make trips up to the top of this near-by highland, the highest of all the hills of southern Galilee save the Mount Tabor range to the east and the hill of Nain, which was about the same height. Their home was located a little to the south and east of the southern promontory of this hill and about midway between the base of this elevation and the road leading out of Nazareth toward Cana. Aside from climbing the hill, Jesus’ favorite stroll was to follow a narrow trail winding about the base of the hill in a northeasterly direction to a point where it joined the road to Sepphoris.

122:6.2 (1350.1) The home of Joseph and Mary was a one-room stone structure with a flat roof and an adjoining building for housing the animals. The furniture consisted of a low stone table, earthenware and stone dishes and pots, a loom, a lampstand, several small stools, and mats for sleeping on the stone floor. In the back yard, near the animal annex, was the shelter which covered the oven and the mill for grinding grain. It required two persons to operate this type of mill, one to grind and another to feed the grain. As a small boy Jesus often fed grain to this mill while his mother turned the grinder.

122:6.3 (1350.2) In later years, as the family grew in size, they would all squat about the enlarged stone table to enjoy their meals, helping themselves from a common dish, or pot, of food. During the winter, at the evening meal the table would be lighted by a small, flat clay lamp, which was filled with olive oil. After the birth of Martha, Joseph built an addition to this house, a large room, which was used as a carpenter shop during the day and as a sleeping room at night.

 

7. The Trip to Bethlehem

 

122:7.1 (1350.3) In the month of March, 8 b.c. (the month Joseph and Mary were married), Caesar Augustus decreed that all inhabitants of the Roman Empire should be numbered, that a census should be made which could be used for effecting better taxation. The Jews had always been greatly prejudiced against any attempt to “number the people,” and this, in connection with the serious domestic difficulties of Herod, King of Judea, had conspired to cause the postponement of the taking of this census in the Jewish kingdom for one year. Throughout all the Roman Empire this census was registered in the year 8 b.c., except in the Palestinian kingdom of Herod, where it was taken in 7 b.c., one year later.

122:7.2 (1350.4) It was not necessary that Mary should go to Bethlehem for enrollment—Joseph was authorized to register for his family—but Mary, being an adventurous and aggressive person, insisted on accompanying him. She feared being left alone lest the child be born while Joseph was away, and again, Bethlehem being not far from the City of Judah, Mary foresaw a possible pleasurable visit with her kinswoman Elizabeth.

122:7.3 (1350.5) Joseph virtually forbade Mary to accompany him, but it was of no avail; when the food was packed for the trip of three or four days, she prepared double rations and made ready for the journey. But before they actually set forth, Joseph was reconciled to Mary’s going along, and they cheerfully departed from Nazareth at the break of day.

122:7.4 (1350.6) Joseph and Mary were poor, and since they had only one beast of burden, Mary, being large with child, rode on the animal with the provisions while Joseph walked, leading the beast. The building and furnishing of a home had been a great drain on Joseph since he had also to contribute to the support of his parents, as his father had been recently disabled. And so this Jewish couple went forth from their humble home early on the morning of August 18, 7 b.c., on their journey to Bethlehem.

122:7.5 (1351.1) Their first day of travel carried them around the foothills of Mount Gilboa, where they camped for the night by the river Jordan and engaged in many speculations as to what sort of a son would be born to them, Joseph adhering to the concept of a spiritual teacher and Mary holding to the idea of a Jewish Messiah, a deliverer of the Hebrew nation.

122:7.6 (1351.2) Bright and early the morning of August 19, Joseph and Mary were again on their way. They partook of their noontide meal at the foot of Mount Sartaba, overlooking the Jordan valley, and journeyed on, making Jericho for the night, where they stopped at an inn on the highway in the outskirts of the city. Following the evening meal and after much discussion concerning the oppressiveness of Roman rule, Herod, the census enrollment, and the comparative influence of Jerusalem and Alexandria as centers of Jewish learning and culture, the Nazareth travelers retired for the night’s rest. Early in the morning of August 20 they resumed their journey, reaching Jerusalem before noon, visiting the temple, and going on to their destination, arriving at Bethlehem in midafternoon.

122:7.7 (1351.3) The inn was overcrowded, and Joseph accordingly sought lodgings with distant relatives, but every room in Bethlehem was filled to overflowing. On returning to the courtyard of the inn, he was informed that the caravan stables, hewn out of the side of the rock and situated just below the inn, had been cleared of animals and cleaned up for the reception of lodgers. Leaving the donkey in the courtyard, Joseph shouldered their bags of clothing and provisions and with Mary descended the stone steps to their lodgings below. They found themselves located in what had been a grain storage room to the front of the stalls and mangers. Tent curtains had been hung, and they counted themselves fortunate to have such comfortable quarters.

122:7.8 (1351.4) Joseph had thought to go out at once and enroll, but Mary was weary; she was considerably distressed and besought him to remain by her side, which he did.

 

8. The Birth of Jesus

 

122:8.1 (1351.5) All that night Mary was restless so that neither of them slept much. By the break of day the pangs of childbirth were well in evidence, and at noon, August 21, 7 b.c., with the help and kind ministrations of women fellow travelers, Mary was delivered of a male child. Jesus of Nazareth was born into the world, was wrapped in the clothes which Mary had brought along for such a possible contingency, and laid in a near-by manger.

122:8.2 (1351.6) In just the same manner as all babies before that day and since have come into the world, the promised child was born; and on the eighth day, according to the Jewish practice, he was circumcised and formally named Joshua (Jesus).

122:8.3 (1351.7) The next day after the birth of Jesus, Joseph made his enrollment. Meeting a man they had talked with two nights previously at Jericho, Joseph was taken by him to a well-to-do friend who had a room at the inn, and who said he would gladly exchange quarters with the Nazareth couple. That afternoon they moved up to the inn, where they lived for almost three weeks until they found lodgings in the home of a distant relative of Joseph.

122:8.4 (1351.8) The second day after the birth of Jesus, Mary sent word to Elizabeth that her child had come and received word in return inviting Joseph up to Jerusalem to talk over all their affairs with Zacharias. The following week Joseph went to Jerusalem to confer with Zacharias. Both Zacharias and Elizabeth had become possessed with the sincere conviction that Jesus was indeed to become the Jewish deliverer, the Messiah, and that their son John was to be his chief of aides, his right-hand man of destiny. And since Mary held these same ideas, it was not difficult to prevail upon Joseph to remain in Bethlehem, the City of David, so that Jesus might grow up to become the successor of David on the throne of all Israel. Accordingly, they remained in Bethlehem more than a year, Joseph meantime working some at his carpenter’s trade.

122:8.5 (1352.1) At the noontide birth of Jesus the seraphim of Urantia, assembled under their directors, did sing anthems of glory over the Bethlehem manger, but these utterances of praise were not heard by human ears. No shepherds nor any other mortal creatures came to pay homage to the babe of Bethlehem until the day of the arrival of certain priests from Ur, who were sent down from Jerusalem by Zacharias.

122:8.6 (1352.2) These priests from Mesopotamia had been told sometime before by a strange religious teacher of their country that he had had a dream in which he was informed that “the light of life” was about to appear on earth as a babe and among the Jews. And thither went these three teachers looking for this “light of life.” After many weeks of futile search in Jerusalem, they were about to return to Ur when Zacharias met them and disclosed his belief that Jesus was the object of their quest and sent them on to Bethlehem, where they found the babe and left their gifts with Mary, his earth mother. The babe was almost three weeks old at the time of their visit.

122:8.7 (1352.3) These wise men saw no star to guide them to Bethlehem. The beautiful legend of the star of Bethlehem originated in this way: Jesus was born August 21 at noon, 7 b.c. On May 29, 7 b.c., there occurred an extraordinary conjunction of Jupiter and Saturn in the constellation of Pisces. And it is a remarkable astronomic fact that similar conjunctions occurred on September 29 and December 5 of the same year. Upon the basis of these extraordinary but wholly natural events the well-meaning zealots of the succeeding generation constructed the appealing legend of the star of Bethlehem and the adoring Magi led thereby to the manger, where they beheld and worshiped the newborn babe. Oriental and near-Oriental minds delight in fairy stories, and they are continually spinning such beautiful myths about the lives of their religious leaders and political heroes. In the absence of printing, when most human knowledge was passed by word of mouth from one generation to another, it was very easy for myths to become traditions and for traditions eventually to become accepted as facts.

 

9. The Presentation in the Temple

 

122:9.1 (1352.4) Moses had taught the Jews that every first-born son belonged to the Lord, and that, in lieu of his sacrifice as was the custom among the heathen nations, such a son might live provided his parents would redeem him by the payment of five shekels to any authorized priest. There was also a Mosaic ordinance which directed that a mother, after the passing of a certain period of time, should present herself (or have someone make the proper sacrifice for her) at the temple for purification. It was customary to perform both of these ceremonies at the same time. Accordingly, Joseph and Mary went up to the temple at Jerusalem in person to present Jesus to the priests and effect his redemption and also to make the proper sacrifice to insure Mary’s ceremonial purification from the alleged uncleanness of childbirth.

122:9.2 (1353.1) There lingered constantly about the courts of the temple two remarkable characters, Simeon a singer and Anna a poetess. Simeon was a Judean, but Anna was a Galilean. This couple were frequently in each other’s company, and both were intimates of the priest Zacharias, who had confided the secret of John and Jesus to them. Both Simeon and Anna longed for the coming of the Messiah, and their confidence in Zacharias led them to believe that Jesus was the expected deliverer of the Jewish people.

122:9.3 (1353.2) Zacharias knew the day Joseph and Mary were expected to appear at the temple with Jesus, and he had prearranged with Simeon and Anna to indicate, by the salute of his upraised hand, which one in the procession of first-born children was Jesus.

122:9.4 (1353.3) For this occasion Anna had written a poem which Simeon proceeded to sing, much to the astonishment of Joseph, Mary, and all who were assembled in the temple courts. And this was their hymn of the redemption of the first-born son:

 

122:9.5 (1353.4) Blessed be the Lord, the God of Israel,

122:9.6 (1353.5) For he has visited us and wrought redemption for his people;

122:9.7 (1353.6) He has raised up a horn of salvation for all of us

122:9.8 (1353.7) In the house of his servant David.

122:9.9 (1353.8) Even as he spoke by the mouth of his holy prophets —

122:9.10 (1353.9) Salvation from our enemies and from the hand of all who hate us;

122:9.11 (1353.10) To show mercy to our fathers, and remember his holy covenant —

122:9.12 (1353.11) The oath which he swore to Abraham our father,

122:9.13 (1353.12) To grant us that we, being delivered out of the hand of our enemies,

122:9.14 (1353.13) Should serve him without fear,

122:9.15 (1353.14) In holiness and righteousness before him all our days.

122:9.16 (1353.15) Yes, and you, child of promise, shall be called the prophet of the Most High;

122:9.17 (1353.16) For you shall go before the face of the Lord to establish his kingdom;

122:9.18 (1353.17) To give knowledge of salvation to his people

122:9.19 (1353.18) In the remission of their sins.

122:9.20 (1353.19) Rejoice in the tender mercy of our God because the dayspring from on high has now visited us

122:9.21 (1353.20) To shine upon those who sit in darkness and the shadow of death;

122:9.22 (1353.21) To guide our feet into ways of peace.

122:9.23 (1353.22) And now let your servant depart in peace, O Lord, according to your word,

122:9.24 (1353.23) For my eyes have seen your salvation,

122:9.25 (1353.24) Which you have prepared before the face of all peoples;

122:9.26 (1353.25) A light for even the unveiling of the gentiles

122:9.27 (1353.26) And the glory of your people Israel.

 

122:9.28 (1353.27) On the way back to Bethlehem, Joseph and Mary were silent—confused and overawed. Mary was much disturbed by the farewell salutation of Anna, the aged poetess, and Joseph was not in harmony with this premature effort to make Jesus out to be the expected Messiah of the Jewish people.

 

10. Herod Acts

 

122:10.1 (1353.28) But the watchers for Herod were not inactive. When they reported to him the visit of the priests of Ur to Bethlehem, Herod summoned these Chaldeans to appear before him. He inquired diligently of these wise men about the new “king of the Jews,” but they gave him little satisfaction, explaining that the babe had been born of a woman who had come down to Bethlehem with her husband for the census enrollment. Herod, not being satisfied with this answer, sent them forth with a purse and directed that they should find the child so that he too might come and worship him, since they had declared that his kingdom was to be spiritual, not temporal. But when the wise men did not return, Herod grew suspicious. As he turned these things over in his mind, his informers returned and made full report of the recent occurrences in the temple, bringing him a copy of parts of the Simeon song which had been sung at the redemption ceremonies of Jesus. But they had failed to follow Joseph and Mary, and Herod was very angry with them when they could not tell him whither the pair had taken the babe. He then dispatched searchers to locate Joseph and Mary. Knowing Herod pursued the Nazareth family, Zacharias and Elizabeth remained away from Bethlehem. The boy baby was secreted with Joseph’s relatives.

 

 

 

122:10.2 (1354.1) Joseph was afraid to seek work, and their small savings were rapidly disappearing. Even at the time of the purification ceremonies at the temple, Joseph deemed himself sufficiently poor to warrant his offering for Mary two young pigeons as Moses had directed for the purification of mothers among the poor.

 

 

122:10.3 (1354.2) When, after more than a year of searching, Herod’s spies had not located Jesus, and because of the suspicion that the babe was still concealed in Bethlehem, he prepared an order directing that a systematic search be made of every house in Bethlehem, and that all boy babies under two years of age should be killed. In this manner Herod hoped to make sure that this child who was to become “king of the Jews” would be destroyed. And thus perished in one day sixteen boy babies in Bethlehem of Judea. But intrigue and murder, even in his own immediate family, were common occurrences at the court of Herod.

 

 

 

 

122:10.4 (1354.3) The massacre of these infants took place about the middle of October, 6 b.c., when Jesus was a little over one year of age. But there were believers in the coming Messiah even among Herod’s court attachés, and one of these, learning of the order to slaughter the Bethlehem boy babies, communicated with Zacharias, who in turn dispatched a messenger to Joseph; and the night before the massacre Joseph and Mary departed from Bethlehem with the babe for Alexandria in Egypt. In order to avoid attracting attention, they journeyed alone to Egypt with Jesus. They went to Alexandria on funds provided by Zacharias, and there Joseph worked at his trade while Mary and Jesus lodged with well-to-do relatives of Joseph’s family. They sojourned in Alexandria two full years, not returning to Bethlehem until after the death of Herod.

 

Documento 122

O Nascimento e a Infância de Jesus

122:0.1 (1344.1) DIFICILMENTE será possível esclarecer de modo pleno sobre as muitas razões que levaram à escolha da Palestina como a terra para a auto- outorga de Michael; e especialmente sobre a razão pela qual a família de Maria e José fosse selecionada como o núcleo imediato para a vinda desse Filho de Deus em Urântia.

122:0.2 (1344.2) Após um estudo da informação especial sobre as condições dos mundos segregados, preparado pelos Melquisedeques em conselho com Gabriel, Michael finalmente escolheu Urântia como o planeta onde cumprir a sua auto-outorga final. Depois dessa decisão Gabriel fez uma visita pessoal a Urântia e, pelo resultado do seu estudo dos grupos humanos e da sua pesquisa das características espirituais, intelectuais, raciais e geográficas do mundo e seus povos, ele decidiu que os hebreus possuíam aquelas vantagens relativas que garantiriam a sua seleção como a raça para a auto-outorga. Depois que Michael aprovou essa decisão, Gabriel destacou a Comissão Familiar dos Doze — selecionada dentre as mais elevadas personalidades deste universo — e despachou-a para Urântia, encarregando-a da tarefa de efetuar uma investigação sobre as famílias judaicas. Quando essa comissão terminou os seus trabalhos, Gabriel estava presente em Urântia e recebeu o informe que designava três casais com a perspectiva de poderem ser, na opinião dessa comissão, as famílias igualmente mais favoráveis à auto-outorga em prospecto, para a encarnação projetada de Michael.

122:0.3 (1344.3) Dos três casais apontados, a escolha pessoal de Gabriel recaiu sobre José e Maria; em seguida ele fez a sua aparição pessoal a Maria, ocasião em que lhe comunicou as boas-novas de que havia sido ela a escolhida para tornar-se a mãe terrena do menino auto-outorgado.

 

1. José e Maria

 

122:1.1 (1344.4) José, o pai humano de Jesus (Joshua ben José), era um hebreu entre os hebreus, embora trazendo muitos traços hereditários não judeus, que vinham sendo adicionados à sua árvore genealógica, de tempos em tempos, pela linhagem feminina dos seus progenitores. A linhagem ancestral do pai de Jesus remontava aos dias de Abraão e, através desse venerável patriarca, remetia-se até as linhas mais antigas de hereditariedade, que se ligavam aos sumérios e noditas e, através das tribos meridionais dos antigos homens azuis, até Andon e Fonta. Davi e Salomão não estavam na linha direta dos antepassados de José, nem a sua linhagem ia diretamente a Adão. Os ancestrais imediatos de José eram trabalhadores em artefatos — construtores, carpinteiros, pedreiros e forjadores. José, ele próprio, era carpinteiro e mais tarde foi um empreiteiro. A sua família pertencia a uma longa e ilustre linhagem notável de gente comum, acentuada, aqui e ali, pelo aparecimento de indivíduos incomuns, que se haviam distinguido de algum modo e que estiveram ligados à evolução da religião em Urântia.

122:1.2 (1345.1) Maria, a mãe terrena de Jesus, era descendente de uma longa linhagem de ancestrais singulares, que abrangia várias das mulheres mais notáveis na história das raças de Urântia. Embora Maria fosse uma mulher comum, dos seus dias e geração, dona de um temperamento bastante corriqueiro, ela contava entre os seus antepassados com mulheres bem conhecidas como Anon, Tamar, Rute, Betsabá, Ansie, Cloa, Eva, Enta e Ratta. Nenhuma mulher judia, daquela época, era de linhagem mais ilustre de progenitores e nenhuma remontava a origens mais auspiciosas. A uniformidade na linha dos ancestrais de Maria, e a de José, caracterizada pela predominância de indivíduos fortes mas comuns, era quebrada aqui e ali por várias personalidades que se destacavam na marcha da civilização e da evolução progressiva da religião. Do ponto de vista racial, não seria próprio considerar Maria como judia. Na cultura e na crença ela era judia, mas, pelos dons hereditários, era mais uma composição de sangue sírio, hitita, fenício, grego e egípcio, de modo que a sua herança racial era mais genérica do que a de José.

122:1.3 (1345.2) De todos os casais que viviam na Palestina por volta da época da auto- outorga projetada de Michael, José e Maria possuíam a combinação ideal de parentescos raciais abertos e de dons de personalidade acima do normal. Era plano de Michael aparecer na Terra como um homem comum, de modo tal que a gente comum o entendesse e o recebesse; e por isso é que Gabriel havia selecionado pessoas como José e Maria para tornarem-se os progenitores nessa auto-outorga.

 

2. Gabriel Aparece para Isabel

 

122:2.1 (1345.3) O trabalho da vida de Jesus em Urântia, na verdade, foi iniciado por João Batista. Zacarias, o pai de João, era um sacerdote judeu, enquanto a sua mãe, Isabel, era membro do ramo mais próspero do mesmo grande grupo familiar ao qual também pertencia Maria, a mãe de Jesus. Zacarias e Isabel, embora estivessem casados há muitos anos, não tinham filhos.

122:2.2 (1345.4) Era já o final do mês de junho, do ano 8 a.C., cerca de três meses após o casamento de José e Maria, quando Gabriel, certo dia, apareceu para Isabel, ao meio-dia, tal como mais tarde se apresentaria perante Maria. E Gabriel disse a ela:

122:2.3 (1345.5) “O teu marido, Zacarias, está diante do altar em Jerusalém, enquanto o povo reunido ora pela chegada do libertador, e eu, Gabriel, vim para anunciar que tu irás dentro em pouco conceber um filho que será o precursor do seu divino mestre; e chamarás de João ao teu filho. Ele crescerá dedicado ao senhor seu Deus e, quando atingir a maturidade, ele alegrará ao teu coração, porque conduzirá muitas almas para Deus, e também irá proclamar a vinda do curador de almas do vosso povo e o libertador do espírito de toda a humanidade. A tua prima Maria será a mãe desse menino prometido e eu também aparecerei diante dela”.

122:2.4 (1345.6) Essa visão amedrontou grandemente a Isabel. Depois da partida de Gabriel ela repassou a experiência, revirando-a na sua mente, ponderando longamente sobre as palavras do majestoso visitante, mas não falou da revelação a ninguém, exceto ao seu marido, até que posteriormente afinal visitasse Maria, em princípios de fevereiro do ano seguinte.

122:2.5 (1345.7) Durante cinco meses, contudo, Isabel guardou aquele seu segredo até mesmo do marido. E quando contou a ele sobre a visita de Gabriel, Zacarias permaneceu cético e durante semanas duvidou de toda a experiência; só consentindo em acreditar na visita de Gabriel à sua esposa, e sem maior entusiasmo, quando não mais podia duvidar de que ela esperava uma criança. Zacarias ficou muito perplexo com a maternidade próxima de Isabel, mas não duvidou da integridade da sua esposa, apesar da idade avançada dele. E, apenas seis semanas antes do nascimento de João, é que Zacarias, em conseqüência de um sonho impressionante, tornou-se plenamente convencido de que Isabel estava para tornar-se a mãe de um filho do destino, aquele que iria preparar o caminho para a vinda do Messias.

122:2.6 (1346.1) Gabriel apareceu para Maria por volta de meados de novembro, do ano 8 a.C., no momento em que ela estava trabalhando na sua casa em Nazaré. Mais tarde, após haver sabido que era certo que estava para ser mãe, Maria persuadiu José a deixá-la viajar à cidade de Judá, a sete quilômetros a oeste de Jerusalém, nas montanhas, para visitar Isabel. Gabriel tinha informado a cada uma dessas duas futuras mães sobre a sua aparição à outra. Naturalmente ficaram ansiosas para encontrarem-se, para compartilhar as experiências, e para falar sobre o futuro provável dos seus filhos. Maria permaneceu com a sua prima distante por três semanas. Isabel fez muito para fortalecer em Maria a fé na visão de Gabriel, de modo que esta voltou para a sua casa mais plenamente dedicada ao chamado de ser mãe do menino predestinado, a quem ela, muito em breve, iria apresentar ao mundo como um bebê indefeso, uma criança comum e normal deste reino.

122:2.7 (1346.2) João nasceu na cidade de Judá, aos 25 de março, do ano 7 a.C. Zacarias e Isabel rejubilaram-se grandemente com o fato de que um filho tivesse vindo para eles como Gabriel havia prometido; e, ao oitavo dia, quando apresentaram a criança para a circuncisão, eles o batizaram formalmente como João, exatamente como se lhes havia sido ordenado. E logo um sobrinho de Zacarias partiu para Nazaré, levando até Maria a mensagem de Isabel que proclamava o nascimento de um filho cujo nome seria João.

122:2.8 (1346.3) Desde a mais tenra infância os pais inculcaram em João a idéia de que ele cresceria e tornar-se-ia um líder espiritual e um mestre religioso. E, no coração de João, o solo sempre foi sensível a essas sementes sugestivas. Ainda quando criança o encontravam freqüentemente no templo durante os ofícios do serviço do seu pai; e João ficava imensamente impressionado com o significado de tudo o que via.

 

3. O Anúncio de Gabriel Feito a Maria

 

122:3.1 (1346.4) Uma tarde, por volta do cair do sol, antes que José tivesse retornado ao lar, Gabriel apareceu a Maria, ao lado de uma mesa baixa de pedra, e após ela haver- se recomposto, ele disse: “Venho a pedido daquele que é o meu Mestre, a quem tu irás amar e nutrir. A ti, Maria, trago alegres novas e anuncio que a concepção em ti foi ordenada pelo céu e que, no tempo devido, tu te tornarás a mãe de um filho; tu o chamarás Joshua; e ele irá inaugurar o Reino do céu na Terra entre os homens. Nada digas disso a ninguém, exceto a José e Isabel, a tua parente, para quem também eu apareci e que deve também agora conceber um filho cujo nome será João e será ele quem preparará o caminho para a mensagem de libertação que o teu filho irá proclamar aos homens com uma grande força e uma convicção profunda. E não duvides tu de minha palavra, Maria, pois este lar foi escolhido como a residência mortal do menino predestinado. A minha bênção recai sobre ti e os poderes dos Altíssimos irão fortalecer-te; e o Senhor de toda a Terra acobertar-te-á na Sua sombra”.

122:3.2 (1346.5) Maria ponderou sobre essa visitação, secretamente, no seu coração, durante várias semanas, antes de ousar abrir-se com o marido a respeito desses acontecimentos inusitados, até que estivesse certa de que carregava em si uma criança. Ao escutar sobre tudo isso, ainda que grande fosse a sua confiança em Maria, José ficou muito perturbado e não pôde dormir por várias noites. A princípio José tinha dúvida sobre a visita de Gabriel. Depois, quando estava quase se persuadindo de que Maria tinha realmente ouvido a voz e visto a forma do mensageiro divino, José torturava-se ao pensar sobre como poderiam ser essas coisas. Como a progênie de seres humanos, poderia ser um filho com destino divino? E José não podia nunca reconciliar essas idéias conflitantes até que, depois de várias semanas de muito pensar, ambos, ele e Maria, chegaram à conclusão de que tinham sido escolhidos para tornarem-se os pais do Messias; ainda que o conceito judeu não fosse, nem um pouco, o de que o libertador aguardado deveria ter a natureza divina. Ao chegarem a essa importante conclusão, Maria apressou-se a partir para uma visita a Isabel.

122:3.3 (1347.1) Quando retornou, Maria foi visitar os seus pais, Joaquim e Ana. Seus dois irmãos, as duas irmãs, bem como seus pais sempre foram muito céticos sobre a missão divina de Jesus, embora até esse momento, evidentemente, nada ainda soubessem da visitação de Gabriel. Mas Maria confidenciou à sua irmã Salomé que achava que o seu filho estava destinado a tornar-se um grande mestre.

122:3.4 (1347.2) O anúncio que Gabriel fez a Maria aconteceu no dia seguinte à concepção de Jesus e foi o único evento de ocorrência sobrenatural ligado a toda a experiência de Maria de conceber e trazer dentro de si o menino da promessa.

 

4. O Sonho de José

 

122:4.1 (1347.3) José não se conformou com a idéia de que Maria estivesse para tornar-se mãe de uma criança extraordinária, até que teve a experiência de um sonho de forte impressão. Nesse sonho um mensageiro celestial brilhante apareceu a ele e, entre outras coisas, disse: “José, apareço sob o comando Daquele que agora reina nas alturas; e tenho o mandado de instruí-lo a respeito do filho que Maria irá gerar e que se tornará uma grande luz para o mundo. Nele estará a vida; e a sua vida tornar-se-á a luz da humanidade. Ele virá primeiro para o seu próprio povo, todavia poucos destes o receberão; mas, a quantos o receberem, será revelado que são os filhos de Deus”. Depois dessa experiência José deixou totalmente de duvidar da história de Maria sobre a visita de Gabriel e sobre a promessa de que a criança que estava para nascer tornar-se-ia um mensageiro divino para o mundo.

122:4.2 (1347.4) Em todas essas visitações nada foi dito sobre a casa de Davi. Nada jamais deixou transparecer que Jesus tornar-se-ia o “libertador dos judeus”, nem mesmo que seria o Messias há muito esperado. Jesus não era um Messias tal como os judeus haviam antecipado, mas era o libertador do mundo. A sua missão não se dirigia apenas a um povo, era para todas as raças e povos.

122:4.3 (1347.5) José não tinha a linhagem do Rei Davi. Maria tinha mais ancestrais na linha de Davi do que José. Bem verdade é que José havia ido a Belém, cidade de Davi, para ser registrado no censo romano, mas isso aconteceu porque seis gerações antes, o ancestral de José, naquela geração, sendo um órfão, tinha sido adotado por um certo Zadoc, que era descendente direto de Davi; e por isso José podia ser também contado como sendo da “casa de Davi”.

122:4.4 (1347.6) A maioria das chamadas profecias messiânicas, no Antigo Testamento, puderam ser aplicadas a Jesus, e sobretudo muito tempo depois que a sua vida na Terra havia já sido vivida. Durante séculos, os profetas hebreus haviam proclamado a vinda de um libertador; e essas promessas tinham sido elaboradas por gerações sucessivas e referiam-se a um governante judeu que iria sentar-se no trono de Davi e que, por meio dos métodos miraculosos de Moisés, estabeleceria os judeus na Palestina como uma nação poderosa, livre do domínio estrangeiro. Novamente, muitas das passagens figurativas encontradas nas escrituras dos hebreus foram posteriormente aplicadas de modo distorcido à missão da vida de Jesus. Muitos dos dizeres do Antigo Testamento foram deformados de modo a parecerem adequar-se a algum episódio da vida do Mestre na Terra. Jesus certa vez negou publicamente, ele próprio, qualquer ligação com a casa real de Davi. Até mesmo aquela passagem: “uma jovem dará à luz um filho”, foi levada a ser lida como sendo: “uma virgem dará à luz um filho”. Isso também é verdade sobre muitas das genealogias feitas, tanto de José quanto de Maria, as quais foram elaboradas depois da carreira de Michael na Terra. Muitas dessas linhagens contêm bastante da linha ancestral do Mestre, mas no todo elas não são genuínas e nem confiáveis como sendo verdadeiras. Os primeiros seguidores de Jesus freqüentemente sucumbiam à tentação de fazer com que todas as velhas expressões proféticas parecessem encontrar a sua realização na vida do seu Senhor e Mestre.

 

5. Os Pais Terrenos de Jesus

 

122:5.1 (1348.1) José era um homem de maneiras suaves, extremamente consciente e, de todos os modos, fiel às convenções e práticas religiosas do seu povo. Falava pouco, mas pensava muito. A condição sofrida do povo judeu causava muita tristeza em José. Na sua juventude, entre os seus oito irmãos e irmãs, ele havia sido mais alegre, mas nos primeiros anos da sua vida de casado (durante a infância de Jesus) esteve sujeito a períodos de um desencorajamento espiritual leve. Essas manifestações do seu temperamento foram bastante atenuadas, um pouco antes da sua morte prematura, depois que a situação econômica da sua família melhorou, em conseqüência do seu progresso, quando passou, de carpinteiro, à posição de um próspero empreiteiro.

122:5.2 (1348.2) O temperamento de Maria era completamente oposto ao do marido. Geralmente era alegre, muito raramente ficava abatida e possuía uma disposição sempre ensolarada. Maria permitia-se dar livre e freqüente vazão à expressão dos seus sentimentos e emoções e nunca se sentira afligida, até a súbita morte de José. E mal se recuperara desse choque quando teve de enfrentar as ansiedades e perplexidades que se lançaram sobre ela, por causa da carreira extraordinária do seu filho mais velho, que se desenrolou muito rapidamente diante do seu olhar atônito. Mas, durante toda essa experiência inusitada, Maria manteve-se calma, corajosa e bastante sábia no seu relacionamento com o seu estranho e pouco compreendido primogênito e com os irmãos e irmãs ainda vivos dele.

122:5.3 (1348.3) Muito da doçura especial de Jesus e da sua compreensão compassiva da natureza humana, ele herdara do seu pai; o dom de ser um grande mestre e a sua imensa capacidade de indignar-se, por retidão, ele herdara da sua mãe. Nas reações emocionais ao meio ambiente, na sua vida de adulto, Jesus era também como o seu pai: meditativo e adorador; o que algumas vezes deixava transparecer tristeza, mas, mais freqüentemente, ele conduzia-se de maneira otimista e com a disposição determinada da sua mãe. No conjunto, a tendência era de que o temperamento de Maria dominasse a carreira do filho divino, durante o seu crescimento e nos passos decisivos da sua carreira adulta. Jesus era uma mistura dos traços dos seus pais, em algumas das suas atitudes; em outras ele demonstrava mais as características de um deles do que as do outro.

122:5.4 (1348.4) De José, Jesus tinha a educação estrita nos usos dos cerimoniais judeus e o conhecimento excepcional das escrituras dos hebreus; de Maria, ele trazia um ponto de vista mais amplo da vida religiosa e um conceito mais liberal da liberdade espiritual pessoal.

122:5.5 (1349.1) As famílias de ambos, José e Maria, eram bem instruídas para a sua época. José e Maria haviam sido educados muito acima da média da sua época, considerando a sua situação social. Ele, um homem de muito pensar e ela, uma mulher planejadora, dotada de adaptabilidade e prática na execução imediata das coisas. José era moreno, de olhos negros; e Maria era do tipo quase louro, de olhos castanhos.

122:5.6 (1349.2) Tivesse José vivido mais e ter-se-ia tornado, indubitavelmente, um crente firme na missão do seu filho mais velho. Maria alternava-se, ora acreditando, ora duvidando, sendo grandemente influenciada pela posição tomada pelos seus outros filhos e pela dos seus amigos e parentes, mas sempre era fortalecida, na sua atitude final, pela memória da aparição de Gabriel imediatamente depois que a criança fora concebida.

122:5.7 (1349.3) Maria era uma hábil tecelã e possuía uma habilidade acima da média na maioria das artes caseiras da época; era uma boa dona-de-casa e muito caprichosa no forno. Tanto José quanto Maria eram bons educadores e cuidaram para que os seus filhos se tornassem bem versados nos ensinamentos da época.

122:5.8 (1349.4) Quando ainda rapaz, José tinha sido empregado do pai de Maria no trabalho de construir uma extensão da sua casa; e, quando Maria trouxe a José um copo de água, durante a refeição do meio-dia, foi que realmente aqueles dois, destinados a ser os pais de Jesus, começaram a fazer a corte um ao outro.

122:5.9 (1349.5) José e Maria casaram-se de acordo com os costumes judeus, na casa de Maria, nas proximidades de Nazaré, quando José tinha vinte e um anos de idade. Esse casamento concluiu um noivado normal que durou quase dois anos. Pouco depois se mudaram para a casa em Nazaré, que havia sido construída por José com a ajuda de dois dos seus irmãos. A casa situava-se ao pé de uma elevação que dominava, de modo encantador, a paisagem do campo. Nessa casa, especialmente preparada, esses jovens pais, na expectativa de dar as boas-vindas ao menino prometido, não sabiam que aquele evento, memorável para todo um universo, estava para acontecer enquanto eles estivessem fora de casa, em Belém, na Judéia.

122:5.10 (1349.6) A parte maior da família de José converteu-se aos ensinamentos de Jesus, mas pouquíssimos entre os da gente de Maria acreditaram nele, antes que ele deixasse este mundo. José inclinava-se mais para o conceito espiritual de um Messias esperado, mas Maria e a sua família, especialmente o seu pai, ativeram-se à idéia de que o Messias seria um libertador temporal e um governante político. Os ancestrais de Maria haviam-se identificado manifestamente com as atividades dos Macabeus ainda recentes naqueles tempos.

122:5.11 (1349.7) José apegava-se vigorosamente ao ponto de vista oriental, ou Babilônico, da religião judaica; Maria inclinava-se fortemente para a interpretação ocidental, ou helenista, mais liberal e aberta, da lei e dos profetas.

 

6. O Lar em Nazaré

 

122:6.1 (1349.8) A casa de Jesus não ficava longe do alto da colina, na parte norte de Nazaré, a uma certa distância da nascente de água da cidade que era na parte leste. A família de Jesus morava nos arredores da cidade e isso facilitou, posteriormente, as caminhadas dele ao campo e as subidas à montanha próxima, a mais alta de todas, na parte sul da Galiléia, exceto pela cadeia do monte Tabor, a leste, e o monte Naim, que tinham aproximadamente a mesma altitude. Esta casa localizava-se um pouco ao sul e a leste da parte sul do promontório desse monte e a meio caminho entre a base dessa elevação e a estrada que vai de Nazaré a Caná. Além de subir o monte, o passeio favorito de Jesus era seguir uma trilha estreita que serpenteava desde a base da montanha, indo na direção nordeste, até um ponto onde se juntava à estrada de Séforis.

122:6.2 (1350.1) A casa de José e Maria tinha a estrutura de pedra e um cômodo com um teto plano e uma construção adjacente para abrigar os animais. A mobília consistia de uma mesa baixa de pedra, utensílios de barro, pratos e potes de pedra, um tear, uma lamparina, vários bancos pequenos e esteiras para dormir sobre o chão de pedra. No quintal ao fundo, perto do anexo dos animais, ficava o abrigo que protegia o forno e o moinho para moer os grãos. Eram necessárias duas pessoas para operar esse tipo de moinho, uma para provê-lo de grãos e outra para moer. Quando ainda menino, Jesus muitas vezes cuidava de dosar os grãos no moinho, enquanto a sua mãe girava o moedor.

122:6.3 (1350.2) Mais tarde, quando a família cresceu, todos se agrupavam em volta da mesa de pedra, que foi aumentada, para desfrutarem das refeições, servindo-se do alimento em um prato comum, ou potiche. Durante o inverno, na refeição noturna, a mesa estaria iluminada por uma lâmpada pequena e achatada de terracota, cheia de óleo de oliva. Após o nascimento de Marta, José construiu uma outra acomodação, um quarto grande, usado como carpintaria durante o dia e como quarto de dormir à noite.

 

7. A Viagem para Belém

 

122:7.1 (1350.3) No mês de março do ano 8 a.C. (mês em que José e Maria casaram-se), César Augustus decretou que todos os habitantes do império romano fossem contados; que deveria ser feito um censo de modo a poder ser utilizado para uma cobrança mais eficiente dos impostos. Os judeus sempre tiveram muita prevenção contra qualquer tentativa de “enumerar o povo” e isso, além das dificuldades domésticas com Herodes, rei da Judéia, havia conspirado para causar o adiamento, por um ano, na concretização desse censo, no reino dos judeus. Em todo o império romano esse censo ficou registrado no ano 8 a.C., exceto no reino de Herodes, na Palestina, onde foi feito um ano mais tarde, no ano 7 a.C.

122:7.2 (1350.4) Não se fazia necessário que Maria fosse a Belém fazer esse registro — José estava autorizado a efetuar o registro por toda a sua família — , mas Maria, sendo uma pessoa dinâmica e ousada, insistiu em acompanhá-lo. Ela temia que, sendo deixada sozinha, a criança nascesse enquanto José estava ausente e, Belém não sendo longe da cidade de Judá, Maria previu a possibilidade de uma agradável visita à sua parenta Isabel.

122:7.3 (1350.5) José praticamente proibiu Maria de acompanhá-lo, mas foi inútil; quando a comida estava sendo empacotada para a viagem de três ou quatro dias, ela preparou rações duplas e aprontou-se para a viagem. E, antes que saíssem de fato, José já se havia acostumado com a idéia de Maria ir junto e então, alegremente, eles partiram de Nazaré ao alvorecer do dia.

122:7.4 (1350.6) José e Maria eram pobres e, como tivessem apenas um burro de carga, Maria cavalgava o animal, estando já adiantada na gravidez, junto com as provisões, enquanto José caminhava guiando o animal. A construção e a manutenção de uma casa havia sido um grande peso para José, pois ele devia também contribuir para a sobrevivência dos seus pais, já que o seu pai recentemente tinha-se tornado incapacitado para tal. E assim o casal judeu partiu da sua humilde casa, na manhã de 18 de agosto, do ano 7 a.C., para a sua viagem a Belém.

122:7.5 (1351.1) No seu primeiro dia de viagem eles contornaram os contrafortes ao sopé do monte Gilboa, onde passaram a noite, acampados à margem do Jordão. Ali, eles perguntaram a si próprios, profundamente, sobre a natureza do filho que nasceria deles; José aderindo ao conceito de um mestre espiritual e Maria sustentando a idéia de um Messias judeu, um libertador da nação hebraica.

122:7.6 (1351.2) Cedo, na brilhante manhã de 19 de agosto, José e Maria estavam de novo a caminho. Tomaram a sua refeição do meio-dia junto ao pé do monte Sartaba, que domina o vale do Jordão, e continuaram viagem chegando a Jericó à noite, onde pararam em uma hospedaria na estrada nos arredores da aldeia. Depois da refeição da noite e de muita discussão sobre a opressão do governo romano, sobre Herodes, sobre os registros do recenseamento e a influência relativa de Jerusalém e Alexandria como centros da cultura e ensino judeus, os viajantes de Nazaré retiraram-se para o repouso noturno. Bem cedo, pela manhã do dia 20 de agosto, retomaram a sua viagem e alcançaram Jerusalém antes do meio-dia. Visitaram o templo e tomaram, de novo, o seu caminho para chegar a Belém bem no meio da tarde.

122:7.7 (1351.3) O albergue estava superlotado e José, então, procurou um alojamento entre os parentes distantes, mas todos os quartos em Belém encontravam-se repletos. Ao retornarem à praça na frente do albergue, José foi informado de que os animais dos estábulos das caravanas, construídos nos flancos do rochedo e situados exatamente abaixo do albergue, haviam sido retirados e que tudo estava limpo exatamente para receber os hóspedes. Deixando o asno na área à frente do albergue, José colocou os sacos de roupas e provisões sobre os seus ombros e desceu, com Maria, os degraus de pedra, até os alojamentos de baixo. Viram-se instalados naquilo que era uma sala de estocagem de grãos, na frente dos estábulos e das manjedouras. Cortinas de tendas haviam sido dependuradas e eles se deram por muito felizes de terem alojamentos tão confortáveis.

122:7.8 (1351.4) José havia pensado em registrar-los logo em seguida, mas Maria achava-se cansada, bastante extenuada mesmo, e suplicou-lhe que permanecesse com ela e ele ficou ali.

 

8. O Nascimento de Jesus

 

122:8.1 (1351.5) Durante toda essa noite Maria estivera inquieta, de forma que nenhum dos dois dormiu muito. Ao amanhecer, as pontadas do parto já estavam bem evidentes e, no dia 21 de agosto do ano 7 a.C., ao meio-dia, com a ajuda e as ministrações carinhosas de mulheres viajantes amigas, Maria deu à luz um pequeno varão. Jesus de Nazaré havia nascido para o mundo; encontrava-se enrolado nas roupas que Maria tinha trazido consigo, para essa contingência possível, e deitado em uma manjedoura próxima.

122:8.2 (1351.6) Da mesma forma que todos os bebês tinham vindo ao mundo até então e viriam desde então, nasceu o menino prometido e, ao oitavo dia, conforme a prática judaica, foi circuncidado e formalmente denominado Joshua (Jesus).

122:8.3 (1351.7) No dia seguinte ao nascimento de Jesus, José fez o seu registro. Encontrando- se então com um homem com quem haviam conversado duas noites atrás, em Jericó, foi levado por ele até um amigo abastado que possuía um quarto na pousada e este homem se dispôs, com prazer, a trocar de quartos com o casal de Nazaré. Naquela tarde eles se mudaram para a pousada, onde ficaram por quase três semanas, até que encontraram hospedagem na casa de um parente distante de José.

122:8.4 (1351.8) Ao segundo dia após o nascimento de Jesus, Maria enviou uma mensagem a Isabel dizendo que o seu filho havia chegado e recebeu em resposta um convite feito a José, para ir a Jerusalém, a fim de falar de todos os assuntos com Zacarias. Na semana seguinte, José foi a Jerusalém para conversar com Zacarias. Zacarias e Isabel achavam-se ambos sinceramente convencidos de que Jesus estava destinado a se tornar o libertador judeu, o Messias; e que João, o filho deles, seria o seu principal colaborador, o braço direito no seu destino. E, já que Maria compartilhava dessas mesmas idéias, não foi difícil convencer José a permanecer em Belém, a cidade de Davi, para que Jesus pudesse crescer e se tornar o sucessor de Davi no trono de todo o Israel. Desse modo, permaneceram eles em Belém por mais de um ano, tendo José se dedicado ao seu ofício de carpinteiro durante esse tempo.

122:8.5 (1352.1) No dia do nascimento de Jesus, ao meio-dia, os serafins de Urântia, reunidos com os seus diretores, cantaram hinos de glória sobre a manjedoura de Belém, mas esses cânticos de glória não foram escutados por ouvidos humanos. Nenhum pastor, nem quaisquer outras criaturas mortais vieram prestar a sua homenagem ao menino de Belém, até o dia da chegada de certos sacerdotes de Ur, que haviam sido enviados de Jerusalém por Zacarias.

122:8.6 (1352.2) A esses sacerdotes da Mesopotâmia havia sido contado, há algum tempo, por um estranho professor religioso, do país deles, o qual em um sonho havia sido informado de que a “luz da vida” estava a ponto de aparecer sobre a Terra, na forma de um menino, entre os judeus. E os três sacerdotes partiram, pois, em busca dessa “luz da vida”. Após muitas semanas de infrutífera procura em Jerusalém, estavam para voltar a Ur, quando conheceram Zacarias que lhes confiou sobre a sua crença de que Jesus era o objeto da procura deles e os enviou a Belém, onde encontraram o menino e deixaram as suas oferendas com Maria, a sua mãe terrena. A criança estava então com quase três semanas de idade à época da visita deles.

122:8.7 (1352.3) Esses sábios homens não tiveram nenhuma estrela a guiá-los para Belém. A belíssima lenda da estrela de Belém originou-se da seguinte forma: Jesus nasceu aos 21 de agosto, ao meio-dia do ano 7 a.C. Em 29 de maio do mesmo ano houve uma extraordinária conjunção entre Júpiter, Saturno e a constelação de Peixes. E é um acontecimento astronômico marcante que conjunções semelhantes hajam ocorrido aos 29 de setembro e aos 5 de dezembro do mesmo ano. Com base nesses acontecimentos extraordinários, mas inteiramente naturais, os bem- intencionados zelotes, das gerações que sucederam, elaboraram a lenda atraente da estrela de Belém e dos Reis Magos adoradores, conduzidos pela estrela, até a manjedoura, para contemplar e adorar o recém-nascido. As mentes orientais e do Oriente-Próximo deleitam-se com fábulas e inventam constantemente belos mitos sobre a vida dos seus dirigentes religiosos e dos seus heróis políticos. Na falta de uma imprensa, quando a maior parte do conhecimento humano se transmitia, de uma geração a outra pela palavra saída da boca, era muito fácil que os mitos se tornassem tradição e que as tradições finalmente acabassem aceitas como fatos.

 

9. A Apresentação no Templo

 

122:9.1 (1352.4) Moisés havia ensinado aos judeus que todos os filhos primogênitos pertenciam ao Senhor e que, em lugar do seu sacrifício, como era costume entre as nações pagãs, esse filho poderia viver desde que os seus pais o redimissem com o pagamento de cinco moedas a qualquer sacerdote autorizado. Também existia uma regulamentação mosaica que dizia que uma mãe, após um certo período de tempo, devia apresentar-se ao templo, para a purificação (ou ter alguém que fizesse o sacrifício adequado em lugar dela). Era costumeiro que tais cerimônias ocorressem ambas ao mesmo tempo. Assim sendo, José e Maria foram ao templo de Jerusalém, pessoalmente, para apresentar Jesus aos sacerdotes e efetivar a sua redenção e também fazer o sacrifício apropriado para assegurar a Maria a purificação cerimonial da suposta impureza do dar à luz.

122:9.2 (1353.1) Nas cortes do templo estavam freqüentemente presentes duas figuras dignas de nota, Simeão, um cantor, e Anna, uma poetisa. Simeão era da Judéia e Anna, da Galiléia. Esses dois estavam quase sempre juntos e ambos eram íntimos do sacerdote Zacarias, que havia confiado o segredo de João e Jesus a eles. E, tanto Simeão quanto Anna, ansiavam pela vinda do Messias e a sua convicção em Zacarias levara-os a acreditar que Jesus fosse o libertador esperado do povo judeu.

122:9.3 (1353.2) Zacarias sabia o dia esperado para José e Maria aparecerem no templo com Jesus; e acertou com Simeão e Anna, antecipadamente, que indicaria, com a saudação da sua mão levantada, qual, na procissão das crianças recém-nascidas, era Jesus.

122:9.4 (1353.3) Para essa ocasião Anna havia escrito um poema que Simeão passou a cantar, para surpresa de José, de Maria e de todos os que estavam reunidos nos pátios do templo. E o hino deles, para a redenção do filho primogênito, foi assim:

 

122:9.5 (1353.4) Abençoado seja o Senhor, Deus de Israel,

122:9.6 (1353.5) Que nos visitou e trouxe a redenção ao seu povo;

122:9.7 (1353.6) A trombeta da salvação, Ele fez soar por todos nós

122:9.8 (1353.7) Na casa do seu servo Davi.

122:9.9 (1353.8) Assim como falou da boca dos seus sagrados profetas

122:9.10 (1353.9) -Salvação dos nossos inimigos e da mão de todos aqueles que nos odeiam;

122:9.11 (1353.10) Para mostrar misericórdia para com os nossos pais, na lembrança da Sua santa aliança — ,

122:9.12 (1353.11) O juramento que fez a Abraão, nosso pai,

122:9.13 (1353.12) De conceder-nos que nós, sendo libertados da mão dos nossos inimigos,

122:9.14 (1353.13) Pudéssemos servir a ele sem temores,

122:9.15 (1353.14) Em santidade e retidão perante ele, por todos os nossos dias.

122:9.16 (1353.15) E que tu, assim, menino prometido, sejas chamado de Profeta do Altíssimo;

122:9.17 (1353.16) Porque irás, diante do semblante do Senhor, estabelecer o Seu Reino;

122:9.18 (1353.17) Dar conhecimento da salvação a Seu povo

122:9.19 (1353.18) Em remissão dos seus pecados.

122:9.20 (1353.19) Regozijemos com a doce misericórdia do nosso Deus, porque veio nos visitar a aurora do alto

122:9.21 (1353.20) Para resplandecer sobre aqueles que estão nas trevas e na sombra da morte;

122:9.22 (1353.21) Para guiar os nossos pés nos caminhos da paz.

122:9.23 (1353.22) E, pois, deixemos agora o Vosso servo partir em paz, Ó Senhor, conforme a Vossa palavra,

122:9.24 (1353.23) Pois os meus olhos viram já a Vossa salvação,

122:9.25 (1353.24) Que por Vós foi preparada diante da vista de todos os povos;

122:9.26 (1353.25) Luz que resplandece para esclarecimento mesmo até dos gentios

122:9.27 (1353.26) E para glória do nosso povo de Israel.

 

122:9.28 (1353.27) De volta a Belém, José e Maria permaneceram em silêncio — confusos e intimidados. Maria encontrava-se bastante perturbada pelas palavras de despedida de Anna, a poetisa anciã, e José não se sentia bem em harmonia com aquele esforço prematuro de fazer de Jesus o Messias prometido do povo judeu.

 

10. Os Atos de Herodes

 

122:10.1 (1353.28) Os informantes de Herodes, todavia, não permaneceram inertes. Quando reportaram a ele sobre a visita dos sacerdotes de Ur a Belém, Herodes convocou esses caldeus a aparecerem diante de si. E, insistente, ele inquiriu a esses homens sábios sobre o novo “rei dos judeus”, mas eles deram-lhe pouca satisfação, explicando apenas que o menino nascera de uma mulher que viera a Belém com o seu marido para comparecer ao censo. Herodes, não satisfeito com essa resposta, despediu-os, dando-lhes uma bolsa de dinheiro; e mandou-lhes que encontrassem a criança para que também ele pudesse ir lá e adorá-la, já que eles haviam declarado que o Reino dela devia ser espiritual, não temporal. Todavia, ao perceber que os sábios não voltariam, Herodes encheu-se de suspeitas. E, enquanto ele pensava nisso, os seus informantes voltaram e lhe fizeram um relato completo das ocorrências recentes no templo, trazendo-lhe uma cópia de partes da canção de Simeão, que havia sido cantada nas cerimônias de redenção de Jesus. No entanto, eles não seguiram José e Maria; e Herodes ficou irado com eles, quando viu que não podiam dizer para onde o casal tinha levado a criança. Então, despachou espiões para localizar José e Maria. Sabendo que Herodes perseguia a família de Nazaré, Zacarias e Isabel permaneceram longe de Belém. O menino ficou escondido com uns parentes de José.

 

122:10.2 (1354.1) José temia procurar trabalho; e as suas poucas economias estavam desaparecendo rapidamente. Mesmo na época das cerimônias de purificação no templo, José considerava-se pobre o suficiente para limitar a dois pequenos pombos a sua oferta para Maria, como Moisés havia determinado, para a purificação das mães, entre os pobres.

 

122:10.3 (1354.2) Quando, após mais de um ano de buscas, os espiões de Herodes não haviam achado Jesus; e em vista da suspeita de que a criança ainda estava escondida em Belém, Herodes preparou uma ordem comandando fosse feita uma busca sistemática em todas as casas de Belém, e que todos os bebês meninos de menos de dois anos fossem mortos. Desse modo Herodes esperava assegurar-se de que tal criança, que haveria de tornar-se o “rei dos judeus”, fosse destruída. E assim pereceram, em um só dia, dezesseis bebês meninos em Belém da Judéia. A intriga e o assassinato, mesmo na família imediata de Herodes, assim, eram acontecimentos corriqueiros na sua corte.

 

 

122:10.4 (1354.3) O massacre desses infantes aconteceu em meados de outubro, do ano 6 a.C., quando Jesus tinha pouco mais de um de ano idade. Mas havia crentes no Messias vindouro, até mesmo no séquito da corte de Herodes, e um desses, sabendo da ordem de assassinar os meninos de Belém, comunicou-se com Zacarias, e este por sua vez despachou um mensageiro até José; e, na noite anterior ao massacre, José e Maria partiram com a criança, de Belém para Alexandria, no Egito. Para evitar atrair a atenção, eles viajaram sozinhos com Jesus, para o Egito. Foram para Alexandria com o dinheiro providenciado por Zacarias, e lá José trabalhou no seu ramo, enquanto Maria e Jesus alojaram-se com parentes abastados da família de José. Eles permaneceram em Alexandria por dois anos inteiros, não retornando a Belém senão depois da morte de Herodes.