OS DOCUMENTOS DE URÂNTIA
- A REVELAÇÃO DO TERCEIRO MILÊNIO -
INDICE
Documento 139
Os Doze Apóstolos
139:0.1 (1548.1) É um testemunho eloquente do encanto e da retidão da vida terrena de Jesus que, embora ele repetidamente tenha feito em pedaços as esperanças dos seus apóstolos e despedaçado todas as suas ambições de exaltação pessoal, apenas um o abandonou.
139:0.2 (1548.2) Os apóstolos aprenderam de Jesus sobre o reino do céu, e Jesus aprendeu muito com eles sobre o reino dos homens, a natureza humana tal como ela existe em Urântia e nos outros mundos evolutivos do tempo e espaço. Estes doze homens representavam muitos tipos diferentes de temperamento humano e não tinham sido tornados parecidos pela escolaridade. Muitos destes pescadores galileus carregavam linhagens substanciais de sangue gentio como resultado da conversão forçada da população gentia da Galileia cem anos antes.
139:0.3 (1548.3) Não cometam o erro de considerar os apóstolos como sendo totalmente ignorantes e incultos. Todos eles, exceto os gêmeos Alfeu, eram formados nas escolas da sinagoga, tendo sido exaustivamente instruídos nas escrituras hebraicas e em grande parte do conhecimento corrente daquela época. Sete eram formados nas escolas da sinagoga de Cafarnaum, e não havia escolas judaicas melhores em toda a Galileia.
139:0.4 (1548.4) Quando os seus registros se referem a estes mensageiros do reino como sendo “ignorantes e iletrados”, a intenção era transmitir a ideia de que eles eram leigos, iletrados na tradição dos rabinos e não formados nos métodos da interpretação rabínica das Escrituras. Faltava-lhes o chamado ensino superior. Nos tempos modernos, seriam certamente considerados sem instrução e, em alguns círculos da sociedade, até mesmo sem cultura. Uma coisa é certa: nem todos haviam sido submetidos ao mesmo currículo educacional rígido e estereotipado. Desde a adolescência eles haviam tido experiências separadas de aprender a viver.
1. André, o Primeiro Escolhido
139:1.1 (1548.5) André, dirigente do corpo apostólico do reino, nasceu em Cafarnaum. Ele era o filho mais velho de uma família de cinco pessoas: ele, seu irmão Simão e três irmãs. Seu pai, já falecido, havia sido sócio de Zebedeu no negócio de secagem de peixe em Betsaida, o porto pesqueiro de Cafarnaum. Quando se tornou apóstolo, André não era casado, mas morava com seu irmão casado, Simão Pedro. Ambos eram pescadores e sócios de Tiago e João, os filhos de Zebedeu.
139:1.2 (1548.6) Em 26 d.C., o ano em que foi escolhido como apóstolo, André tinha 33 anos, um ano mais velho que Jesus e era o mais velho dos apóstolos. Ele veio de uma excelente linhagem de ancestrais e era o homem mais capaz dos doze. Com exceção da oratória, ele estava à altura de seus companheiros em quase todas as capacidades imagináveis. Jesus nunca deu a André uma alcunha, uma designação fraterna. Mas assim como os apóstolos logo começaram a chamar Jesus de Mestre, também designaram André por um termo equivalente a Chefe.
139:1.3 (1549.1) André era um bom organizador, mas um administrador melhor. Ele fazia parte do círculo íntimo dos quatro apóstolos, mas a sua nomeação por Jesus como chefe do grupo apostólico tornou necessário que ele permanecesse de serviço com os seus irmãos, enquanto os outros três desfrutavam de uma comunhão muito estreita com o Mestre. Até o fim, André permaneceu reitor do corpo apostólico.
139:1.4 (1549.2) Embora André nunca tenha sido um pregador eficaz, foi um trabalhador pessoal eficiente, sendo o missionário pioneiro do reino, no sentido de que, como o primeiro apóstolo escolhido, ele imediatamente trouxe a Jesus o seu irmão, Simão, o qual posteriormente se tornou um dos maiores pregadores do reino. André foi o principal defensor da política de Jesus de utilizar o programa de trabalho pessoal como meio de treinar os doze como mensageiros do reino.
139:1.5 (1549.3) Quer Jesus ensinasse os apóstolos em particular, quer pregasse à multidão, André geralmente estava familiarizado com o que estava acontecendo; ele era um executivo compreensivo e um administrador eficiente. Ele tomava uma decisão imediata sobre todos os assuntos trazidos ao seu conhecimento, a menos que considerasse o problema algo além do domínio de sua autoridade, caso em que o levaria diretamente a Jesus.
139:1.6 (1549.4) André e Pedro eram muito diferentes em caráter e temperamento, mas tem que ficar registrado para sempre, para crédito deles, que se davam esplendidamente. André nunca teve ciúmes da habilidade oratória de Pedro. Não é sempre que se observa um homem mais velho do tipo de André exercendo uma influência tão profunda sobre um irmão mais novo e talentoso. André e Pedro nunca pareceram ter a menor inveja das habilidades ou realizações um do outro. Tarde da noite do dia de Pentecostes, quando, em grande parte por meio da pregação enérgica e inspiradora de Pedro, duas mil almas foram acrescentadas ao reino, André disse ao seu irmão: “Eu não poderia fazer isso, mas estou feliz por ter um irmão que consegue”. Ao que Pedro respondeu: “E se não fosse por você me trazer ao Mestre e por sua firmeza em me manter com ele, eu não estaria aqui para fazer isto”. André e Pedro eram as exceções à regra, provando que até os irmãos podem viver juntos pacificamente e trabalhar juntos eficazmente.
139:1.7 (1549.5) Depois do Pentecostes, Pedro ficou famoso, mas nunca irritou André, o mais velho, passar o resto da vida sendo apresentado como “irmão de Simão Pedro”.
139:1.8 (1549.6) De todos os apóstolos, André era o melhor avaliador dos homens. Ele sabia que problemas estavam germinando no coração de Judas Iscariotes, mesmo quando nenhum dos outros suspeitava que algo estava errado com seu tesoureiro; mas ele não contou a nenhum deles seus medos. O grande serviço de André ao reino consistiu em aconselhar Pedro, Tiago e João relativamente à escolha dos primeiros missionários que foram enviados para proclamar o evangelho, e também em aconselhar estes primeiros líderes sobre a organização dos assuntos administrativos do reino. André tinha um grande dom para descobrir os recursos ocultos e os talentos latentes dos jovens.
139:1.9 (1549.7) Logo após a ascensão de Jesus ao alto, André começou a escrever um registro pessoal de muitas das falas e atos do seu falecido Mestre. Após a morte de André outras cópias deste registro privado foram feitas e circularam livremente entre os primeiros instrutores da igreja cristã. Estas notas informais de André foram posteriormente editadas, corrigidas, alteradas e acrescentadas até formarem uma narrativa bastante consecutiva da vida do Mestre na Terra. A última destas poucas cópias alteradas e corrigidas foi destruída por um incêndio em Alexandria cerca de cem anos depois de o original ter sido escrito pelo primeiro escolhido dos doze apóstolos.
139:1.10 (1550.1) André era um homem de discernimento claro, pensamento lógico e decisão firme, cuja grande força de caráter consistia na sua esplêndida estabilidade. Sua deficiência temperamental era a falta de entusiasmo; ele muitas vezes deixou de encorajar seus associados por meio de elogios criteriosos. E esta reticência em elogiar as realizações meritórias de seus amigos surgiu de sua aversão à bajulação e à insinceridade. André era um daqueles homens versáteis, de temperamento equilibrado, empreendedores e bem-sucedidos de negócios modestos.
139:1.11 (1550.2) Cada um dos apóstolos amava Jesus, mas permanece verdade que cada um dos doze foi atraído para ele por causa de algum traço de personalidade que constituía um apelo especial ao apóstolo individual. André admirava Jesus por causa de sua sinceridade consistente, sua dignidade sem afetação. Assim que os homens conheciam Jesus, eram possuídos pelo anseio de compartilhá-lo com seus amigos; eles realmente queriam que todo o mundo o conhecesse.
139:1.12 (1550.3) Quando as perseguições posteriores finalmente dispersaram os apóstolos de Jerusalém, André viajou pela Armênia, pela Ásia Menor e pela Macedônia e, depois de trazer muitos milhares de pessoas para o reino, foi finalmente preso e crucificado em Patras, na Acaia. Passaram-se dois dias inteiros antes que este homem robusto expirasse na cruz, e durante estas horas trágicas ele continuou efetivamente a proclamar as boas novas da salvação do reino do céu.
2. Simão Pedro
139:2.1 (1550.4) Quando Simão se juntou aos apóstolos tinha 30 anos de idade. Era casado, tinha três filhos e morava em Betsaida, perto de Cafarnaum. Seu irmão, André, e a mãe de sua esposa moravam com ele. Tanto Pedro como André eram sócios de pesca dos filhos de Zebedeu.
139:2.2 (1550.5) O Mestre já conhecera Simão algum tempo antes de André apresentá-lo como o segundo dos apóstolos. Quando Jesus deu a Simão o nome de Pedro, ele o fez com um sorriso; era para ser uma espécie de alcunha. Simão era conhecido por todos os seus amigos como um sujeito errático e impulsivo. É verdade que, mais tarde, Jesus atribuiu um sentido novo e significativo a esta alcunha conferida de modo ligeiro.
139:2.3 (1550.6) Simão Pedro era um homem impulsivo, um otimista. Ele crescera permitindo-se entregar-se livremente a sentimentos fortes; estava constantemente se metendo em dificuldades porque persistia em falar sem pensar. Esta espécie de negligência também causava problemas incessantes para todos os seus amigos e companheiros e era a causa de ele receber muitas repreensões moderadas do seu Mestre. A única razão pela qual Pedro não teve mais problemas por causa de seu falar impensado foi que aprendeu muito cedo a conversar sobre muitos de seus planos e esquemas com seu irmão, André, antes de se aventurar a fazer propostas públicas.
139:2.4 (1550.7) Pedro era um orador fluente, eloquente e dramático. Também era um líder natural e inspirador de homens, um pensador rápido, mas não um raciocinador profundo. Ele fazia muitas perguntas, mais do que todos os apóstolos juntos e, embora a maioria destas perguntas fosse boa e relevante, muitas delas eram impensadas e tolas. Pedro não tinha uma mente profunda, mas conhecia sua mente bastante bem. Ele era, portanto, um homem de decisão rápida e ação repentina. Enquanto os outros falavam em espanto ao verem Jesus na praia, Pedro pulou e nadou até a margem para ir ao encontro do Mestre.
139:2.5 (1551.1) A característica específica que Pedro mais admirava em Jesus era a sua ternura sublime. Pedro nunca se cansava de contemplar a tolerância de Jesus. Ele nunca esqueceu a lição sobre perdoar o transgressor, não apenas sete vezes, mas setenta e sete vezes. Ele pensou muito sobre estas impressões do caráter perdoador do Mestre durante aqueles dias sombrios e deprimentes imediatamente após sua negação impensada e não intencional de Jesus no pátio do sumo sacerdote.
139:2.6 (1551.2) Simão Pedro era aflitivamente vacilante; ele repentinamente oscilava de um extremo ao outro. Primeiro, recusou-se a deixar Jesus lhe lavar os pés e depois, ao ouvir a resposta do Mestre, implorou para que lhe lavasse o corpo todo. Mas, afinal, Jesus sabia que as falhas de Pedro eram da cabeça e não do coração. Ele foi uma das mais inexplicáveis combinações de coragem e covardia que já existiram na Terra. Sua grande força de caráter era a lealdade, a amizade. Pedro real e verdadeiramente amava Jesus. E, no entanto, apesar desta enorme força de devoção, era tão instável e inconstante que permitiu que uma serviçal o provocasse fazendo-o negar o seu Senhor e Mestre. Pedro conseguia resistir à perseguição e a qualquer outra forma de ataque direto, mas emurcheceu e se encolheu diante do ridículo. Era um soldado corajoso ao enfrentar um ataque frontal, mas era um covarde que se encolhia de medo quando surpreendido por um ataque pela retaguarda.
139:2.7 (1551.3) Pedro foi o primeiro dos apóstolos de Jesus a apresentar-se para defender o trabalho de Filipe entre os samaritanos e o de Paulo entre os gentios; contudo, mais tarde, em Antioquia, ele se retraiu quando confrontado com a ridicularização dos judaizantes, afastando-se temporariamente dos gentios apenas para fazer cair sobre sua cabeça a destemida denúncia de Paulo.
139:2.8 (1551.4) Ele foi o primeiro dos apóstolos a fazer uma confissão de todo o coração da humanidade e divindade combinadas de Jesus, e o primeiro – exceto Judas – a negá-lo. Pedro não era exatamente um sonhador, mas não gostava de descer das nuvens do êxtase e do entusiasmo da indulgência dramática para o mundo linear e prático da realidade.
139:2.9 (1551.5) Ao seguir Jesus, literal e figurativamente, ele ou ficava liderando a procissão ou então se arrastando atrás – “seguindo de longe”. Mas foi o pregador mais destacado dos doze; fez mais do que qualquer outro homem, além de Paulo, para estabelecer o reino e enviar seus mensageiros aos quatro cantos da Terra em uma geração.
139:2.10 (1551.6) Depois das suas negações precipitadas do Mestre, ele caiu em si e, com a orientação compassiva e compreensiva de André, novamente liderou o caminho de volta às redes de pesca, enquanto os apóstolos permaneciam para descobrir o que aconteceria depois da crucificação. Quando teve plena certeza de que Jesus o havia perdoado e soube que havia sido recebido de volta no rebanho do Mestre, o fogo do reino ardeu tão intensamente em sua alma que ele se tornou uma grande e salvadora luz para milhares de pessoas instaladas nas trevas.
139:2.11 (1551.7) Depois de deixar Jerusalém, e antes de Paulo se tornar o espírito líder entre as igrejas cristãs gentias, Pedro viajou extensivamente, visitando todas as igrejas desde Babilônia até Corinto. Ele até visitou e ministrou a muitas das igrejas que haviam sido erigidas por Paulo. Embora Pedro e Paulo divergissem muito em temperamento e educação, até mesmo em teologia, eles trabalharam juntos harmoniosamente para a edificação das igrejas durante os seus últimos anos.
139:2.12 (1552.1) Algo do estilo e ensinamentos de Pedro é mostrado nos sermões parcialmente registrados por Lucas e no Evangelho de Marcos. Seu estilo vigoroso foi melhor demonstrado em sua carta conhecida como Primeira Epístola de Pedro; pelo menos isto foi verdade antes de ser posteriormente alterada por um discípulo de Paulo.
139:2.13 (1552.2) Mas Pedro persistiu em cometer o erro de tentar convencer os judeus de que Jesus era, afinal de contas, real e verdadeiramente o Messias judeu. Até o dia de sua morte, Simão Pedro continuou a sofrer confusão em sua mente entre os conceitos de Jesus como o Messias judeu, de Cristo como o redentor do mundo, e do Filho do Homem como a revelação de Deus, o Pai amoroso de toda a humanidade.
139:2.14 (1552.3) A esposa de Pedro era uma mulher muito capaz. Durante anos ela trabalhou de forma aceitável como membro do corpo de mulheres e, quando Pedro foi expulso de Jerusalém, ela o acompanhou em todas as suas viagens às igrejas, bem como em todas as suas excursões missionárias. E no dia em que seu ilustre marido entregou a vida, ela foi lançada às feras na arena de Roma.
139:2.15 (1552.4) E assim este homem, Pedro, um íntimo de Jesus, um do círculo interno, saiu de Jerusalém proclamando as boas novas do reino com poder e glória, até que a plenitude da sua ministração tivesse sido cumprida; e ele se considerou recebedor de grandes honras quando seus captores o informaram que ele tinha que morrer como seu Mestre havia morrido – na cruz. E assim Simão Pedro foi crucificado em Roma.
3. Tiago Zebedeu
139:3.1 (1552.5) Tiago, o mais velho dos dois apóstolos filhos de Zebedeu, a quem Jesus alcunhou de “filhos do trovão”, tinha 30 anos quando se tornou apóstolo. Era casado, tinha quatro filhos e morava perto dos pais, nos arredores de Cafarnaum, Betsaida. Era pescador, exercendo sua vocação na companhia de seu irmão mais novo, João, e em associação com André e Simão. Tiago e seu irmão João desfrutavam da vantagem de conhecerem Jesus há mais tempo do que qualquer outro apóstolo.
139:3.2 (1552.6) Este apóstolo capaz era uma contradição temperamental; parecia realmente possuir duas naturezas, ambas movidas por sentimentos fortes. Era particularmente veemente quando sua indignação fosse totalmente despertada. Tinha um temperamento explosivo quando fosse adequadamente provocado e, quando a tempestade passava, ele sempre costumava justificar e desculpar sua raiva sob o pretexto de que era inteiramente uma manifestação de justa indignação. Exceto por estas revoltas periódicas de ira, a personalidade de Tiago era muito parecida com a de André. Ele não tinha a discrição ou o discernimento de André sobre a natureza humana, mas era um orador público muito melhor. Depois de Pedro, a menos que fosse Mateus, Tiago era o melhor orador público entre os doze.
139:3.3 (1552.7) Embora Tiago não fosse de forma alguma melancólico, podia ser calado e taciturno num dia e um excelente conversador e contador de histórias no dia seguinte. Geralmente conversava livremente com Jesus, mas entre os doze, durante dias seguidos, ele era o homem silencioso. Sua única grande fraqueza eram estes arroubos de silêncio inexplicável.
139:3.4 (1552.8) A característica notável da personalidade de Tiago era a sua capacidade de ver todos os lados de uma proposta. De todos os doze, ele foi o que mais se aproximou de compreender a autêntica importância e significado dos ensinamentos de Jesus. No começo também demorou a compreender o significado do Mestre, mas antes de terminarem o treinamento, ele tinha adquirido um conceito superior da mensagem de Jesus. Tiago foi capaz de entender uma ampla gama da natureza humana; ele se dava bem com o versátil André, o impetuoso Pedro e seu absorto irmão João.
139:3.5 (1553.1) Embora Tiago e João tivessem dificuldades ao tentarem trabalhar juntos, era inspirador observar como eles se davam bem. Não eram tão bem-sucedidos quanto André e Pedro, mas se saíam muito melhor do que normalmente se esperaria de dois irmãos, especialmente irmãos tão teimosos e determinados. Mas, por mais estranho que possa parecer, estes dois filhos de Zebedeu eram muito mais tolerantes um com o outro do que com estranhos. Tinham grande afeição um pelo outro; sempre foram companheiros de diversão felizes. Foram estes “filhos do trovão” que quiseram invocar fogo do céu para destruir os samaritanos que ousaram demonstrar desrespeito pelo seu Mestre. Mas a morte prematura de Tiago modificou enormemente o temperamento veemente de seu irmão mais novo, João.
139:3.6 (1553.2) A característica de Jesus que Tiago mais admirava era a afeição compassiva do Mestre. O interesse compreensivo de Jesus pelos pequenos e grandes, pelos ricos e pobres, exercia uma grande atração sobre ele.
139:3.7 (1553.3) Tiago Zebedeu era um pensador e planejador bem equilibrado. Junto com André, ele era um dos mais ponderados do grupo apostólico. Era um indivíduo vigoroso, mas nunca tinha pressa. Ele era um excelente contrapeso para Pedro.
139:3.8 (1553.4) Era modesto e pouco dramático, um servidor diário, um trabalhador despretensioso, que não buscava nenhuma recompensa especial assim que compreendeu algo do verdadeiro significado do reino. E mesmo na história da mãe de Tiago e João, que pediu que seus filhos ocupassem lugares à direita e à esquerda de Jesus, convém lembrar que foi a mãe quem fez este pedido. E quando indicaram que estavam prontos para assumir tais responsabilidades, deveria ser reconhecido que estavam cientes dos perigos que acompanhavam a suposta revolta do Mestre contra o poder romano, e que também estavam dispostos a pagar o preço. Quando Jesus perguntou se eles estavam prontos para beber o cálice, eles responderam que sim. E no que diz respeito a Tiago, isso era literalmente verdade – ele bebeu o cálice com o Mestre, visto que foi o primeiro dos apóstolos a experimentar o martírio, sendo cedo condenado à morte pela espada por Herodes Agripa. Tiago foi, portanto, o primeiro dos doze a sacrificar sua vida na nova linha de batalha do reino. Herodes Agripa temia a Tiago mais que a todos os outros apóstolos. Ele era de fato muitas vezes quieto e silencioso, mas era corajoso e determinado quando suas convicções fossem despertadas e desafiadas.
139:3.9 (1553.5) Tiago viveu a sua vida em plenitude e, quando chegou o fim, ele se comportou com tanta graça e fortaleza que até mesmo o seu acusador e denunciante, que assistiu ao seu julgamento e execução, ficou tão emocionado que saiu correndo da cena da morte de Tiago para unir-se aos discípulos de Jesus.
4. João Zebedeu
139:4.1 (1553.6) Quando se tornou apóstolo, João tinha 24 anos e era o mais jovem dos doze. Não era casado e morava com os pais em Betsaida; era pescador e trabalhava com seu irmão Tiago em parceria com André e Pedro. Tanto antes como depois de se tornar apóstolo, João atuava como agente pessoal de Jesus no trato com a família do Mestre, e continuou a assumir esta responsabilidade enquanto Maria, a mãe de Jesus, viveu.
139:4.2 (1553.7) Como João era o mais jovem dos doze e estava tão intimamente associado a Jesus nos seus assuntos familiares, era muito querido pelo Mestre, mas não se pode dizer verdadeiramente que ele fosse “o discípulo a quem Jesus amava”. Dificilmente vocês suspeitariam que uma personalidade tão magnânima como Jesus fosse inculpada de mostrar favoritismo, de amar um de seus apóstolos mais do que os outros. O fato de João ser um dos três assessores pessoais de Jesus deu mais ênfase a esta ideia equivocada, sem mencionar que João, junto com seu irmão Tiago, conhecia Jesus há mais tempo que os outros.
139:4.3 (1554.1) Pedro, Tiago e João foram designados como ajudantes pessoais de Jesus logo após se tornarem apóstolos. Pouco depois da seleção dos doze e na época em que Jesus nomeou André para atuar como dirigente do grupo, ele lhe disse: “E agora desejo que designe dois ou três de seus companheiros para estarem comigo e permanecerem ao meu lado, para me confortarem e ministrarem às minhas necessidades cotidianas”. E André achou melhor selecionar para este dever especial os próximos três primeiros apóstolos escolhidos. Ele próprio teria gostado de se voluntariar para um serviço tão abençoado, mas o Mestre já lhe havia dado a comissão; então ele imediatamente ordenou que Pedro, Tiago e João se ligassem a Jesus.
139:4.4 (1554.2) João Zebedeu tinha muitos traços de caráter amorosos, mas um que não era tão amoroso era a sua presunção imoderada, mas geralmente bem dissimulada. Sua longa associação com Jesus causou muitas e grandes mudanças em seu caráter. Esta presunção foi grandemente diminuída, mas depois de envelhecer e tornar-se mais ou menos infantil, esta autoestima reapareceu até certo ponto, de modo que, quando empenhado em orientar Natã na escrita do Evangelho que agora leva o seu nome, o idoso apóstolo não hesitou repetidamente em referir-se a si mesmo como o “discípulo a quem Jesus amava”. Tendo em vista o fato de que João chegou mais perto de ser amigo de Jesus do que qualquer outro mortal terrestre, de que ele foi seu representante pessoal escolhido em tantos assuntos, não é estranho que ele tenha passado a considerar-se como o “discípulo a quem Jesus amava”, pois ele certamente sabia que era o discípulo em quem Jesus confiava com tanta frequência.
139:4.5 (1554.3) O traço mais forte no caráter de João era a sua confiabilidade; ele era rápido e corajoso, fiel e dedicado. Sua maior fraqueza era esta presunção característica. Ele era o membro mais jovem da família de seu pai e o mais jovem do grupo apostólico. Talvez fosse um pouco mimado; talvez tenha tido um pouco de condescendência demais. Mas o João dos anos posteriores era um tipo de pessoa muito diferente do jovem arbitrário e orgulhoso de si mesmo que se juntou às fileiras dos apóstolos de Jesus quando tinha 24 anos.
139:4.6 (1554.4) As características de Jesus que João mais apreciava eram o amor e o altruísmo do Mestre; estas características causaram-lhe tal impressão que toda a sua vida subsequente foi dominada pelo sentimento de amor e devoção fraterna. Falava sobre amor e escrevia sobre amor. Este “filho do trovão” tornou-se o “apóstolo do amor”; e em Éfeso, quando o idoso bispo não era mais capaz de ficar de pé no púlpito e pregar, mas tinha que ser carregado para a igreja numa cadeira, e quando no final do culto lhe era pedido que dissesse algumas palavras aos crentes, durante anos, sua única proclamação era: “Meus filhinhos, amem-se uns aos outros”.
139:4.7 (1554.5) João era um homem de poucas palavras, exceto quando estava com os ânimos exaltados. Ele pensava muito, mas falava pouco. À medida que envelhecia, seu temperamento tornou-se mais moderado e melhor controlado, mas nunca superou sua relutância em falar; nunca dominou totalmente esta reticência. Mas era dotado de uma imaginação notável e criativa.
139:4.8 (1555.1) Havia um outro lado de João que não se esperaria encontrar neste tipo calado e introspectivo. Ele era um tanto preconceituoso e excessivamente intolerante. Neste aspecto, ele e Tiago eram muito parecidos – ambos queriam invocar fogo do céu sobre as cabeças dos samaritanos desrespeitosos. Quando João encontrou alguns estranhos ensinando em nome de Jesus, prontamente os proibiu. Mas não era o único dos doze que estava contaminado por este tipo de autoestima e senso de superioridade.
139:4.9 (1555.2) A vida de João foi tremendamente influenciada pela visão de Jesus perambulando sem casa, pois ele sabia quão fielmente havia feito provisões para o cuidado de sua mãe e família. João também simpatizava profundamente com Jesus por causa da incapacidade de sua família em entendê-lo, sabendo que eles estavam gradualmente se afastando dele. Toda esta situação, juntamente com o fato de Jesus sempre submeter o seu menor desejo à vontade do Pai no céu e a sua vida diária de confiança implícita, causou uma impressão tão profunda em João que produziu mudanças marcantes e permanentes no seu carácter, mudanças que se manifestaram ao longo de toda a sua vida subsequente.
139:4.10 (1555.3) João tinha uma coragem serena e ousada que poucos dos outros apóstolos possuíam. Ele foi o único apóstolo que seguiu Jesus na noite de sua prisão e ousou acompanhar seu Mestre até as garras mesmas da morte. Ele esteve presente e próximo até a última hora terrena e foi encontrado cumprindo fielmente seu encargo para com a mãe de Jesus e pronto para receber instruções adicionais que pudessem ser dadas durante os últimos momentos da existência mortal do Mestre. Uma coisa é certa: João era completamente confiável. João habitualmente sentava-se à direita de Jesus quando os doze comiam. Ele foi o primeiro dos doze a acreditar real e plenamente na ressurreição, e foi o primeiro a reconhecer o Mestre quando veio até eles à beira-mar após sua ressurreição.
139:4.11 (1555.4) Este filho de Zebedeu esteve intimamente associado a Pedro nas primeiras atividades do movimento cristão, tornando-se um dos principais apoiadores da igreja de Jerusalém. Ele foi o braço direito de Pedro no dia de Pentecostes.
139:4.12 (1555.5) Vários anos depois do martírio de Tiago, João casou-se com a viúva do seu irmão. Nos últimos vinte anos de sua vida, ele foi cuidado por uma neta amorosa.
139:4.13 (1555.6) João esteve na prisão diversas vezes e foi banido para a Ilha de Patmos por um período de quatro anos até que outro imperador chegasse ao poder em Roma. Se João não tivesse sido diplomático e sagaz, sem dúvida teria sido morto, assim como seu irmão mais ostensivo, Tiago. Com o passar dos anos, João, juntamente com Tiago, irmão do Senhor, aprenderam a praticar a conciliação sábia quando compareciam perante os magistrados civis. Eles descobriram que uma “resposta branda aplaca o furor”. Também aprenderam a representar a igreja como uma “irmandade espiritual dedicada ao serviço social da humanidade” e não como “o reino do céu”. Eles ensinaram o serviço amoroso em vez de poder soberano – reino e rei.
139:4.14 (1555.7) Quando estava no exílio temporário em Patmos, João escreveu o Livro do Apocalipse, que vocês têm agora numa forma bastante resumida e distorcida. Este Livro do Apocalipse contém os fragmentos sobreviventes de uma grande revelação, grande parte da qual foi perdida, outras partes foram removidas, após a escrita de João. Está preservado apenas de forma fragmentada e adulterada.
139:4.15 (1555.8) João viajou muito, trabalhou incessantemente e, depois de se tornar bispo das igrejas da Ásia, estabeleceu-se em Éfeso. Ele orientou seu colega, Natã, a escrever o chamado “Evangelho segundo João”, em Éfeso, quando tinha 99 anos de idade. De todos os doze apóstolos, João Zebedeu acabou se tornando o teólogo mais notável. Faleceu de morte natural em Éfeso, em 103 d.C., quando tinha 101 anos de idade.
5. Filipe, o Curioso
139:5.1 (1556.1) Filipe foi o quinto apóstolo a ser escolhido, sendo chamado quando Jesus e os seus primeiros quatro apóstolos estavam a caminho desde o encontro de João no Jordão para Caná da Galileia. Visto que morava em Betsaida, Filipe já conhecia Jesus há algum tempo, mas não lhe ocorreu que Jesus fosse realmente um grande homem até aquele dia no vale do Jordão, quando ele disse: “Siga-me”. Filipe também foi um tanto influenciado pelo fato de André, Pedro, Tiago e João terem aceitado Jesus como o Libertador.
139:5.2 (1556.2) Filipe tinha 27 anos de idade quando se juntou aos apóstolos; ele havia se casado recentemente, mas não tinha filhos na época. A alcunha que os apóstolos lhe deram significava “curiosidade”. Filipe estava sempre querendo que lhe fosse mostrado. Ele nunca parecia ir muito longe em qualquer proposta. Não era necessariamente obtuso, mas faltava-lhe imaginação. Esta falta de imaginação era a grande fraqueza do seu caráter. Ele era um indivíduo comum e prosaico.
139:5.3 (1556.3) Quando os apóstolos foram organizados para o serviço, Filipe foi nomeado mordomo; era seu dever garantir que eles estivessem sempre abastecidos de provisões. E ele era um bom mordomo. Sua característica mais forte era seu rigor metódico; era tanto matemático quanto sistemático.
139:5.4 (1556.4) Filipe veio de uma família de sete pessoas, três meninos e quatro meninas. Ele era o segundo mais velho e, após a ressurreição, batizou a sua família inteira no reino. A gente de Filipe era de pescadores. Seu pai era um homem muito capaz, um pensador profundo, mas sua mãe pertencia a uma família muito medíocre. Filipe não era um homem de quem se pudesse esperar que fizesse grandes coisas, mas era um homem que conseguia fazer pequenas coisas em grande estilo, fazê-las bem e de forma aceitável. Apenas algumas vezes em quatro anos ele deixou de ter alimentos à mão para satisfazer as necessidades de todos. Mesmo as muitas demandas emergenciais decorrentes da vida que viviam raramente o pegaram despreparado. O departamento de provisões da família apostólica foi administrado de forma inteligente e eficiente.
139:5.5 (1556.5) O ponto forte de Filipe era a sua confiabilidade metódica; o ponto fraco de sua constituição era a sua total falta de imaginação, a ausência da habilidade de somar dois mais dois para obter quatro. Era matemático no abstrato, mas não construtivo em sua imaginação. Carecia quase inteiramente de certos tipos de imaginação. Era o típico homem comum, prosaico e mediano. Havia muitos de tais homens e mulheres entre as multidões que vinham ouvir Jesus ensinar e pregar, e obtiveram grande conforto ao observar alguém como eles elevado a uma posição de honra nos conselhos do Mestre; eles obtiveram coragem pelo fato de que alguém como eles já havia encontrado um lugar de destaque nos assuntos do reino. E Jesus aprendeu muito sobre o modo como algumas mentes humanas funcionam ao ouvir tão pacientemente as perguntas tolas de Filipe e tantas vezes acatar o pedido do seu mordomo para “lhe ser mostrado”.
139:5.6 (1556.6) A única qualidade em Jesus que Filipe admirava tão continuamente era a generosidade infalível do Mestre. Nunca Filipe encontrou em Jesus nada que fosse pequeno, miserável ou mesquinho, e ele adorava esta liberalidade sempre presente e infalível.
139:5.7 (1557.1) Havia pouca coisa de notável na personalidade de Filipe. Era frequentemente chamado de “Filipe de Betsaida, a cidade onde André e Pedro moram”. Ele quase não tinha visão discernente; era incapaz de compreender as possibilidades dramáticas de uma determinada situação. Não era pessimista; era simplesmente prosaico. Também carecia grandemente de discernimento espiritual. Não hesitaria em interromper Jesus no meio de um dos discursos mais profundos do Mestre para fazer uma pergunta aparentemente tola. Mas Jesus nunca o repreendeu por tal negligência; foi paciente com ele e considerou sua incapacidade de compreender os significados mais profundos do ensinamento. Jesus sabia muito bem que, se alguma vez repreendesse Filipe por fazer estas perguntas irritantes, não só feriria esta alma honesta, mas tal reprimenda magoaria tanto Filipe que ele nunca mais se sentiria livre para fazer perguntas. Jesus sabia que nos seus mundos do espaço havia incontáveis bilhões de mortais semelhantes de pensamento lento, e ele queria encorajá-los todos a o buscarem e a sempre se sentirem livres para abordá-lo com suas dúvidas e problemas. Afinal de contas, Jesus estava realmente mais interessado nas perguntas tolas de Filipe do que no sermão que ele pudesse estar pregando. Jesus estava supremamente interessado nos homens, todos os tipos de homens.
139:5.8 (1557.2) O mordomo apostólico não era um bom orador público, mas era um trabalhador pessoal muito persuasivo e bem-sucedido. Ele não desanimava facilmente; era um trabalhador árduo e muito tenaz em tudo o que empreendia. Ele tinha aquele grande e raro dom de dizer: “Venha”. Quando o seu primeiro convertido, Natanael, quis discutir sobre os méritos e deméritos de Jesus e Nazaré, a resposta eficaz de Filipe foi: “Venha e veja”. Ele não era um pregador dogmático que exortava seus ouvintes a “ir” – fazer isto e aquilo. Ele enfrentou todas as situações à medida que surgiam em seu trabalho com “Venha” – “venha comigo; vou lhe mostrar o caminho”. E essa é sempre a técnica eficaz em todas as formas e fases de ensino. Até os pais podem aprender com Filipe a melhor maneira de dizer aos filhos não “faça isto e faça aquilo”, mas sim: “venha conosco enquanto mostramos e compartilhamos com você o melhor caminho”.
139:5.9 (1557.3) A incapacidade de Filipe de se adaptar a uma nova situação ficou bem demonstrada quando os gregos foram até ele em Jerusalém, dizendo: “Senhor, desejamos ver Jesus”. Ora, Filipe teria dito a qualquer judeu que fizesse tal pergunta: “Venha”. Mas estes homens eram estrangeiros e Filipe não conseguia lembrar-se de nenhuma instrução dos seus superiores relativamente a tais assuntos; então a única coisa que ele conseguiu pensar em fazer foi consultar o chefe, André, e então ambos escoltaram os questionadores gregos até Jesus. Da mesma forma, quando ele foi para Samaria pregando e batizando os crentes, conforme havia sido instruído por seu Mestre, ele se absteve de impor as mãos sobre seus convertidos em sinal de terem recebido o Espírito da Verdade. Isto foi feito por Pedro e João, que logo vieram de Jerusalém para observar o seu trabalho em favor da igreja mãe.
139:5.10 (1557.4) Filipe passou pelos tempos árduos da morte do Mestre, participou da reorganização dos doze e foi o primeiro a sair para ganhar almas para o reino fora das fileiras judaicas imediatas, sendo extremamente bem sucedido em seu trabalho pelos samaritanos e em todos os seus trabalhos subsequentes em favor do evangelho.
139:5.11 (1557.5) A esposa de Filipe, que era um membro eficiente do corpo de mulheres, tornou-se ativamente associada ao seu marido no seu trabalho evangelístico depois da fuga deles das perseguições em Jerusalém. Sua esposa era uma mulher destemida. Ela ficou aos pés da cruz de Filipe, encorajando-o a proclamar as boas novas até mesmo aos seus assassinos, e quando as forças dele falharam, ela começou a recitar a história da salvação pela fé em Jesus e foi silenciada apenas quando os irados judeus avançaram sobre ela e a apedrejaram até a morte. A filha mais velha deles, Lia, continuou seu trabalho, tornando-se mais tarde a renomada profetisa de Hierápolis.
139:5.12 (1558.1) Filipe, outrora mordomo dos doze, foi um homem poderoso no reino, conquistando almas onde quer que fosse; e foi finalmente crucificado por sua fé e sepultado em Hierápolis.
6. O Honesto Natanael
139:6.1 (1558.2) Natanael, o sexto e último dos apóstolos a ser escolhido pelo próprio Mestre, foi levado a Jesus pelo seu amigo Filipe. Ele estivera associado a vários negócios com Filipe e, com ele, estava a caminho para ver João Batista quando encontraram Jesus.
139:6.2 (1558.3) Quando Natanael se juntou aos apóstolos, ele tinha 25 anos de idade e era o segundo mais jovem do grupo. Era o mais novo de uma família de sete pessoas, era solteiro e o único sustento dos pais idosos e enfermos, com quem vivia em Caná; seus irmãos e irmã eram casados ou falecidos e nenhum morava lá. Natanael e Judas Iscariotes foram os dois homens mais instruídos entre os doze. Natanael pensara em se tornar um mercador.
139:6.3 (1558.4) O próprio Jesus não deu uma alcunha a Natanael, mas os doze logo começaram a falar dele em termos que significassem honestidade, sinceridade. Ele era “sem artifícios”. E esta era a sua grande virtude; era tanto honesto quanto sincero. A fraqueza do seu caráter era o seu orgulho; ele tinha muito orgulho de sua família, de sua cidade, de sua reputação e de sua nação, o que é louvável se não for levado longe demais. Mas Natanael estava inclinado a ir ao extremo com os seus preconceitos pessoais. Ele estava disposto a pré-julgar os indivíduos de acordo com suas opiniões pessoais. Não demorou a fazer a pergunta, mesmo antes de conhecer Jesus: “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?” Mas Natanael não era obstinado, mesmo sendo orgulhoso. Ele foi rápido em reverter assim que olhou para o rosto de Jesus.
139:6.4 (1558.5) Em muitos aspectos Natanael era o gênio excêntrico dos doze. Ele era o filósofo e sonhador apostólico, mas era um tipo de sonhador muito prático. Alternava entre temporadas de filosofia profunda e períodos de humor raro e engraçado; quando estava de bom humor, era provavelmente o melhor contador de histórias entre os doze. Jesus gostava imenso de ouvir Natanael discorrendo sobre coisas tanto sérias como frívolas. Natanael progressivamente levou Jesus e o reino mais a sério, mas nunca se levou a sério.
139:6.5 (1558.6) Todos os apóstolos amavam e respeitavam Natanael, e ele se dava esplendidamente com eles, com exceção de Judas Iscariotes. Judas não achava que Natanael levasse o seu apostolado suficientemente a sério e certa vez teve a ousadia de ir secretamente a Jesus e apresentar queixa contra ele. Jesus disse: “Judas, observe cuidadosamente os seus passos; não extrapole demais do seu cargo. Quem de nós é competente para julgar seu irmão? Não é a vontade do Pai que seus filhos participem apenas das coisas sérias da vida. Deixe-me repetir: eu vim para que meus irmãos na carne tenham alegria, contentamento e vida mais abundantemente. Vá então, Judas, e faça bem o que lhe foi confiado, mas deixe Natanael, seu irmão, prestar contas de si mesmo a Deus”. E a memória disso, junto com a de muitas experiências semelhantes, viveu por muito tempo no coração autoiludido de Judas Iscariotes.
139:6.6 (1559.1) Muitas vezes, quando Jesus estava na montanha com Pedro, Tiago e João, e as coisas estavam ficando tensas e complicadas entre os apóstolos, quando até mesmo André estava em dúvida sobre o que dizer aos seus desconsolados irmãos, Natanael aliviaria a tensão com um pouco de filosofia ou um lampejo de humor; bom humor também.
139:6.7 (1559.2) O dever de Natanael era cuidar das famílias dos doze. Ele estava frequentemente ausente dos concílios apostólicos, pois quando ouvia que uma doença ou algo fora do comum havia acontecido com um de seus tutelados, ele não perdia tempo em chegar àquele lar. Os doze repousavam tranquilamente na certeza de que o bem-estar de suas famílias estava garantido nas mãos de Natanael.
139:6.8 (1559.3) Natanael reverenciava Jesus sobretudo pela sua tolerância. Ele nunca se cansava de contemplar a abertura de espírito e a generosa compaixão do Filho do Homem.
139:6.9 (1559.4) O pai de Natanael (Bartolomeu) morreu pouco depois do Pentecostes, após o que este apóstolo foi à Mesopotâmia e à Índia proclamando as boas novas do reino e batizando os crentes. Seus irmãos nunca souberam o que foi feito do seu antigo filósofo, poeta e humorista. Mas ele também foi um grande homem no reino e fez muito para divulgar os ensinamentos do seu Mestre, embora não tenha participado na organização da igreja cristã subsequente. Nathaniel morreu na Índia.
7. Mateus Levi
139:7.1 (1559.5) Mateus, o sétimo apóstolo, foi escolhido por André. Mateus pertencia a uma família de coletores de impostos, ou publicanos, mas ele mesmo era coletor de alfândega em Cafarnaum, onde morava. Tinha 31 anos, era casado e tinha quatro filhos. Era um homem de riqueza moderada, o único com recursos pertencente ao corpo apostólico. Era um bom homem de negócios, um bom socializador e era dotado da capacidade de fazer amigos e de se relacionar bem com uma grande variedade de pessoas.
139:7.2 (1559.6) André nomeou Mateus como representante financeiro dos apóstolos. De certa forma ele era o agente fiscal e porta-voz publicitário da organização apostólica. Era um juiz perspicaz da natureza humana e um propagandista muito eficiente. A personalidade dele é difícil de visualizar, mas era um discípulo muito sincero e cada vez mais crente na missão de Jesus e na certeza do reino. Jesus nunca deu uma alcunha a Levi, mas seus colegas apóstolos geralmente se referiam a ele como o “angariador de dinheiro”.
139:7.3 (1559.7) O ponto forte de Levi era a sua devoção de todo o coração à causa. O fato de ele, publicano, ter sido acolhido por Jesus e seus apóstolos foi motivo de enorme gratidão por parte do antigo coletor de impostos. No entanto, foi necessário algum tempo para que o restante dos apóstolos, especialmente Simão Zelotes e Judas Iscariotes, se reconciliassem com a presença do publicano no meio deles. A fraqueza de Mateus era o seu ponto de vista míope e materialista da vida. Mas em todos estes assuntos ele fez grandes progressos com o passar dos meses. Ele, é claro, teve que se ausentar de muitos dos mais preciosos períodos de instrução, pois era seu dever manter o tesouro abastecido.
139:7.4 (1559.8) Era a disposição perdoadora do Mestre que Mateus mais apreciava. Ele nunca parava de contar que a fé só era necessária na questão para encontrar Deus. Ele sempre gostava de falar do reino como “esta questão de encontrar Deus”.
139:7.5 (1560.1) Embora Mateus fosse um homem com um passado, ele se saiu de modo primoroso e, com o passar do tempo, os seus associados ficaram orgulhosos dos desempenhos do publicano. Ele foi um dos apóstolos que fez extensas anotações sobre as falas de Jesus, e estas notas foram usadas como base da narrativa subsequente de Isador sobre as falas e atos de Jesus, que ficou conhecida como o Evangelho segundo Mateus.
139:7.6 (1560.2) A grande e útil vida de Mateus, o homem de negócios e coletor da alfândega de Cafarnaum, tem sido o meio de conduzir milhares e milhares de outros homens de negócios, funcionários públicos e políticos, ao longo das eras subsequentes, também a ouvirem aquela voz envolvente do Mestre dizendo: “Siga-me”. Mateus era realmente um político astuto, mas era intensamente leal a Jesus e supremamente dedicado à tarefa de garantir que os mensageiros do reino vindouro fossem adequadamente financiados.
139:7.7 (1560.3) A presença de Mateus entre os doze foi o meio de manter as portas do reino bem abertas para hostes de almas desanimadas e marginalizadas, que há muito se consideravam fora dos limites da consolação religiosa. Homens e mulheres excluídos e desesperados amontoavam-se para ouvir Jesus, e ele nunca rejeitou ninguém.
139:7.8 (1560.4) Mateus recebia ofertas voluntariamente cedidas pelos discípulos crentes e pelos ouvintes imediatos dos ensinamentos do Mestre, mas nunca solicitou abertamente fundos às multidões. Ele fez todo o seu trabalho financeiro de maneira discreta e pessoal e levantou a maior parte do dinheiro entre a classe mais abonada de crentes interessados. Ele deu praticamente toda a sua modesta fortuna ao trabalho do Mestre e dos seus apóstolos, mas eles nunca souberam desta generosidade, exceto Jesus, que sabia tudo sobre isso. Mateus hesitou abertamente em contribuir para os fundos apostólicos por medo de que Jesus e os seus companheiros pudessem considerar o seu dinheiro contaminado; então ele doou muito em nome de outros crentes. Durante os primeiros meses, quando Mateus sabia que a sua presença entre eles era mais ou menos uma provação, ele foi fortemente tentado a dizer-lhes que os seus fundos muitas vezes lhes supriam o pão de cada dia, mas não cedeu. Quando a evidência do desdém ao publicano se tornasse manifesta, Levi ardia em revelar-lhes a sua generosidade, mas sempre conseguia manter-se calado.
139:7.9 (1560.5) Quando os fundos para a semana estavam aquém das necessidades estimadas, Levi muitas vezes recorreu pesadamente aos seus próprios recursos pessoais. Além disso, às vezes, quando ficava muito interessado no ensinamento de Jesus, preferia permanecer e ouvir as instruções, mesmo sabendo que teria de compensar pessoalmente a sua falha em solicitar os fundos necessários. Mas Levi tanto queria que Jesus soubesse que grande parte do dinheiro vinha do seu bolso! Mal ele imaginava que o Mestre sabia tudo sobre isso. Todos os apóstolos morreram sem saber que Mateus era seu benfeitor a tal ponto que, quando saiu para proclamar o evangelho do reino após o início das perseguições, estava praticamente sem dinheiro.
139:7.10 (1560.6) Quando estas perseguições fizeram com que os crentes abandonassem Jerusalém, Mateus viajou para o norte, pregando o evangelho do reino e batizando os crentes. Ele estava perdido para o conhecimento de seus antigos companheiros apostólicos, mas lá continuou pregando e batizando, através da Síria, Capadócia, Galácia, Bitínia e Trácia. E foi na Trácia, em Lisimáquia, que certos judeus incrédulos conspiraram com os soldados romanos para produzir a sua morte. E este publicano regenerado morreu triunfante na fé de uma salvação que ele tão seguramente aprendera com os ensinamentos do Mestre durante sua recente estada na Terra.
8. Tomé Dídimo
139:8.1 (1561.1) Tomé foi o oitavo apóstolo e foi escolhido por Filipe. Mais tarde, ele se tornou conhecido como “o incrédulo Tomé”, mas seus companheiros apóstolos dificilmente o consideravam um incrédulo crônico. É verdade que ele tinha uma mente lógica e cética, mas tinha uma forma de lealdade corajosa que proibia aqueles que o conheciam intimamente de considerá-lo um cético mesquinho.
139:8.2 (1561.2) Quando Tomé se juntou aos apóstolos tinha 29 anos de idade, era casado e tinha quatro filhos. Anteriormente, ele havia sido carpinteiro e pedreiro, mas recentemente se tornara pescador e residia em Tariqueia, situada na margem oeste do Jordão, onde este deságua no Mar da Galileia, e era considerado o principal cidadão desta pequena aldeia. Ele teve pouca educação, mas possuía uma mente perspicaz e racional e era filho de excelentes pais, que moravam em Tiberíades. Tomé tinha a única mente verdadeiramente analítica dos doze; ele era o verdadeiro cientista do grupo apostólico.
139:8.3 (1561.3) O início da vida doméstica de Tomé foi desafortunado; seus pais não eram totalmente felizes na vida de casados, e isto se refletiu na experiência adulta de Tomé. Ele cresceu com uma disposição muito desagradável e briguenta. Até sua esposa ficou feliz em vê-lo juntar-se aos apóstolos; ela ficou aliviada ao pensar que seu marido pessimista ficaria longe de casa a maior parte do tempo. Tomé também tinha um traço de desconfiança que tornava muito difícil conviver pacificamente com ele. Pedro ficou muito aborrecido com Tomé no início, reclamando com seu irmão, André, que Tomé era “malvado, desagradável e sempre desconfiado”. Mas quanto melhor seus companheiros conheciam Tomé, mais gostavam dele. Descobriram que ele era primorosamente honesto e inabalavelmente leal. Ele era perfeitamente sincero e inquestionavelmente verdadeiro, mas era um crítico nato e cresceu para se tornar um verdadeiro pessimista. Sua mente analítica tornara-se amaldiçoada pela desconfiança. Ele estava perdendo rapidamente a fé em seus semelhantes quando se associou aos doze e assim entrou em contato com o caráter nobre de Jesus. Esta associação com o Mestre começou imediatamente a transformar o caráter inteiro de Tomé e a efetuar grandes mudanças em suas reações mentais para com seus semelhantes.
139:8.4 (1561.4) A grande força de Tomé era a sua primorosa mente analítica, aliada à sua coragem inabalável – quando ele já havia tomado uma decisão. Sua grande fraqueza era a sua dúvida pela desconfiança, que ele nunca superou plenamente durante a sua vida inteira na carne.
139:8.5 (1561.5) Na organização dos doze Tomé foi designado para organizar e administrar o itinerário, e ele foi um hábil diretor do trabalho e dos movimentos do corpo apostólico. Era um bom executivo, um excelente homem de negócios, mas era prejudicado por seus muitos humores; era um homem num dia e outro homem no dia seguinte. Estava inclinado a meditações melancólicas quando se juntou aos apóstolos, mas o contato com Jesus e os apóstolos o curou em grande parte desta introspecção mórbida.
139:8.6 (1561.6) Jesus gostava muito de Tomé e teve muitas conversas pessoais e longas com ele. Sua presença entre os apóstolos era um grande conforto para todos os céticos honestos e encorajou muitas mentes perturbadas a entrar no reino, mesmo que não conseguissem compreender integralmente tudo sobre as fases espirituais e filosóficas dos ensinamentos de Jesus. O fato de Tomé ser membro dos doze era uma declaração permanente de que Jesus amava até mesmo os céticos honestos.
139:8.7 (1562.1) Os outros apóstolos reverenciavam Jesus por causa de algum traço especial e marcante da sua personalidade plena, mas Tomé reverenciava o seu Mestre por causa do seu caráter excelsamente equilibrado. Cada vez mais, Tomé admirava e honrava alguém que era tão amorosamente misericordioso, mas tão inflexivelmente justo e imparcial; tão firme, mas nunca obstinado; tão calmo, mas nunca indiferente; tão prestativo e tão compassivo, mas nunca intrometido ou ditatorial; tão forte mas ao mesmo tempo tão gentil; tão positivo, mas nunca grosseiro ou rude; tão terno, mas nunca vacilante; tão puro e inocente, mas ao mesmo tempo tão viril, dinâmico e enérgico; tão verdadeiramente corajoso, mas nunca precipitado ou imprudente; um grande amante da natureza, mas tão livre de toda tendência de reverenciar a natureza; tão bem-humorado e tão brincalhão, mas tão isento de leviandade e frivolidade. Era esta incomparável simetria de personalidade que tanto encantou Tomé. Ele provavelmente desfrutou da mais elevada compreensão intelectual e apreciação da personalidade de Jesus entre todos os doze.
139:8.8 (1562.2) Nos conselhos dos doze, Tomé sempre foi cauteloso, defendendo primeiro uma diretriz de segurança, mas se o seu conservadorismo fosse rejeitado ou sobrepujado, ele era sempre o primeiro a avançar destemidamente na execução do programa decidido. Repetidas vezes ele se destacaria contra algum projeto como sendo imprudente e presunçoso; ele debateria até o amargo fim, mas quando André colocasse a proposta em votação, e depois que os doze decidissem fazer aquilo a que ele se opusera tão veementemente, Tomé era o primeiro a dizer: “Vamos!” Era um bom perdedor. Não guardava rancor nem alimentava sentimentos de mágoa. Repetidas vezes ele se opôs a deixar Jesus se expor ao perigo, mas quando o Mestre decidia correr tais riscos, era sempre Tomé quem animava os apóstolos com as suas palavras corajosas: “Vamos, camaradas, vamos morrer com ele”.
139:8.9 (1562.3) Tomé era, em alguns aspectos, como Filipe; ele também queria “que lhe fosse mostrado”, mas suas expressões externas de dúvida baseavam-se em operações intelectuais totalmente diferentes. Tomé era analítico, não meramente cético. No que diz respeito à coragem física pessoal, ele era um dos mais valentes entre os doze.
139:8.10 (1562.4) Tomé tinha alguns dias muito maus; ficava triste e abatido às vezes. A perda de sua irmã gêmea quando tinha 9 anos causou-lhe muita tristeza juvenil e aumentou seus problemas de temperamento na vida adulta. Quando Tomé ficava desanimado, às vezes era Natanael quem o ajudava a se recuperar, às vezes Pedro, e não raramente um dos gêmeos Alfeu. Quando estava mais deprimido, infelizmente sempre tentava evitar o contato direto com Jesus. Mas o Mestre sabia tudo sobre isto e tinha uma compaixão compreensiva por seu apóstolo quando ele estava assim afligido pela depressão e atormentado por dúvidas.
139:8.11 (1562.5) Às vezes Tomé obtinha permissão de André para sair sozinho por um ou dois dias. Mas logo aprendeu que tal atitude não era sábia; depressa descobriu que era melhor, quando estava desanimado, manter-se próximo de seu trabalho e de seus companheiros. Mas não importa o que acontecesse em sua vida emocional, ele continuava sendo um apóstolo. Quando chegava a hora de fato de seguir em frente, era sempre Tomé quem dizia: “Vamos!”
139:8.12 (1562.6) Tomé é o grande exemplo de um ser humano que tem dúvidas, enfrenta-as e vence. Ele tinha uma mente excelente; não era um crítico queixoso. Era um pensador lógico; ele foi o teste decisivo para Jesus e seus companheiros apóstolos. Se Jesus e sua obra não tivessem sido genuínos, não poderiam ter sustentado um homem como Tomé do início ao fim. Ele tinha um senso de fato aguçado e seguro. Ao primeiro despontar de fraude ou engano, Tomé teria abandonado todos eles. Os cientistas podem não compreender completamente tudo sobre Jesus e o seu trabalho na Terra, mas viveu e trabalhou com o Mestre e os seus companheiros humanos um homem cuja mente era a de um verdadeiro cientista – Tomé Dídimo – e ele acreditava em Jesus de Nazaré.
139:8.13 (1563.1) Tomé passou por momentos árduos durante os dias do julgamento e da crucificação. Ficou por um tempo nas profundezas do desespero, mas reuniu coragem, apegou-se aos apóstolos e esteve presente com eles para dar as boas-vindas a Jesus no Mar da Galileia. Por um tempo, ele sucumbiu à depressão das dúvidas, mas finalmente reuniu sua fé e coragem. Deu conselhos sábios aos apóstolos depois de Pentecostes e, quando a perseguição dispersou os crentes, foi a Chipre, Creta, à costa norte-africana e à Sicília, pregando as boas novas do reino e batizando os crentes. E Tomé continuou a pregar e a batizar até ser detido pelos agentes do governo romano e condenado à morte em Malta. Apenas algumas semanas antes de sua morte iniciara a escrita da vida e ensinamentos de Jesus.
9. e 10. Tiago e Judas Alfeu
139:10.1 (1563.2) Tiago e Judas, filhos de Alfeu, os pescadores gêmeos que viviam perto de Queresa, foram o nono e o décimo apóstolos e foram escolhidos por Tiago e João Zebedeu. Eles tinham 26 anos e eram casados, Tiago tinha três filhos e Judas dois.
139:10.2 (1563.3) Não há muito a ser dito sobre estes dois pescadores comuns. Eles amavam o seu Mestre e Jesus os amava, mas nunca interrompiam os seus discursos com perguntas. Eles entendiam muito pouco sobre as discussões filosóficas ou os debates teológicos dos seus companheiros apóstolos, mas regozijavam-se por se encontrarem incluídos num tal grupo de homens poderosos. Estes dois homens eram quase idênticos em aparência pessoal, características mentais e extensão de percepção espiritual. O que pode ser dito de um deve ser registrado do outro.
139:10.3 (1563.4) André designou-os para o trabalho de policiar as multidões. Eles eram os principais organizadores das horas de pregação e, de fato, os serviçais gerais e os mensageiros dos doze. Eles ajudavam Filipe com os suprimentos, levavam dinheiro para as famílias por Natanael e sempre estavam prontos para ajudar qualquer um dos apóstolos.
139:10.4 (1563.5) As multidões do povo comum eram grandemente encorajadas ao encontrar dois como eles honrados com lugares entre os apóstolos. Pela sua própria aceitação como apóstolos, estes gêmeos medíocres foram o meio de trazer uma multidão de crentes temerosos para o reino. E, também, as pessoas comuns aceitaram mais favoravelmente a ideia de serem dirigidas e gerenciadas por porteiros oficiais que eram muito parecidos com eles.
139:10.5 (1563.6) Tiago e Judas, que também eram chamados de Tadeu e Lebeu, não tinham pontos fortes nem pontos fracos. As alcunhas dadas a eles pelos discípulos eram designações bem-humoradas de mediocridade. Eram “os menores de todos os apóstolos”; eles sabiam disso e se sentiam de bom ânimo com isso.
139:10.6 (1563.7) Tiago Alfeu amava Jesus especialmente por causa da simplicidade do Mestre. Estes gêmeos não conseguiam compreender a mente de Jesus, mas de fato captaram o vínculo compassivo entre eles e o coração de seu Mestre. Suas mentes não eram de alto nível; eles podem até ser reverentemente chamados de lerdos, mas tiveram uma experiência real em sua natureza espiritual. Eles acreditavam em Jesus; eles eram filhos de Deus e companheiros do reino.
139:10.7 (1564.1) Judas Alfeu era atraído para Jesus por causa da humildade sem ostentação do Mestre. Tal humildade ligada a tal dignidade pessoal exercia um grande encanto em Judas. O fato de Jesus sempre instruir silêncio em relação aos seus atos incomuns causava uma grande impressão neste filho simples da natureza.
139:10.8 (1564.2) Os gêmeos eram ajudantes de boa índole e simplórios, e todos os amavam. Jesus acolheu estes jovens de um talento em posições de honra na sua equipe pessoal no reino porque há incontáveis milhões de outras almas simples e tomadas de medo nos mundos do espaço a quem ele também deseja acolher em comunhão ativa e crente consigo mesmo e seu Espírito de Verdade derramado. Jesus não menospreza a pequenez, apenas o mal e o pecado. Tiago e Judas eram pequenos, mas também fiéis. Eram simples e ignorantes, mas também tinham um grande coração, eram gentis e generosos.
139:10.9 (1564.3) E quão gratos e orgulhosos ficaram estes homens humildes naquele dia em que o Mestre se recusou a aceitar um certo homem rico como evangelista, a menos que ele vendesse os seus bens e ajudasse os pobres. Quando as pessoas ouviram isto e contemplaram os gêmeos entre seus conselheiros, tiveram a certeza de que Jesus não fazia acepção de pessoas. Mas apenas uma instituição divina – o reino do céu – poderia ter sido edificada sobre um fundamento humano tão medíocre!
139:10.10 (1564.4) Apenas uma ou duas vezes, em toda a sua associação com Jesus, os gêmeos se aventuraram a fazer perguntas em público. Certa vez, Judas ficou intrigado em fazer uma pergunta a Jesus quando o Mestre falou sobre revelar-se abertamente ao mundo. Ele ficou um pouco desapontado por não haver mais segredos apenas para os doze, e ousou perguntar: “Mas, Mestre, quando você se declarar assim ao mundo, como você nos favorecerá com manifestações especiais de sua bondade?”
139:10.11 (1564.5) Os gêmeos serviram fielmente até o fim, até os dias sombrios da provação, da crucificação e do desespero. Eles nunca perderam a fé em Jesus e (exceto João) foram os primeiros a acreditar em sua ressurreição. Mas não conseguiram compreender o estabelecimento do reino. Logo depois que seu Mestre foi crucificado, eles voltaram para suas famílias e redes; seu trabalho estava feito. Eles não tinham a capacidade de continuar nas batalhas mais complexas do reino. Mas viveram e morreram conscientes de terem sido honrados e abençoados com quatro anos de associação íntima e pessoal com um Filho de Deus, o criador soberano de um universo.
11. Simão o Zelote
139:11.1 (1564.6) Simão Zelote, o décimo primeiro apóstolo, foi escolhido por Simão Pedro. Era um homem capaz e de boa ancestralidade e morava com sua família em Cafarnaum. Tinha 28 anos quando se vinculou aos apóstolos. Era um agitador ardente e também um homem que falava muito sem pensar. Havia sido mercador em Cafarnaum antes de voltar toda a sua atenção para a organização patriótica dos zelotes.
139:11.2 (1564.7) Simão Zelote foi encarregado das diversões e do relaxamento do grupo apostólico, e era um organizador muito eficiente da vida lúdica e das atividades recreativas dos doze.
139:11.3 (1564.8) A força de Simão era a sua lealdade inspiradora. Quando os apóstolos encontravam um homem ou uma mulher que se debatesse na indecisão sobre entrar no reino, eles mandavam chamar Simão. Geralmente, eram necessários apenas cerca de quinze minutos para que este entusiasta defensor da salvação através da fé em Deus resolvesse todas as dúvidas e removesse toda a indecisão, para ver uma nova alma nascer na “liberdade da fé e na alegria da salvação”.
139:11.4 (1565.1) A grande fraqueza de Simão era a sua mentalidade material. Ele não conseguiria mudar rapidamente de um nacionalista judeu para um internacionalista de mentalidade espiritual. Quatro anos foi um tempo curto demais para realizar tal transformação intelectual e emocional, mas Jesus sempre foi paciente com ele.
139:11.5 (1565.2) A única coisa em Jesus que Simão tanto admirava era a calma do Mestre, a sua segurança, equilíbrio e compostura inexplicável.
139:11.6 (1565.3) Embora Simão fosse um revolucionário inflamado, um incendiário destemido de agitação, ele gradualmente subjugou a sua natureza impetuosa até se tornar um pregador poderoso e eficaz da “Paz na Terra e boa vontade entre os homens”. Simão era um grande debatedor; ele de fato gostava de discutir. E quando se tratava de lidar com as mentes legalistas dos judeus instruídos ou com as questiúnculas intelectuais dos gregos, a tarefa era sempre atribuída a Simão.
139:11.7 (1565.4) Ele era um rebelde por natureza e um iconoclasta por formação, mas Jesus o conquistou para os conceitos mais elevados do reino do céu. Ele sempre se havia identificado com o partido do protesto, mas agora juntou-se ao partido do progresso, progressão ilimitada e eterna do espírito e da verdade. Simão era um homem de lealdades intensas e devoções pessoais calorosas, e de fato amava Jesus profundamente.
139:11.8 (1565.5) Jesus não tinha medo de identificar-se com homens de negócios, operários, otimistas, pessimistas, filósofos, céticos, publicanos, políticos e patriotas.
139:11.9 (1565.6) O Mestre teve muitas conversas com Simão, mas nunca conseguiu transformar plenamente este fervoroso nacionalista judeu em internacionalista. Jesus disse muitas vezes a Simão que era apropriado querer ver melhoradas as ordens social, econômica e política, mas acrescentava sempre: “Esse não é o trabalho do reino do céu. Temos que estar dedicados a fazer a vontade do Pai. Nosso trabalho é sermos embaixadores de um governo espiritual nas alturas, e não podemos nos preocupar imediatamente com nada além da representação da vontade e do caráter do Pai divino, que está à frente do governo cujas credenciais carregamos”. Foi tudo difícil para Simão compreender, mas gradualmente ele começou a compreender algo do significado do ensinamento do Mestre.
139:11.10 (1565.7) Após a dispersão por causa das perseguições em Jerusalém, Simão retirou-se temporariamente. Ele estava literalmente esmagado. Como patriota nacionalista, havia se rendido em deferência aos ensinamentos de Jesus; agora tudo estava perdido. Ele estava desesperado, mas em poucos anos reuniu suas esperanças e saiu para proclamar o evangelho do reino.
139:11.11 (1565.8) Ele foi para Alexandria e, depois de trabalhar Nilo acima, penetrou no coração da África, pregando por toda parte o evangelho de Jesus e batizando os crentes. Assim trabalhou até ficar velho e fraco. E morreu e foi enterrado no coração da África.
12. Judas Iscariotes
139:12.1 (1565.9) Judas Iscariotes, o décimo segundo apóstolo, foi escolhido por Natanael. Ele nasceu em Queriote, uma pequena cidade no sul da Judeia. Quando era um rapaz, seus pais se mudaram para Jericó, onde morou e trabalhou em vários empreendimentos comerciais de seu pai até se interessar pela pregação e obra de João Batista. Os pais de Judas eram saduceus e, quando o filho deles se juntou aos discípulos de João, eles o repudiaram.
139:12.2 (1566.1) Quando Natanael conheceu Judas em Tariqueia, ele procurava emprego numa empresa de secagem de peixe, na extremidade inferior do Mar da Galileia. Tinha 30 anos e era solteiro quando se juntou aos apóstolos. Era provavelmente o homem mais instruído entre os doze e o único judeu na família apostólica do Mestre. Judas não tinha nenhum traço notável de força pessoal, embora tivesse muitos traços de cultura e hábitos de formação aparentes externamente. Era um bom pensador, mas nem sempre um pensador verdadeiramente honesto. Judas realmente não se entendia; não era realmente sincero ao lidar consigo mesmo.
139:12.3 (1566.2) André nomeou Judas como tesoureiro dos doze, uma posição que ele estava eminentemente preparado para ocupar, e até o momento da traição ao seu Mestre ele cumpriu as responsabilidades do seu cargo com honestidade, fidelidade e eficiência.
139:12.4 (1566.3) Não havia nenhum traço especial em Jesus que Judas admirasse acima da personalidade geralmente atraente e extraordinariamente encantadora do Mestre. Judas nunca foi capaz de superar seus preconceitos judaicos contra seus companheiros galileus; ele até criticava mentalmente muitas coisas sobre Jesus. Aquele a quem onze dos apóstolos consideravam o homem perfeito, como “aquele totalmente amável e o principal entre dez mil”, este judeu satisfeito consigo mesmo muitas vezes ousava criticar em seu próprio coração. Ele realmente nutria a ideia de que Jesus era tímido e algo receoso de afirmar seu próprio poder e autoridade.
139:12.5 (1566.4) Judas era um bom homem de negócios. Era necessário tato, habilidade e paciência, bem como devoção meticulosa, para administrar os assuntos financeiros de um idealista como Jesus, para não falar da luta com os métodos de negócios desordenados de alguns de seus apóstolos. Judas era realmente um grande executivo, um financista previdente e capaz. E era um defensor da organização. Nenhum dos doze jamais criticava Judas. Até onde podiam ver, Judas Iscariotes era um tesoureiro incomparável, um homem erudito, um apóstolo leal (embora às vezes crítico) e, em todos os sentidos da palavra, um grande êxito. Os apóstolos amavam Judas; ele era realmente um deles. Ele teve que ter acreditado em Jesus, mas duvidamos que ele realmente amasse o Mestre de todo o coração. O caso de Judas ilustra a veracidade deste ditado: “Há caminho que ao homem parece direito, mas o seu fim é a morte”. É perfeitamente possível ser vítima da ilusão pacífica do ajustamento agradável aos caminhos do pecado e da morte. Tenham certeza de que Judas sempre foi financeiramente leal ao seu Mestre e aos seus companheiros apóstolos. O dinheiro nunca poderia ter sido o motivo da sua traição ao Mestre.
139:12.6 (1566.5) Judas era filho único de pais insensatos. Quando muito jovem, ele era adulado e afagado; foi uma criança mimada. À medida que crescia, tinha ideias exageradas sobre sua autoimportância. Era um péssimo perdedor. Tinha ideias vagas e distorcidas sobre justiça; era dado à indulgência do ódio e da desconfiança. Era um especialista em má interpretação das palavras e atos de seus amigos. Durante toda a sua vida, Judas cultivou o hábito de se vingar daqueles que ele imaginava que o tivessem maltratado. Seu senso de valores e lealdades era deficiente.
139:12.7 (1566.6) Para Jesus, Judas era uma aventura de fé. Desde o início o Mestre compreendeu plenamente a fraqueza deste apóstolo e conhecia bem os perigos de admiti-lo na comunidade. Mas é da natureza dos Filhos de Deus dar a cada ser criado uma oportunidade plena e igual de salvação e sobrevivência. Jesus queria que não apenas os mortais deste mundo, mas também os espectadores de inúmeros outros mundos soubessem que, quando existem dúvidas quanto à sinceridade e boa-fé da devoção de uma criatura ao reino, é prática invariável dos Juízes dos homens receber plenamente o candidato em dúvida. A porta da vida eterna está aberta a todos; “quem quiser pode vir”; não há restrições ou qualificações exceto a fé daquele que vem.
139:12.8 (1567.1) Esta é exatamente a razão pela qual Jesus permitiu que Judas fosse até o fim, sempre fazendo todo o possível para transformar e salvar este apóstolo fraco e confuso. Mas quando a luz não é recebida e vivida honestamente, ela tende a se tornar trevas dentro da alma. Judas cresceu intelectualmente em relação aos ensinamentos de Jesus sobre o reino, mas não fez progresso na aquisição de caráter espiritual como fizeram os outros apóstolos. Ele falhou em fazer progresso pessoal satisfatório na experiência espiritual.
139:12.9 (1567.2) Judas deixou crescer cada vez mais o desapontamento pessoal e, finalmente, tornou-se uma vítima do ressentimento. Seus sentimentos tinham sido muitas vezes feridos e sua desconfiança pelos seus melhores amigos cresceu anormalmente, até mesmo pelo Mestre. Então ele ficou obcecado com a ideia de ter desforra, qualquer coisa para se vingar, sim, até mesmo a traição a seus companheiros e ao seu Mestre.
139:12.10 (1567.3) Mas estas ideias perversas e perigosas não tomaram forma definitiva até o dia em que uma mulher agradecida quebrou uma dispendiosa caixa de incenso aos pés de Jesus. Isto pareceu um desperdício para Judas, e quando o seu protesto público foi tão amplamente rechaçado por Jesus, ali mesmo, aos ouvidos de todos, foi demais. Esse acontecimento determinou a mobilização de todo o ódio, mágoa, malícia, preconceito, ciúme e vingança acumulados durante toda a vida, e ele decidiu se vingar de não sabia quem; mas cristalizou todo o mal de sua natureza sobre a única pessoa inocente em todo o drama sórdido de sua vida desafortunada só porque Jesus foi o ator principal no episódio que marcou sua passagem do reino progressivo da luz para aquele autoescolhido domínio das trevas.
139:12.11 (1567.4) Muitas vezes o Mestre, tanto em privado quanto publicamente, tinha advertido Judas de que ele estava escorregando, mas as advertências divinas são geralmente inúteis quando se trata de lidar com a natureza humana amargurada. Jesus fez todo o possível, de acordo com a liberdade moral do homem, para evitar que Judas escolhesse seguir o caminho errado. O grande teste finalmente chegou. O filho do ressentimento falhou; ele cedeu aos ditames amargos e sórdidos de uma mente orgulhosa e vingativa de autoimportância exagerada e rapidamente mergulhou na confusão, no desespero e na perversão.
139:12.12 (1567.5) Judas então entrou na intriga vil e vergonhosa para trair o seu Senhor e Mestre e rapidamente pôs em prática o esquema nefasto. Durante a execução de seus planos de traição concebidos pela raiva, ele experimentou momentos de arrependimento e vergonha, e nestes intervalos lúcidos ele concebeu timidamente, como uma defesa em sua própria mente, a ideia de que Jesus poderia exercer seu poder e libertar-se no último momento.
139:12.13 (1567.6) Quando todo o negócio sórdido e pecaminoso terminou, este mortal renegado, que pensou levianamente em vender o seu amigo por trinta moedas de prata para satisfazer o seu desejo de vingança há muito nutrido, saiu correndo e cometeu o ato final no drama de fugir das realidades da existência mortal – o suicídio.
139:12.14 (1567.7) Os onze apóstolos ficaram horrorizados e atordoados. Jesus considerou o traidor apenas com pena. Os mundos têm achado difícil perdoar Judas, e seu nome tem sido evitado em todo um vastíssimo universo.
Paper 139
The Twelve Apostles
139:0.1 (1548.1) IT IS an eloquent testimony to the charm and righteousness of Jesus’ earth life that, although he repeatedly dashed to pieces the hopes of his apostles and tore to shreds their every ambition for personal exaltation, only one deserted him.
139:0.2 (1548.2) The apostles learned from Jesus about the kingdom of heaven, and Jesus learned much from them about the kingdom of men, human nature as it lives on Urantia and on the other evolutionary worlds of time and space. These twelve men represented many different types of human temperament, and they had not been made alike by schooling. Many of these Galilean fishermen carried heavy strains of gentile blood as a result of the forcible conversion of the gentile population of Galilee one hundred years previously.
139:0.3 (1548.3) Do not make the mistake of regarding the apostles as being altogether ignorant and unlearned. All of them, except the Alpheus twins, were graduates of the synagogue schools, having been thoroughly trained in the Hebrew scriptures and in much of the current knowledge of that day. Seven were graduates of the Capernaum synagogue schools, and there were no better Jewish schools in all Galilee.
139:0.4 (1548.4) When your records refer to these messengers of the kingdom as being “ignorant and unlearned,” it was intended to convey the idea that they were laymen, unlearned in the lore of the rabbis and untrained in the methods of rabbinical interpretation of the Scriptures. They were lacking in so-called higher education. In modern times they would certainly be considered uneducated, and in some circles of society even uncultured. One thing is certain: They had not all been put through the same rigid and stereotyped educational curriculum. From adolescence on they had enjoyed separate experiences of learning how to live.
1. Andrew, the First Chosen
139:1.1 (1548.5) Andrew, chairman of the apostolic corps of the kingdom, was born in Capernaum. He was the oldest child in a family of five—himself, his brother Simon, and three sisters. His father, now dead, had been a partner of Zebedee in the fish-drying business at Bethsaida, the fishing harbor of Capernaum. When he became an apostle, Andrew was unmarried but made his home with his married brother, Simon Peter. Both were fishermen and partners of James and John the sons of Zebedee.
139:1.2 (1548.6) In a.d. 26, the year he was chosen as an apostle, Andrew was 33, a full year older than Jesus and the oldest of the apostles. He sprang from an excellent line of ancestors and was the ablest man of the twelve. Excepting oratory, he was the peer of his associates in almost every imaginable ability. Jesus never gave Andrew a nickname, a fraternal designation. But even as the apostles soon began to call Jesus Master, so they also designated Andrew by a term the equivalent of Chief.
139:1.3 (1549.1) Andrew was a good organizer but a better administrator. He was one of the inner circle of four apostles, but his appointment by Jesus as the head of the apostolic group made it necessary for him to remain on duty with his brethren while the other three enjoyed very close communion with the Master. To the very end Andrew remained dean of the apostolic corps.
139:1.4 (1549.2) Although Andrew was never an effective preacher, he was an efficient personal worker, being the pioneer missionary of the kingdom in that, as the first chosen apostle, he immediately brought to Jesus his brother, Simon, who subsequently became one of the greatest preachers of the kingdom. Andrew was the chief supporter of Jesus’ policy of utilizing the program of personal work as a means of training the twelve as messengers of the kingdom.
139:1.5 (1549.3) Whether Jesus privately taught the apostles or preached to the multitude, Andrew was usually conversant with what was going on; he was an understanding executive and an efficient administrator. He rendered a prompt decision on every matter brought to his notice unless he deemed the problem one beyond the domain of his authority, in which event he would take it straight to Jesus.
139:1.6 (1549.4) Andrew and Peter were very unlike in character and temperament, but it must be recorded everlastingly to their credit that they got along together splendidly. Andrew was never jealous of Peter’s oratorical ability. Not often will an older man of Andrew’s type be observed exerting such a profound influence over a younger and talented brother. Andrew and Peter never seemed to be in the least jealous of each other’s abilities or achievements. Late on the evening of the day of Pentecost, when, largely through the energetic and inspiring preaching of Peter, two thousand souls were added to the kingdom, Andrew said to his brother: “I could not do that, but I am glad I have a brother who could.” To which Peter replied: “And but for your bringing me to the Master and by your steadfastness keeping me with him, I should not have been here to do this.” Andrew and Peter were the exceptions to the rule, proving that even brothers can live together peaceably and work together effectively.
139:1.7 (1549.5) After Pentecost Peter was famous, but it never irritated the older Andrew to spend the rest of his life being introduced as “Simon Peter’s brother.”
139:1.8 (1549.6) Of all the apostles, Andrew was the best judge of men. He knew that trouble was brewing in the heart of Judas Iscariot even when none of the others suspected that anything was wrong with their treasurer; but he told none of them his fears. Andrew’s great service to the kingdom was in advising Peter, James, and John concerning the choice of the first missionaries who were sent out to proclaim the gospel, and also in counseling these early leaders about the organization of the administrative affairs of the kingdom. Andrew had a great gift for discovering the hidden resources and latent talents of young people.
139:1.9 (1549.7) Very soon after Jesus’ ascension on high, Andrew began the writing of a personal record of many of the sayings and doings of his departed Master. After Andrew’s death other copies of this private record were made and circulated freely among the early teachers of the Christian church. These informal notes of Andrew’s were subsequently edited, amended, altered, and added to until they made up a fairly consecutive narrative of the Master’s life on earth. The last of these few altered and amended copies was destroyed by fire at Alexandria about one hundred years after the original was written by the first chosen of the twelve apostles.
139:1.10 (1550.1) Andrew was a man of clear insight, logical thought, and firm decision, whose great strength of character consisted in his superb stability. His temperamental handicap was his lack of enthusiasm; he many times failed to encourage his associates by judicious commendation. And this reticence to praise the worthy accomplishments of his friends grew out of his abhorrence of flattery and insincerity. Andrew was one of those all-round, even-tempered, self-made, and successful men of modest affairs.
139:1.11 (1550.2) Every one of the apostles loved Jesus, but it remains true that each of the twelve was drawn toward him because of some certain trait of personality which made a special appeal to the individual apostle. Andrew admired Jesus because of his consistent sincerity, his unaffected dignity. When men once knew Jesus, they were possessed with the urge to share him with their friends; they really wanted all the world to know him.
139:1.12 (1550.3) When the later persecutions finally scattered the apostles from Jerusalem, Andrew journeyed through Armenia, Asia Minor, and Macedonia and, after bringing many thousands into the kingdom, was finally apprehended and crucified in Patrae in Achaia. It was two full days before this robust man expired on the cross, and throughout these tragic hours he continued effectively to proclaim the glad tidings of the salvation of the kingdom of heaven.
2. Simon Peter
139:2.1 (1550.4) When Simon joined the apostles, he was thirty years of age. He was married, had three children, and lived at Bethsaida, near Capernaum. His brother, Andrew, and his wife’s mother lived with him. Both Peter and Andrew were fisher partners of the sons of Zebedee.
139:2.2 (1550.5) The Master had known Simon for some time before Andrew presented him as the second of the apostles. When Jesus gave Simon the name Peter, he did it with a smile; it was to be a sort of nickname. Simon was well known to all his friends as an erratic and impulsive fellow. True, later on, Jesus did attach a new and significant import to this lightly bestowed nickname.
139:2.3 (1550.6) Simon Peter was a man of impulse, an optimist. He had grown up permitting himself freely to indulge strong feelings; he was constantly getting into difficulties because he persisted in speaking without thinking. This sort of thoughtlessness also made incessant trouble for all of his friends and associates and was the cause of his receiving many mild rebukes from his Master. The only reason Peter did not get into more trouble because of his thoughtless speaking was that he very early learned to talk over many of his plans and schemes with his brother, Andrew, before he ventured to make public proposals.
139:2.4 (1550.7) Peter was a fluent speaker, eloquent and dramatic. He was also a natural and inspirational leader of men, a quick thinker but not a deep reasoner. He asked many questions, more than all the apostles put together, and while the majority of these questions were good and relevant, many of them were thoughtless and foolish. Peter did not have a deep mind, but he knew his mind fairly well. He was therefore a man of quick decision and sudden action. While others talked in their astonishment at seeing Jesus on the beach, Peter jumped in and swam ashore to meet the Master.
139:2.5 (1551.1) The one trait which Peter most admired in Jesus was his supernal tenderness. Peter never grew weary of contemplating Jesus’ forbearance. He never forgot the lesson about forgiving the wrongdoer, not only seven times but seventy times and seven. He thought much about these impressions of the Master’s forgiving character during those dark and dismal days immediately following his thoughtless and unintended denial of Jesus in the high priest’s courtyard.
139:2.6 (1551.2) Simon Peter was distressingly vacillating; he would suddenly swing from one extreme to the other. First he refused to let Jesus wash his feet and then, on hearing the Master’s reply, begged to be washed all over. But, after all, Jesus knew that Peter’s faults were of the head and not of the heart. He was one of the most inexplicable combinations of courage and cowardice that ever lived on earth. His great strength of character was loyalty, friendship. Peter really and truly loved Jesus. And yet despite this towering strength of devotion he was so unstable and inconstant that he permitted a servant girl to tease him into denying his Lord and Master. Peter could withstand persecution and any other form of direct assault, but he withered and shrank before ridicule. He was a brave soldier when facing a frontal attack, but he was a fear-cringing coward when surprised with an assault from the rear.
139:2.7 (1551.3) Peter was the first of Jesus’ apostles to come forward to defend the work of Philip among the Samaritans and Paul among the gentiles; yet later on at Antioch he reversed himself when confronted by ridiculing Judaizers, temporarily withdrawing from the gentiles only to bring down upon his head the fearless denunciation of Paul.
139:2.8 (1551.4) He was the first one of the apostles to make wholehearted confession of Jesus’ combined humanity and divinity and the first—save Judas—to deny him. Peter was not so much of a dreamer, but he disliked to descend from the clouds of ecstasy and the enthusiasm of dramatic indulgence to the plain and matter-of-fact world of reality.
139:2.9 (1551.5) In following Jesus, literally and figuratively, he was either leading the procession or else trailing behind—“following afar off.” But he was the outstanding preacher of the twelve; he did more than any other one man, aside from Paul, to establish the kingdom and send its messengers to the four corners of the earth in one generation.
139:2.10 (1551.6) After his rash denials of the Master he found himself, and with Andrew’s sympathetic and understanding guidance he again led the way back to the fish nets while the apostles tarried to find out what was to happen after the crucifixion. When he was fully assured that Jesus had forgiven him and knew he had been received back into the Master’s fold, the fires of the kingdom burned so brightly within his soul that he became a great and saving light to thousands who sat in darkness.
139:2.11 (1551.7) After leaving Jerusalem and before Paul became the leading spirit among the gentile Christian churches, Peter traveled extensively, visiting all the churches from Babylon to Corinth. He even visited and ministered to many of the churches which had been raised up by Paul. Although Peter and Paul differed much in temperament and education, even in theology, they worked together harmoniously for the upbuilding of the churches during their later years.
139:2.12 (1552.1) Something of Peter’s style and teaching is shown in the sermons partially recorded by Luke and in the Gospel of Mark. His vigorous style was better shown in his letter known as the First Epistle of Peter; at least this was true before it was subsequently altered by a disciple of Paul.
139:2.13 (1552.2) But Peter persisted in making the mistake of trying to convince the Jews that Jesus was, after all, really and truly the Jewish Messiah. Right up to the day of his death, Simon Peter continued to suffer confusion in his mind between the concepts of Jesus as the Jewish Messiah, Christ as the world’s redeemer, and the Son of Man as the revelation of God, the loving Father of all mankind.
139:2.14 (1552.3) Peter’s wife was a very able woman. For years she labored acceptably as a member of the women’s corps, and when Peter was driven out of Jerusalem, she accompanied him upon all his journeys to the churches as well as on all his missionary excursions. And the day her illustrious husband yielded up his life, she was thrown to the wild beasts in the arena at Rome.
139:2.15 (1552.4) And so this man Peter, an intimate of Jesus, one of the inner circle, went forth from Jerusalem proclaiming the glad tidings of the kingdom with power and glory until the fullness of his ministry had been accomplished; and he regarded himself as the recipient of high honors when his captors informed him that he must die as his Master had died—on the cross. And thus was Simon Peter crucified in Rome.
3. James Zebedee
139:3.1 (1552.5) James, the older of the two apostle sons of Zebedee, whom Jesus nicknamed “sons of thunder,” was thirty years old when he became an apostle. He was married, had four children, and lived near his parents in the outskirts of Capernaum, Bethsaida. He was a fisherman, plying his calling in company with his younger brother John and in association with Andrew and Simon. James and his brother John enjoyed the advantage of having known Jesus longer than any of the other apostles.
139:3.2 (1552.6) This able apostle was a temperamental contradiction; he seemed really to possess two natures, both of which were actuated by strong feelings. He was particularly vehement when his indignation was once fully aroused. He had a fiery temper when once it was adequately provoked, and when the storm was over, he was always wont to justify and excuse his anger under the pretense that it was wholly a manifestation of righteous indignation. Except for these periodic upheavals of wrath, James’s personality was much like that of Andrew. He did not have Andrew’s discretion or insight into human nature, but he was a much better public speaker. Next to Peter, unless it was Matthew, James was the best public orator among the twelve.
139:3.3 (1552.7) Though James was in no sense moody, he could be quiet and taciturn one day and a very good talker and storyteller the next. He usually talked freely with Jesus, but among the twelve, for days at a time he was the silent man. His one great weakness was these spells of unaccountable silence.
139:3.4 (1552.8) The outstanding feature of James’s personality was his ability to see all sides of a proposition. Of all the twelve, he came the nearest to grasping the real import and significance of Jesus’ teaching. He, too, was slow at first to comprehend the Master’s meaning, but ere they had finished their training, he had acquired a superior concept of Jesus’ message. James was able to understand a wide range of human nature; he got along well with the versatile Andrew, the impetuous Peter, and his self-contained brother John.
139:3.5 (1553.1) Though James and John had their troubles trying to work together, it was inspiring to observe how well they got along. They did not succeed quite so well as Andrew and Peter, but they did much better than would ordinarily be expected of two brothers, especially such headstrong and determined brothers. But, strange as it may seem, these two sons of Zebedee were much more tolerant of each other than they were of strangers. They had great affection for one another; they had always been happy playmates. It was these “sons of thunder” who wanted to call fire down from heaven to destroy the Samaritans who presumed to show disrespect for their Master. But the untimely death of James greatly modified the vehement temperament of his younger brother John.
139:3.6 (1553.2) That characteristic of Jesus which James most admired was the Master’s sympathetic affection. Jesus’ understanding interest in the small and the great, the rich and the poor, made a great appeal to him.
139:3.7 (1553.3) James Zebedee was a well-balanced thinker and planner. Along with Andrew, he was one of the more level-headed of the apostolic group. He was a vigorous individual but was never in a hurry. He was an excellent balance wheel for Peter.
139:3.8 (1553.4) He was modest and undramatic, a daily server, an unpretentious worker, seeking no special reward when he once grasped something of the real meaning of the kingdom. And even in the story about the mother of James and John, who asked that her sons be granted places on the right hand and the left hand of Jesus, it should be remembered that it was the mother who made this request. And when they signified that they were ready to assume such responsibilities, it should be recognized that they were cognizant of the dangers accompanying the Master’s supposed revolt against the Roman power, and that they were also willing to pay the price. When Jesus asked if they were ready to drink the cup, they replied that they were. And as concerns James, it was literally true—he did drink the cup with the Master, seeing that he was the first of the apostles to experience martyrdom, being early put to death with the sword by Herod Agrippa. James was thus the first of the twelve to sacrifice his life upon the new battle line of the kingdom. Herod Agrippa feared James above all the other apostles. He was indeed often quiet and silent, but he was brave and determined when his convictions were aroused and challenged.
139:3.9 (1553.5) James lived his life to the full, and when the end came, he bore himself with such grace and fortitude that even his accuser and informer, who attended his trial and execution, was so touched that he rushed away from the scene of James’s death to join himself to the disciples of Jesus.
4. John Zebedee
139:4.1 (1553.6) When he became an apostle, John was twenty-four years old and was the youngest of the twelve. He was unmarried and lived with his parents at Bethsaida; he was a fisherman and worked with his brother James in partnership with Andrew and Peter. Both before and after becoming an apostle, John functioned as the personal agent of Jesus in dealing with the Master’s family, and he continued to bear this responsibility as long as Mary the mother of Jesus lived.
139:4.2 (1553.7) Since John was the youngest of the twelve and so closely associated with Jesus in his family affairs, he was very dear to the Master, but it cannot be truthfully said that he was “the disciple whom Jesus loved.” You would hardly suspect such a magnanimous personality as Jesus to be guilty of showing favoritism, of loving one of his apostles more than the others. The fact that John was one of the three personal aides of Jesus lent further color to this mistaken idea, not to mention that John, along with his brother James, had known Jesus longer than the others.
139:4.3 (1554.1) Peter, James, and John were assigned as personal aides to Jesus soon after they became apostles. Shortly after the selection of the twelve and at the time Jesus appointed Andrew to act as director of the group, he said to him: “And now I desire that you assign two or three of your associates to be with me and to remain by my side, to comfort me and to minister to my daily needs.” And Andrew thought best to select for this special duty the next three first-chosen apostles. He would have liked to volunteer for such a blessed service himself, but the Master had already given him his commission; so he immediately directed that Peter, James, and John attach themselves to Jesus.
139:4.4 (1554.2) John Zebedee had many lovely traits of character, but one which was not so lovely was his inordinate but usually well-concealed conceit. His long association with Jesus made many and great changes in his character. This conceit was greatly lessened, but after growing old and becoming more or less childish, this self-esteem reappeared to a certain extent, so that, when engaged in directing Nathan in the writing of the Gospel which now bears his name, the aged apostle did not hesitate repeatedly to refer to himself as the “disciple whom Jesus loved.” In view of the fact that John came nearer to being the chum of Jesus than any other earth mortal, that he was his chosen personal representative in so many matters, it is not strange that he should have come to regard himself as the “disciple whom Jesus loved” since he most certainly knew he was the disciple whom Jesus so frequently trusted.
139:4.5 (1554.3) The strongest trait in John’s character was his dependability; he was prompt and courageous, faithful and devoted. His greatest weakness was this characteristic conceit. He was the youngest member of his father’s family and the youngest of the apostolic group. Perhaps he was just a bit spoiled; maybe he had been humored slightly too much. But the John of after years was a very different type of person than the self-admiring and arbitrary young man who joined the ranks of Jesus’ apostles when he was twenty-four.
139:4.6 (1554.4) Those characteristics of Jesus which John most appreciated were the Master’s love and unselfishness; these traits made such an impression on him that his whole subsequent life became dominated by the sentiment of love and brotherly devotion. He talked about love and wrote about love. This “son of thunder” became the “apostle of love”; and at Ephesus, when the aged bishop was no longer able to stand in the pulpit and preach but had to be carried to church in a chair, and when at the close of the service he was asked to say a few words to the believers, for years his only utterance was, “My little children, love one another.”
139:4.7 (1554.5) John was a man of few words except when his temper was aroused. He thought much but said little. As he grew older, his temper became more subdued, better controlled, but he never overcame his disinclination to talk; he never fully mastered this reticence. But he was gifted with a remarkable and creative imagination.
139:4.8 (1555.1) There was another side to John that one would not expect to find in this quiet and introspective type. He was somewhat bigoted and inordinately intolerant. In this respect he and James were much alike—they both wanted to call down fire from heaven on the heads of the disrespectful Samaritans. When John encountered some strangers teaching in Jesus’ name, he promptly forbade them. But he was not the only one of the twelve who was tainted with this kind of self-esteem and superiority consciousness.
139:4.9 (1555.2) John’s life was tremendously influenced by the sight of Jesus’ going about without a home as he knew how faithfully he had made provision for the care of his mother and family. John also deeply sympathized with Jesus because of his family’s failure to understand him, being aware that they were gradually withdrawing from him. This entire situation, together with Jesus’ ever deferring his slightest wish to the will of the Father in heaven and his daily life of implicit trust, made such a profound impression on John that it produced marked and permanent changes in his character, changes which manifested themselves throughout his entire subsequent life.
139:4.10 (1555.3) John had a cool and daring courage which few of the other apostles possessed. He was the one apostle who followed right along with Jesus the night of his arrest and dared to accompany his Master into the very jaws of death. He was present and near at hand right up to the last earthly hour and was found faithfully carrying out his trust with regard to Jesus’ mother and ready to receive such additional instructions as might be given during the last moments of the Master’s mortal existence. One thing is certain, John was thoroughly dependable. John usually sat on Jesus’ right hand when the twelve were at meat. He was the first of the twelve really and fully to believe in the resurrection, and he was the first to recognize the Master when he came to them on the seashore after his resurrection.
139:4.11 (1555.4) This son of Zebedee was very closely associated with Peter in the early activities of the Christian movement, becoming one of the chief supporters of the Jerusalem church. He was the right-hand support of Peter on the day of Pentecost.
139:4.12 (1555.5) Several years after the martyrdom of James, John married his brother’s widow. The last twenty years of his life he was cared for by a loving granddaughter.
139:4.13 (1555.6) John was in prison several times and was banished to the Isle of Patmos for a period of four years until another emperor came to power in Rome. Had not John been tactful and sagacious, he would undoubtedly have been killed as was his more outspoken brother James. As the years passed, John, together with James the Lord’s brother, learned to practice wise conciliation when they appeared before the civil magistrates. They found that a “soft answer turns away wrath.” They also learned to represent the church as a “spiritual brotherhood devoted to the social service of mankind” rather than as “the kingdom of heaven.” They taught loving service rather than ruling power—kingdom and king.
139:4.14 (1555.7) When in temporary exile on Patmos, John wrote the Book of Revelation, which you now have in greatly abridged and distorted form. This Book of Revelation contains the surviving fragments of a great revelation, large portions of which were lost, other portions of which were removed, subsequent to John’s writing. It is preserved in only fragmentary and adulterated form.
139:4.15 (1555.8) John traveled much, labored incessantly, and after becoming bishop of the Asia churches, settled down at Ephesus. He directed his associate, Nathan, in the writing of the so-called “Gospel according to John,” at Ephesus, when he was ninety-nine years old. Of all the twelve apostles, John Zebedee eventually became the outstanding theologian. He died a natural death at Ephesus in a.d. 103 when he was one hundred and one years of age.
5. Philip the Curious
139:5.1 (1556.1) Philip was the fifth apostle to be chosen, being called when Jesus and his first four apostles were on their way from John’s rendezvous on the Jordan to Cana of Galilee. Since he lived at Bethsaida, Philip had for some time known of Jesus, but it had not occurred to him that Jesus was a really great man until that day in the Jordan valley when he said, “Follow me.” Philip was also somewhat influenced by the fact that Andrew, Peter, James, and John had accepted Jesus as the Deliverer.
139:5.2 (1556.2) Philip was twenty-seven years of age when he joined the apostles; he had recently been married, but he had no children at this time. The nickname which the apostles gave him signified “curiosity.” Philip was always wanting to be shown. He never seemed to see very far into any proposition. He was not necessarily dull, but he lacked imagination. This lack of imagination was the great weakness of his character. He was a commonplace and matter-of-fact individual.
139:5.3 (1556.3) When the apostles were organized for service, Philip was made steward; it was his duty to see that they were at all times supplied with provisions. And he was a good steward. His strongest characteristic was his methodical thoroughness; he was both mathematical and systematic.
139:5.4 (1556.4) Philip came from a family of seven, three boys and four girls. He was next to the oldest, and after the resurrection he baptized his entire family into the kingdom. Philip’s people were fisherfolk. His father was a very able man, a deep thinker, but his mother was of a very mediocre family. Philip was not a man who could be expected to do big things, but he was a man who could do little things in a big way, do them well and acceptably. Only a few times in four years did he fail to have food on hand to satisfy the needs of all. Even the many emergency demands attendant upon the life they lived seldom found him unprepared. The commissary department of the apostolic family was intelligently and efficiently managed.
139:5.5 (1556.5) The strong point about Philip was his methodical reliability; the weak point in his make-up was his utter lack of imagination, the absence of the ability to put two and two together to obtain four. He was mathematical in the abstract but not constructive in his imagination. He was almost entirely lacking in certain types of imagination. He was the typical everyday and commonplace average man. There were a great many such men and women among the multitudes who came to hear Jesus teach and preach, and they derived great comfort from observing one like themselves elevated to an honored position in the councils of the Master; they derived courage from the fact that one like themselves had already found a high place in the affairs of the kingdom. And Jesus learned much about the way some human minds function as he so patiently listened to Philip’s foolish questions and so many times complied with his steward’s request to “be shown.”
139:5.6 (1556.6) The one quality about Jesus which Philip so continuously admired was the Master’s unfailing generosity. Never could Philip find anything in Jesus which was small, niggardly, or stingy, and he worshiped this ever-present and unfailing liberality.
139:5.7 (1557.1) There was little about Philip’s personality that was impressive. He was often spoken of as “Philip of Bethsaida, the town where Andrew and Peter live.” He was almost without discerning vision; he was unable to grasp the dramatic possibilities of a given situation. He was not pessimistic; he was simply prosaic. He was also greatly lacking in spiritual insight. He would not hesitate to interrupt Jesus in the midst of one of the Master’s most profound discourses to ask an apparently foolish question. But Jesus never reprimanded him for such thoughtlessness; he was patient with him and considerate of his inability to grasp the deeper meanings of the teaching. Jesus well knew that, if he once rebuked Philip for asking these annoying questions, he would not only wound this honest soul, but such a reprimand would so hurt Philip that he would never again feel free to ask questions. Jesus knew that on his worlds of space there were untold billions of similar slow-thinking mortals, and he wanted to encourage them all to look to him and always to feel free to come to him with their questions and problems. After all, Jesus was really more interested in Philip’s foolish questions than in the sermon he might be preaching. Jesus was supremely interested in men, all kinds of men.
139:5.8 (1557.2) The apostolic steward was not a good public speaker, but he was a very persuasive and successful personal worker. He was not easily discouraged; he was a plodder and very tenacious in anything he undertook. He had that great and rare gift of saying, “Come.” When his first convert, Nathaniel, wanted to argue about the merits and demerits of Jesus and Nazareth, Philip’s effective reply was, “Come and see.” He was not a dogmatic preacher who exhorted his hearers to “Go”—do this and do that. He met all situations as they arose in his work with “Come”—“come with me; I will show you the way.” And that is always the effective technique in all forms and phases of teaching. Even parents may learn from Philip the better way of saying to their children not “Go do this and go do that,” but rather, “Come with us while we show and share with you the better way.”
139:5.9 (1557.3) The inability of Philip to adapt himself to a new situation was well shown when the Greeks came to him at Jerusalem, saying: “Sir, we desire to see Jesus.” Now Philip would have said to any Jew asking such a question, “Come.” But these men were foreigners, and Philip could remember no instructions from his superiors regarding such matters; so the only thing he could think to do was to consult the chief, Andrew, and then they both escorted the inquiring Greeks to Jesus. Likewise, when he went into Samaria preaching and baptizing believers, as he had been instructed by his Master, he refrained from laying hands on his converts in token of their having received the Spirit of Truth. This was done by Peter and John, who presently came down from Jerusalem to observe his work in behalf of the mother church.
139:5.10 (1557.4) Philip went on through the trying times of the Master’s death, participated in the reorganization of the twelve, and was the first to go forth to win souls for the kingdom outside of the immediate Jewish ranks, being most successful in his work for the Samaritans and in all his subsequent labors in behalf of the gospel.
139:5.11 (1557.5) Philip’s wife, who was an efficient member of the women’s corps, became actively associated with her husband in his evangelistic work after their flight from the Jerusalem persecutions. His wife was a fearless woman. She stood at the foot of Philip’s cross encouraging him to proclaim the glad tidings even to his murderers, and when his strength failed, she began the recital of the story of salvation by faith in Jesus and was silenced only when the irate Jews rushed upon her and stoned her to death. Their eldest daughter, Leah, continued their work, later on becoming the renowned prophetess of Hierapolis.
139:5.12 (1558.1) Philip, the onetime steward of the twelve, was a mighty man in the kingdom, winning souls wherever he went; and he was finally crucified for his faith and buried at Hierapolis.
6. Honest Nathaniel
139:6.1 (1558.2) Nathaniel, the sixth and last of the apostles to be chosen by the Master himself, was brought to Jesus by his friend Philip. He had been associated in several business enterprises with Philip and, with him, was on the way down to see John the Baptist when they encountered Jesus.
139:6.2 (1558.3) When Nathaniel joined the apostles, he was twenty-five years old and was the next to the youngest of the group. He was the youngest of a family of seven, was unmarried, and the only support of aged and infirm parents, with whom he lived at Cana; his brothers and sister were either married or deceased, and none lived there. Nathaniel and Judas Iscariot were the two best educated men among the twelve. Nathaniel had thought to become a merchant.
139:6.3 (1558.4) Jesus did not himself give Nathaniel a nickname, but the twelve soon began to speak of him in terms that signified honesty, sincerity. He was “without guile.” And this was his great virtue; he was both honest and sincere. The weakness of his character was his pride; he was very proud of his family, his city, his reputation, and his nation, all of which is commendable if it is not carried too far. But Nathaniel was inclined to go to extremes with his personal prejudices. He was disposed to prejudge individuals in accordance with his personal opinions. He was not slow to ask the question, even before he had met Jesus, “Can any good thing come out of Nazareth?” But Nathaniel was not obstinate, even if he was proud. He was quick to reverse himself when he once looked into Jesus’ face.
139:6.4 (1558.5) In many respects Nathaniel was the odd genius of the twelve. He was the apostolic philosopher and dreamer, but he was a very practical sort of dreamer. He alternated between seasons of profound philosophy and periods of rare and droll humor; when in the proper mood, he was probably the best storyteller among the twelve. Jesus greatly enjoyed hearing Nathaniel discourse on things both serious and frivolous. Nathaniel progressively took Jesus and the kingdom more seriously, but never did he take himself seriously.
139:6.5 (1558.6) The apostles all loved and respected Nathaniel, and he got along with them splendidly, excepting Judas Iscariot. Judas did not think Nathaniel took his apostleship sufficiently seriously and once had the temerity to go secretly to Jesus and lodge complaint against him. Said Jesus: “Judas, watch carefully your steps; do not overmagnify your office. Who of us is competent to judge his brother? It is not the Father’s will that his children should partake only of the serious things of life. Let me repeat: I have come that my brethren in the flesh may have joy, gladness, and life more abundantly. Go then, Judas, and do well that which has been intrusted to you but leave Nathaniel, your brother, to give account of himself to God.” And the memory of this, with that of many similar experiences, long lived in the self-deceiving heart of Judas Iscariot.
139:6.6 (1559.1) Many times, when Jesus was away on the mountain with Peter, James, and John, and things were becoming tense and tangled among the apostles, when even Andrew was in doubt about what to say to his disconsolate brethren, Nathaniel would relieve the tension by a bit of philosophy or a flash of humor; good humor, too.
139:6.7 (1559.2) Nathaniel’s duty was to look after the families of the twelve. He was often absent from the apostolic councils, for when he heard that sickness or anything out of the ordinary had happened to one of his charges, he lost no time in getting to that home. The twelve rested securely in the knowledge that their families’ welfare was safe in the hands of Nathaniel.
139:6.8 (1559.3) Nathaniel most revered Jesus for his tolerance. He never grew weary of contemplating the broadmindedness and generous sympathy of the Son of Man.
139:6.9 (1559.4) Nathaniel’s father (Bartholomew) died shortly after Pentecost, after which this apostle went into Mesopotamia and India proclaiming the glad tidings of the kingdom and baptizing believers. His brethren never knew what became of their onetime philosopher, poet, and humorist. But he also was a great man in the kingdom and did much to spread his Master’s teachings, even though he did not participate in the organization of the subsequent Christian church. Nathaniel died in India.
7. Matthew Levi
139:7.1 (1559.5) Matthew, the seventh apostle, was chosen by Andrew. Matthew belonged to a family of tax gatherers, or publicans, but was himself a customs collector in Capernaum, where he lived. He was thirty-one years old and married and had four children. He was a man of moderate wealth, the only one of any means belonging to the apostolic corps. He was a good business man, a good social mixer, and was gifted with the ability to make friends and to get along smoothly with a great variety of people.
139:7.2 (1559.6) Andrew appointed Matthew the financial representative of the apostles. In a way he was the fiscal agent and publicity spokesman for the apostolic organization. He was a keen judge of human nature and a very efficient propagandist. His is a personality difficult to visualize, but he was a very earnest disciple and an increasing believer in the mission of Jesus and in the certainty of the kingdom. Jesus never gave Levi a nickname, but his fellow apostles commonly referred to him as the “money-getter.”
139:7.3 (1559.7) Levi’s strong point was his wholehearted devotion to the cause. That he, a publican, had been taken in by Jesus and his apostles was the cause for overwhelming gratitude on the part of the former revenue collector. However, it required some little time for the rest of the apostles, especially Simon Zelotes and Judas Iscariot, to become reconciled to the publican’s presence in their midst. Matthew’s weakness was his shortsighted and materialistic viewpoint of life. But in all these matters he made great progress as the months went by. He, of course, had to be absent from many of the most precious seasons of instruction as it was his duty to keep the treasury replenished.
139:7.4 (1559.8) It was the Master’s forgiving disposition which Matthew most appreciated. He would never cease to recount that faith only was necessary in the business of finding God. He always liked to speak of the kingdom as “this business of finding God.”
139:7.5 (1560.1) Though Matthew was a man with a past, he gave an excellent account of himself, and as time went on, his associates became proud of the publican’s performances. He was one of the apostles who made extensive notes on the sayings of Jesus, and these notes were used as the basis of Isador’s subsequent narrative of the sayings and doings of Jesus, which has become known as the Gospel according to Matthew.
139:7.6 (1560.2) The great and useful life of Matthew, the business man and customs collector of Capernaum, has been the means of leading thousands upon thousands of other business men, public officials, and politicians, down through the subsequent ages, also to hear that engaging voice of the Master saying, “Follow me.” Matthew really was a shrewd politician, but he was intensely loyal to Jesus and supremely devoted to the task of seeing that the messengers of the coming kingdom were adequately financed.
139:7.7 (1560.3) The presence of Matthew among the twelve was the means of keeping the doors of the kingdom wide open to hosts of downhearted and outcast souls who had regarded themselves as long since without the bounds of religious consolation. Outcast and despairing men and women flocked to hear Jesus, and he never turned one away.
139:7.8 (1560.4) Matthew received freely tendered offerings from believing disciples and the immediate auditors of the Master’s teachings, but he never openly solicited funds from the multitudes. He did all his financial work in a quiet and personal way and raised most of the money among the more substantial class of interested believers. He gave practically the whole of his modest fortune to the work of the Master and his apostles, but they never knew of this generosity, save Jesus, who knew all about it. Matthew hesitated openly to contribute to the apostolic funds for fear that Jesus and his associates might regard his money as being tainted; so he gave much in the names of other believers. During the earlier months, when Matthew knew his presence among them was more or less of a trial, he was strongly tempted to let them know that his funds often supplied them with their daily bread, but he did not yield. When evidence of the disdain of the publican would become manifest, Levi would burn to reveal to them his generosity, but always he managed to keep still.
139:7.9 (1560.5) When the funds for the week were short of the estimated requirements, Levi would often draw heavily upon his own personal resources. Also, sometimes when he became greatly interested in Jesus’ teaching, he preferred to remain and hear the instruction, even though he knew he must personally make up for his failure to solicit the necessary funds. But Levi did so wish that Jesus might know that much of the money came from his pocket! He little realized that the Master knew all about it. The apostles all died without knowing that Matthew was their benefactor to such an extent that, when he went forth to proclaim the gospel of the kingdom after the beginning of the persecutions, he was practically penniless.
139:7.10 (1560.6) When these persecutions caused the believers to forsake Jerusalem, Matthew journeyed north, preaching the gospel of the kingdom and baptizing believers. He was lost to the knowledge of his former apostolic associates, but on he went, preaching and baptizing, through Syria, Cappadocia, Galatia, Bithynia, and Thrace. And it was in Thrace, at Lysimachia, that certain unbelieving Jews conspired with the Roman soldiers to encompass his death. And this regenerated publican died triumphant in the faith of a salvation he had so surely learned from the teachings of the Master during his recent sojourn on earth.
8. Thomas Didymus
139:8.1 (1561.1) Thomas was the eighth apostle, and he was chosen by Philip. In later times he has become known as “doubting Thomas,” but his fellow apostles hardly looked upon him as a chronic doubter. True, his was a logical, skeptical type of mind, but he had a form of courageous loyalty which forbade those who knew him intimately to regard him as a trifling skeptic.
139:8.2 (1561.2) When Thomas joined the apostles, he was twenty-nine years old, was married, and had four children. Formerly he had been a carpenter and stone mason, but latterly he had become a fisherman and resided at Tarichea, situated on the west bank of the Jordan where it flows out of the Sea of Galilee, and he was regarded as the leading citizen of this little village. He had little education, but he possessed a keen, reasoning mind and was the son of excellent parents, who lived at Tiberias. Thomas had the one truly analytical mind of the twelve; he was the real scientist of the apostolic group.
139:8.3 (1561.3) The early home life of Thomas had been unfortunate; his parents were not altogether happy in their married life, and this was reflected in Thomas’s adult experience. He grew up having a very disagreeable and quarrelsome disposition. Even his wife was glad to see him join the apostles; she was relieved by the thought that her pessimistic husband would be away from home most of the time. Thomas also had a streak of suspicion which made it very difficult to get along peaceably with him. Peter was very much upset by Thomas at first, complaining to his brother, Andrew, that Thomas was “mean, ugly, and always suspicious.” But the better his associates knew Thomas, the more they liked him. They found he was superbly honest and unflinchingly loyal. He was perfectly sincere and unquestionably truthful, but he was a natural-born faultfinder and had grown up to become a real pessimist. His analytical mind had become cursed with suspicion. He was rapidly losing faith in his fellow men when he became associated with the twelve and thus came in contact with the noble character of Jesus. This association with the Master began at once to transform Thomas’s whole disposition and to effect great changes in his mental reactions to his fellow men.
139:8.4 (1561.4) Thomas’s great strength was his superb analytical mind coupled with his unflinching courage—when he had once made up his mind. His great weakness was his suspicious doubting, which he never fully overcame throughout his whole lifetime in the flesh.
139:8.5 (1561.5) In the organization of the twelve Thomas was assigned to arrange and manage the itinerary, and he was an able director of the work and movements of the apostolic corps. He was a good executive, an excellent businessman, but he was handicapped by his many moods; he was one man one day and another man the next. He was inclined toward melancholic brooding when he joined the apostles, but contact with Jesus and the apostles largely cured him of this morbid introspection.
139:8.6 (1561.6) Jesus enjoyed Thomas very much and had many long, personal talks with him. His presence among the apostles was a great comfort to all honest doubters and encouraged many troubled minds to come into the kingdom, even if they could not wholly understand everything about the spiritual and philosophic phases of the teachings of Jesus. Thomas’s membership in the twelve was a standing declaration that Jesus loved even honest doubters.
139:8.7 (1562.1) The other apostles held Jesus in reverence because of some special and outstanding trait of his replete personality, but Thomas revered his Master because of his superbly balanced character. Increasingly Thomas admired and honored one who was so lovingly merciful yet so inflexibly just and fair; so firm but never obstinate; so calm but never indifferent; so helpful and so sympathetic but never meddlesome or dictatorial; so strong but at the same time so gentle; so positive but never rough or rude; so tender but never vacillating; so pure and innocent but at the same time so virile, aggressive, and forceful; so truly courageous but never rash or foolhardy; such a lover of nature but so free from all tendency to revere nature; so humorous and so playful, but so free from levity and frivolity. It was this matchless symmetry of personality that so charmed Thomas. He probably enjoyed the highest intellectual understanding and personality appreciation of Jesus of any of the twelve.
139:8.8 (1562.2) In the councils of the twelve Thomas was always cautious, advocating a policy of safety first, but if his conservatism was voted down or overruled, he was always the first fearlessly to move out in execution of the program decided upon. Again and again would he stand out against some project as being foolhardy and presumptuous; he would debate to the bitter end, but when Andrew would put the proposition to a vote, and after the twelve would elect to do that which he had so strenuously opposed, Thomas was the first to say, “Let’s go!” He was a good loser. He did not hold grudges nor nurse wounded feelings. Time and again did he oppose letting Jesus expose himself to danger, but when the Master would decide to take such risks, always was it Thomas who rallied the apostles with his courageous words, “Come on, comrades, let’s go and die with him.”
139:8.9 (1562.3) Thomas was in some respects like Philip; he also wanted “to be shown,” but his outward expressions of doubt were based on entirely different intellectual operations. Thomas was analytical, not merely skeptical. As far as personal physical courage was concerned, he was one of the bravest among the twelve.
139:8.10 (1562.4) Thomas had some very bad days; he was blue and downcast at times. The loss of his twin sister when he was nine years old had occasioned him much youthful sorrow and had added to his temperamental problems of later life. When Thomas would become despondent, sometimes it was Nathaniel who helped him to recover, sometimes Peter, and not infrequently one of the Alpheus twins. When he was most depressed, unfortunately he always tried to avoid coming in direct contact with Jesus. But the Master knew all about this and had an understanding sympathy for his apostle when he was thus afflicted with depression and harassed by doubts.
139:8.11 (1562.5) Sometimes Thomas would get permission from Andrew to go off by himself for a day or two. But he soon learned that such a course was not wise; he early found that it was best, when he was downhearted, to stick close to his work and to remain near his associates. But no matter what happened in his emotional life, he kept right on being an apostle. When the time actually came to move forward, it was always Thomas who said, “Let’s go!”
139:8.12 (1562.6) Thomas is the great example of a human being who has doubts, faces them, and wins. He had a great mind; he was no carping critic. He was a logical thinker; he was the acid test of Jesus and his fellow apostles. If Jesus and his work had not been genuine, it could not have held a man like Thomas from the start to the finish. He had a keen and sure sense of fact. At the first appearance of fraud or deception Thomas would have forsaken them all. Scientists may not fully understand all about Jesus and his work on earth, but there lived and worked with the Master and his human associates a man whose mind was that of a true scientist—Thomas Didymus—and he believed in Jesus of Nazareth.
139:8.13 (1563.1) Thomas had a trying time during the days of the trial and crucifixion. He was for a season in the depths of despair, but he rallied his courage, stuck to the apostles, and was present with them to welcome Jesus on the Sea of Galilee. For a while he succumbed to his doubting depression but eventually rallied his faith and courage. He gave wise counsel to the apostles after Pentecost and, when persecution scattered the believers, went to Cyprus, Crete, the North African coast, and Sicily, preaching the glad tidings of the kingdom and baptizing believers. And Thomas continued preaching and baptizing until he was apprehended by the agents of the Roman government and was put to death in Malta. Just a few weeks before his death he had begun the writing of the life and teachings of Jesus.
9. and 10. James and Judas Alpheus
139:10.1 (1563.2) James and Judas the sons of Alpheus, the twin fishermen living near Kheresa, were the ninth and tenth apostles and were chosen by James and John Zebedee. They were twenty-six years old and married, James having three children, Judas two.
139:10.2 (1563.3) There is not much to be said about these two commonplace fisherfolk. They loved their Master and Jesus loved them, but they never interrupted his discourses with questions. They understood very little about the philosophical discussions or the theological debates of their fellow apostles, but they rejoiced to find themselves numbered among such a group of mighty men. These two men were almost identical in personal appearance, mental characteristics, and extent of spiritual perception. What may be said of one should be recorded of the other.
139:10.3 (1563.4) Andrew assigned them to the work of policing the multitudes. They were the chief ushers of the preaching hours and, in fact, the general servants and errand boys of the twelve. They helped Philip with the supplies, they carried money to the families for Nathaniel, and always were they ready to lend a helping hand to any one of the apostles.
139:10.4 (1563.5) The multitudes of the common people were greatly encouraged to find two like themselves honored with places among the apostles. By their very acceptance as apostles these mediocre twins were the means of bringing a host of fainthearted believers into the kingdom. And, too, the common people took more kindly to the idea of being directed and managed by official ushers who were very much like themselves.
139:10.5 (1563.6) James and Judas, who were also called Thaddeus and Lebbeus, had neither strong points nor weak points. The nicknames given them by the disciples were good-natured designations of mediocrity. They were “the least of all the apostles”; they knew it and felt cheerful about it.
139:10.6 (1563.7) James Alpheus especially loved Jesus because of the Master’s simplicity. These twins could not comprehend the mind of Jesus, but they did grasp the sympathetic bond between themselves and the heart of their Master. Their minds were not of a high order; they might even reverently be called stupid, but they had a real experience in their spiritual natures. They believed in Jesus; they were sons of God and fellows of the kingdom.
139:10.7 (1564.1) Judas Alpheus was drawn toward Jesus because of the Master’s unostentatious humility. Such humility linked with such personal dignity made a great appeal to Judas. The fact that Jesus would always enjoin silence regarding his unusual acts made a great impression o this simple child of nature.
139:10.8 (1564.2) The twins were good-natured, simple-minded helpers, and everybody loved them. Jesus welcomed these young men of one talent to positions of honor on his personal staff in the kingdom because there are untold millions of other such simple and fear-ridden souls on the worlds of space whom he likewise wishes to welcome into active and believing fellowship with himself and his outpoured Spirit of Truth. Jesus does not look down upon littleness, only upon evil and sin. James and Judas were little, but they were also faithful. They were simple and ignorant, but they were also big-hearted, kind, and generous.
139:10.9 (1564.3) And how gratefully proud were these humble men on that day when the Master refused to accept a certain rich man as an evangelist unless he would sell his goods and help the poor. When the people heard this and beheld the twins among his counselors, they knew of a certainty that Jesus was no respecter of persons. But only a divine institution—the kingdom of heaven—could ever have been built upon such a mediocre human foundation!
139:10.10 (1564.4) Only once or twice in all their association with Jesus did the twins venture to ask questions in public. Judas was once intrigued into asking Jesus a question when the Master had talked about revealing himself openly to the world. He felt a little disappointed that there were to be no more secrets among the twelve, and he made bold to ask: “But, Master, when you do thus declare yourself to the world, how will you favor us with special manifestations of your goodness?”
139:10.11 (1564.5) The twins served faithfully until the end, until the dark days of trial, crucifixion, and despair. They never lost their heart faith in Jesus, and (save John) they were the first to believe in his resurrection. But they could not comprehend the establishment of the kingdom. Soon after their Master was crucified, they returned to their families and nets; their work was done. They had not the ability to go on in the more complex battles of the kingdom. But they lived and died conscious of having been honored and blessed with four years of close and personal association with a Son of God, the sovereign maker of a universe.
11. Simon the Zealot
139:11.1 (1564.6) Simon Zelotes, the eleventh apostle, was chosen by Simon Peter. He was an able man of good ancestry and lived with his family at Capernaum. He was twenty-eight years old when he became attached to the apostles. He was a fiery agitator and was also a man who spoke much without thinking. He had been a merchant in Capernaum before he turned his entire attention to the patriotic organization of the Zealots.
139:11.2 (1564.7) Simon Zelotes was given charge of the diversions and relaxation of the apostolic group, and he was a very efficient organizer of the play life and recreational activities of the twelve.
139:11.3 (1564.8) Simon’s strength was his inspirational loyalty. When the apostles found a man or woman who floundered in indecision about entering the kingdom, they would send for Simon. It usually required only about fifteen minutes for this enthusiastic advocate of salvation through faith in God to settle all doubts and remove all indecision, to see a new soul born into the “liberty of faith and the joy of salvation.”
139:11.4 (1565.1) Simon’s great weakness was his material-mindedness. He could not quickly change himself from a Jewish nationalist to a spiritually minded internationalist. Four years was too short a time in which to make such an intellectual and emotional transformation, but Jesus was always patient with him.
139:11.5 (1565.2) The one thing about Jesus which Simon so much admired was the Master’s calmness, his assurance, poise, and inexplicable composure.
139:11.6 (1565.3) Although Simon was a rabid revolutionist, a fearless firebrand of agitation, he gradually subdued his fiery nature until he became a powerful and effective preacher of “Peace on earth and good will among men.” Simon was a great debater; he did like to argue. And when it came to dealing with the legalistic minds of the educated Jews or the intellectual quibbling of the Greeks, the task was always assigned to Simon.
139:11.7 (1565.4) He was a rebel by nature and an iconoclast by training, but Jesus won him for the higher concepts of the kingdom of heaven. He had always identified himself with the party of protest, but he now joined the party of progress, unlimited and eternal progression of spirit and truth. Simon was a man of intense loyalties and warm personal devotions, and he did profoundly love Jesus.
139:11.8 (1565.5) Jesus was not afraid to identify himself with business men, laboring men, optimists, pessimists, philosophers, skeptics, publicans, politicians, and patriots.
139:11.9 (1565.6) The Master had many talks with Simon, but he never fully succeeded in making an internationalist out of this ardent Jewish nationalist. Jesus often told Simon that it was proper to want to see the social, economic, and political orders improved, but he would always add: “That is not the business of the kingdom of heaven. We must be dedicated to the doing of the Father’s will. Our business is to be ambassadors of a spiritual government on high, and we must not immediately concern ourselves with aught but the representation of the will and character of the divine Father who stands at the head of the government whose credentials we bear.” It was all difficult for Simon to comprehend, but gradually he began to grasp something of the meaning of the Master’s teaching.
139:11.10 (1565.7) After the dispersion because of the Jerusalem persecutions, Simon went into temporary retirement. He was literally crushed. As a nationalist patriot he had surrendered in deference to Jesus’ teachings; now all was lost. He was in despair, but in a few years he rallied his hopes and went forth to proclaim the gospel of the kingdom.
139:11.11 (1565.8) He went to Alexandria and, after working up the Nile, penetrated into the heart of Africa, everywhere preaching the gospel of Jesus and baptizing believers. Thus he labored until he was an old man and feeble. And he died and was buried in the heart of Africa.
12. Judas Iscariot
139:12.1 (1565.9) Judas Iscariot, the twelfth apostle, was chosen by Nathaniel. He was born in Kerioth, a small town in southern Judea. When he was a lad, his parents moved to Jericho, where he lived and had been employed in his father’s various business enterprises until he became interested in the preaching and work of John the Baptist. Judas’s parents were Sadducees, and when their son joined John’s disciples, they disowned him.
139:12.2 (1566.1) When Nathaniel met Judas at Tarichea, he was seeking employment with a fish-drying enterprise at the lower end of the Sea of Galilee. He was thirty years of age and unmarried when he joined the apostles. He was probably the best-educated man among the twelve and the only Judean in the Master’s apostolic family. Judas had no outstanding trait of personal strength, though he had many outwardly appearing traits of culture and habits of training. He was a good thinker but not always a truly honest thinker. Judas did not really understand himself; he was not really sincere in dealing with himself.
139:12.3 (1566.2) Andrew appointed Judas treasurer of the twelve, a position which he was eminently fitted to hold, and up to the time of the betrayal of his Master he discharged the responsibilities of his office honestly, faithfully, and most efficiently.
139:12.4 (1566.3) There was no special trait about Jesus which Judas admired above the generally attractive and exquisitely charming personality of the Master. Judas was never able to rise above his Judean prejudices against his Galilean associates; he would even criticize in his mind many things about Jesus. Him whom eleven of the apostles looked upon as the perfect man, as the “one altogether lovely and the chiefest among ten thousand,” this self-satisfied Judean often dared to criticize in his own heart. He really entertained the notion that Jesus was timid and somewhat afraid to assert his own power and authority.
139:12.5 (1566.4) Judas was a good business man. It required tact, ability, and patience, as well as painstaking devotion, to manage the financial affairs of such an idealist as Jesus, to say nothing of wrestling with the helter-skelter business methods of some of his apostles. Judas really was a great executive, a farseeing and able financier. And he was a stickler for organization. None of the twelve ever criticized Judas. As far as they could see, Judas Iscariot was a matchless treasurer, a learned man, a loyal (though sometimes critical) apostle, and in every sense of the word a great success. The apostles loved Judas; he was really one of them. He must have believed in Jesus, but we doubt whether he really loved the Master with a whole heart. The case of Judas illustrates the truthfulness of that saying: “There is a way that seems right to a man, but the end thereof is death.” It is altogether possible to fall victim to the peaceful deception of pleasant adjustment to the paths of sin and death. Be assured that Judas was always financially loyal to his Master and his fellow apostles. Money could never have been the motive for his betrayal of the Master.
139:12.6 (1566.5) Judas was an only son of unwise parents. When very young, he was pampered and petted; he was a spoiled child. As he grew up, he had exaggerated ideas about his self-importance. He was a poor loser. He had loose and distorted ideas about fairness; he was given to the indulgence of hate and suspicion. He was an expert at misinterpretation of the words and acts of his friends. All through his life Judas had cultivated the habit of getting even with those whom he fancied had mistreated him. His sense of values and loyalties was defective.
139:12.7 (1566.6) To Jesus, Judas was a faith adventure. From the beginning the Master fully understood the weakness of this apostle and well knew the dangers of admitting him to fellowship. But it is the nature of the Sons of God to give every created being a full and equal chance for salvation and survival. Jesus wanted not only the mortals of this world but the onlookers of innumerable other worlds to know that, when doubts exist as to the sincerity and wholeheartedness of a creature’s devotion to the kingdom, it is the invariable practice of the Judges of men fully to receive the doubtful candidate. The door of eternal life is wide open to all; “whosoever will may come”; there are no restrictions or qualifications save the faith of the one who comes.
139:12.8 (1567.1) This is just the reason why Jesus permitted Judas to go on to the very end, always doing everything possible to transform and save this weak and confused apostle. But when light is not honestly received and lived up to, it tends to become darkness within the soul. Judas grew intellectually regarding Jesus’ teachings about the kingdom, but he did not make progress in the acquirement of spiritual character as did the other apostles. He failed to make satisfactory personal progress in spiritual experience.
139:12.9 (1567.2) Judas became increasingly a brooder over personal disappointment, and finally he became a victim of resentment. His feelings had been many times hurt, and he grew abnormally suspicious of his best friends, even of the Master. Presently he became obsessed with the idea of getting even, anything to avenge himself, yes, even betrayal of his associates and his Master.
139:12.10 (1567.3) But these wicked and dangerous ideas did not take definite shape until the day when a grateful woman broke an expensive box of incense at Jesus’ feet. This seemed wasteful to Judas, and when his public protest was so sweepingly disallowed by Jesus right there in the hearing of all, it was too much. That event determined the mobilization of all the accumulated hate, hurt, malice, prejudice, jealousy, and revenge of a lifetime, and he made up his mind to get even with he knew not whom; but he crystallized all the evil of his nature upon the one innocent person in all the sordid drama of his unfortunate life just because Jesus happened to be the chief actor in the episode which marked his passing from the progressive kingdom of light into that self-chosen domain of darkness.
139:12.11 (1567.4) The Master many times, both privately and publicly, had warned Judas that he was slipping, but divine warnings are usually useless in dealing with embittered human nature. Jesus did everything possible, consistent with man’s moral freedom, to prevent Judas’s choosing to go the wrong way. The great test finally came. The son of resentment failed; he yielded to the sour and sordid dictates of a proud and vengeful mind of exaggerated self-importance and swiftly plunged on down into confusion, despair, and depravity.
139:12.12 (1567.5) Judas then entered into the base and shameful intrigue to betray his Lord and Master and quickly carried the nefarious scheme into effect. During the outworking of his anger-conceived plans of traitorous betrayal, he experienced moments of regret and shame, and in these lucid intervals he faintheartedly conceived, as a defense in his own mind, the idea that Jesus might possibly exert his power and deliver himself at the last moment.
139:12.13 (1567.6) When the sordid and sinful business was all over, this renegade mortal, who thought lightly of selling his friend for thirty pieces of silver to satisfy his long-nursed craving for revenge, rushed out and committed the final act in the drama of fleeing from the realities of mortal existence—suicide.
139:12.14 (1567.7) The eleven apostles were horrified, stunned. Jesus regarded the betrayer only with pity. The worlds have found it difficult to forgive Judas, and his name has become eschewed throughout a far-flung universe.
Documento 139
Os Doze Apóstolos
139:0.1 (1548.1) UM TESTEMUNHO eloqüente do encanto e da retidão da vida de Jesus na Terra é que apenas um dos seus apóstolos o tenha deserdado, embora repetidamente houvesse ele reduzido a pedaços e rasgado em trapos as esperanças e a ambição que os seus apóstolos alimentavam de exaltação pessoal.
139:0.2 (1548.2) Os apóstolos aprenderam de Jesus sobre o Reino do céu, e Jesus aprendeu muito com eles sobre o reino dos homens e a natureza humana, tal como esta existe em Urântia e nos outros mundos evolucionários do tempo e do espaço. Esses doze homens representavam muitos tipos diferentes de temperamentos humanos, e a instrução não os havia transformado ainda em semelhantes. Muitos desses pescadores galileus traziam uma forte ascendência de sangue gentio, em resultado da conversão forçada, há cem anos atrás, da população gentia da Galiléia.
139:0.3 (1548.3) Não cometais o erro de tomar os apóstolos como sendo de todo ignorantes e pouco instruídos. Todos eles, exceto os gêmeos Alfeus, haviam sido graduados pelas escolas das sinagogas, tendo sido educados profundamente sobre as escrituras dos hebreus e sobre muitos dos conhecimentos correntes daqueles dias. Sete deles eram graduados da escola da sinagoga de Cafarnaum, e não havia escolas judaicas melhores em toda a Galiléia.
139:0.4 (1548.4) Quando os vossos registros se referem a esses mensageiros do Reino como sendo “ignorantes e iletrados”, a intenção é mais a de transmitir a idéia de que eles eram leigos, ou seja, não instruídos segundo o saber dos rabinos, nem educados segundo os métodos da interpretação rabínica das escrituras. Eles tinham lacunas, no que se concebe como sendo uma educação superior. Nos tempos modernos, eles certamente seriam considerados sem instrução e, em alguns círculos da sociedade, até sem cultura. Uma coisa é certa: eles não haviam passado, todos, por um programa rígido convencional e estereotipado de instrução. Desde a adolescência, cada um deles possuíra experiências diferentes de aprendizado de vida.
1. André, o Primeiro Escolhido
139:1.1 (1548.5) André, líder do corpo apostólico do Reino, nasceu em Cafarnaum. Era o mais velho, em uma família de cinco filhos — ele próprio, o seu irmão Simão, e três irmãs. O seu pai, agora falecido, havia sido sócio de Zebedeu no negócio de secagem de peixes em Betsaida, o porto de pesca de Cafarnaum. Quando se tornou um apóstolo, André estava solteiro, mas vivia com o seu irmão casado, Simão Pedro. Ambos eram pescadores e sócios de Tiago e de João, os filhos de Zebedeu.
139:1.2 (1548.6) No ano 26 d.C., quando foi escolhido como apóstolo, André tinha 33 anos, um ano completo a mais do que Jesus, e era o mais velho dos apóstolos. Ele vinha de uma linhagem excelente de ancestrais e era o mais capaz dos doze homens. Excetuando a oratória, era um igual aos seus companheiros em quase todas as aptidões imagináveis. Jesus nunca deu a André um apelido, uma designação fraternal. Contudo, tão logo os apóstolos começaram a chamar a Jesus de Mestre, eles também designaram André com um termo equivalente a chefe.
139:1.3 (1549.1) André era um bom organizador e um administrador ainda melhor. Era um dos quatro apóstolos que formavam o círculo interno; mas, ao ser designado por Jesus como dirigente do grupo apostólico, André teria de se manter junto aos seus irmãos, ao passo que os outros três usufruíam de uma comunhão mais estreita com o Mestre. Até o fim, André permaneceu como o deão do corpo de apóstolos.
139:1.4 (1549.2) Mesmo nunca tendo sido um pregador eficiente, André fazia um trabalho pessoal eficaz, sendo o missionário pioneiro do Reino, visto que, como o primeiro apóstolo escolhido, imediatamente trouxe até Jesus o seu irmão, Simão, que depois se tornou um dos maiores pregadores do Reino. André era o principal apoio da política adotada por Jesus, de utilizar o programa de trabalho pessoal como um meio de treinar os doze como mensageiros do Reino.
139:1.5 (1549.3) Estivesse Jesus ensinando aos apóstolos em particular ou pregando à multidão, André, em geral, sabia o que estava acontecendo; era um executivo compreensivo e um administrador eficiente. Ele adotava uma decisão imediata sobre todas as questões trazidas ao seu conhecimento; a menos que considerasse o problema como estando além do domínio da sua autoridade e, quando isso acontecia, ele o levaria diretamente a Jesus.
139:1.6 (1549.4) André e Pedro tinham o caráter e o temperamento bem diferentes, mas lhes deve ser dado, para sempre, o crédito de se darem esplendidamente bem um com o outro. André nunca teve inveja da capacidade oratória de Pedro. E raro é ver um homem mais velho do tipo de André exercendo uma influência tão profunda sobre um irmão mais jovem e talentoso. André e Pedro pareciam nunca ter a menor inveja das habilidades, nem das realizações um do outro. Tarde da noite, no Dia de Pentecostes, quando duas mil almas foram acrescentadas ao Reino, graças principalmente à pregação energética e inspirada de Pedro, André disse ao seu irmão: “Eu não poderia ter feito isso, mas estou contente de ter um irmão que o fez”. Ao que Pedro respondeu: “E se não fosse tu, que me trouxeste ao Mestre e, não fosse a tua perseverança em me manter junto a ele, eu não estaria aqui para fazer isso”. André e Pedro eram exceções à regra, provando que mesmo os irmãos podem conviver em paz e trabalhar juntos de um modo eficiente.
139:1.7 (1549.5) Depois de Pentecostes, Pedro estava famoso; mas nunca se tornou algo irritante, para o irmão mais velho, passar o resto da sua vida sendo apresentado como o “irmão de Simão Pedro”.
139:1.8 (1549.6) De todos os apóstolos, André era o melhor conhecedor dos homens. Ele sabia que os conflitos estavam germinando no coração de Judas Iscariotes, mesmo quando nenhum dos outros sequer suspeitava de que algo estava errado com o tesoureiro deles; mas ele nada disse a ninguém sobre os seus temores. O grande serviço de André para o Reino foi o de aconselhar a Pedro, a Tiago e a João a respeito da escolha dos primeiros missionários que foram expedidos para proclamar o evangelho do Reino, e também o de aconselhar a esses primeiros líderes sobre a organização dos assuntos administrativos do Reino. André tinha o grande dom de descobrir os recursos ocultos e os talentos latentes dos mais jovens.
139:1.9 (1549.7) Logo depois da ascensão celeste de Jesus, André começou a escrever um registro pessoal de muitos dos feitos e dos ditos do seu Mestre que partira. Depois da morte de André foram feitas cópias desse registro particular, e elas circularam livremente entre os primeiros instrutores da igreja cristã. Essas notas informais de André, subseqüentemente, foram editadas, corrigidas, alteradas e tiveram acréscimos até que formassem uma narrativa suficientemente contínua da vida do Mestre na Terra. A última dessas poucas cópias alteradas e corrigidas foi destruída pelo fogo em Alexandria, cerca de cem anos depois que o original havia sido escrito pelo apóstolo, o primeiro a ser escolhido entre os doze.
139:1.10 (1550.1) André era um homem de um discernimento interno claro, de pensamento lógico e de decisão firme, cuja grande força de caráter consistia na sua estupenda estabilidade. A sua desvantagem de temperamento era a sua falta de entusiasmo; muitas vezes ele preferiu fazer elogios ponderados, aos seus companheiros, a encorajá- los. E essa reticência em louvar as realizações de mérito dos seus amigos nasceu da sua aversão pela adulação e pela insinceridade. André era um desses homens categóricos, de temperamento regulado, feito por si próprio, e de sucesso nos seus modestos negócios.
139:1.11 (1550.2) Todos os apóstolos amavam Jesus; mas ainda assim é verdade que cada um dos doze sentia-se atraído por algum aspecto, na personalidade do Mestre, que tivesse exercido um encanto especial sobre aquele apóstolo individualmente. André admirava Jesus por causa da consistência da sua sinceridade e da sua dignidade sem afetação. Quando os homens conheciam Jesus, logo ficavam possuídos por um impulso de compartilhá-lo com os amigos; eles realmente queriam que todo mundo viesse a conhecê-lo.
139:1.12 (1550.3) Quando as perseguições posteriores finalmente dispersaram os apóstolos de Jerusalém, André viajou pela Armênia, Ásia Menor e Macedônia, tendo sido preso, ao final, e crucificado em Patras, na Acáia, após trazer vários milhares de pessoas para o Reino. Dois dias inteiros foi o tempo que levou para que esse homem robusto expirasse na cruz e, mesmo durante essas horas trágicas, continuou ele efetivamente a proclamar as boas-novas da salvação do Reino do céu.
2. Simão Pedro
139:2.1 (1550.4) Quando Simão juntou-se aos apóstolos, ele tinha trinta anos. Era casado, possuía três filhos, e vivia em Betsaida, perto de Cafarnaum. O seu irmão, André, e a mãe da sua mulher viviam com ele. Ambos, Pedro e André, eram sócios de pescaria dos filhos de Zebedeu.
139:2.2 (1550.5) O Mestre havia conhecido Simão há algum tempo, quando André o apresentou como o segundo dos apóstolos. Naquele momento Jesus deu a Simão o nome de Pedro, e o fez com um sorriso, para ser uma espécie de apelido. Simão era muito conhecido por todos os seus amigos como sendo um companheiro impulsivo e errático. É bem verdade que, mais tarde, Jesus deu importância nova e de maior significado ao apelido, conferido de uma maneira tão imediata.
139:2.3 (1550.6) Simão Pedro era um homem impulsivo, um otimista. Ele havia crescido dando a si próprio a indulgência de ter sentimentos fortes; estava constantemente em dificuldades, porque persistia em falar sem pensar. Essa espécie de descuido também trazia complicações, umas após outras, para todos os seus amigos e condiscípulos, tendo sido o motivo para o Mestre, muitas vezes, haver chamado suavemente a sua atenção. A única razão pela qual Pedro não entrava em maiores complicações, por falar sem pensar, era que, desde muito cedo, ele aprendera a conversar sobre muitos dos seus planos e esquemas com o seu irmão, André, antes de aventurar-se a fazer propostas em público.
139:2.4 (1550.7) Pedro era um orador fluente, eloqüente e dramático. Era também um líder de homens, por natureza e por inspiração, um pensador rápido, mas sem um raciocínio mais profundo. Fazia, mais do que todos os apóstolos juntos, muitas perguntas e, embora a maioria delas fosse de boa qualidade e pertinente, muitas eram impensadas e tolas. Pedro não tinha uma mente profunda, mas conhecia muito bem a própria mente. Era, por conseguinte, um homem de decisão súbita e de ação rápida. Enquanto os outros, atônitos, faziam comentários de espanto ao verem Jesus na praia, Pedro pulava na água e nadava até a praia para encontrar o Mestre.
139:2.5 (1551.1) O traço que Pedro mais admirava em Jesus era a sua ternura elevada. Pedro nunca se cansava de contemplar a paciência de Jesus. E nunca se esqueceu da lição sobre perdoar a quem erra, não apenas sete, mas setenta vezes e mais sete. Ele pensou muito sobre essas impressões, sobre o caráter do Mestre, de sempre perdoar, durante aqueles dias escuros e tristes que se seguiram imediatamente depois que ele, irrefletida e involuntariamente, negou a Jesus no pátio do sumo sacerdote.
139:2.6 (1551.2) Simão Pedro era aflitivamente vacilante; ele ia subitamente de um extremo a outro. Primeiro ele recusou-se a deixar Jesus lavar os seus pés e então, ao ouvir a resposta do Mestre, ele implorou para que ele o lavasse por inteiro. Mas, afinal, Jesus sabia que as falhas de Pedro vinham da sua cabeça e não do coração. Ele era uma das combinações mais inexplicáveis de coragem e de covardia, como jamais houve na Terra. A sua grande força de caráter era a lealdade, a amizade. Pedro amava Jesus, real e verdadeiramente. E, ainda a despeito de ter uma força altaneira de devoção, ele era instável e inconstante a ponto de permitir que uma garota serviçal o provocasse e o levasse a negar o seu Senhor e Mestre. Pedro podia resistir à perseguição e a qualquer outra forma de ataque direto, mas ele se desamparava e afundava diante do ridículo. Era um soldado valente, quando enfrentava um ataque frontal, mas era um covarde curvado de medo, quando surpreendido por trás.
139:2.7 (1551.3) Pedro foi o primeiro dos apóstolos de Jesus a adiantar-se para defender o trabalho de Filipe com os samaritanos e o de Paulo com os gentios. Entretanto, na Antioquia, mais tarde, ele inverteu a sua posição quando afrontado pelos judaizadores que o ridicularizavam, retirando-se temporariamente de entre os gentios, sem outro resultado a não ser trazer sobre a sua cabeça a denúncia destemida de Paulo.
139:2.8 (1551.4) Ele foi o primeiro entre os apóstolos a confessar, de todo o coração, reconhecer a combinação da humanidade e da divindade em Jesus, e o primeiro — depois de Judas — a negá-lo. Pedro não era tanto um sonhador, mas ele não gostava de descer das nuvens do êxtase e do entusiasmo dos seus deleites teatrais, para o mundo da realidade simples do dia-a-dia.
139:2.9 (1551.5) Ao seguir Jesus ele ficava, literal e figurativamente, à frente da procissão ou então rastejando na última fileira — “seguindo de longe e por trás”. Entretanto, ele era o pregador mais notável dos doze; ele fez mais do que qualquer homem, a não ser Paulo, para estabelecer o Reino e enviar os seus mensageiros aos quatro cantos da Terra, em uma só geração.
139:2.10 (1551.6) Após negar intempestivamente ao Mestre, ele caiu em si e, com o apoio compassivo e sensível de André, ele tomou de volta o caminho das redes de pescaria, enquanto os apóstolos permaneciam estáticos à espera de saber o que viria depois da crucificação. Quando ficou totalmente seguro de que Jesus o havia perdoado e de que tinha sido recebido de volta ao aprisco do Mestre, o fogo do Reino queimou de um modo tão brilhante dentro da sua alma, que ele se tornou uma luz grande e salvadora para milhares de almas na escuridão.
139:2.11 (1551.7) Depois de deixar Jerusalém, e antes de Paulo tornar-se um espírito de liderança para as igrejas cristãs dos gentios, Pedro viajou extensivamente, visitando todas as igrejas da Babilônia até Corinto. Ele visitou muitas igrejas e ministrou até mesmo naquelas que haviam sido erigidas por Paulo. Embora Pedro e Paulo tivessem temperamento e educação muito diferentes, até mesmo em teologia, eles trabalharam juntos e harmoniosamente, nos seus últimos anos, para a edificação das igrejas.
139:2.12 (1552.1) Um pouco do estilo e dos ensinamentos de Pedro é mostrado nos sermões parcialmente transcritos por Lucas e no evangelho de Marcos. O seu estilo vigoroso foi mais bem representado na sua carta conhecida como a Primeira Epístola de Pedro; ao menos isso é verdadeiro antes de haver sido ela alterada, posteriormente, por um discípulo de Paulo.
139:2.13 (1552.2) Todavia, Pedro persistiu no erro de tentar convencer os judeus de que Jesus era, afinal, real e verdadeiramente o Messias deles. Até o dia da sua morte, Simão Pedro continuou a padecer mentalmente da confusão entre os conceitos de Jesus, enquanto Messias judeu, de Cristo como o redentor do mundo e do Filho do Homem, enquanto uma revelação de Deus, o Pai cheio de amor por toda a humanidade.
139:2.14 (1552.3) A esposa de Pedro era uma mulher muito capacitada. Durante anos ela trabalhou satisfatoriamente como membro do corpo feminino e, quando Pedro foi expulso de Jerusalém, ela o acompanhou em todas as suas jornadas às igrejas, bem como em todas as suas excursões missionárias. E, no dia em que o seu ilustre marido teve a vida ceifada, ela foi atirada às bestas selvagens na arena de Roma.
139:2.15 (1552.4) E assim este homem, Pedro, um íntimo de Jesus, um dos que fizeram parte do círculo interno do Mestre, partiu de Jerusalém, proclamando com poder e glória as boas-novas do Reino, até que a plenitude da sua ministração tivesse sido alcançada; e ele se considerou como um digno recebedor de altas honrarias quando os seus captores informaram-lhe que ele deveria morrer como o seu Mestre tinha morrido — na cruz. Dessa forma Simão Pedro foi crucificado em Roma.
3. Tiago Zebedeu
139:3.1 (1552.5) Tiago, o mais velho dos dois apóstolos filhos de Zebedeu, aos quais Jesus deu o nome de “filhos do trovão”, estava com trinta anos quando se tornou apóstolo. Era casado, tinha quatro filhos e vivia próximo dos seus pais, nos arredores de Cafarnaum, em Betsaida. Era um pescador e exercia a sua profissão em companhia de João, o seu irmão mais jovem, e associado a André e Simão. Tiago e o seu irmão João desfrutavam da vantagem de haver conhecido Jesus antes de qualquer dos outros apóstolos.
139:3.2 (1552.6) Esse competente apóstolo possuía um temperamento contraditório; ele parecia realmente possuir duas naturezas, ambas de fato movidas por sentimentos fortes. Em especial, tornava-se veemente, quando a sua indignação chegava inteiramente ao auge. Tinha uma disposição feroz, quando adequadamente provocado e, quando a tempestade chegava ao fim, ele estava sempre habituado a justificar-se e a desculpar-se da sua raiva sob o pretexto de que era uma manifestação de justa indignação. Excetuando-se por essas perturbações periódicas de ira, a personalidade de Tiago era muito semelhante à de André. Ele não tinha a circunspecção de André, nem o discernimento dele, sobre a natureza humana, mas era um orador público muito melhor. Depois de Pedro, e talvez de Mateus, Tiago era o melhor orador público entre os doze.
139:3.3 (1552.7) Se bem que não fosse melancólico, Tiago podia estar quieto e taciturno em um dia e muito falante e contador de histórias no outro. Em geral, ele falava livremente com Jesus, mas, entre os doze, durante muitos dias seguidos, ele permanecia silencioso. A sua grande fraqueza estava nesses intervalos de um silêncio inexplicável.
139:3.4 (1552.8) O traço notável da personalidade de Tiago era a sua capacidade de ver todos os lados de uma questão. De todos os doze, era ele quem chegava o mais próximo de captar a importância e o significado real do ensinamento de Jesus. Também ele havia sido lento a princípio, para compreender o que o Mestre queria dizer, mas, logo que eles terminaram os aperfeiçoamentos, Tiago estava de posse de um conceito superior da mensagem de Jesus. Era capaz de entender uma gama bastante ampla de naturezas humanas; ele se dava bem com o versátil André, com o impetuoso Pedro e com o seu contido irmão João.
139:3.5 (1553.1) Embora Tiago e João tivessem os seus problemas tentando trabalhar juntos, era inspirador observar como os dois se davam bem. Não tinham tanto êxito quanto André e Pedro, mas se saíam muito melhor do que era de se esperar, em geral, de dois irmãos, especialmente de dois irmãos tão teimosos e determinados. E, por estranho que possa parecer, esses dois filhos de Zebedeu eram muito mais tolerantes, um com o outro, do que com estranhos. Eles nutriam uma grande afeição entre si; e sempre haviam sido bons companheiros na recreação. Foram esses “filhos do trovão” os que quiseram pedir que o fogo do céu descesse no intuito de destruir os samaritanos que ousaram demonstrar falta de respeito pelo seu Mestre. Contudo, a morte prematura de Tiago modificou muito o temperamento veemente de João, o seu irmão mais novo.
139:3.6 (1553.2) A característica de Jesus mais admirada por Tiago era a afeição compassiva do Mestre. O interesse compreensivo, manifestado por Jesus, para com o pequeno e o grande, o rico e o pobre, exercia uma grande atração sobre ele.
139:3.7 (1553.3) Tiago Zebedeu era um pensador e um planejador bem equilibrado. Junto com André, ele era um dos mais ponderados do grupo dos apóstolos. Era um indivíduo vigoroso, mas nunca tinha pressa para nada. Tiago foi um excelente contrapeso para Pedro.
139:3.8 (1553.4) Sendo modesto e pouco dramático, era um servidor do cotidiano, um trabalhador despretensioso; quando compreendeu algo do real significado do Reino, ele não buscou nenhuma recompensa especial. E deve mesmo ficar claro que foi a mãe de Tiago e João, por si própria, quem fez o pedido para serem concedidos, aos seus filhos, os lugares à mão direita e à mão esquerda de Jesus. E, quando eles declararam que estavam prontos para assumir tais responsabilidades, deve ser reconhecido que estavam conscientes dos perigos inerentes à suposta revolta do Mestre contra o poder romano e, também, que estavam dispostos a pagar o preço disso. Quando Jesus perguntou se eles estavam prontos para beber do cálice, eles responderam afirmativamente. E, quanto a Tiago, isso acabou sendo a verdade ao pé da letra — ele bebeu do cálice com o Mestre, visto ter sido ele o primeiro dos apóstolos a sofrer o martírio, sendo muito cedo colocado à morte pela espada de Herodes Agripa. Tiago, assim, foi o primeiro dos doze a sacrificar a própria vida, na nova frente de batalha do Reino. Herodes Agripa temia a Tiago acima de todos os outros apóstolos. De fato muitas vezes ele permanecia quieto e silencioso, mas, quando as suas convicções eram estimuladas e desafiadas, ele tornava-se corajoso e determinado.
139:3.9 (1553.5) Tiago viveu a vida na sua plenitude e, quando o fim chegou, comportou-se com tanta dignidade e fortaleza que até mesmo o seu acusador e denunciador, que testemunhou o seu julgamento e execução, ficou tão tocado que se afastou às pressas da cena da morte de Tiago para juntar-se aos discípulos de Jesus.
4. João Zebedeu
139:4.1 (1553.6) Quando se tornou apóstolo, João estava com vinte e quatro anos e era o mais jovem dos doze. Sendo solteiro, vivia com os seus pais em Betsaida; era pescador e trabalhava com o seu irmão Tiago, em sociedade com André e Pedro. Tanto antes, quanto depois de tornar-se apóstolo, João funcionou como o agente pessoal de Jesus para cuidar da família do Mestre, e continuou com essa responsabilidade enquanto Maria, a mãe de Jesus, viveu.
139:4.2 (1553.7) Sendo o mais jovem dos doze e mantendo um contato tão íntimo com Jesus e com os assuntos da família dele, João era muito querido pelo Mestre, mas não pode ser verdadeiramente dito que fosse “o discípulo a quem Jesus amava”. Dificilmente vós suspeitaríeis de que a uma personalidade tão magnânima como a de Jesus pudesse ser atribuído o desacerto de demonstrar favoritismo, de amar a um dos seus apóstolos mais do que aos outros. O fato de que João fosse um dos três auxiliares pessoais de Jesus emprestou mais ênfase a tal idéia errônea, para não mencionar que João, junto com o seu irmão Tiago, conhecia Jesus há mais tempo do que os outros.
139:4.3 (1554.1) Pedro, Tiago, e João foram apontados como auxiliares pessoais de Jesus, logo depois de se tornarem apóstolos. Pouco depois da seleção dos doze, e na época em que indicou André para atuar como dirigente do grupo, Jesus disse a André: “E agora eu desejo que tu designes dois ou três dos seus companheiros para estarem comigo e para permanecer ao meu lado, para me confortar e para ministrar às minhas necessidades diárias”. E André achou melhor selecionar, para esse dever especial, os outros três primeiros apóstolos escolhidos depois dele. Ele gostaria de se fazer voluntário, ele próprio, para esse serviço abençoado, mas o Mestre já lhe tinha dado a sua missão; e assim, imediatamente, ele apontou Pedro, Tiago e João para permanecerem mais próximos de Jesus.
139:4.4 (1554.2) João Zebedeu possuía muitos traços encantadores no seu caráter, mas um daqueles não tão adoráveis, era a sua presunção imoderada e, em geral, bem dissimulada. O seu longo convívio com Jesus trouxe muitas grandes mudanças para o seu caráter. Essa vaidade ficou bastante diminuída, mas, depois de envelhecer e de tornar-se algo como que infantil, aquela auto-estima reapareceu com uma certa intensidade, de modo que, quando se empenhou em conduzir Natam na redação do evangelho que agora leva o seu nome, o apóstolo idoso não hesitou em referir-se repetidamente a si próprio como o “discípulo a quem Jesus amava”. Em vista do fato de que João chegou a ser o mais próximo de Jesus, mais do que qualquer outro mortal da Terra, e de que ele havia sido o representante pessoal escolhido para tantas questões, não é de se estranhar que ele deva ter chegado a considerar a si próprio como o “discípulo a quem Jesus amava”, pois, muito certamente, ele sabia que era o discípulo em quem, com tanta freqüência, Jesus confiava.
139:4.5 (1554.3) O traço mais forte do caráter dele era a sua confiabilidade; João estava sempre disposto e era corajoso, fiel e devotado. A sua maior fraqueza era a vaidade característica. Ele era o mais jovem membro da família do seu pai e o mais jovem do grupo dos apóstolos. Talvez ele tenha sido apenas um pouco mimado; talvez a ele tivesse sido condescendido um pouco demais. Todavia, o João de alguns anos depois era um tipo de pessoa muito diferente daquele jovem arbitrário, que se auto-admirava e que se juntou às fileiras dos apóstolos de Jesus com apenas vinte e quatro anos.
139:4.6 (1554.4) As características que João mais apreciava em Jesus eram o amor e a falta de egoísmo do Mestre; esses traços causavam tamanho impacto sobre João, que, posteriormente, toda a sua vida se tornou dominada pelo sentimento de amor e de devoção fraterna. Ele falou e escreveu sobre o amor. Esse “filho do trovão” tornou-se o “apóstolo do amor”; e, em Éfeso, quando bispo e já idoso, não sendo mais capaz de permanecer de pé no púlpito e de pregar, tendo de ser carregado até a igreja numa cadeira e, ao final do serviço, diante do pedido de que dissesse algumas palavras aos crentes, durante anos, a única expressão de João era “Meus filhinhos, amai-vos uns aos outros”.
139:4.7 (1554.5) João era um homem de poucas palavras, exceto quando estava com os seus ânimos exaltados. Ele pensava muito, mas falava pouco. Ao envelhecer, o seu temperamento ficou mais controlado, e João dominava-se melhor; mas nunca venceu a sua pouca inclinação para falar; e nunca, de fato, conseguiu superar tal reticência. Mas ele era dotado de uma imaginação notavelmente criativa.
139:4.8 (1555.1) Havia um outro lado em João que não era de se esperar fosse encontrável no seu tipo quieto e introspectivo. De algum modo, ele era um tanto sectário e extremamente intolerante. Sob esse ponto de vista, ele e Tiago eram muito semelhantes — ambos quiseram trazer o fogo dos céus sobre as cabeças dos samaritanos desrespeitosos. Quando João deparou-se com alguns estranhos ensinando em nome de Jesus, ele os proibiu imediatamente de continuar. Contudo, não era ele o único, entre os doze, que estava maculado por essa espécie de consciência exagerada de auto-estima e de superioridade.
139:4.9 (1555.2) A vida de João foi tremendamente influenciada quando ele compenetrou-se de que Jesus ia enfrentar o seu caminho sem um lar e, igualmente, sabia quão fielmente ele tinha provido para que a sua mãe e a sua família tivessem de tudo. João também era profundamente movido pela compaixão por Jesus, pelo fato de a família dele não o compreender, pois João sabia que eles estavam gradativamente distanciando-se de Jesus. Toda essa situação, mais o fato de Jesus submeter sempre o seu menor desejo à vontade do Pai dos céus e, ainda, o fato de Jesus manter o cotidiano da sua vida dentro dessa confiança implícita na vontade do Pai; tudo isso causava uma impressão tão profunda em João, de tal forma a gerar mudanças permanentes e marcantes no seu caráter; mudanças estas que se manifestariam durante toda a sua vida posterior.
139:4.10 (1555.3) João tinha uma coragem fria e ousada, coisa que poucos dos outros apóstolos possuíam. Ele foi o apóstolo que seguiu junto com Jesus, na noite em que o aprisionaram, e que ousou acompanhar o seu Mestre até às próprias mandíbulas da morte. João esteve presente, e ao alcance da mão, até a última hora terrena de Jesus e desempenhou fielmente a sua missão em relação à mãe de Jesus e manteve-se pronto para receber outras instruções mais, que pudessem ser dadas naqueles últimos momentos da existência mortal do Mestre. Uma coisa é certa: João era profundamente confiável. Em geral, João assentava-se à direita de Jesus, quando os doze estavam tomando refeições. Ele foi o primeiro dos doze a acreditar, real e plenamente, na ressurreição, e foi o primeiro a reconhecer o Mestre quando ele veio, até junto deles, na praia, depois da sua ressurreição.
139:4.11 (1555.4) Esse filho de Zebedeu esteve muito de perto ligado a Pedro nas atividades iniciais do movimento cristão, tornando-se um dos principais sustentáculos da igreja de Jerusalém. Foi o principal apoio de Pedro, no Dia de Pentecostes.
139:4.12 (1555.5) Vários anos depois do martírio de Tiago, João casou-se com a viúva do seu irmão. Uma das suas netas, que muito o amava, tomou conta dele nos últimos vinte anos da sua vida.
139:4.13 (1555.6) João esteve na prisão por várias vezes e foi banido para a ilha de Patmos, por um período de quatro anos, até que um outro imperador chegasse ao poder em Roma. Se não tivesse sido sagaz e de muito tato, sem dúvida, João teria sido morto como o seu irmão Tiago, que se exprimia mais abertamente. Com o passar dos anos, João, junto com Tiago, irmão do Senhor, aprendeu a praticar uma sábia conciliação, quando eles se viam diante de magistrados civis. Eles concluíram que uma “resposta suave aplaca a ira”. E aprenderam também a representar a igreja como “uma fraternidade espiritual devotada ao serviço social da humanidade” mais do que como o “Reino do céu”. Eles ensinaram o serviço do amor mais do que o do poder que governa — de reinado e rei.
139:4.14 (1555.7) Quando, no exílio temporário em Patmos, João escreveu o Livro da Revelação, que vós tendes agora em uma forma abreviada e distorcida. Esse Livro da Revelação contém os fragmentos que sobreviveram de uma grande revelação, da qual grandes partes se perderam e outras partes foram retiradas, depois que João o escrevera. Apenas uma parte fragmentada e adulterada ficou preservada.
139:4.15 (1555.8) João viajou muito, trabalhou incessantemente e, depois de tornar-se bispo das igrejas da Ásia, estabeleceu-se em Éfeso. Ele orientou o seu colaborador, Natam, na redação do chamado “evangelho segundo João”, em Éfeso, quando tinha noventa e nove anos de idade. De todos os doze apóstolos, João Zebedeu finalmente tornou-se o mais destacado teólogo. Ele morreu de morte natural, em Éfeso, no ano 103 d.C., quando tinha cento e um anos.
5. Filipe, o Curioso
139:5.1 (1556.1) Filipe foi o quinto apóstolo escolhido, tendo sido chamado quando Jesus e os seus quatro primeiros apóstolos estavam no caminho de volta, vindos do local em que João batizava no Jordão, até Caná da Galiléia. Já que vivia em Betsaida, Filipe conhecia Jesus há algum tempo, mas não lhe tinha ocorrido que Jesus fosse realmente um grande homem, até aquele dia no vale do Jordão em que ele disse: “Segue-me”. Filipe foi também, de um certo modo, influenciado pelo fato de André, Pedro, Tiago e João haverem aceitado Jesus como o Libertador.
139:5.2 (1556.2) Filipe estava com vinte e sete anos quando se juntou aos apóstolos; ele havia se casado recentemente, mas não tivera filhos até então. O apelido que os apóstolos deram a ele significava “curiosidade”. Filipe estava sempre querendo que tudo se lhe fosse mostrado. Ele nunca parecia ver longe, diante de qualquer questão. Ele não era necessariamente obtuso, mas faltava-lhe imaginação. Essa falta de imaginação era a grande fraqueza do seu caráter. Ele era um indivíduo comum e terra a terra.
139:5.3 (1556.3) Quando os apóstolos estavam organizados para o serviço, Filipe foi feito intendente; o seu dever era zelar para que nunca lhes faltassem suprimentos. E ele cuidou bem do almoxarifado. A sua característica mais forte era a minuciosidade metódica; era tanto matemático quanto sistemático.
139:5.4 (1556.4) Filipe vinha de uma família de sete filhos, três meninos e quatro meninas. Ele era o segundo; depois da ressurreição ele batizou a sua família inteira no Reino. Toda a família de Filipe era de pescadores. O seu pai era um homem muito capaz, um pensador profundo, mas a sua mãe era de uma família bastante medíocre. Filipe não era um homem de quem se podia esperar que fizesse grandes coisas, mas ele era um homem que podia fazer coisas pequenas de um modo grande, fazia-as bem e aceitavelmente. Apenas umas poucas vezes, em quatro anos, ele deixou de ter comida à mão para satisfazer as necessidades de todos. Mesmo as muitas demandas de emergência que resultavam da vida que viviam, raramente o pegaram desprevenido. O serviço de intendência da família dos apóstolos foi administrado inteligente e eficientemente.
139:5.5 (1556.5) O ponto forte de Filipe era a confiabilidade metódica; o seu ponto fraco era a total falta de imaginação, a ausência de capacidade de colocar dois ao lado de dois para obter quatro. Ele era matemático, abstratamente, mas não possuía imaginação construtiva. Era quase que inteiramente carente de alguns tipos de imaginação. Ele era o homem comum típico, de todos os dias. Havia muitos desses homens e mulheres em meio às multidões que vinham ouvir Jesus ensinar e pregar, e para eles era um grande conforto observar alguém, como eles próprios, elevado a uma posição de honra, nos conselhos do Mestre; eles ficavam encorajados com o fato de que alguém, como eles próprios, tinha já encontrado um lugar de importância nos assuntos do Reino. E Jesus aprendeu muito sobre o modo como algumas mentes humanas funcionam, quando ele escutava tão pacientemente às perguntas tolas de Filipe e quando aquiescia aos inúmeros pedidos do seu intendente para que se “lhe fosse mostrado o como”.
139:5.6 (1556.6) A qualidade de Jesus que Filipe tão continuadamente admirava era a generosidade infalível do Mestre. Filipe nunca encontrava nada em Jesus que fosse pequeno, avaro, miserável, e ele adorava essa liberalidade sempre presente e infalível.
139:5.7 (1557.1) Pouco havia da personalidade de Filipe que fosse digno de destaque. A ele sempre se referiam como o “Filipe da Betsaida, a cidade em que vivem André e Pedro”. Ele quase não tinha nenhuma visão de discernimento; era incapaz de captar as possibilidades dramáticas de uma determinada situação. Não era pessimista; era simplesmente prosaico. Faltava-lhe também muito do discernimento espiritual interno. Ele não hesitaria em interromper Jesus, no meio de um dos ensinamentos mais profundos do Mestre, para fazer alguma pergunta aparentemente tola. Jesus, entretanto, nunca lhe fazia nenhuma reprimenda por tais descuidos; era paciente com ele e levava em consideração a sua incapacidade de compreender os significados mais profundos dos ensinamentos. Jesus bem sabia que, caso reprovasse Filipe, ao fazer tais perguntas aborrecidas, não apenas iria ferir à alma honesta dele, mas uma tal reprimenda iria magoá-lo de um tal modo que ele não mais se sentiria livre para fazer perguntas. Jesus sabia que, nos seus mundos do espaço, havia bilhões incontáveis de mortais semelhantes, de pensamento lerdo, e queria encorajar esses mortais a olhá-lo, permanecendo sempre livres para trazer- lhe as suas perguntas e problemas. Afinal, Jesus estava muito mais interessado nas perguntas tolas de Filipe do que no sermão que ele pudesse estar fazendo. Jesus estava supremamente interessado nos homens, em todas as espécies de homens.
139:5.8 (1557.2) O intendente apostólico não era um bom orador público, mas era um trabalhador pessoal bastante persuasivo e de muito êxito. Ele não ficava desencorajado facilmente; era um labutador muito tenaz em qualquer coisa da qual se incumbisse. Tinha aquele dom grande e raro de dizer: “Vem”. Quando Natanael, o seu primeiro convertido, quis discutir sobre os méritos e deméritos de Jesus de Nazaré, a resposta efetiva de Filipe foi: “Vem e vê”. Ele não era um pregador dogmático que exortava os seus ouvintes a “irem” — façam isso e façam aquilo. Ele encarava todas as situações como elas surgiam, no seu trabalho, com um: “Vem” — “vem comigo; eu te mostrarei o caminho”. E essa é sempre a técnica eficaz, em todas as formas e fases de ensinamento. Até mesmo os pais podem aprender de Filipe o melhor modo de dizer aos seus filhos para não “irem fazer isso, nem irem fazer aquilo”, mas antes: “Vinde conosco para que vos mostremos; e para que compartilhemos convosco do melhor caminho”.
139:5.9 (1557.3) A sua incapacidade de adaptar-se a uma situação nova ficou bem ilustrada quando os gregos vieram até ele em Jerusalém, dizendo: “Senhor, nós desejamos ver Jesus”. Ora, Filipe teria dito: “vem”, a qualquer judeu que fizesse tal pedido. Aqueles homens, no entanto, eram estrangeiros e Filipe não conseguiu se lembrar de nenhuma instrução dos seus superiores a respeito de uma tal situação; e, pois, a única coisa que ele conseguiu pensar em fazer foi consultar o dirigente, André, e então os dois acompanharam os gregos interessados até Jesus. Do mesmo modo, quando Filipe foi a Samaria, pregando e batizando os crentes, como lhe tinha sido ensinado pelo seu Mestre, ele absteve-se de impor as mãos aos seus convertidos, em sinal de terem recebido o Espírito da Verdade. Isso foi feito por Pedro e João, que vieram logo de Jerusalém para observar o seu trabalho em nome da mãe Igreja.
139:5.10 (1557.4) Filipe continuou o seu trabalho durante as horas de provações, da morte do Mestre, participou da reorganização dos doze, e foi o primeiro a ir em frente no intuito de conquistar almas para o Reino, fora das fileiras imediatas dos judeus, tendo tido muito êxito no seu trabalho com os samaritanos e em todos os seus trabalhos posteriores em nome do evangelho.
139:5.11 (1557.5) A esposa de Filipe, que era um membro eficiente do corpo feminino, tornou- se ativamente ligada ao marido no seu trabalho de evangelização, depois da sua partida para fugir das perseguições de Jerusalém. Sua esposa era uma mulher destemida. Ela ficou ao pé da cruz de Filipe, encorajando-o a proclamar as boas-novas, até mesmo para os seus assassinos e, quando lhe faltaram forças, ela começou a contar a história da salvação pela fé em Jesus e foi silenciada apenas quando os judeus irados correram até ela apedrejando-a até a morte. Sua filha mais velha, Lea, continuou o trabalho deles e tornou-se, mais tarde, uma renomada profetisa de Hierápolis.
139:5.12 (1558.1) Filipe, o antigo intendente dos doze, foi um homem de poder no Reino, conquistando almas onde quer que fosse; e foi finalmente crucificado, pela sua fé, e enterrado em Hierápolis.
6. O Honesto Natanael
139:6.1 (1558.2) Natanael, o sexto e último dos apóstolos, foi escolhido pelo próprio Mestre, e trazido a Jesus pelo seu amigo Filipe. Ele havia sido associado de Filipe, em vários empreendimentos de negócios, e estava indo ver João Batista com Filipe, quando se encontraram com Jesus.
139:6.2 (1558.3) Quando Natanael juntou-se aos apóstolos, ele tinha vinte e cinco anos e era o segundo mais jovem do grupo. Era o mais jovem de uma família de sete irmãos, e, sendo solteiro, era o único esteio de pais idosos e enfermos, vivendo com eles em Caná; os seus irmãos e a irmã eram pessoas casadas ou falecidas, e nenhum deles vivia lá. Natanael e Judas Iscariotes eram os dois homens mais bem instruídos entre os doze. Natanael havia chegado a pensar em estabelecer-se como mercador.
139:6.3 (1558.4) Jesus não deu, ele próprio, nenhum apelido a Natanael, mas os doze logo começaram a referir-se a ele em termos que significavam honestidade e sinceridade. Ele era “sem artifícios”. E essa era a sua grande virtude; ele era tanto honesto, quanto sincero. A fraqueza do seu caráter era o seu orgulho; ele era muito orgulhoso, da família, da cidade, da própria reputação e da nação; e tudo isso seria louvável, não fosse levado tão adiante. Natanael, contudo, era inclinado a ir aos extremos nos seus preconceitos pessoais. Estava disposto a prejulgar os indivíduos em função das opiniões pessoais deles. E não demorou a fazer a pergunta, mesmo pouco antes de conhecer Jesus: “Pode alguma coisa boa vir de Nazaré?” Entretanto, Natanael não era obstinado, mesmo no seu orgulho. Ele era rápido em reverter os próprios pensamentos, uma vez que olhasse no rosto de Jesus.
139:6.4 (1558.5) Sob muitos pontos de vista, Natanael era o gênio ímpar dos doze. Ele era o filósofo apostólico e o sonhador, mas era o tipo do sonhador prático. Alternava estações de profunda filosofia com períodos de um raro humor bufão; quando estava com o humor certo, Natanael era provavelmente o melhor contador de histórias entre os doze. Jesus gostava muito de ouvir Natanael discorrendo sobre as coisas, tanto as sérias quanto as frívolas. Natanael, aos poucos, foi levando Jesus e o Reino mais a sério, mas nunca encarou a si próprio com seriedade excessiva.
139:6.5 (1558.6) Os apóstolos todos amavam e respeitavam Natanael, e este se dava esplendidamente com todos, exceto com Judas Iscariotes. Judas não achava que Natanael levasse o seu apostolado suficientemente a sério, e certa vez cometeu a temeridade de ir secretamente a Jesus para lançar uma queixa contra ele. Jesus disse: “Judas, toma cuidado com o que fazes; não superestimes o teu encargo. Quem entre nós é competente para julgar o nosso irmão? A vontade do Pai não é que os seus filhos devam compartilhar apenas as coisas sérias da vida. Deixa-me repetir: Eu vim para que os meus irmãos na carne possam ter júbilo, alegria e uma vida de maior abundância. Vai então, Judas, e faze bem aquilo que te tenha sido confiado e deixa Natanael, o teu irmão, dar conta de si próprio a Deus”. E a memória dessa fala de Jesus, junto com a de muitas experiências semelhantes, viveu por muito tempo no coração iludido e decepcionado de Judas Iscariotes.
139:6.6 (1559.1) Muitas vezes, quando Jesus encontrava-se nas montanhas com Pedro, Tiago e João, e as coisas estavam ficando tensas e confusas entre os apóstolos, quando até mesmo André estava em dúvida sobre o que dizer aos seus irmãos inconsoláveis, Natanael aliviaria a tensão com um pouco de filosofia ou com um lance de humor; e um humor certamente de boa qualidade.
139:6.7 (1559.2) O dever de Natanael era o de cuidar das famílias dos doze. Ele estava freqüentemente ausente do conselho apostólico, pois, quando sabia que alguma doença ou outra coisa fora do ordinário havia acontecido a alguém sob o seu encargo, ele não perdia tempo e corria logo até a casa da vítima. Os doze ficavam sossegados ao saber que o bem-estar das suas famílias estava assegurado nas mãos de Natanael.
139:6.8 (1559.3) O que Natanael mais reverenciava em Jesus era a sua tolerância. Ele nunca se cansou de contemplar a abertura da mente de Jesus e a generosa compaixão do Filho do Homem.
139:6.9 (1559.4) O pai de Natanael (Bartolomeu) morreu pouco depois de Pentecostes; e, depois disso, esse apóstolo foi para a Mesopotâmia e para a Índia proclamar as boas-novas do Reino e batizar os crentes. Os seus irmãos jamais souberam o que aconteceu com o seu ex-filósofo, poeta e humorista. E ele foi também um grande homem para o Reino e realizou muito para a disseminação dos ensinamentos do seu Mestre, embora não tenha participado da organização da igreja cristã posterior. Natanael morreu na Índia.
7. Mateus Levi
139:7.1 (1559.5) Mateus, o sétimo apóstolo, foi escolhido por André. Mateus pertencia a uma família de coletores de impostos, ou publicanos, e era, ele próprio, um coletor alfandegário em Cafarnaum, onde vivia. Estava com trinta e um anos e era casado, possuía quatro filhos. Era um homem de alguma posse, o único que tinha um certo recurso entre os do corpo apostólico. Era um bom homem de negócios, adaptando-se bem a qualquer meio social; e havia sido dotado com a capacidade de fazer amigos e de se dar muito bem com uma grande variedade de pessoas.
139:7.2 (1559.6) André apontou-o como o representante financeiro dos apóstolos. De um certo modo Mateus era o agente fiscal e o porta-voz de publicidade da organização apostólica. Era um bom julgador da natureza humana e um eficaz homem de propaganda. É difícil visualizar a sua personalidade, mas foi um discípulo sincero e cada vez mais crente na missão de Jesus e na certeza do Reino. Jesus nunca deu a Levi um apelido, mas os seus companheiros apóstolos comumente referiam-se a ele como o “angariador de dinheiro”.
139:7.3 (1559.7) O ponto forte de Levi era a sua devoção, do fundo do coração, à causa. Que ele, um publicano, tivesse sido adotado por Jesus e pelos seus apóstolos era motivo de uma gratidão imensa da parte do antigo coletor de impostos. Contudo, levou algum tempo para que os apóstolos, especialmente Simão zelote e Judas Iscariotes, se reconciliassem de um modo despreocupado com a presença do publicano no meio deles. A fraqueza de Mateus era o seu ponto de vista estreito e materialista da vida. Em todos esses pontos, contudo, ele fez muitos progressos, com o passar dos meses. Está claro que ele havia de estar ausente em muitas das mais preciosas sessões de instrução, pois o seu dever era manter o tesouro suprido.
139:7.4 (1559.8) O que Mateus mais apreciava era a disposição que o Mestre tinha de perdoar. Ele nunca cessaria de repetir que o necessário era apenas a fé, na questão de encontrar Deus. E sempre gostava de falar do Reino como “esse negócio de encontrar Deus”.
139:7.5 (1560.1) Embora Mateus fosse um homem com um passado de publicano, ele saiu-se admiravelmente bem na sua tarefa e, com o passar do tempo, os seus companheiros tornaram-se orgulhosos com a atuação do publicano. Ele era um dos apóstolos que tomavam longas notas das falas de Jesus, e essas notas foram usadas como base da narrativa posterior de Isador sobre os feitos e os ditos de Jesus, que se tornou conhecida como o evangelho segundo Mateus.
139:7.6 (1560.2) A longa e útil vida de Mateus, o homem de negócios e coletor alfandegário de Cafarnaum, foi o meio de conduzir milhares e milhares de outros homens de negócios, de funcionários e de políticos, nas idades subseqüentes, a também escutarem aquela voz empenhada do Mestre dizendo: “Segue-me”. Mateus realmente foi um político astuto e, de um modo intenso, leal a Jesus, tendo sido supremamente devotado à tarefa de cuidar para que os mensageiros do Reino vindouro fossem adequadamente financiados.
139:7.7 (1560.3) A presença de Mateus entre os doze foi o meio de manter as portas do Reino bem abertas para as hostes de almas desencorajadas e desterradas que haviam já, há muito tempo, considerado a si próprias como estando fora dos limites do consolo religioso. Homens e mulheres, deserdados e em desespero, e amontoados, para ouvirem a Jesus; e ele nunca rejeitou a nenhum deles.
139:7.8 (1560.4) Mateus recebia as oferendas voluntariamente feitas pelos discípulos crentes e ouvintes imediatos dos ensinamentos do Mestre, mas ele nunca solicitou fundos abertamente às multidões. Ele fazia todo o seu trabalho financeiro de um modo silencioso e pessoal e levantava a maior parte do dinheiro entre os da classe mais provida de crentes interessados. Ele praticamente deu a sua modesta fortuna ao trabalho do Mestre e aos seus apóstolos, mas eles nunca souberam dessa generosidade, salvo Jesus, que por si sabia tudo sobre isso. Mateus hesitava em contribuir abertamente para os fundos apostólicos por medo de que Jesus e os seus companheiros pudessem considerar o seu dinheiro como sendo sujo; e assim ele doou muito, mas em nome de outros crentes. Durante os meses iniciais, quando Mateus percebia que a presença dele era como que uma provação para os apóstolos, ele ficou fortemente tentado a fazer com que todos viessem a saber que os seus fundos muitas vezes supriam-nos do pão diário, mas não cedeu a essa tentação. Quando a evidência do desdém pelo publicano tornou-se evidente, Levi fervia de vontade de revelar a eles a sua generosidade, mas sempre conseguia manter-se em silêncio.
139:7.9 (1560.5) Quando os fundos para a semana eram menores do que o estimado, Levi sempre lançava mão, e pesadamente, dos próprios recursos pessoais. E também, algumas vezes quando estava muito interessado nos ensinamentos de Jesus, ele preferia permanecer para ouvir essas instruções, mesmo sabendo que teria de cobrir ele mesmo, por ter deixado de ir angariar os fundos necessários. E Levi gostaria que Jesus pudesse saber que grande parte do dinheiro vinha do seu bolso! E ele mal imaginava que Jesus sabia de tudo. Os apóstolos todos morreram sem saber que Mateus era o seu benfeitor e em um tal grau que, quando ele viajou para proclamar o evangelho do Reino, depois do começo das perseguições, estava praticamente sem nenhum dinheiro.
139:7.10 (1560.6) Quando essas perseguições levaram os crentes a abandonar Jerusalém, Mateus viajou para o norte, pregando o evangelho do Reino e batizando os crentes. Segundo o que sabiam os seus antigos companheiros do apostolado, ele já estaria perdido, no entanto ele continuou pregando e batizando, na Síria, na Capadócia, na Galátia, na Bitínia e na Trácia. E foi na Trácia, na Lisimáquia, que alguns judeus, não crentes, conspiraram com os soldados romanos para consumar a sua morte. E esse publicano regenerado morreu, triunfante, na fé de uma salvação que com tanta certeza ele havia aprendido com os ensinamentos do Mestre, durante a sua recente permanência na Terra.
8. Tomé Dídimo
139:8.1 (1561.1) Tomé era o oitavo apóstolo, e foi escolhido por Filipe. Mais tarde tornou-se conhecido como “o incrédulo Tomé”; mas os seus companheiros apóstolos não o consideravam um incrédulo crônico. É bem verdade que a sua mente era do tipo lógico, cético, mas ele tinha uma forma de lealdade corajosa que proibia aos seus conhecidos mais próximos considerá-lo como um cético por leviandade.
139:8.2 (1561.2) Quando se juntou aos apóstolos Tomé estava com vinte e nove anos, era casado, e possuía quatro filhos. Anteriormente ele havia sido carpinteiro e pedreiro, mas, sendo pescador, ultimamente residia na Tariquéia, situada na margem oeste do Jordão, onde o rio flui do mar da Galiléia; e era considerado como o cidadão líder dessa pequena aldeia. Apesar da pouca instrução, possuía uma mente perspicaz e de bom raciocínio; era filho de pais excelentes, que viviam em Tiberíades. Possuidor da única mente de fato analítica dos doze, Tomé era realmente o cientista do grupo apostólico.
139:8.3 (1561.3) A vivência inicial de Tomé no lar havia sido pouco ditosa; os seus pais não eram de todo felizes na vida de casados, e isso teve reflexo na experiência adulta de Tomé. Ele cresceu com uma disposição, bastante desagradável, para a discussão. Até mesmo a sua esposa ficou contente quando o viu juntar-se aos apóstolos, pois se sentiu aliviada com o pensamento de que o seu marido pessimista estaria longe de casa a maior parte do tempo. Tomé também nutria um vestígio de suspeita, que tornava sobremaneira difícil relacionar-se pacificamente com ele. Pedro havia ficado bastante perturbado por causa de Tomé, a princípio, queixando-se a André, seu irmão, pelo fato de que Tomé era “mesquinho, desagradável e sempre suspeitando de tudo”. Entretanto, quanto mais os seus companheiros conheciam Tomé, mais gostavam dele. Descobriram que ele era estupendamente honesto e inflexivelmente leal. Era perfeitamente sincero e inquestionavelmente verdadeiro, mas era levado por um pendor natural para encontrar erros em tudo e havia crescido como um pessimista de verdade. A sua mente analítica padecia de uma suspeita aflitiva. Tomé estava rapidamente perdendo a fé no seu semelhante quando se ligou aos doze e, assim, entrou em contato com o caráter nobre de Jesus. Essa associação com o Mestre começou imediatamente a transformar toda a disposição interior de Tomé, causando grandes mudanças nas suas reações mentais para com os seus semelhantes.
139:8.4 (1561.4) A grande força de Tomé era a sua excelente mente analítica, acompanhada por uma coragem inflexível — depois de ter tomado a sua decisão. A sua grande fraqueza era o seu duvidar suspeitoso, coisa que ele nunca venceu inteiramente em toda a sua vida na carne.
139:8.5 (1561.5) Na organização dos doze, Tomé ficou encarregado de estabelecer e ordenar o itinerário; e ele foi um diretor à altura do trabalho e dos movimentos do corpo apostólico. Era um bom executivo, um excelente homem de negócios, limitado todavia pelos seus múltiplos humores; era um homem em um dia e no próximo já se tornava outro. Quando se uniu ao grupo tinha inclinação para a melancolia meditativa, mas o contato com Jesus e os apóstolos curou-o amplamente dessa introspecção mórbida.
139:8.6 (1561.6) Jesus experimentava bastante satisfação com a companhia de Tomé e mantinha muitas e longas conversas pessoais com ele. A presença de Tomé, entre os apóstolos, foi um grande conforto para todos os céticos honestos e encorajou muitas mentes perturbadas a virem para o Reino, mesmo que não pudessem compreender completamente tudo sobre os aspectos espirituais e filosóficos dos ensinamentos de Jesus. A admissão de Tomé no grupo dos doze foi uma proclamação permanente de que Jesus ama até mesmo àqueles que duvidam sinceramente.
139:8.7 (1562.1) Os outros apóstolos reverenciavam Jesus por causa de algo da sua personalidade repleta de traços especiais e notáveis, mas Tomé reverenciava o seu Mestre por causa do seu caráter tão esplendidamente equilibrado. Tomé admirava e honrava de um modo crescente a alguém que, sendo misericordioso com tanto amor, era ainda tão inflexivelmente justo e equânime; tão firme, sem ser nunca obstinado; tão calmo, mas nunca indiferente; tão cooperativo e tão compassivo, sem tornar-se nunca intrometido, nem ditatorial; tão forte, e ao mesmo tempo tão doce; tão direto ao ponto, mas sem ser grosseiro jamais, nem rude; tão terno, sem vacilar nunca; tão puro e inocente e, ao mesmo tempo, tão viril, dinâmico e enérgico; tão verdadeiramente corajoso e jamais imprudente, nem temerário; tão amante da natureza e tão liberto de qualquer tendência a reverenciá-la; tão bem-humorado e alegre, mas isento de leviandade e de frivolidade. Era essa incomparável simetria de personalidade o que tanto encantava a Tomé. Talvez, entre os doze apóstolos, Tomé fosse aquele que, intelectualmente, usufruía de uma compreensão mais elevada de Jesus e que melhor apreciava a personalidade dele.
139:8.8 (1562.2) Nos conselhos dos doze, Tomé era sempre cauteloso, advogando em primeiro lugar uma política de segurança, mas, se o seu conservadorismo fosse derrotado ou rejeitado, era sempre ele o primeiro, e destemidamente, a ter a iniciativa de executar o programa escolhido. Quantas vezes não ficava contra algum projeto, por ser temerário e presunçoso; e não debateria até um amargo fim, mas, quando André colocava a proposta em votação e, depois, quando os doze decidiam fazer aquilo a que ele se tinha oposto, tão ardorosamente, Tomé era o primeiro a dizer: “Vamos!” Ele era um bom perdedor. E não guardava rancores nem alimentava sentimentos de mágoa. E de novo, e de novo iria se opor a deixar que Jesus se expusesse ao perigo, mas, quando o Mestre decidia enfrentar os riscos, era sempre Tomé que reanimava os apóstolos com as suas palavras corajosas: “Vamos, camaradas, vamos até lá morrer com ele”.
139:8.9 (1562.3) Tomé era, em alguns aspectos, como Filipe; ele também esperava “que lhe fosse mostrado, e como”, mas a sua expressão externa da dúvida era baseada em operações intelectuais inteiramente diferentes. Tomé era analítico, não meramente cético. E, quando a coragem pessoal física estava envolvida, ele era um dos mais valentes entre os doze.
139:8.10 (1562.4) Tomé tinha lá os seus dias maus, às vezes ficava triste e abatido. A perda da sua irmã gêmea, quando estava com nove anos, havia causado muito pesar na sua juventude, aumentando, ainda mais, os seus problemas de temperamento mais tarde na vida. Quando Tomé ficava desanimado, algumas vezes era Natanael que o ajudava a se restabelecer, algumas vezes era Pedro, e não raro um dos gêmeos Alfeus. Quando estava muito deprimido, infelizmente ele sempre tentava evitar o contato direto com Jesus. No entanto, o Mestre sabia de tudo a esse respeito e tinha uma atitude de solidariedade compreensiva para com esse apóstolo, quando ele estava assim afligido pela depressão e atormentado pelas dúvidas.
139:8.11 (1562.5) Algumas vezes Tomé conseguia a permissão de André para ficar ausente por um dia ou dois; mas logo ele aprendeu que esse comportamento não era sábio; logo percebeu que, quando estava abatido, era melhor ater-se ao seu trabalho, permanecendo perto dos seus companheiros. E, não importando o que acontecesse na sua vida emocional, ele continuava firme como apóstolo. Quando chegava a hora de ir adiante, era sempre Tomé que dizia: “Vamos em frente!”
139:8.12 (1562.6) Tomé é o grande exemplo de um ser humano que tem dúvidas, que se confronta com elas, e que vence. Possuía uma grande mente; não era um crítico maligno. Era um pensador lógico; e era uma prova de rigor para Jesus e para os seus irmãos apóstolos. Se Jesus e a sua obra não fossem verdadeiros, não poderiam ter segurado junto deles, desde o princípio, e até o fim, um homem como Tomé. Ele tinha um senso muito agudo e seguro do factual. Ao primeiro sintoma de fraude ou de ilusão, Tomé tê-los-ia abandonado a todos. Os cientistas podem não compreender plenamente tudo de Jesus e da sua obra na Terra, mas viveu e trabalhou lá, com o Mestre e com os seus colaboradores humanos, um homem cuja mente era a de um verdadeiro cientista — Tomé Dídimo — , e ele acreditou em Jesus de Nazaré.
139:8.13 (1563.1) Tomé teve momentos difíceis durante os dias do interrogatório e da crucificação. Durante algum tempo, ele chegou às profundezas do desespero, mas retomou a sua coragem, permaneceu solidário com os apóstolos e esteve presente junto com eles para acolher Jesus no mar da Galiléia. Por um momento, ele sucumbiu à sua depressão e à dúvida, mas finalmente retomou a sua fé e coragem. Ele deu conselhos sábios aos apóstolos, depois de Pentecostes, e, quando a perseguição dispersou os crentes, ele foi para Chipre, Creta, costa norte da África e Sicília, pregando as boas-novas do Reino e batizando os crentes. E Tomé continuou a pregar e a batizar, até que foi preso pelos agentes do governo romano e acabou sendo executado em Malta. Poucas semanas antes da sua morte ele havia começado a escrever sobre a vida e os ensinamentos de Jesus.
9 E 10. Tiago e Judas Alfeus
139:10.1 (1563.2) Tiago e Judas, filhos de Alfeus, os pescadores gêmeos que viviam perto de Queresa, foram o nono e o décimo apóstolos, tendo sido escolhidos por Tiago e João Zebedeu. Eles estavam com vinte e seis anos e eram casados; Tiago possuía três filhos e Judas dois.
139:10.2 (1563.3) Não há muito a ser dito sobre esses dois pescadores comuns. Eles amavam o seu Mestre e Jesus os amava, mas eles nunca interromperam os seus discursos com perguntas. Eles entendiam pouquíssimo sobre as discussões filosóficas e sobre os debates teológicos dos seus companheiros apóstolos, mas rejubilavam- se por se verem incluídos naquele grupo de homens poderosos. Esses dois homens eram quase idênticos na aparência pessoal, nas características mentais e no alcance da sua percepção espiritual. O que pode ser dito de um deve ser registrado sobre o outro.
139:10.3 (1563.4) André os designou para o trabalho de manter a ordem junto às multidões. Eles eram os principais porteiros nas horas de pregação e, de fato, eram os servidores gerais e mensageiros dos doze. Eles ajudavam a Filipe com os suprimentos, levavam o dinheiro às famílias cuidadas por Natanael, e estavam sempre prontos para dar uma mão e ajudar a qualquer dos apóstolos.
139:10.4 (1563.5) As multidões de gente comum ficavam muito encorajadas de ver dois homens, tais como eles, serem honrados com um lugar entre os apóstolos. Pela aceitação mesma deles como apóstolos, esses medíocres gêmeos representaram, eles próprios, o meio de trazer uma hoste de crentes medrosos para o Reino. E, também, o povo comum aceitava de um modo melhor a idéia de ser dirigido e conduzido por porteiros oficiais que eram bastante semelhantes a eles próprios.
139:10.5 (1563.6) Tiago e Judas, que também eram chamados de Tadeu e Lebeu, não possuíam pontos fortes nem pontos fracos. Os apelidos dados a eles pelos discípulos eram designações benevolentes para a mediocridade. Eles eram “os menores entre os apóstolos”; eles sabiam disso e sentiam-se bem com isso.
139:10.6 (1563.7) Tiago Alfeus amava especialmente a Jesus por causa da simplicidade do Mestre. Esses gêmeos não conseguiam compreender a mente de Jesus, mas captavam o laço de compaixão entre eles próprios e o coração do seu Mestre. As suas mentes não eram de uma qualidade elevada; eles poderiam, até mesmo com um certo respeito, ser chamados de estúpidos, mas tiveram nas suas naturezas espirituais uma experiência real. Eles acreditavam em Jesus; eram filhos de Deus e eram pessoas do Reino.
139:10.7 (1564.1) Judas Alfeus sentia-se atraído pela humildade sem ostentação de Jesus. Tal humildade, aliada à dignidade pessoal do Mestre, exercia um grande encanto sobre Judas. O fato de Jesus sempre recomendar que não se falasse sobre os atos incomuns que operava, causava uma grande impressão nesse filho simples da natureza.
139:10.8 (1564.2) Os gêmeos eram ajudantes de boa índole, de mente simples, e todos amavamnos. Jesus acolheu esses dois jovens, de um único talento, dando-lhes posições de honra no seu grupo pessoal mais interno do Reino, porque há milhões incontáveis de outras almas simples e temerosas, nos mundos do espaço, às quais ele quer receber, do mesmo modo, em fraternidade ativa e crente, junto a si e ao seu Espírito da Verdade, efundido para todos. Jesus não menospreza a pequenez, apenas a maldade e o pecado. Tiago e Judas eram pequenos, mas eram fiéis também. Eram simples e ignorantes, mas também tinham um coração grande, bom e generoso.
139:10.9 (1564.3) E quão orgulhosamente gratos ficaram, esses homens humildes, naquele dia em que o Mestre recusou-se a aceitar um certo homem rico como evangelista, a menos que ele vendesse os seus bens e ajudasse aos pobres. Quando o povo ouviu isso e viu os gêmeos entre os seus conselheiros, eles souberam com certeza, que Jesus não tinha preferência por pessoas. E que, somente uma instituição divina — o Reino do céu — poderia edificar-se sobre uma fundação humana de tal modo medíocre!
139:10.10 (1564.4) Apenas uma ou duas vezes, em todo o convívio com Jesus, os gêmeos aventuraram- se a fazer perguntas em público. Judas, certa vez, ficou curioso a ponto de fazer uma pergunta a Jesus quando o Mestre havia falado sobre revelar a si próprio abertamente ao mundo. Ele havia ficado um pouco decepcionado de que os segredos não fossem mais apenas dos doze, e ousou perguntar: “Mas, Mestre, quando tu te declarares assim para o mundo, como irás favorecer-nos com as manifestações especiais da tua bondade?”
139:10.11 (1564.5) Os gêmeos serviram fielmente até o fim, até os dias escuros do julgamento, da crucificação e do desespero. Eles nunca perderam a sua fé em Jesus, e (exceto por João) foram os primeiros a acreditar na sua ressurreição. Mas não conseguiam compreender o estabelecimento do Reino. Pouco após o Mestre haver sido crucificado, eles voltaram para as suas famílias e para as redes de pesca; estava realizado o trabalho deles. Eles não possuíam capacidade para continuar nas batalhas mais complexas do Reino. Contudo, viveram e morreram conscientes de terem sido honrados e abençoados pelos quatro anos de contato estreito e pessoal com um Filho de Deus, o soberano criador de um universo.
11. Simão, o Zelote
139:11.1 (1564.6) Simão zelote, o décimo primeiro apóstolo, foi escolhido por Simão Pedro. Era um homem capaz, de bons ancestrais; e vivia com a sua família em Cafarnaum. Contava vinte e oito anos quando se uniu aos apóstolos. Era um agitador feérico e também um homem que falava muito sem pensar. Tinha sido mercador em Cafarnaum, antes de voltar toda a sua atenção para a organização patriótica dos zelotes.
139:11.2 (1564.7) A Simão zelote, foi dado o encargo das diversões e do descanso do grupo apostólico; e ele era um organizador muito eficiente das diversões e das atividades de recreação dos doze.
139:11.3 (1564.8) A força de Simão estava na sua inspirada lealdade. Quando os apóstolos encontravam um homem ou mulher debatendo-se de indecisão quanto à própria entrada no Reino, eles o mandavam para Simão. Em geral levava apenas quinze minutos para que esse advogado entusiasta da salvação pela fé em Deus dissipasse as dúvidas e removesse toda indecisão; e logo se via uma nova alma nascida na “liberdade da fé e no júbilo da salvação”.
139:11.4 (1565.1) A grande fraqueza de Simão estava no lado materialista da sua mente. De judeu nacionalista que era, ele não poderia tão rapidamente transformar-se em um internacionalista de mente espiritualizada. Quatro anos foi um tempo curto demais para que se fizesse tal transformação intelectual e emocional, mas Jesus sempre se manteve paciente com ele.
139:11.5 (1565.2) O que Simão tanto admirava em Jesus era a calma, a segurança, a estabilidade e a serenidade inexplicável do Mestre.
139:11.6 (1565.3) Embora Simão fosse um revolucionário radical, um pavio destemido de agitação, ele gradualmente colocou sob controle a sua índole inflamada a ponto de tornar-se um pregador poderoso e eficiente da “Paz na Terra e da boa vontade entre os homens”. Simão era um grande argumentador; e gostava de discutir. E, quando se tratava de lidar com as mentes legalistas dos judeus instruídos, ou das minúcias intelectuais dos gregos, a tarefa era sempre dada a Simão.
139:11.7 (1565.4) Por natureza era um rebelde e, por formação, era um iconoclasta; mas Jesus o conquistou para os conceitos mais elevados do Reino do céu. Simão sempre se identificou com o partido do protesto, mas agora estava unido ao partido do progresso; do progresso ilimitado e eterno do espírito e da verdade. Simão era um homem de lealdades intensas e de devoções pessoais calorosas; e ele amava Jesus profundamente.
139:11.8 (1565.5) Jesus não temia ser identificado nem se identificar com homens de negócios, com homens do trabalho, otimistas, pessimistas, filósofos, céticos, publicanos, políticos e patriotas.
139:11.9 (1565.6) O Mestre mantinha muitas conversas com Simão, mas nunca teve êxito pleno em fazer um internacionalista, desse ardente judeu nacionalista. Jesus freqüentemente dizia a Simão que era oportuno querer ver melhoradas as ordens social, econômica e política; todavia sempre acrescentava: “Esse assunto nada tem a ver com o Reino do céu. Devemos dedicar-nos a fazer a vontade do Pai. A nossa obra é sermos embaixadores de um governo espiritual do alto; e não devemos ocupar-nos de imediato com nada que não seja representarmos a vontade e o caráter do Pai divino, que está à frente do governo de cujas credenciais somos portadores”. Era difícil para Simão compreender, mas gradativamente ele começou a captar algo do sentido dos ensinamentos do Mestre.
139:11.10 (1565.7) Depois da dispersão das perseguições de Jerusalém, Simão pôs-se temporariamente de retiro. Ele ficara de fato prostrado. Como um nacionalista patriota, ele se havia capitulado em deferência aos ensinamentos de Jesus; e agora estava perdido. Estava em desespero, mas em poucos anos reanimou as próprias esperanças e saiu para proclamar o evangelho do Reino.
139:11.11 (1565.8) Foi para a Alexandria e, após trabalhar Nilo acima, ele penetrou no coração da África, pregando em todos os lugares o evangelho de Jesus e batizando os crentes. Assim trabalhou até que a velhice e a fraqueza chegassem. E Simão morreu e foi enterrado no coração da África.
12. Judas Iscariotes
139:12.1 (1565.9) Judas Iscariotes, o décimo segundo apóstolo, foi escolhido por Natanael. Ele nasceu em Queriot, uma pequena aldeia no sul da Judéia. Quando pequeno, os seus pais mudaram-se para Jericó, onde ele vivia e havia sido empregado nos vários negócios das empresas do seu pai, antes de se tornar interessado na pregação e na obra de João Batista. Os pais de Judas eram saduceus e, quando o filho deles juntou-se aos discípulos de João, eles o repudiaram.
139:12.2 (1566.1) Quando Natanael conheceu Judas na Tariquéia, este estava à procura de um trabalho junto a uma empresa de secagem de peixe, na extremidade baixa do mar da Galiléia. Ele tinha trinta anos e não era casado quando se juntou aos apóstolos. Ele era provavelmente o mais instruído entre os doze e o único judeu na família apostólica do Mestre. Judas não tinha nenhum traço notável de força pessoal, embora tivesse muitos traços externos aparentes de cultura e de hábitos educados. Ele era um bom pensador, mas nem sempre um pensador verdadeiramente honesto. Judas realmente não queria entender a si próprio; ele não era realmente sincero ao lidar consigo mesmo.
139:12.3 (1566.2) André nomeou Judas como tesoureiro dos doze, uma posição para a qual ele estava eminentemente qualificado e, até a época da traição ao seu Mestre, ele desincumbiu- se das responsabilidades do seu posto, honesta, fiel e muito eficientemente.
139:12.4 (1566.3) Não havia nenhum traço especial em Jesus que Judas admirasse mais do que a personalidade atraente em geral e extraordinariamente encantadora do Mestre. Judas nunca foi capaz de colocar-se acima dos seus preconceitos judaicos contra os seus colegas galileus; ele chegava a criticar, na sua mente, até mesmo Jesus, em muitas coisas. A ele, a quem onze dos apóstolos admiravam como o homem perfeito, como o “único digno de ser amado e o mais importante entre dez mil”, é que esse presumido judeu muitas vezes ousava criticar no seu coração. E, realmente, ele acalentava a idéia de que Jesus fosse tímido e mesmo um pouco receoso de afirmar o seu próprio poder e autoridade.
139:12.5 (1566.4) Judas era um bom homem de negócios. Era necessário tato, habilidade e paciência, bem como uma devoção meticulosa, para conduzir os assuntos financeiros de um idealista como Jesus, sem falar da luta com os métodos desordenados de alguns dos apóstolos na condução dos negócios. Judas realmente era um grande executivo, um financista capaz e previdente. E era de uma organização persistente. Nenhum dos doze jamais criticou Judas. Até onde podiam enxergar, Judas Iscariotes era um tesoureiro sem par, um homem instruído, um apóstolo leal (se bem que algumas vezes crítico) e, em todos os sentidos da palavra, um grande sucesso. Os apóstolos amavam Judas; ele era realmente um deles. Ele deve ter acreditado em Jesus, mas duvidamos que ele tenha realmente amado o Mestre, de todo o coração. O caso de Judas ilustra a verdade daquele ditado: “Há um caminho que parece o justo para um homem, mas o fim dele é a morte”. É de todo possível ser vítima da ilusão pacífica, da adaptação agradável aos caminhos do pecado e da morte. Podeis estar certos de que Judas foi, financeiramente, sempre leal ao seu Mestre e seus irmãos apóstolos. O dinheiro nunca haveria sido o motivo da sua traição ao Mestre.
139:12.6 (1566.5) Judas era o filho único de pais pouco sábios. Quando ainda muito jovem, ele foi adulado e afagado; e tornou-se uma criança mimada. Quando cresceu, passou a possuir idéias exageradas sobre a sua própria importância. Tornou-se um mal perdedor. Nutria idéias distorcidas sobre a justiça; permitia-se a indulgência de sentir ódio e suspeita. E era especialista em interpretar erroneamente as palavras e os atos dos seus amigos. Durante toda a sua vida, Judas havia cultivado o hábito de ter de terminar quites com aqueles que, na sua fantasia, o tinham maltratado. O seu sentido de valores e lealdades era imperfeito.
139:12.7 (1566.6) Para Jesus, Judas foi uma aventura com a fé. Desde o começo, o Mestre compreendeu totalmente a fraqueza desse apóstolo e sabia perfeitamente bem dos perigos de admiti-lo na comunidade. No entanto, é da natureza dos Filhos de Deus dar a todos os seres criados chances plenas e iguais de salvação e de sobrevivência. Jesus queria, não apenas que os mortais desse mundo, mas também que os espectadores de inumeráveis outros mundos, soubessem que, quando existem dúvidas quanto à sinceridade, no coração, e à franqueza na devoção de uma criatura ao Reino, a prática invariável dos Juízes dos homens é receber totalmente o candidato em dúvida. A porta da vida eterna está bem aberta a todos; “quem quer que queira entrar, pode vir”; não há restrições ou qualificações, a não ser a fé daquele que vem.
139:12.8 (1567.1) Apenas esse foi o motivo que levou Jesus a permitir a Judas ir até o fim; e sempre fez todo o possível para transformar e salvar esse apóstolo fraco e confuso. Contudo, quando a luz não é recebida com honestidade e vivida de acordo, ela tende a transformar-se em trevas dentro da alma. Judas cresceu intelectualmente com os ensinamentos de Jesus sobre o Reino, mas não conseguiu progressos na aquisição do caráter espiritual, como lograram os outros apóstolos. Ele não conseguiu fazer um progresso pessoal satisfatório na experiência espiritual.
139:12.9 (1567.2) Cada vez mais, Judas deixou que os desapontamentos pessoais crescessem dentro dele, para finalmente tornar-se vítima do ressentimento. Os seus sentimentos haviam sido feridos muitas vezes, e ele deixou que a suspeita crescesse de um modo anormal, a suspeita em relação aos seus melhores amigos, e até mesmo em relação ao Mestre. Em breve ele tornou-se obcecado pela idéia de tirar a diferença e ficar quites, de fazer qualquer coisa para vingar-se, sim, chegando até mesmo à traição aos seus companheiros e ao seu Mestre.
139:12.10 (1567.3) E essas idéias perversas e perigosas não tomaram forma definitiva até o dia em que uma mulher agradecida entornou uma caixa valiosa de incenso aos pés de Jesus. Isso pareceu um desperdício para Judas e, quando o seu protesto público foi tão vivamente desaprovado por Jesus, ali, diante de todos, foi demais. Aquele acontecimento determinou a mobilização de todo ódio, mágoa, maldade, preconceito, inveja e vingança, acumulados durante uma vida; e ele decidiu tirar a diferença, não importasse com quem; e então cristalizou todo o mal da sua natureza sobre a única pessoa inocente em todo o drama sórdido da sua vida desafortunada, apenas porque casualmente Jesus fora o agente principal, no episódio que marcou a sua passagem escolhida por ele próprio, do Reino progressivo da luz, para o domínio das trevas.
139:12.11 (1567.4) O Mestre, muitas vezes, tanto em particular quanto publicamente, havia prevenido a Judas de que ele estava entorpecido; mas as advertências divinas em geral são inúteis quando se trata da natureza humana amargurada. Jesus fez tudo o que foi possível, e compatível com a liberdade moral humana, para impedir que Judas escolhesse o caminho errado. O grande teste finalmente veio. O filho do ressentimento fracassou; e, dando a si mesmo uma auto-importância exagerada, cedeu aos ditames amargos e sórdidos de uma mente orgulhosa, vingativa, que mergulhava célere em confusão, no desespero e na perversidade.
139:12.12 (1567.5) Judas entrou na intriga baixa e vergonhosa para trair o seu Senhor e Mestre e rapidamente levou adiante o esquema nefando. Durante a realização do plano concebido pela sua raiva e deslealdade traiçoeira, ele experimentou momentos de arrependimento e de vergonha e, nesses intervalos de lucidez, ele concebeu medrosamente, tal uma defesa para a sua própria mente, a idéia de que seria possível que Jesus exercesse o seu poder para libertar a si próprio, no último momento.
139:12.13 (1567.6) Quando o negócio vil e pecaminoso estava terminado, esse mortal renegado, que tinha dado tão pouca importância a vender o seu amigo por trinta peças de prata, para satisfazer a sua há muito alimentada sede de vingança, saiu precipitadamente e cometeu o ato final, no drama de fuga às realidades da existência mortal — o suicídio.
139:12.14 (1567.7) Os onze apóstolos ficaram horrorizados, atordoados. Jesus olhou para o traidor apenas com piedade. Os mundos têm achado difícil perdoar Judas, e o seu nome é evitado em todo um vasto universo.