Urântia

OS DOCUMENTOS DE URÂNTIA

- A REVELAÇÃO DO TERCEIRO MILÊNIO -

INDICE

Documento 182

No Getsêmani

182:0.1 (1963.1) Eram cerca de dez horas da noite desta quinta-feira quando Jesus conduziu os onze apóstolos desde a casa de Elias e Maria Marcos no seu caminho de volta ao acampamento do Getsêmani. Desde aquele dia nas colinas, João Marcos assumiu a responsabilidade de manter um olhar vigilante sobre Jesus. João, precisando dormir, havia ganho várias horas de descanso enquanto o Mestre estivera com seus apóstolos no cenáculo, mas ao ouvi-los descer, levantou-se e, jogando rapidamente um manto de linho sobre si, seguiu-os através da cidade, cruzando o riacho Cédron, e rumo ao acampamento privado deles adjacente ao Parque do Getsêmani. E João Marcos permaneceu tão perto do Mestre durante esta noite e no dia seguinte que testemunhou tudo e ouviu muito do que o Mestre disse desde este momento até a hora da crucificação.

182:0.2 (1963.2) Enquanto Jesus e os onze voltavam para o acampamento, os apóstolos começaram a questionar-se sobre o significado da ausência prolongada de Judas, e conversaram uns com os outros sobre a predição do Mestre de que um deles o trairia, e pela primeira vez suspeitaram que nem tudo estava bem com Judas Iscariotes. Mas não se envolveram em comentários abertos sobre Judas até chegarem ao acampamento e observarem que ele não estava lá, à espera para recebê-los. Quando todos cercaram André para saber o que havia acontecido com Judas, seu chefe apenas comentou: “Não sei onde está Judas, mas temo que ele nos tenha abandonado”.

 

1. A Última Prece em Grupo

 

182:1.1 (1963.3) Pouco tempo depois de chegar ao acampamento, Jesus disse-lhes: “Meus amigos e irmãos, meu tempo com vocês agora é muito curto, e desejo que fiquemos a sós enquanto oramos ao nosso Pai no céu em busca de força para nos sustentar nesta hora e doravante em todo o trabalho que temos que fazer em nome Dele”.

182:1.2 (1963.4) Depois de ter falado assim, Jesus seguiu à frente por uma curta distância até o Monte das Oliveiras e, com a visão total de Jerusalém, pediu-lhes que se ajoelhassem sobre uma grande rocha achatada num círculo ao seu redor, como haviam feito no dia da ordenação deles; e então, enquanto estava ali no meio deles glorificado sob o luar suave, ele ergueu os olhos para o céu e orou:

182:1.3 (1963.5) “Pai, a minha hora chegou; agora glorifique o Seu Filho, para que o Filho O glorifique. Eu sei que você me deu autoridade total sobre todas as criaturas vivas em meu reino, e darei a vida eterna a todos os que se tornarem filhos de Deus pela fé. E esta é a vida eterna, que minhas criaturas O conheçam como o único Deus verdadeiro e Pai de todos, e que acreditem naquele que Você enviou ao mundo. Pai, eu O exaltei na Terra e realizei a obra que me deu para fazer. Quase terminei minha consagração aos filhos de nossa própria criação; resta-me apenas dar a minha vida na carne. E agora, ó meu Pai, me glorifique com a glória que eu tinha com Você antes que este mundo existisse e me receba mais uma vez à Sua mão direita.

182:1.4 (1964.1) “Eu O manifestei aos homens que escolheu do mundo e que me deu. Eles são Seus – como toda a vida está em Suas mãos – Você os deu a mim, e eu vivi entre eles, ensinando-lhes o caminho da vida, e eles acreditaram. Estes homens estão aprendendo que tudo o que tenho vem de Você e que a vida que vivo na carne é para dar a conhecer meu Pai aos mundos. A verdade que Você me deu, eu a revelei a eles. Estes, meus amigos e embaixadores, desejaram sinceramente receber a Sua palavra. Eu lhes disse que fui emanado de Você, que Você me enviou a este mundo e que estou prestes a retornar para Você. Pai, eu oro por estes homens escolhidos. E eu oro por eles não como oraria pelo mundo, mas como por aqueles que escolhi do mundo para me representarem no mundo depois que eu retornar à Sua obra, assim como eu O representei neste mundo durante minha permanência na carne. Estes homens são meus; Você os deu a mim; mas todas as coisas que são minhas serão sempre Suas, e tudo o que era Seu Você agora fez com que fosse meu. Você tem sido exaltado em mim e agora oro para que eu possa ser honrado nestes homens. Não posso mais estar neste mundo; estou prestes a retornar à obra que Você me deu para fazer. Tenho que deixar estes homens para trás para nos representarem e ao nosso reino entre os homens. Pai, mantenha estes homens fiéis enquanto me preparo para entregar minha vida na carne. Ajude-os, meus amigos, a serem um em espírito, assim como nós somos um. Enquanto pude estar com eles, pude vigiá-los e orientá-los, mas agora estou prestes a partir. Esteja perto deles, Pai, até que possamos enviar o novo instrutor para confortá-los e fortalecê-los.

182:1.5 (1964.2) “Você me deu doze homens, e eu mantive todos eles salvos exceto um, o filho da vingança, que não quis mais ter comunhão conosco. Estes homens são fracos e frágeis, mas sei que podemos confiar neles; eu os testei; eles me amam, assim como reverenciam Você. Embora tenham que sofrer muito em meu nome, desejo que também sejam cheios da alegria da certeza da filiação ao reino celestial. Dei a estes homens a Sua palavra e ensinei-lhes a verdade. O mundo pode odiá-los, assim como me odiou, mas não peço que Você os tire do mundo, apenas que os preserve do mal do mundo. Santifique-os na verdade; Sua palavra é a verdade. E assim como Você me enviou a este mundo, também estou prestes a enviar estes homens ao mundo. Por causa deles, vivi entre os homens e consagrei minha vida ao Seu serviço para poder inspirá-los a serem purificados por meio da verdade que lhes ensinei e do amor que lhes revelei. Bem sei, meu Pai, que não há necessidade de Lhe pedir que cuide destes irmãos depois que eu partir; sei que Você os ama tanto quanto eu, mas faço isto para que eles percebam melhor que o Pai ama os homens mortais assim como o Filho o faz.

182:1.6 (1964.3) “E agora, meu Pai, eu gostaria de orar não apenas por estes onze homens, mas também por todos os outros que agora acreditam, ou que daqui em diante poderão acreditar no evangelho do reino por meio da palavra da futura ministração deles. Quero que todos eles sejam um, assim como Você e eu somos um. Você está em mim e eu estou em Você, e desejo que estes crentes também estejam em nós; que ambos os nossos espíritos residam neles. Se meus filhos forem um como nós somos um, e se eles amarem uns aos outros como eu os tenho amado, todos os homens acreditarão que eu vim de Você e estarão dispostos a receber a revelação da verdade e da glória que eu fiz. A glória que Você me deu eu revelei a estes crentes. Assim como Você viveu comigo em espírito, eu vivi com eles na carne. Assim como Você foi um comigo, eu também fui um com eles, e o novo instrutor sempre será um com eles e neles. E tudo isto fiz para que meus irmãos na carne saibam que o Pai os ama assim como o Filho, e que Você os ama assim como me ama. Pai, trabalhe comigo para salvar estes crentes, para que eles possam agora estar comigo na glória e depois se juntarem a Você no abraço do Paraíso. Aqueles que servem comigo em humilhação, eu gostaria de tê-los comigo na glória, para que possam ver tudo o que Você entregou em minhas mãos como a colheita eterna da sementeira do tempo à semelhança da carne mortal. Anseio mostrar aos meus irmãos terrenos a glória que eu tinha com Você antes da fundação deste mundo. Este mundo sabe muito pouco sobre Você, Pai justo, mas eu O conheço e O dei a conhecer a estes crentes, e eles divulgarão Seu nome a outras gerações. E agora eu prometo a eles que Você estará com eles no mundo assim como esteve comigo – apesar de tudo.”

182:1.7 (1965.1) Os onze permaneceram ajoelhados neste círculo ao redor de Jesus por vários minutos antes de se levantarem e em silêncio seguirem o caminho de volta para o acampamento próximo.

182:1.8 (1965.2) Jesus orou pela unidade entre os seus seguidores, mas não desejava uniformidade. O pecado cria um nível morto de inércia maligna, mas a retidão nutre o espírito criativo da experiência individual nas realidades vivas da verdade eterna e na comunhão progressiva dos espíritos divinos do Pai e do Filho. Na comunhão espiritual do filho-crente com o Pai divino nunca poderá haver finalidade doutrinária e superioridade sectária da consciência do grupo.

182:1.9 (1965.3) O Mestre, no decurso desta prece final com os seus apóstolos, aludiu ao fato de que ele havia manifestado o nome do Pai ao mundo. E foi verdadeiramente isso que ele fez pela revelação de Deus por intermédio de sua vida perfeccionada na carne. O Pai no céu havia Se procurado revelar-Se a Moisés, mas não pôde prosseguir além de fazer com que fosse dito: “EU SOU”. E quando instado por mais revelação de Si Mesmo, foi apenas revelado: “EU SOU O QUE SOU”. Mas quando Jesus terminou a sua vida na Terra, este nome do Pai ficara revelado de modo tal que o Mestre, que era o Pai encarnado, pôde dizer verdadeiramente:

 

182:1.10 (1965.4) Eu sou o pão da vida.

182:1.11 (1965.5) Eu sou a água viva.

182:1.12 (1965.6) Eu sou a luz do mundo.

182:1.13 (1965.7) Eu sou o desejo de todas as eras.

182:1.14 (1965.8) Eu sou a porta aberta para a salvação eterna.

182:1.15 (1965.9) Eu sou a realidade da vida sem fim.

182:1.16 (1965.10) Eu sou o bom pastor.

182:1.17 (1965.11) Eu sou o caminho da perfeição infinita.

182:1.18 (1965.12) Eu sou a ressurreição e a vida.

182:1.19 (1965.13) Eu sou o segredo da sobrevivência eterna.

182:1.20 (1965.14) Eu sou o caminho, a verdade e a vida.

182:1.21 (1965.15) Eu sou o Pai infinito dos meus filhos finitos.

182:1.22 (1965.16) Eu sou a videira verdadeira; vocês são os ramos.

182:1.23 (1965.17) Eu sou a esperança de todos os que conhecem a verdade viva.

182:1.24 (1965.18) Eu sou a ponte viva de um mundo a outro.

182:1.25 (1965.19) Eu sou o elo vivo entre o tempo e a eternidade.

 

182:1.26 (1965.20) Assim Jesus ampliou a revelação viva do nome de Deus a todas as gerações. Assim como o amor divino revela a natureza de Deus, a verdade eterna revela o nome Dele em proporções cada vez amplas.

 

2. A Última Hora Antes da Traição

 

182:2.1 (1966.1) Os apóstolos ficaram grandemente chocados quando retornaram ao seu acampamento e depararam com a ausência de Judas. Enquanto os onze estavam envolvidos numa discussão acalorada sobre o seu companheiro apóstolo traidor, Davi Zebedeu e João Marcos chamaram Jesus de lado e revelaram que haviam mantido Judas sob observação por vários dias e que sabiam que ele pretendia entregá-lo nas mãos de seus inimigos. Jesus os ouviu, mas apenas disse: “Meus amigos, nada pode acontecer ao Filho do Homem a menos que o Pai no céu assim o queira. Não deixem seus corações ficarem perturbados; todas as coisas trabalharão juntas para a glória de Deus e a salvação dos homens”.

182:2.2 (1966.2) A atitude alegre de Jesus estava diminuindo. Com o passar da hora, ele ficou cada vez mais sério, até mesmo triste. Os apóstolos, muito agitados, relutavam em retornar às suas tendas mesmo quando solicitados pelo próprio Mestre. Ao regressar da conversa com Davi e João, dirigiu as suas últimas palavras a todos os onze, dizendo: “Meus amigos, vão para o seu repouso. Preparem-se para o trabalho de amanhã. Lembrem-se de que todos devemos nos submeter à vontade do Pai no céu. Deixo com vocês minha paz”. E tendo falado assim, fê-los ir para as suas tendas, mas, enquanto eles iam, ele chamou Pedro, Tiago e João, dizendo: “Desejo que vocês fiquem comigo um pouco”.

182:2.3 (1966.3) Os apóstolos adormeceram apenas porque estavam literalmente exaustos; haviam dormido pouco desde a sua chegada em Jerusalém. Antes de irem para os seus dormitórios separados, Simão Zelote conduziu-os a todos até à tenda dele, onde estavam guardadas as espadas e outras armas, e forneceu a cada um deles este equipamento de combate. Todos eles receberam estas armas e se cingiram com elas, exceto Natanael. Natanael, ao recusar se armar, disse: “Meus irmãos, o Mestre tem-nos dito repetidamente que o seu reino não é deste mundo e que os seus discípulos não deveriam lutar com a espada para ocasionar o seu estabelecimento. Eu acredito nisto; não creio que o Mestre precise que empreguemos a espada em defesa dele. Todos nós vimos o seu grandioso poder e sabemos que ele poderia defender-se contra os seus inimigos se assim o desejasse. Se ele não quer resistir aos seus inimigos, tem que ser porque tal curso representa a tentativa dele de cumprir a vontade do seu Pai. Irei orar, mas não empunharei a espada”. Quando André ouviu o discurso de Natanael, devolveu a espada a Simão Zelote. E assim nove deles estavam armados quando se separaram para a noite.

182:2.4 (1966.4) O ressentimento por Judas ser um traidor naquele momento eclipsou tudo o mais nas mentes dos apóstolos. O comentário do Mestre a respeito de Judas, proferido no decurso da última prece, abriu-lhes os olhos para o fato de que ele os tinha abandonado.

182:2.5 (1966.5) Depois que os oito apóstolos finalmente foram para as suas tendas, e enquanto Pedro, Tiago e João estavam de prontidão para receber as ordens do Mestre, Jesus chamou Davi Zebedeu: “Me envia o seu mensageiro mais veloz e confiável”. Quando Davi trouxe ao Mestre um certo Jacó, outrora estafeta no serviço noturno de mensageiros entre Jerusalém e Betsaida, Jesus, dirigindo-se a ele, disse: “Vá com toda pressa a Abner, em Filadélfia, e diga: ‘O Mestre lhe envia saudações de paz e diz que chegou a hora em que ele será entregue nas mãos de seus inimigos, os quais o levarão à morte, mas que ele ressuscitará dos mortos e aparecerá em breve a você, antes de ir para o Pai, e que ele então lhe dará orientação sobre o momento em que o novo instrutor virá viver em seus corações’.” E quando Jacó havia ensaiado esta mensagem até o Mestre se dar por satisfeito, Jesus o mandou embora, dizendo: “Não tema o que qualquer homem possa lhe fazer, Jacó, pois esta noite um mensageiro invisível correrá ao seu lado”.

182:2.6 (1967.1) Então Jesus voltou-se para o chefe dos visitantes gregos que estavam acampados com eles, e disse: “Meu irmão, não se perturbe com o que está prestes a acontecer pois eu já o avisei de antemão. O Filho do Homem será levado à morte por instigação dos seus inimigos, os principais sacerdotes e os governantes dos judeus, mas eu ressuscitarei para estar com vocês um breve tempo antes de ir para o Pai. E quando você tiver visto tudo isto acontecer, glorifique a Deus e fortaleça seus irmãos”.

182:2.7 (1967.2) Em circunstâncias normais os apóstolos teriam dado pessoalmente boa-noite ao Mestre, mas naquela noite eles estavam tão preocupados com a súbita compreensão da deserção de Judas e tão atordoados pela natureza inusitada da prece de despedida do Mestre, que ouviram a sua saudação de despedida e partiram em silêncio.

182:2.8 (1967.3) Jesus disse isto a André ao sair de seu lado naquela noite: “André, faça o que puder para manter os seus irmãos unidos até que eu volte novamente para vocês depois de ter bebido este cálice. Fortaleça seus irmãos, visto que já lhes contei tudo. A paz esteja com você”.

182:2.9 (1967.4) Nenhum dos apóstolos esperava que algo fora do comum acontecesse naquela noite dado que já era tão tarde. Procuravam dormir para poderem acordar cedo na manhã e estarem preparados para o pior. Eles pensavam que os sacerdotes principais procurariam aprisionar o seu Mestre de manhã cedo, pois nenhum trabalho secular era jamais feito depois do meio-dia no dia de preparação para a Páscoa. Somente Davi Zebedeu e João Marcos entenderam que os inimigos de Jesus viriam com Judas naquela mesma noite.

182:2.10 (1967.5) Davi havia providenciado ficar de guarda naquela noite na trilha superior que levava à estrada Betânia-Jerusalém, enquanto João Marcos deveria vigiar ao longo da estrada que subia pelo Cédron até o Getsêmani. Antes de iniciar sua tarefa autoimposta de sentinela avançado, Davi se despediu de Jesus, dizendo: “Mestre, tive grande alegria em meu serviço com você. Meus irmãos são seus apóstolos, mas me regozijei em fazer as coisas menores como deveriam ser feitas, e sentirei sua falta de todo o coração quando você se for”. E então disse Jesus a Davi: “Davi, meu filho, outros fizeram o que foram instruídos a fazer, mas este serviço você fez de seu próprio coração, e eu não ignorei sua devoção. Você também um dia servirá comigo no reino eterno”.

182:2.11 (1967.6) E então, enquanto se preparava para ficar de vigília na trilha acima, Davi disse a Jesus: “Sabe, Mestre, mandei chamar a sua família, e recebi a notícia por meio de um mensageiro de que eles estão esta noite em Jericó. Eles estarão aqui amanhã cedo, já que seria perigoso para eles subirem o caminho sangrento à noite”. E Jesus, olhando abaixo para Davi, apenas disse: “Assim seja, Davi”.

182:2.12 (1967.7) Quando Davi subiu o Monte das Oliveiras, João Marcos iniciou a sua vigília perto da estrada que descia ao longo do riacho até Jerusalém. E João teria permanecido neste posto se não fosse o seu grande desejo de estar perto de Jesus e de saber o que estava acontecendo. Pouco depois de Davi o ter deixado, e quando João Marcos observava Jesus retirar-se, com Pedro, Tiago e João, para uma ravina próxima, ele ficou tão dominado por uma combinação de devoção e curiosidade que abandonou o seu posto de sentinela e seguiu-os, escondendo-se nos arbustos, de onde viu e ouviu tudo o que aconteceu durante aqueles últimos momentos no jardim e pouco antes de Judas e os guardas armados aparecerem para prender Jesus.

182:2.13 (1968.1) Enquanto tudo isto acontecia no acampamento do Mestre, Judas Iscariotes estava em conferência com o capitão dos guardas do templo, o qual havia reunido os seus homens em preparação para partirem, sob a liderança do traidor, para prender Jesus.

 

3. Sozinho no Getsêmani

 

182:3.1 (1968.2) Depois de tudo estar calmo e silencioso no acampamento, Jesus, levando Pedro, Tiago e João, percorreu um curto caminho até uma ravina próxima onde já havia ido muitas vezes antes para orar e comungar. Os três apóstolos não puderam deixar de reconhecer que ele estava seriamente oprimido; nunca antes eles haviam observado seu Mestre tão abatido e triste. Quando chegaram ao local de suas devoções, ele pediu aos três que se sentassem e vigiassem com ele enquanto se afastava para orar a curta distância. E quando havia caído com o rosto no chão, ele orou: “Meu Pai, eu vim a este mundo para fazer a Sua vontade, e assim o fiz. Eu sei que chegou a hora de entregar esta vida na carne, e eu não me encolho diante disso, mas eu gostaria de saber se é a Sua vontade que eu beba este cálice. Envie-me a garantia de que irei Lhe agradar em minha morte, assim como fiz em minha vida”.

182:3.2 (1968.3) O Mestre permaneceu numa atitude de prece por alguns momentos e, então, indo até os três apóstolos, encontrou-os profundamente adormecidos, pois seus olhos estavam pesados e não conseguiram permanecer acordados. Assim que os acordou, Jesus disse: “O quê! Vocês não conseguem vigiar comigo nem por uma hora? Não conseguem ver que minha alma está extremamente triste, até a morte, e que anseio por sua companhia?” Depois que os três despertaram de seu sono, o Mestre novamente se separou sozinho e, se lançando no chão, orou novamente: “Pai, eu sei que é possível evitar este cálice – todas as coisas são possíveis com Você – mas eu vim para fazer a Sua vontade e, embora este seja um cálice amargo, eu gostaria de bebê-lo se é a Sua vontade”. E depois de ter orado assim, um anjo poderoso desceu ao seu lado e, falando com ele, tocou-o e fortaleceu-o.

 

182:3.3 (1968.4) Quando Jesus voltou para falar com os três apóstolos, novamente os encontrou profundamente adormecidos. Ele os acordou, dizendo: “Numa hora como esta eu preciso que vocês vigiem e orem comigo – tanto mais que vocês precisam orar para não entrarem em tentação – por que vocês adormecem quando eu os deixo?”

 

182:3.4 (1968.5) E então, pela terceira vez, o Mestre retirou-se e orou: “Pai, Você vê os meus apóstolos adormecidos; tenha misericórdia deles. O espírito está realmente disposto, mas a carne é fraca. E agora, ó Pai, se este cálice não pode ser evitado, então eu gostaria de bebê-lo. Não a minha vontade, mas a Sua, seja feita”. E, quando terminou de orar, ficou por um momento prostrado no chão. Quando se levantou e voltou para os seus apóstolos, mais uma vez os encontrou adormecidos. Ele os examinou e, com um gesto de pena, disse ternamente: “Durmam agora e descansem; o tempo da decisão já passou. Chegou a hora em que o Filho do Homem será traído às mãos de seus inimigos”. Ao se abaixar para sacudi-los a fim de despertá-los, ele disse: “Levantem-se, voltemos ao acampamento, pois eis que aquele que me trai está próximo, e chegou a hora em que meu rebanho será disperso. Mas eu já lhes contei sobre essas coisas”.

 

 

 

182:3.5 (1968.6) Durante os anos em que Jesus viveu entre os seus seguidores, eles tiveram, de fato, muitas provas da sua natureza divina, mas agora mesmo estão prestes a testemunhar novas evidências da humanidade dele. Pouco antes da maior de todas as revelações da sua divindade, a sua ressurreição, têm agora que vir as maiores provas da sua natureza mortal, a sua humilhação e crucificação.

 

 

 

182:3.6 (1969.1) Cada vez que ele orava no jardim, a sua humanidade firmava um apego de fé mais firme à sua divindade; sua vontade humana tornou-se mais completamente una com a vontade divina de seu Pai. Entre outras palavras ditas a ele pelo anjo poderoso estava a mensagem de que o Pai desejava que seu Filho terminasse sua consagração na Terra passando pela experiência da morte como criatura exatamente como todas as criaturas mortais têm que experimentar a dissolução material ao passar da existência do tempo para a progressão da eternidade.

 

182:3.7 (1969.2) No início da noite não havia parecido tão difícil beber o cálice, mas, à medida que o Jesus humano se despedia dos seus apóstolos e os mandava descansar, a provação tornou-se mais terrível. Jesus experimentou aquele fluxo e refluxo natural de sentimentos que é comum a toda experiência humana, e agora mesmo ele estava cansado do trabalho, exausto das longas horas de labor árduo e da dolorosa ansiedade relativa à segurança de seus apóstolos. Embora nenhum mortal possa presumir compreender os pensamentos e sentimentos do Filho de Deus encarnado num momento como este, sabemos que ele suportou grande angústia e sofreu indescritível pesar, pois o suor escorria de seu rosto em grandes gotas. Ele finalmente se convenceu de que o Pai pretendia permitir que os acontecimentos naturais seguissem seu curso; ele estava plenamente determinado a não empregar nenhum de seus poderes soberanos como chefe supremo de um universo para se salvar.

 

 

 

 

 

182:3.8 (1969.3) As hostes reunidas de uma vasta criação pairam agora sobre esta cena, sob o comando conjunto transitório de Gabriel e do Ajustador Personalizado de Jesus. Os comandantes de divisão destes exércitos do céu têm sido repetidamente avisados para não interferirem nestas transações na Terra, a menos que o próprio Jesus lhes ordene que intervenham.

 

182:3.9 (1969.4) A experiência da separação dos apóstolos causou grande tensão no coração humano de Jesus; esta tristeza de amor se abateu sobre ele e tornou mais difícil enfrentar uma morte como a que ele bem sabia que o aguardava. Ele percebeu quão fracos e ignorantes eram seus apóstolos, e temeu deixá-los. Ele sabia muito bem que havia chegado o momento de sua partida, mas seu coração humano ansiava por descobrir se não haveria alguma via legítima de fuga desta terrível situação de sofrimento e tristeza. E quando procurou assim escapar e não conseguiu, dispôs-se a beber o cálice. A mente divina de Micael sabia que ele havia feito o seu melhor pelos doze apóstolos; mas o coração humano de Jesus desejou que mais pudesse ter sido feito por eles antes que fossem deixados sozinhos no mundo. O coração de Jesus estava sendo destroçado; ele verdadeiramente amava seus irmãos. Ele estava isolado de sua família na carne; um de seus companheiros escolhidos o estava traindo. O povo de seu pai José o havia rejeitado e desse modo selou a sua derrocada como um povo com uma missão especial na Terra. Sua alma estava torturada pelo amor frustrado e pela misericórdia rejeitada. Foi exatamente um daqueles momentos humanos terríveis em que tudo parece desabar com crueldade esmagadora e agonia terrível.

 

182:3.10 (1969.5) A humanidade de Jesus não era insensível a esta situação de solidão privada, de vergonha pública e à aparência do fracasso da sua causa. Todos estes sentimentos o sobrecarregavam com um peso indescritível. Nesta grande tristeza, sua mente voltou aos dias de sua infância em Nazaré e ao seu trabalho inicial na Galileia. No momento desta grande provação, surgiram em sua mente muitas daquelas cenas agradáveis de sua ministração terrena. E foi a partir destas velhas lembranças de Nazaré, Cafarnaum, Monte Hérmon e do nascer e pôr do sol no cintilante Mar da Galileia, que ele se acalmou enquanto tornava seu coração humano fortalecido e pronto para se encontrar com o traidor que muito em breve o iria atraiçoar.

 

 

182:3.11 (1970.1) Antes de Judas e os soldados chegarem, o Mestre havia recuperado plenamente a sua compostura habitual; o espírito havia triunfado sobre a carne; a fé se afirmou acima de todas as tendências humanas de temer ou nutrir dúvidas. O teste supremo da plena realização da natureza humana fora enfrentado e superado de forma aceitável. Mais uma vez o Filho do Homem estava preparado para enfrentar os seus inimigos com equanimidade e na plena certeza da sua invencibilidade como um homem mortal dedicado sem reservas a fazer a vontade do seu Pai.

 

Paper 182

In Gethsemane

182:0.1 (1963.1) IT WAS about ten o’clock this Thursday night when Jesus led the eleven apostles from the home of Elijah and Mary Mark on their way back to the Gethsemane camp. Ever since that day in the hills, John Mark had made it his business to keep a watchful eye on Jesus. John, being in need of sleep, had obtained several hours of rest while the Master had been with his apostles in the upper room, but on hearing them coming downstairs, he arose and, quickly throwing a linen coat about himself, followed them through the city, over the brook Kidron, and on to their private encampment adjacent to Gethsemane Park. And John Mark remained so near the Master throughout this night and the next day that he witnessed everything and overheard much of what the Master said from this time on to the hour of the crucifixion.

182:0.2 (1963.2) As Jesus and the eleven made their way back to camp, the apostles began to wonder about the meaning of Judas’s prolonged absence, and they spoke to one another concerning the Master’s prediction that one of them would betray him, and for the first time they suspected that all was not well with Judas Iscariot. But they did not engage in open comment about Judas until they reached the camp and observed that he was not there, waiting to receive them. When they all besieged Andrew to know what had become of Judas, their chief remarked only, “I do not know where Judas is, but I fear he has deserted us.”


1. The Last Group Prayer


182:1.1 (1963.3) A few moments after arriving at camp, Jesus said to them: “My friends and brethren, my time with you is now very short, and I desire that we draw apart by ourselves while we pray to our Father in heaven for strength to sustain us in this hour and henceforth in all the work we must do in his name.”

182:1.2 (1963.4) When Jesus had thus spoken, he led the way a short distance up on Olivet, and in full view of Jerusalem he bade them kneel on a large flat rock in a circle about him as they had done on the day of their ordination; and then, as he stood there in the midst of them glorified in the mellow moonlight, he lifted up his eyes toward heaven and prayed:

182:1.3 (1963.5) “Father, my hour has come; now glorify your Son that the Son may glorify you. I know that you have given me full authority over all living creatures in my realm, and I will give eternal life to all who will become faith sons of God. And this is eternal life, that my creatures should know you as the only true God and Father of all, and that they should believe in him whom you sent into the world. Father, I have exalted you on earth and have accomplished the work which you gave me to do. I have almost finished my bestowal upon the children of our own creation; there remains only for me to lay down my life in the flesh. And now, O my Father, glorify me with the glory which I had with you before this world was and receive me once more at your right hand.

182:1.4 (1964.1) “I have manifested you to the men whom you chose from the world and gave to me. They are yours—as all life is in your hands—you gave them to me, and I have lived among them, teaching them the way of life, and they have believed. These men are learning that all I have comes from you, and that the life I live in the flesh is to make known my Father to the worlds. The truth which you have given to me I have revealed to them. These, my friends and ambassadors, have sincerely willed to receive your word. I have told them that I came forth from you, that you sent me into this world, and that I am about to return to you. Father, I do pray for these chosen men. And I pray for them not as I would pray for the world, but as for those whom I have chosen out of the world to represent me to the world after I have returned to your work, even as I have represented you in this world during my sojourn in the flesh. These men are mine; you gave them to me; but all things which are mine are ever yours, and all that which was yours you have now caused to be mine. You have been exalted in me, and I now pray that I may be honored in these men. I can no longer be in this world; I am about to return to the work you have given me to do. I must leave these men behind to represent us and our kingdom among men. Father, keep these men faithful as I prepare to yield up my life in the flesh. Help these, my friends, to be one in spirit, even as we are one. As long as I could be with them, I could watch over them and guide them, but now am I about to go away. Be near them, Father, until we can send the new teacher to comfort and strengthen them.

182:1.5 (1964.2) “You gave me twelve men, and I have kept them all save one, the son of revenge, who would not have further fellowship with us. These men are weak and frail, but I know we can trust them; I have proved them; they love me, even as they reverence you. While they must suffer much for my sake, I desire that they should also be filled with the joy of the assurance of sonship in the heavenly kingdom. I have given these men your word and have taught them the truth. The world may hate them, even as it has hated me, but I do not ask that you take them out of the world, only that you keep them from the evil in the world. Sanctify them in the truth; your word is truth. And as you sent me into this world, even so am I about to send these men into the world. For their sakes I have lived among men and have consecrated my life to your service that I might inspire them to be purified through the truth I have taught them and the love I have revealed to them. I well know, my Father, that there is no need for me to ask you to watch over these brethren after I have gone; I know you love them even as I, but I do this that they may the better realize the Father loves mortal men even as does the Son.

182:1.6 (1964.3) “And now, my Father, I would pray not only for these eleven men but also for all others who now believe, or who may hereafter believe the gospel of the kingdom through the word of their future ministry. I want them all to be one, even as you and I are one. You are in me and I am in you, and I desire that these believers likewise be in us; that both of our spirits indwell them. If my children are one as we are one, and if they love one another as I have loved them, all men will then believe that I came forth from you and be willing to receive the revelation of truth and glory which I have made. The glory which you gave me I have revealed to these believers. As you have lived with me in spirit, so have I lived with them in the flesh. As you have been one with me, so have I been one with them, and so will the new teacher ever be one with them and in them. And all this have I done that my brethren in the flesh may know that the Father loves them even as does the Son, and that you love them even as you love me. Father, work with me to save these believers that they may presently come to be with me in glory and then go on to join you in the Paradise embrace. Those who serve with me in humiliation, I would have with me in glory so that they may see all you have given into my hands as the eternal harvest of the seed sowing of time in the likeness of mortal flesh. I long to show my earthly brethren the glory I had with you before the founding of this world. This world knows very little of you, righteous Father, but I know you, and I have made you known to these believers, and they will make known your name to other generations. And now I promise them that you will be with them in the world even as you have been with me—even so.”

182:1.7 (1965.1) The eleven remained kneeling in this circle about Jesus for several minutes before they arose and in silence made their way back to the near-by camp.

182:1.8 (1965.2) Jesus prayed for unity among his followers, but he did not desire uniformity. Sin creates a dead level of evil inertia, but righteousness nourishes the creative spirit of individual experience in the living realities of eternal truth and in the progressive communion of the divine spirits of the Father and the Son. In the spiritual fellowship of the believer-son with the divine Father there can never be doctrinal finality and sectarian superiority of group consciousness.

182:1.9 (1965.3) The Master, during the course of this final prayer with his apostles, alluded to the fact that he had manifested the Father’s name to the world. And that is truly what he did by the revelation of God through his perfected life in the flesh. The Father in heaven had sought to reveal himself to Moses, but he could proceed no further than to cause it to be said, “I AM.” And when pressed for further revelation of himself, it was only disclosed, “I AM that I AM.” But when Jesus had finished his earth life, this name of the Father had been so revealed that the Master, who was the Father incarnate, could truly say:


182:1.10 (1965.4) I am the bread of life.

182:1.11 (1965.5) I am the living water.

182:1.12 (1965.6) I am the light of the world.

182:1.13 (1965.7) I am the desire of all ages.

182:1.14 (1965.8) I am the open door to eternal salvation.

182:1.15 (1965.9) I am the reality of endless life.

182:1.16 (1965.10) I am the good shepherd.

182:1.17 (1965.11) I am the pathway of infinite perfection.

182:1.18 (1965.12) I am the resurrection and the life.

182:1.19 (1965.13) I am the secret of eternal survival.

182:1.20 (1965.14) I am the way, the truth, and the life.

182:1.21 (1965.15) I am the infinite Father of my finite children.

182:1.22 (1965.16) I am the true vine; you are the branches.

182:1.23 (1965.17) I am the hope of all who know the living truth.

182:1.24 (1965.18) I am the living bridge from one world to another.

182:1.25 (1965.19) I am the living link between time and eternity.


182:1.26 (1965.20) Thus did Jesus enlarge the living revelation of the name of God to all generations. As divine love reveals the nature of God, eternal truth discloses his name in ever-enlarging proportions.


2. Last Hour Before the Betrayal


182:2.1 (1966.1) The apostles were greatly shocked when they returned to their camp and found Judas absent. While the eleven were engaged in a heated discussion of their traitorous fellow apostle, David Zebedee and John Mark took Jesus to one side and revealed that they had kept Judas under observation for several days, and that they knew he intended to betray him into the hands of his enemies. Jesus listened to them but only said: “My friends, nothing can happen to the Son of Man unless the Father in heaven so wills. Let not your hearts be troubled; all things will work together for the glory of God and the salvation of men.”

182:2.2 (1966.2) The cheerful attitude of Jesus was waning. As the hour passed, he grew more and more serious, even sorrowful. The apostles, being much agitated, were loath to return to their tents even when requested to do so by the Master himself. Returning from his talk with David and John, he addressed his last words to all eleven, saying: “My friends, go to your rest. Prepare yourselves for the work of tomorrow. Remember, we should all submit ourselves to the will of the Father in heaven. My peace I leave with you.” And having thus spoken, he motioned them to their tents, but as they went, he called to Peter, James, and John, saying, “I desire that you remain with me for a little while.”

182:2.3 (1966.3) The apostles fell asleep only because they were literally exhausted; they had been running short on sleep ever since their arrival in Jerusalem. Before they went to their separate sleeping quarters, Simon Zelotes led them all over to his tent, where were stored the swords and other arms, and supplied each of them with this fighting equipment. All of them received these arms and girded themselves therewith except Nathaniel. Nathaniel, in refusing to arm himself, said: “My brethren, the Master has repeatedly told us that his kingdom is not of this world, and that his disciples should not fight with the sword to bring about its establishment. I believe this; I do not think the Master needs to have us employ the sword in his defense. We have all seen his mighty power and know that he could defend himself against his enemies if he so desired. If he will not resist his enemies, it must be that such a course represents his attempt to fulfill his Father’s will. I will pray, but I will not wield the sword.” When Andrew heard Nathaniel’s speech, he handed his sword back to Simon Zelotes. And so nine of them were armed as they separated for the night.

182:2.4 (1966.4) Resentment of Judas’s being a traitor for the moment eclipsed everything else in the apostles’ minds. The Master’s comment in reference to Judas, spoken in the course of the last prayer, opened their eyes to the fact that he had forsaken them.

182:2.5 (1966.5) After the eight apostles had finally gone to their tents, and while Peter, James, and John were standing by to receive the Master’s orders, Jesus called to David Zebedee, “Send to me your most fleet and trustworthy messenger.” When David brought to the Master one Jacob, once a runner on the overnight messenger service between Jerusalem and Bethsaida, Jesus, addressing him, said: “In all haste, go to Abner at Philadelphia and say: ‘The Master sends greetings of peace to you and says that the hour has come when he will be delivered into the hands of his enemies, who will put him to death, but that he will rise from the dead and appear to you shortly, before he goes to the Father, and that he will then give you guidance to the time when the new teacher shall come to live in your hearts.’” And when Jacob had rehearsed this message to the Master’s satisfaction, Jesus sent him on his way, saying: “Fear not what any man may do to you, Jacob, for this night an unseen messenger will run by your side.”

182:2.6 (1967.1) Then Jesus turned to the chief of the visiting Greeks who were encamped with them, and said: “My brother, be not disturbed by what is about to take place since I have already forewarned you. The Son of Man will be put to death at the instigation of his enemies, the chief priests and the rulers of the Jews, but I will rise to be with you a short time before I go to the Father. And when you have seen all this come to pass, glorify God and strengthen your brethren.”

182:2.7 (1967.2) In ordinary circumstances the apostles would have bidden the Master a personal good night, but this evening they were so preoccupied with the sudden realization of Judas’s desertion and so overcome by the unusual nature of the Master’s farewell prayer that they listened to his good-bye salutation and went away in silence.

182:2.8 (1967.3) Jesus did say this to Andrew as he left his side that night: “Andrew, do what you can to keep your brethren together until I come again to you after I have drunk this cup. Strengthen your brethren, seeing that I have already told you all. Peace be with you.”

182:2.9 (1967.4) None of the apostles expected anything out of the ordinary to happen that night since it was already so late. They sought sleep that they might rise up early in the morning and be prepared for the worst. They thought that the chief priests would seek to apprehend their Master early in the morning as no secular work was ever done after noon on the preparation day for the Passover. Only David Zebedee and John Mark understood that the enemies of Jesus were coming with Judas that very night.

182:2.10 (1967.5) David had arranged to stand guard that night on the upper trail which led to the Bethany-Jerusalem road, while John Mark was to watch along the road coming up by the Kidron to Gethsemane. Before David went to his self-imposed task of outpost duty, he bade farewell to Jesus, saying: “Master, I have had great joy in my service with you. My brothers are your apostles, but I have delighted to do the lesser things as they should be done, and I shall miss you with all my heart when you are gone.” And then said Jesus to David: “David, my son, others have done that which they were directed to do, but this service have you done of your own heart, and I have not been unmindful of your devotion. You, too, shall some day serve with me in the eternal kingdom.”

182:2.11 (1967.6) And then, as he prepared to go on watch by the upper trail, David said to Jesus: “You know, Master, I sent for your family, and I have word by a messenger that they are tonight in Jericho. They will be here early tomorrow forenoon since it would be dangerous for them to come up the bloody way by night.” And Jesus, looking down upon David, only said: “Let it be so, David.”

182:2.12 (1967.7) When David had gone up Olivet, John Mark took up his vigil near the road which ran by the brook down to Jerusalem. And John would have remained at this post but for his great desire to be near Jesus and to know what was going on. Shortly after David left him, and when John Mark observed Jesus withdraw, with Peter, James, and John, into a near-by ravine, he was so overcome with combined devotion and curiosity that he forsook his sentinel post and followed after them, hiding himself in the bushes, from which place he saw and overheard all that transpired during those last moments in the garden and just before Judas and the armed guards appeared to arrest Jesus.

182:2.13 (1968.1) While all this was in progress at the Master’s camp, Judas Iscariot was in conference with the captain of the temple guards, who had assembled his men preparatory to setting out, under the leadership of the betrayer, to arrest Jesus.


3. Alone in Gethsemane


182:3.1 (1968.2) After all was still and quiet about the camp, Jesus, taking Peter, James, and John, went a short way up a near-by ravine where he had often before gone to pray and commune. The three apostles could not help recognizing that he was grievously oppressed; never before had they observed their Master to be so heavy-laden and sorrowful. When they arrived at the place of his devotions, he bade the three sit down and watch with him while he went off about a stone’s throw to pray. And when he had fallen down on his face, he prayed: “My Father, I came into this world to do your will, and so have I. I know that the hour has come to lay down this life in the flesh, and I do not shrink therefrom, but I would know that it is your will that I drink this cup. Send me the assurance that I will please you in my death even as I have in my life.”

182:3.2 (1968.3) The Master remained in a prayerful attitude for a few moments, and then, going over to the three apostles, he found them sound asleep, for their eyes were heavy and they could not remain awake. As Jesus awoke them, he said: “What! can you not watch with me even for one hour? Cannot you see that my soul is exceedingly sorrowful, even to death, and that I crave your companionship?” After the three had aroused from their slumber, the Master again went apart by himself and, falling down on the ground, again prayed: “Father, I know it is possible to avoid this cup—all things are possible with you—but I have come to do your will, and while this is a bitter cup, I would drink it if it is your will.” And when he had thus prayed, a mighty angel came down by his side and, speaking to him, touched him and strengthened him.

182:3.3 (1968.4) When Jesus returned to speak with the three apostles, he again found them fast asleep. He awakened them, saying: “In such an hour I need that you should watch and pray with me—all the more do you need to pray that you enter not into temptation—wherefore do you fall asleep when I leave you?”

182:3.4 (1968.5) And then, for a third time, the Master withdrew and prayed: “Father, you see my sleeping apostles; have mercy upon them. The spirit is indeed willing, but the flesh is weak. And now, O Father, if this cup may not pass, then would I drink it. Not my will, but yours, be done.” And when he had finished praying, he lay for a moment prostrate on the ground. When he arose and went back to his apostles, once more he found them asleep. He surveyed them and, with a pitying gesture, tenderly said: “Sleep on now and take your rest; the time of decision is past. The hour is now upon us wherein the Son of Man will be betrayed into the hands of his enemies.” As he reached down to shake them that he might awaken them, he said: “Arise, let us be going back to the camp, for, behold, he who betrays me is at hand, and the hour has come when my flock shall be scattered. But I have already told you about these things.”

182:3.5 (1968.6) During the years that Jesus lived among his followers, they did, indeed, have much proof of his divine nature, but just now are they about to witness new evidences of his humanity. Just before the greatest of all the revelations of his divinity, his resurrection, must now come the greatest proofs of his mortal nature, his humiliation and crucifixion.

182:3.6 (1969.1) Each time he prayed in the garden, his humanity laid a firmer faith-hold upon his divinity; his human will more completely became one with the divine will of his Father. Among other words spoken to him by the mighty angel was the message that the Father desired his Son to finish his earth bestowal by passing through the creature experience of death just as all mortal creatures must experience material dissolution in passing from the existence of time into the progression of eternity.

182:3.7 (1969.2) Earlier in the evening it had not seemed so difficult to drink the cup, but as the human Jesus bade farewell to his apostles and sent them to their rest, the trial grew more appalling. Jesus experienced that natural ebb and flow of feeling which is common to all human experience, and just now he was weary from work, exhausted from the long hours of strenuous labor and painful anxiety concerning the safety of his apostles. While no mortal can presume to understand the thoughts and feelings of the incarnate Son of God at such a time as this, we know that he endured great anguish and suffered untold sorrow, for the perspiration rolled off his face in great drops. He was at last convinced that the Father intended to allow natural events to take their course; he was fully determined to employ none of his sovereign power as the supreme head of a universe to save himself.

182:3.8 (1969.3) The assembled hosts of a vast creation are now hovered over this scene under the transient joint command of Gabriel and the Personalized Adjuster of Jesus. The division commanders of these armies of heaven have repeatedly been warned not to interfere with these transactions on earth unless Jesus himself should order them to intervene.

182:3.9 (1969.4) The experience of parting with the apostles was a great strain on the human heart of Jesus; this sorrow of love bore down on him and made it more difficult to face such a death as he well knew awaited him. He realized how weak and how ignorant his apostles were, and he dreaded to leave them. He well knew that the time of his departure had come, but his human heart longed to find out whether there might not possibly be some legitimate avenue of escape from this terrible plight of suffering and sorrow. And when it had thus sought escape, and failed, it was willing to drink the cup. The divine mind of Michael knew he had done his best for the twelve apostles; but the human heart of Jesus wished that more might have been done for them before they should be left alone in the world. Jesus’ heart was being crushed; he truly loved his brethren. He was isolated from his family in the flesh; one of his chosen associates was betraying him. His father Joseph’s people had rejected him and thereby sealed their doom as a people with a special mission on earth. His soul was tortured by baffled love and rejected mercy. It was just one of those awful human moments when everything seems to bear down with crushing cruelty and terrible agony.

182:3.10 (1969.5) Jesus’ humanity was not insensible to this situation of private loneliness, public shame, and the appearance of the failure of his cause. All these sentiments bore down on him with indescribable heaviness. In this great sorrow his mind went back to the days of his childhood in Nazareth and to his early work in Galilee. At the time of this great trial there came up in his mind many of those pleasant scenes of his earthly ministry. And it was from these old memories of Nazareth, Capernaum, Mount Hermon, and of the sunrise and sunset on the shimmering Sea of Galilee, that he soothed himself as he made his human heart strong and ready to encounter the traitor who should so soon betray him.

182:3.11 (1970.1) Before Judas and the soldiers arrived, the Master had fully regained his customary poise; the spirit had triumphed over the flesh; faith had asserted itself over all human tendencies to fear or entertain doubt. The supreme test of the full realization of the human nature had been met and acceptably passed. Once more the Son of Man was prepared to face his enemies with equanimity and in the full assurance of his invincibility as a mortal man unreservedly dedicated to the doing of his Father’s will.

 

Documento 182

No Getsêmane

182:0.1 (1963.1) ERAM por volta das dez horas dessa quinta-feira quando Jesus conduziu os onze apóstolos saindo da casa de Elias e Maria Marcos, pelo caminho de volta ao acampamento do Getsêmani. Desde aquele dia nas colinas, João Marcos tomara como seu o dever de manter Jesus sempre à vista. João, quando estava precisando dormir, havia conseguido várias horas de descanso durante o intervalo em que o Mestre esteve com os seus apóstolos na sala superior, mas, ao ouvi-los descendo para o andar debaixo, ele levantou-se e, jogando rapidamente sobre si um manto de linho, seguiu-os pela cidade, passando pelo riacho Cedrom, e prosseguindo até o seu acampamento particular, adjacente ao parque do Getsêmani. E João Marcos permaneceu tão perto do Mestre durante essa noite e no dia seguinte, que testemunhou tudo e ouviu grande parte do que o Mestre disse, desde esse momento até a hora da crucificação.

182:0.2 (1963.2) Enquanto Jesus e os onze encontravam-se no caminho de volta ao acampamento, os apóstolos começaram a perguntar-se sobre o significado da ausência prolongada de Judas, e falavam uns com os outros sobre a predição do Mestre de que um deles o trairia e, pela primeira vez, suspeitaram de que nem tudo estava bem com Judas Iscariotes. No entanto, não fizeram nenhum comentário aberto sobre Judas, até que chegaram ao acampamento e observaram que ele não estava lá, à espera para recebê-los. E então todos eles cercaram André para saber o que tinha acontecido a Judas; o dirigente deles apenas observou: “Eu não sei onde Judas está, mas temo que ele nos tenha desertado”.

 

1. A Última Prece do Grupo

 

182:1.1 (1963.3) Poucos momentos depois de chegarem ao acampamento, Jesus disse-lhes: “Meus amigos e irmãos, o tempo que me resta para passar convosco é muito curto, e o meu desejo é que nos isolemos enquanto oramos ao nosso Pai no céu pedindo força para sustentar-nos, nesta hora e daqui por diante, em todo o trabalho que devemos fazer em Seu nome”.

182:1.2 (1963.4)Depois de falar assim, ele seguiu pelo caminho até uma curta distância, subindo o monte das Oliveiras, onde havia uma vista plena de Jerusalém, e pediu-lhes que se ajoelhassem sobre uma rocha grande e espalhada, em volta dele, em um círculo, como haviam feito no dia da ordenação; e, então, enquanto permanecia ali, glorificado no meio deles, sob a luz suave da lua, Jesus levantou os olhos aos céus e orou:

182:1.3 (1963.5) “Pai, é chegada a minha hora; glorifica agora o Teu Filho, para que o Filho possa glorificar-Te. Sei que me deste a autoridade plena sobre todas as criaturas vivas no meu Reino, e eu darei a vida eterna a todos que se tornarem filhos de Deus pela fé. E a vida eterna é que as minhas criaturas Te conheçam como o único Deus verdadeiro e Pai de todos, e que elas acreditem naquele a quem Tu enviaste ao mundo. Pai, eu exaltei-Te na Terra e realizei o trabalho que Tu me deste para fazer. Eu já quase terminei as minhas auto-outorgas junto aos filhos da nossa própria criação; resta-me apenas deixar a minha vida na carne. E agora, ó Pai, glorifica-me com a glória que eu possuía Contigo antes da existência deste mundo e recebe-me uma vez mais à Tua mão direita.

182:1.4 (1964.1) “Eu tenho Te manifestado, Pai, aos homens que escolheste no mundo e me deste. Eles são Teus — como toda vida está nas Tuas mãos — e Tu os deste a mim; e eu vivi entre eles ensinando-lhes o caminho da vida, e eles creram. Esses homens estão aprendendo que tudo o que tenho vem de Ti; e que a vida que vivo na carne é para tornar meu Pai conhecido aos mundos. A verdade que Tu me deste, eu a revelei a eles. E eles, amigos e embaixadores meus, sinceramente dispuseram-se a receber a Tua palavra. Eu disse-lhes que saí de Ti, que Tu me enviaste a este mundo, e que estou na iminência de voltar para Ti. Pai, oro por esses homens escolhidos. E oro para eles, não como oraria pelo mundo, mas como oro por aqueles a quem eu escolhi neste mundo para representar-me, depois que eu houver retornado à Tua obra, como eu mesmo representei-Te neste mundo durante a minha permanência na carne. Esses homens são meus; Tu os deste a mim; todas as coisas que são minhas, todavia, são sempre Tuas, e tudo que era Teu, Tu agora tornaste meu. Tu foste exaltado em mim, agora eu oro para que possa ser honrado nesses homens. Não mais posso ficar neste mundo; estou na iminência de voltar à obra que Tu me entregaste para eu fazer. E devo deixar esses homens aqui para representar- nos e ao nosso Reino entre os homens. Pai, mantém esses homens fiéis, enquanto eu me preparo para deixar esta vida na carne. Ajuda esses amigos meus a serem um em espírito, como somos Um. Enquanto pude estar com eles, cuidei deles e guiei-os, mas agora estou para ir embora. Fica junto a eles, Pai, até que possamos enviar o novo instrutor para confortá-los e fortalecê-los.

182:1.5 (1964.2) “Tu me deste doze homens e os mantive todos, menos um, o filho da vingança, que não quis mais permanecer na nossa fraternidade. Esses homens são fracos e frágeis, mas sei, podemos confiar neles; já os pus à prova, e eles me amam, tanto quanto Te reverenciam. Embora devam sofrer bastante por minha causa, desejo que fiquem cheios pelo júbilo da segurança da filiação ao Reino celeste. A esses homens passei a Tua palavra e ensinei-lhes a verdade. O mundo pode odiá-los, como me odiou, mas não Te peço que os tire do mundo; apenas que os proteja do mal no mundo. Santifica-os na verdade; a Tua palavra é a verdade. E, como me enviaste a este mundo, do mesmo modo estou enviando esses homens ao mundo. Com eles vivi, entre os homens, e consagrei minha vida ao Teu serviço, para que pudesse inspirá-los a ser purificados por meio da verdade que lhes ensinei e por meio do amor que lhes revelei. Bem sei, meu Pai, nem há necessidade de pedir-Te que cuide desses irmãos depois que eu for embora, sei que Tu os amas como eu; mas faço isso para que possam compreender melhor que o Pai ama os homens mortais tanto quanto o Filho os ama.

182:1.6 (1964.3) “E agora, meu Pai, gostaria de fazer uma prece não apenas por esses onze homens, mas também por todos os outros que agora crêem, ou que podem, de agora em diante, vir a crer no evangelho do Reino por meio da palavra futura da Tua ministração. Quero que sejam um, como Tu e eu somos Um. Estás em mim e estou em Ti, e desejo a esses crentes do mesmo modo que estejam em Nós; que os nossos Espíritos, ambos, residam neles. Se os meus filhos forem um, como nós somos Um, se eles se amarem uns aos outros como os tenho amado, então, todos os homens crerão que vim de Ti e ficarão dispostos a receber a revelação da verdade e glória que eu tive. A glória que Tu me deste, eu revelei a esses crentes. Como Tu viveste comigo em espírito, também vivi com eles na carne. Como Tu tens sido Um comigo, também eu tenho sido um com eles; e do mesmo modo o fará o novo instrutor que será sempre um com eles e neles. E tudo isso fiz para que meus irmãos na carne possam saber que o Pai os ama como o Filho os ama, e que Tu os amas como amas a mim. Pai, trabalha comigo para salvar esses crentes, para que eles possam, muito em breve, vir a estar comigo na glória e, então, continuarem até juntarem-se a Ti no abraço do Paraíso. Aqueles que servem comigo na humilhação, eu gostaria de tê-los comigo na glória, de modo que eles possam ver tudo o que Tu colocaste nas minhas mãos como colheita eterna da semente do tempo, à semelhança da carne mortal. Eu aspiro a mostrar aos meus irmãos terrenos a glória que eu tinha Contigo antes do começo deste mundo. Este mundo conhece pouquíssimo de Ti, Pai virtuoso, mas eu Te conheço, e eu tornei-Te conhecido para esses crentes, e eles farão o Teu nome conhecido para outras gerações. E agora eu prometo a eles que Tu estarás com eles no mundo, como Tu estiveste comigo — e que assim seja”.

182:1.7 (1965.1) Os onze permaneceram ajoelhados nesse círculo em volta de Jesus por vários minutos antes de levantarem-se e, em silêncio, tomarem o caminho de volta para o acampamento próximo.

182:1.8 (1965.2) Jesus orou pela unidade entre os seus seguidores, mas ele não desejava a uniformidade. O pecado gera um nível morto de inércia maligna, mas a retidão nutre o espírito criativo da experiência individual nas realidades vivas da verdade eterna e na comunhão progressiva dos espíritos divinos do Pai e do Filho. Na fraternidade espiritual do filho crente com o Pai divino, nunca pode haver intenção com finalidade doutrinária nem consciência sectária de superioridade grupal.

182:1.9 (1965.3) O Mestre, durante o andamento dessa prece final com os seus apóstolos, aludiu ao fato de que ele tinha manifestado o nome do Pai para o mundo. E isso foi verdadeiramente o que ele fez para a revelação de Deus, por meio da sua vida perfeita na carne. O Pai no céu havia procurado revelar-Se a Moisés, mas Ele não pôde ir mais longe do que fazer com que fosse dito: “EU SOU”. E, quando foi pedido que fizesse mais revelações de Si mesmo, ficou apenas revelado: “EU SOU AQUELE QUE SOU”. Mas, quando Jesus terminou a sua vida na Terra, esse nome do Pai havia sido revelado de um modo tal que o Mestre, que era o Pai encarnado, podia dizer em verdade:

 

182:1.10 (1965.4) Eu sou o pão da vida.

182:1.11 (1965.5) Eu sou a água viva.

182:1.12 (1965.6) Eu sou a luz do mundo.

182:1.13 (1965.7) Eu sou o desejo de todos os tempos.

182:1.14 (1965.8) Eu sou a porta aberta para a salvação eterna.

182:1.15 (1965.9) Eu sou a realidade da vida perpétua.

182:1.16 (1965.10) Eu sou o bom pastor.

182:1.17 (1965.11) Eu sou o caminho da perfeição infinita.

182:1.18 (1965.12) Eu sou a ressurreição e a vida.

182:1.19 (1965.13) Eu sou o segredo da sobrevivência eterna.

182:1.20 (1965.14) Eu sou o caminho, a verdade e a vida.

182:1.21 (1965.15) Eu sou o Pai infinito dos meus filhos finitos.

182:1.22 (1965.16) Eu sou a verdadeira videira; vós sois os ramos.

182:1.23 (1965.17) Eu sou a esperança de todos que conhecem a verdade viva.

182:1.24 (1965.18) Eu sou a ponte viva de um mundo para outro.

182:1.25 (1965.19) Eu sou o elo vivo entre o tempo e a eternidade.

 

182:1.26 (1965.20) Assim, Jesus ampliou para todas as gerações a revelação viva do nome de Deus. Do mesmo modo que o amor divino revela a natureza de Deus, a verdade eterna desvela o seu nome em proporções sempre crescentes.

 

2. A Última Hora antes da Traição

 

182:2.1 (1966.1) Os apóstolos ficaram muito chocados quando voltaram para o acampamento e perceberam a ausência de Judas. Enquanto os onze se encontravam empenhados em uma discussão calorosa sobre o companheiro deles, o apóstolo traidor, Davi Zebedeu e João Marcos levaram Jesus para um lado e revelaram que eles o haviam mantido sob observação por vários dias, e que eles sabiam que ele tinha a intenção de traí-lo, entregando-o nas mãos dos seus inimigos. Jesus ouviu-os e apenas disse: “Meus amigos, nada pode acontecer ao Filho do Homem a menos que seja a vontade do Pai no céu. Que os vossos corações não se perturbem; todas as coisas atuarão juntas para a glória de Deus e para a salvação dos homens”.

182:2.2 (1966.2) A atitude cheia de ânimo de Jesus alterava-se. Com o passar das horas, ele foi ficando mais e mais circunspecto, triste mesmo. Os apóstolos encontravam-se bastante agitados e revelavam-se avessos a retornar para as suas tendas, ainda que o próprio Mestre pedisse-lhes que fizessem isso. Voltando da sua caminhada com Davi e João, ele dirigiu as suas últimas palavras a todos os onze, dizendo: “Meus amigos, ide descansar. Preparai-vos para o trabalho de amanhã. Lembrai- vos de que devemos todos submeter-nos à vontade do Pai no céu. Deixo a minha paz convosco”. E, tendo dito isso, fez um gesto para que eles fossem para as suas tendas, mas, no momento em que estavam saindo, chamou Pedro, Tiago e João, e disse-lhes: “Desejo que fiqueis comigo um pouco mais”.

182:2.3 (1966.3) E, porque estivessem literalmente exaustos, os apóstolos pegaram no sono; desde a chegada deles de Jerusalém, simplesmente não haviam dormido suficientemente. Antes que fossem para os seus alojamentos, Simão zelote levou-os até a sua tenda, onde estocava as espadas e outras armas, e proveu a cada um deles com o equipamento de luta. Exceto Natanael, todos receberam as armas e guarneceram-se com elas. Natanael, ao recusar-se a se armar, disse: “Meus irmãos, o Mestre nos disse repetidas vezes que o seu Reino não é deste mundo, e que os seus discípulos não deveriam lutar com espadas para estabelecê-lo. Eu acredito nisso; não penso que o Mestre necessite de que empreguemos espadas para defendê-lo. Todos vimos já a força do seu poder e sabemos que poderia defender-se contra os seus inimigos se ele assim o desejasse. Se ele não oferece resistência aos seus inimigos, deve ser porque esse procedimento representa a sua tentativa de cumprir a vontade do seu Pai. Eu farei preces, mas não brandirei uma espada”. Quando André ouviu o que Natanael disse, entregou de volta a sua espada a Simão zelote. E assim nove dentre eles continuaram armados quando se separaram naquela noite.

182:2.4 (1966.4) O ressentimento pelo fato de Judas ser um traidor, naquele momento, eclipsou tudo o mais nas mentes dos apóstolos. O comentário do Mestre em relação a Judas, dito durante a última oração, havia-lhes aberto os olhos para a realidade de que ele já os havia abandonado.

182:2.5 (1966.5) Após oito dos apóstolos terem finalmente voltado para as suas tendas e, enquanto Pedro, Tiago e João esperavam para receber as ordens do Mestre, Jesus disse a Davi Zebedeu: “Envia-me o seu mensageiro mais veloz e confiável”. Quando Davi trouxe ao Mestre um certo Jacó, que havia sido mensageiro no serviço noturno, entre Jerusalém e Betsaida, Jesus, dirigindo-se a ele, disse: “Vai a Abner na Filadélfia, com toda a tua rapidez, e diz-lhe: ‘O Mestre envia-vos saudações de paz e diz que a hora é chegada em que ele será entregue nas mãos dos seus inimigos, que o levarão à morte, mas que ele ressuscitará dos mortos e aparecerá a vós, durante pouco tempo, antes de ir para o Pai; e então dará as orientações para a época em que o novo instrutor vier para residir nos vossos corações’”. E, quando Jacó repetiu essa mensagem até que o Mestre se desse por satisfeito, Jesus colocou-o a caminho, dizendo: “Não temas o que algum homem possa fazer a ti, Jacó, pois nessa noite um mensageiro invisível correrá ao seu lado”.

182:2.6 (1967.1) Então Jesus voltou-se para o dirigente dos gregos visitantes, acampados com eles, e disse: “Meu irmão, não te perturbes com o que está para acontecer, pois disso eu já te preveni. O Filho do Homem será levado à morte, sob a instigação dos seus inimigos, o dirigente dos sacerdotes e os dirigentes dos judeus, mas eu ressuscitarei para estar convosco durante um curto espaço de tempo antes de ir para o Pai. E, quando tu tiveres visto tudo isso acontecer, glorifica a Deus e dá forças aos teus irmãos”.

182:2.7 (1967.2) Em circunstâncias comuns os apóstolos teriam dado ao Mestre um boa-noite pessoal, mas nessa noite eles estavam tão preocupados com o acontecimento súbito da deserção de Judas e tão aturdidos com a natureza inusitada da oração de despedida do Mestre, que ouviram a sua saudação de despedida e foram embora em silêncio.

182:2.8 (1967.3) E, nessa noite, quando André saía de perto de Jesus, este lhe disse o seguinte: “André, faz o que puder para manter juntos os teus irmãos até que eu volte novamente para vós, depois que eu tiver bebido deste cálice. Dá força aos teus irmãos, considerando que a ti eu já disse tudo. A paz esteja contigo”.

182:2.9 (1967.4) Nenhum dos apóstolos esperava que algo fora do ordinário acontecesse naquela noite, posto que já era muito tarde. Eles tentaram dormir a fim de levantarem cedo de manhã e ficarem preparados para o pior. Pensavam que o dirigente dos sacerdotes buscaria apreender o seu Mestre cedo pela manhã, já que nenhum trabalho secular jamais era feito após o meio do Dia da Preparação da Páscoa. Apenas Davi Zebedeu e João Marcos entenderam que os inimigos de Jesus viriam com Judas e naquela mesma noite.

182:2.10 (1967.5) Davi havia arranjado para montar a guarda, naquela noite, na trilha superior que levava à estrada Betânia-Jerusalém, enquanto João Marcos devia vigiar a estrada que seguia pelo Cedrom ao Getsêmani. Antes de Davi ir para cumprir a sua tarefa auto-imposta de sentinela avançada, ele despediu-se de Jesus, dizendo: “Mestre, eu tive um grande júbilo no meu serviço contigo. Os meus irmãos são teus apóstolos, mas eu tive prazer em cuidar das coisas menores que deveriam ser feitas, e sentirei a tua falta de todo o meu coração quando tu te fores”. E então disse Jesus a Davi: “Davi, meu filho, outros fizeram aquilo que lhes foi mandado que fizessem, mas o teu serviço tu fizeste do teu próprio coração e eu não estive desatento à tua devoção. Tu, também, servirás comigo no Reino eterno”.

182:2.11 (1967.6) E então, enquanto se preparava para ir vigiar na trilha de cima, Davi disse a Jesus: “Sabes, Mestre, eu mandei buscar a tua família, e recebi de um mensageiro a informação de que eles se encontram em Jericó esta noite. Eles estarão aqui amanhã antes do meio-dia, já que seria arriscado para eles virem à noite pela estrada perigosa”. E Jesus, abaixando o olhar até Davi, apenas disse: “Que assim seja, Davi”.

182:2.12 (1967.7) Enquanto Davi subia pelo monte das Oliveiras, João Marcos foi para o seu posto de vigia perto da estrada que ia pelo rio até Jerusalém. E João teria permanecido nesse posto, não fosse o seu grande desejo de manter-se perto de Jesus e saber o que acontecia. Pouco depois de Davi tê-lo deixado, e ao observar Jesus retirar- se com Pedro, Tiago e João, até uma ravina próxima, João Marcos esteve tão dominado por uma combinação de devoção e curiosidade que abandonou o seu posto de sentinela e seguiu-os, escondendo-se atrás dos arbustos, e. desse lugar, ele viu e ouviu tudo o que se passou durante esses últimos momentos no jardim e pouco antes de chegarem Judas e os guardas armados para prender Jesus.

182:2.13 (1968.1) No momento em que tudo isso acontecia no acampamento do Mestre, Judas Iscariotes estava conversando com o capitão dos guardas do templo, que tinha reunido os seus homens em preparação para partir, sob a liderança do traidor, a fim de prender Jesus.

 

3. A Sós no Getsêmane

 

182:3.1 (1968.2) Depois, quando tudo estava calmo e silencioso no acampamento, Jesus, levando Pedro, Tiago e João, andou um pouco até uma ravina próxima onde, antes, freqüentemente ele ia para orar e comungar. Os três apóstolos não puderam deixar de reconhecer que estavam dolorosamente oprimidos; nunca antes eles haviam visto o seu Mestre tão abatido e triste. Quando chegaram ao local das suas devoções, ele pediu aos três que se assentassem e que vigiassem com ele, enquanto retirava-se ali por perto para uma prece. E, jogando-se com o rosto contra o chão, ele orou: “Meu Pai, eu vim a este mundo para fazer a Tua vontade, e assim eu o fiz. Sei que a hora chegou de abandonar esta vida na carne, e eu não estou recuando perante isso; mas eu gostaria de saber se é da Tua vontade que eu beba deste cálice. Envia a mim a certeza de que eu Te contentarei com a minha morte, como eu assim fiz na minha vida”.

182:3.2 (1968.3) O Mestre permaneceu em atitude de prece durante alguns momentos, e então, voltando para junto dos três apóstolos, ele os encontrou em profundo sono, pois, de olhos tão pesados, eles não conseguiram manter-se despertos. Ao acordá-los, Jesus disse: “O quê! Não podeis vigiar comigo nem mesmo por uma hora? Não conseguistes ver que a minha alma está excessivamente triste, até à morte, e que eu preciso da vossa companhia?” Depois que os três despertaram-se do seu sono, o Mestre novamente separou-se deles e, jogando-se ao chão, fez uma outra prece: “Pai, sei que é possível evitar este cálice — todas as coisas são possíveis para Ti — , mas eu vim para cumprir a Tua vontade e, embora este seja um cálice amargo, eu gostaria de beber dele se essa for a Tua vontade”. E, assim, quando terminou a sua prece, um anjo poderoso desceu até o seu lado e, falando a ele, tocou nele transmitindo-lhe força.

 

 

182:3.3 (1968.4) Quando voltou para falar com os três apóstolos, novamente Jesus os encontrou em profundo sono. Despertando-os, Jesus disse: “Numa hora como esta eu preciso de que vós vigieis e oreis comigo — e vós necessitais muito das preces para não cairdes em tentação — e por que adormeceis quando eu vos deixo?”

 

182:3.4 (1968.5) E então, por uma terceira vez, o Mestre retirou-se e orou: “Pai, podes ver os meus apóstolos adormecidos; tem misericórdia deles. O espírito está realmente disposto, mas a carne é fraca. E agora, ó Pai, se este cálice não pode ser afastado, então eu gostaria de beber dele. Não a minha vontade, mas a Tua seja feita”. E, ao concluir a sua prece, Jesus ficou prostrado por um momento no chão. Quando se levantou, foi de volta até os seus apóstolos e, uma vez mais, encontrou-os adormecidos. Ele observou-os e, com um gesto de piedade, disse ternamente: “Agora, podeis dormir e descansar; a hora da decisão já passou. O momento agora é chegado, em que o Filho do Homem será traído e colocado nas mãos dos seus inimigos”. E, quando ele abaixou-se para sacudi-los a fim de acordá-los, disse: “Levantai, vamos de volta ao acampamento, pois eis que aquele que me trai está por perto; e a hora é chegada em que o meu rebanho será dispersado. Mas eu já vos preveni sobre essas coisas”.

 

182:3.5 (1968.6) Durante os anos em que Jesus viveu entre os seus seguidores, eles obtiveram, verdadeiramente, muitas evidências da sua natureza divina, mas agora, exatamente, estão na iminência de testemunhar evidências novas da sua humanidade. Pouco antes da maior de todas as revelações da divindade de Jesus, a sua ressurreição, as grandes provas da sua natureza mortal deverão acontecer: a sua humilhação e crucificação.

 

182:3.6 (1969.1) A cada vez que ele fazia uma prece no jardim, a sua humanidade agarrava- se à sua divindade com a mão sempre mais forte da fé; a sua vontade humana tornava-se mais completamente una com a vontade divina do seu Pai. Entre outras palavras ditas a ele, pelo poderoso anjo, estava a mensagem de que o Pai desejava que o seu Filho terminasse a sua auto-outorga terrena, passando pela experiência que a criatura tem da morte, exatamente como todas as criaturas mortais devem experimentar a dissolução material passando da existência no tempo para a progressão da eternidade.

 

182:3.7 (1969.2) Mais cedo, naquela noite, não teria parecido tão difícil beber do cálice, mas à medida que o Jesus humano despedia-se dos seus apóstolos e enviava-os para o seu descanso, a provação ficava mais terrível. Jesus então experimentou o fluxo e o refluxo naturais de sentimentos comuns a todos os humanos experimentar, e exatamente agora quando se encontrava cansado do trabalho, exausto das longas horas de labor extenuante e dolorosa ansiedade pela segurança dos seus apóstolos. Se bem que nenhum mortal possa presumir compreender os pensamentos e os sentimentos do Filho de Deus encarnado, em um momento assim, sabemos que ele provou uma grande angústia e passou por tristezas inenarráveis, pois a transpiração rolava do seu rosto em grandes gotas. Afinal, ele estava convencido de que o Pai tinha a intenção de permitir que os acontecimentos tivessem um decorrer natural; ele estava plenamente determinado a não empregar nenhum dos seus poderes de soberano, como supremo dirigente de um universo, para salvar a si próprio.

 

182:3.8 (1969.3) As hostes reunidas, de uma imensa criação, pairavam sobre essa cena sob o comando transitório conjunto de Gabriel e do Ajustador Personalizado de Jesus. Os comandantes de divisão desses exércitos celestes haviam sido prevenidos reiteradamente para não interferir nessas transações na Terra, a menos que o próprio Jesus lhes ordenasse intervir.

 

182:3.9 (1969.4) A experiência da sua separação dos apóstolos exerceu uma grande tensão sobre o coração humano de Jesus; essa tristeza de amor abateu-o e tornou mais difícil enfrentar a morte, que o esperava, ele sabia. Compreendeu quão fracos e ignorantes eram os seus apóstolos, e temeu abandoná-los. Ele bem sabia que o momento da sua partida havia chegado, mas o seu coração humano aspirava saber se acaso não poderia haver alguma forma legítima de escapar dessa terrível situação de sofrimento e de tristeza. Quando o seu coração havia buscado escapar, sem conseguir, ele ficou disposto a beber do cálice. A mente divina de Michael sabia que ele tinha dado o melhor de si pelos doze apóstolos; mas o coração humano de Jesus desejava que fosse feito mais por eles antes que fossem abandonados no mundo. O coração de Jesus estava sendo destroçado; ele verdadeiramente amava os seus irmãos. Ele encontrava-se isolado da sua família na carne; um dos seus companheiros estava traindo-o. O povo do seu pai José havia rejeitado-o e, com isso, selava o seu próprio destino, de povo com uma missão especial na Terra. A sua alma estava torturada pelo amor baldado e pela misericórdia rejeitada. Era exatamente um desses momentos humanos terríveis em que tudo parecia desabar em uma crueldade esmagadora e em uma agonia aterradora.

 

 

182:3.10 (1969.5) A humanidade de Jesus não era insensível a essa situação de solidão pessoal, de vergonha pública e aparência de fracasso para a sua causa. Todos esses sentimentos pesavam sobre ele como uma carga de peso indescritível. Nessa grande tristeza, a sua mente voltou aos dias da sua infância em Nazaré e ao seu trabalho inicial na Galiléia. Nesse momento de grande provação, muitas daquelas cenas agradáveis do seu ministério terreno vieram à sua mente. E foi com essas velhas memórias de Nazaré, de Cafarnaum, do monte Hermom e do alvorecer e do pôr-do-sol no resplandecente mar da Galiléia, que ele conseguiu acalmar-se, fazendo o seu coração humano ficar mais fortalecido e pronto para ir ao encontro do traidor que dentro em pouco iria atraiçoá-lo.

 

182:3.11 (1970.1) Antes da chegada de Judas e dos soldados, o Mestre já havia recuperado o seu equilíbrio costumeiro; o espírito havia triunfado sobre a carne; e a fé havia-se afirmado acima de todas as tendências humanas de temer ou de nutrir dúvidas. A provação suprema da compreensão plena da natureza humana havia sido enfrentada e superada de modo aceitável. Uma vez mais o Filho do Homem encontrava-se preparado para enfrentar os seus inimigos com equanimidade e segurança plena da sua invencibilidade, como um homem mortal dedicado, sem reservas, a fazer a vontade do Pai.