OS DOCUMENTOS DE URÂNTIA
- A REVELAÇÃO DO TERCEIRO MILÊNIO -
INDICE
Documento 192
Aparições na Galileia
192:0.1 (2045.1) Quando os apóstolos partiram de Jerusalém para a Galileia, os líderes judeus já haviam se acalmado consideravelmente. Visto que Jesus apareceu apenas à sua família de crentes do reino, e visto que os apóstolos estavam escondidos e não faziam pregação pública, os governantes dos judeus concluíram que o movimento evangélico estava, afinal, efetivamente esmagado. Eles ficaram, é claro, desconcertados com a crescente disseminação de rumores de que Jesus havia ressuscitado dos mortos, mas dependiam dos guardas subornados para efetivamente neutralizar todos esses relatos reiterando a história de que um bando dos seus seguidores havia removido o corpo.
192:0.2 (2045.2) Deste momento em diante, até os apóstolos serem dispersados pela maré crescente de perseguição, Pedro foi o chefe geralmente reconhecido do corpo apostólico. Jesus nunca lhe deu tal autoridade, e seus companheiros apóstolos nunca o elegeram formalmente para tal posição de responsabilidade; ele naturalmente a assumiu e a manteve por consentimento comum e também porque era o principal pregador deles. A partir de então a pregação pública tornou-se o principal assunto dos apóstolos. Após o retorno deles da Galileia, Matias, a quem escolheram para ocupar o lugar de Judas, tornou-se seu tesoureiro.
192:0.3 (2045.3) Durante a semana em que permaneceram em Jerusalém, Maria, a mãe de Jesus, passou grande parte do tempo com as mulheres crentes que estavam aojadas na casa de José de Arimateia.
192:0.4 (2045.4) Na manhã desta segunda-feira quando os apóstolos partiram para a Galileia, João Marcos acompanhou-os. Ele seguiu-os para fora da cidade, e quando passaram bem além de Betânia, ele apareceu ousadamente entre eles, sentindo-se confiante de que não o mandariam de volta.
192:0.5 (2045.5) Os apóstolos pararam diversas vezes a caminho da Galileia para contar a história do seu Mestre ressuscitado e por isso só chegaram bem tarde na noite de quarta-feira em Betânia. Já era meio-dia de quinta-feira antes que todos ficassem acordados e prontos para tomar o desjejum.
1. Aparição junto ao Lago
192:1.1 (2045.6) Por volta das seis horas da manhã de sexta-feira, 21 de abril, o Mestre da morôncia fez a sua décima terceira aparição, a primeira na Galileia, aos dez apóstolos quando o barco deles se aproximava da costa perto do local habitual de desembarque em Betsaida.
192:1.2 (2045.7) Depois de os apóstolos terem passado a tarde e o início da noite de quinta-feira esperando na casa de Zebedeu, Simão Pedro sugeriu que fossem pescar. Quando Pedro propôs a pescaria, todos os apóstolos decidiram ir junto. Durante toda a noite eles labutaram com as redes, mas não pegaram nenhum peixe. Não se importaram muito com o fracasso de não conseguirem pescar, pois tinham muitas experiências interessantes para conversar, coisas que haviam acontecido com eles recentemente em Jerusalém. Mas, quando amanheceu, decidiram voltar para Betsaida. Ao se aproximarem da costa, avistaram alguém na praia, perto do cais do barco, parado perto de uma fogueira. A princípio pensaram que era João Marcos, que tivesse descido para recebê-los de volta com o pescado, mas, ao se aproximarem da costa, perceberam que estavam enganados – o homem era alto demais para ser João. Não ocorreu a nenhum deles que a pessoa na praia fosse o Mestre. Não entendiam de todo por que Jesus queria encontrar-se com eles em meio às cenas de suas associações anteriores e ao ar livre em contato com a natureza, longe do ambiente fechado de Jerusalém, com suas trágicas associações de medo, traição e morte. Ele lhes havia dito que, se fossem para a Galileia, os encontraria lá, e estava prestes a cumprir essa promessa.
192:1.3 (2046.1) Enquanto lançavam âncora e se preparavam para entrar no bote para desembarcar, o homem na praia gritou para eles: “Rapazes, vocês pescaram alguma coisa?” E quando eles responderam: “Não”, ele falou novamente. “Lancem a rede do lado direito do barco e encontrarão peixe”. Embora não soubessem que era Jesus quem os havia orientado, de comum acordo lançaram a rede conforme haviam sido instruídos, e imediatamente ela ficou cheia, tanto que mal conseguiram puxá-la. Ora, João Zebedeu teve percepção rápida e, quando viu a rede com carga pesada, percebeu que era o Mestre quem havia falado com eles. Quando este pensamento lhe veio à mente, ele se inclinou e sussurrou para Pedro: “É o Mestre”. Pedro sempre foi um homem de ação impensada e devoção impetuosa; então, quando João sussurrou isto no seu ouvido, ele rapidamente se levantou e se jogou na água para poder chegar mais rápido ao lado do Mestre. Seus irmãos vieram logo atrás dele, chegando à praia no bote, puxando a rede com peixes atrás deles.
192:1.4 (2046.2) A esta altura João Marcos já estava de pé e, vendo os apóstolos vindo desembarcar com a rede pesadamente carregada, correu pela praia para saudá-los; e quando viu onze homens em vez de dez, ele presumiu que aquele que não era reconhecido era o Jesus ressuscitado, e enquanto os atônitos dez permaneciam em silêncio, o jovem correu até o Mestre e, ajoelhando-se a seus pés, disse: “Meu Senhor e meu Mestre”. E então Jesus falou, não como havia feito em Jerusalém, quando os saudou com “A paz esteja com vocês”, mas em tom corriqueiro dirigiu-se a João Marcos: “Bem, João, fico contente em vê-lo novamente e na despreocupada Galileia, onde podemos ter uma boa confraternização. Fique conosco, João, e coma o desjejum”.
192:1.5 (2046.3) Enquanto Jesus conversava com o jovem, os dez ficaram tão atônitos e surpreendidos que se esqueceram de puxar a rede de peixes para a praia. Então falou Jesus: “Tragam o seu peixe e preparem alguns para o desjejum. Já temos a fogueira e muito pão”.
192:1.6 (2046.4) Enquanto João Marcos prestava homenagem ao Mestre, Pedro ficou chocado por um momento ao ver as brasas de carvão brilhando ali na praia; a cena lembrou-lhe vividamente o fogo de carvão à meia-noite no pátio de Anás, onde ele havia negado o Mestre, mas ele se sacudiu e, ajoelhando-se aos pés do Mestre, exclamou: “Meu Senhor e meu Mestre!”
192:1.7 (2046.5) Pedro então juntou-se aos seus camaradas enquanto eles puxavam a rede. Quando desembarcaram o pescado, contaram os peixes, e havia 153 grandes. E novamente foi cometido o erro de chamar isto de outra pescaria milagrosa. Não houve nenhum milagre relacionado com este episódio. Foi meramente um exercício do conhecimento prévio do Mestre. Ele sabia que os peixes estavam lá e consequentemente orientou os apóstolos sobre onde lançar a rede.
192:1.8 (2047.1) Jesus falou-lhes, dizendo: “Venham agora, todos vocês, para o desjejum. Até os gêmeos devem sentar-se enquanto confraternizo com vocês; João Marcos irá preparar o peixe”. João Marcos trouxe sete peixes de bom tamanho, que o Mestre colocou na fogueira e, depois de cozinhados, o rapaz serviu-os aos dez. Então Jesus partiu o pão e entregou-o a João, que por sua vez o serviu aos apóstolos famintos. Depois de todos terem sido servidos, Jesus pediu a João Marcos que se sentasse enquanto ele próprio servia o peixe e o pão ao rapaz. E, enquanto comiam, Jesus confraternizou com eles e relembrou suas muitas experiências na Galileia e junto a este mesmo lago.
192:1.9 (2047.2) Esta foi a terceira vez que Jesus se manifestou aos apóstolos como um grupo. Quando Jesus se dirigiu a eles pela primeira vez, perguntando se tinham algum peixe, eles não suspeitaram de quem ele fosse, porque era uma experiência comum para estes pescadores do Mar da Galileia, quando desembarcavam, serem abordados pelos mercadores de peixes de Tariqueia, os quais costumavam estar à mão para comprar o pescado fresco para os estabelecimentos de secagem.
192:1.10 (2047.3) Jesus confraternizou com os dez apóstolos e com João Marcos por mais de uma hora, e depois caminhou praia acima e abaixo, conversando com eles de dois em dois – mas não com os mesmos pares que ele inicialmente havia enviado juntos para ensinar. Todos os onze apóstolos haviam descido juntos de Jerusalém, mas Simão Zelote ficou cada vez mais desanimado à medida que se aproximavam da Galileia, de modo que, quando chegaram a Betsaida, ele abandonou seus irmãos e voltou para sua casa.
192:1.11 (2047.4) Antes de se despedir deles esta manhã, Jesus orientou que dois dos apóstolos se oferecessem como voluntários para ir até Simão Zelote e trazê-lo de volta naquele mesmo dia. E Pedro e André fizeram isso.
2. Conversando com os Apóstolos Dois a Dois
192:2.1 (2047.5) Quando terminaram o desjejum, e enquanto os outros estavam sentados diante da fogueira, Jesus acenou para Pedro e João para que fossem com ele dar um passeio pela praia. Enquanto caminhavam, Jesus disse a João: “João, você me ama?” E quando João respondeu: “Sim, Mestre, de todo o coração”, o Mestre disse: “Então, João, desista de sua intolerância e aprenda a amar os homens como eu o amei. Dedique sua vida a provar que o amor é a maior coisa no mundo. É o amor de Deus que impele os homens a buscar a salvação. O amor é o ancestral de toda bondade espiritual, a essência do verdadeiro e do belo”.
192:2.2 (2047.6) Jesus então virou-se para Pedro e perguntou: “Pedro, você me ama?” Pedro respondeu: “Senhor, você sabe que o amo de toda a alma”. Então disse Jesus: “Se você me ama, Pedro, alimente meus cordeiros. Não negligencie a ministração aos fracos, aos pobres e aos jovens. Pregue o evangelho sem medo nem favorecimento; lembre-se sempre de que Deus não faz acepção de pessoas. Sirva seus semelhantes assim como eu servi você; perdoe seus companheiros mortais assim como eu perdoei você. Deixe a experiência lhe ensinar o valor da meditação e o poder da reflexão inteligente”.
192:2.3 (2047.7) Depois de terem caminhado um pouco mais, o Mestre virou-se para Pedro e perguntou: “Pedro, você realmente me ama?” E então Simão disse: “Sim, Senhor, você sabe que eu o amo”. E novamente disse Jesus: “Então cuide bem das minhas ovelhas. Seja um bom e autêntico pastor do rebanho. Não traia a confiança deles em você. Não seja pego de surpresa às mãos do inimigo. Esteja sempre em guarda – vigie e ore”.
192:2.4 (2047.8) Quando avançaram mais alguns passos, Jesus voltou-se para Pedro e, pela terceira vez, perguntou: “Pedro, você realmente me ama?” E então Pedro, ficando um pouco entristecido com a aparente desconfiança do Mestre em relação a ele, disse com considerável sentimento: “Senhor, você conhece todas as coisas e por isso sabe que eu realmente o amo”. Então disse Jesus: “Apascente as minhas ovelhas. Não abandone o rebanho. Seja um exemplo e uma inspiração para todos os seus companheiros pastores. Ame o rebanho como eu amei você e se dedique ao bem-estar deles assim como dediquei minha vida ao seu bem-estar. E me siga até o fim mesmo”.
192:2.5 (2048.1) Pedro interpretou esta última afirmação literalmente – de que ele deveria continuar a segui-lo – e, voltando-se para Jesus, apontou para João, perguntando: “Se eu lhe seguir, o que este homem fará?” E então, percebendo que Pedro havia entendido mal as suas palavras, Jesus disse: “Pedro, não se preocupe com o que farão os seus irmãos. Se eu quiser que João fique depois que você partir, mesmo até eu voltar, o que isso importa a você? Apenas se certifique de me seguir”.
192:2.6 (2048.2) Esta observação se espalhou entre os irmãos e foi recebida como uma declaração por Jesus no sentido de que João não morreria antes que o Mestre retornasse, como muitos pensavam e esperavam, para estabelecer o reino em poder e glória. Foi esta interpretação do que Jesus disse que teve muito a ver com o retorno de Simão Zelote ao serviço e com mantê-lo na obra.
192:2.7 (2048.3) Quando voltaram para junto dos outros, Jesus saiu para passear e conversar com André e Tiago. Depois de terem percorrido uma curta distância, Jesus disse a André: “André, você confia em mim?” E quando o antigo chefe dos apóstolos ouviu Jesus fazer tal pergunta, parou e respondeu: “Sim, Mestre, com certeza confio em você, e você sabe que confio”. Então disse Jesus: “André, se você confia em mim, confie mais em seus irmãos – até mesmo em Pedro. Certa vez, confiei a você a liderança de seus irmãos. Agora você tem que confiar nos outros enquanto o deixo para ir para o Pai. Quando seus irmãos começarem a se dispersar por causa de amargas perseguições, seja um conselheiro atencioso e sábio para Tiago, meu irmão na carne, quando colocarem sobre ele fardos pesados que ele não está qualificado pela experiência para suportar. E então continue confiando, pois não vou falhar com você. Quando você terminar na Terra, virá até mim”.
192:2.8 (2048.4) Então Jesus voltou-se para Tiago, perguntando: “Tiago, você confia em mim?” E é claro que Tiago respondeu: “Sim, Mestre, confio em você de todo o coração”. Então disse Jesus: “Tiago, se confiar mais em mim, você será menos impaciente com seus irmãos. Se confiar em mim, isso o ajudará a ser gentil com a irmandade dos crentes. Aprenda a pesar as consequências de suas palavras e ações. Lembre-se que a colheita está de acordo com a semeadura. Ore por tranquilidade de espírito e cultive a paciência. Estas graças, com a fé viva, irão sustentá-lo quando chegar a hora de beber o cálice do sacrifício. Mas nunca se desanime; quando você tiver terminado na Terra, também virá para estar comigo.
192:2.9 (2048.5) Jesus conversou em seguida com Tomé e Natanael. Ele disse a Tomé: “Tomé, você me serve?” Tomé respondeu: “Sim, Senhor, eu o sirvo agora e sempre”. Então disse Jesus: “Se quer me servir, sirva a meus irmãos na carne assim como eu o servi. E não se canse de fazer o bem, mas persevere como alguém que foi ordenado por Deus para este serviço de amor. Quando você terminar seu serviço comigo na Terra, você servirá comigo em glória. Tomé, você tem que parar de duvidar; você tem que crescer na fé e no conhecimento da verdade. Acredite em Deus como uma criança, mas pare de agir de maneira tão infantil. Tenha coragem; seja forte na fé e poderoso no reino de Deus”.
192:2.10 (2049.1) Então o Mestre disse a Natanael: “Natanael, você me serve?” E o apóstolo respondeu: “Sim, Mestre, e com todo o afeto”. Então disse Jesus: “Se, portanto, você me serve de todo o coração, certifique-se de se dedicar ao bem-estar de meus irmãos na Terra com afeto incansável. Junte amizade ao seu conselho e adicione amor à sua filosofia. Sirva seus semelhantes assim como eu servi você. Seja fiel aos homens como eu cuidei de você. Seja menos crítico; espere menos de alguns homens e diminua assim a extensão do seu desapontamento. E quando o trabalho aqui embaixo terminar, você servirá comigo no alto”.
192:2.11 (2049.2) Depois disto o Mestre conversou com Mateus e Filipe. Para Filipe ele disse: “Filipe, você me obedece?” Filipe respondeu: “Sim, Senhor, eu lhe obedecerei até com a minha vida”. Então disse Jesus: “Se você me obedecer, vá então para as terras dos gentios e proclame este evangelho. Os profetas lhes disseram que obedecer é melhor do que sacrificar. Pela fé você se tornou um filho do reino que conhece a Deus. Há apenas uma lei a ser obedecida – que é a ordem de sair proclamando o evangelho do reino. Pare de temer os homens; não tenha medo de pregar as boas novas da vida eterna aos seus semelhantes que definham nas trevas e têm fome da luz da verdade. Não mais, Filipe, você se ocupará com dinheiro e bens. Você agora está livre para pregar as boas novas, assim como seus irmãos. E eu irei adiante de você e estarei com você até o fim mesmo”.
192:2.12 (2049.3) E então, falando com Mateus, o Mestre perguntou: “Mateus, está em seu coração me obedecer?” Mateus respondeu: “Sim, Senhor, estou totalmente dedicado a fazer a sua vontade”. Então disse o Mestre: “Mateus, se você me obedecer, vá ensinar a todos os povos este evangelho do reino. Você não servirá mais a seus irmãos nas coisas materiais da vida; doravante é para você também proclamar as boas novas da salvação espiritual. De agora em diante, concentre-se apenas em obedecer à sua comissão de pregar este evangelho do reino do Pai. Assim como eu fiz a vontade do Pai na Terra, você também cumprirá a comissão divina. Lembre-se, tanto judeus como gentios são seus irmãos. Não tema homem algum ao proclamar as verdades salvadoras do evangelho do reino do céu. E para onde eu vou, você virá em breve”.
192:2.13 (2049.4) Então ele caminhou e conversou com os gêmeos Alfeu, Tiago e Judas, e, falando com ambos, perguntou: “Tiago e Judas, vocês acreditam em mim?” E quando ambos responderam: “Sim, Mestre, nós acreditamos”, ele disse: “Em breve irei deixá-los. Vocês veem que eu já os deixei na carne. Permaneço apenas um breve tempo nesta forma antes de ir para meu Pai. Vocês acreditam em mim – são meus apóstolos e sempre serão. Continuem acreditando e lembrando-se de sua associação comigo, quando eu partir, e depois de vocês, talvez, terem retornado ao trabalho que costumavam fazer antes de viverem comigo. Nunca permitam que uma mudança em seu trabalho externo influencie sua lealdade. Tenham fé em Deus até o fim de seus dias na Terra. Nunca se esqueçam de que, sendo um filho de Deus pela fé, todo trabalho reto do reino é sagrado. Nada do que um filho de Deus faça pode ser comum. Façam o seu trabalho, portanto, a partir de agora, como para Deus. E quando houverem terminado neste mundo, eu tenho outros e melhores mundos onde vocês também trabalharão para mim. E em todo este trabalho, neste mundo e em outros mundos, trabalharei com vocês, e meu espírito residirá dentro de vocês”.
192:2.14 (2049.5) Eram quase dez horas quando Jesus retornou da sua confraternização com os gêmeos Alfeu e, ao deixar os apóstolos, ele disse: “Adeus, até que eu encontre todos vocês no monte de sua ordenação amanhã ao meio-dia”. Depois de falar assim, ele desapareceu da vista deles.
3. No Monte da Ordenação
192:3.1 (2050.1) Ao meio-dia de sábado, 22 de abril, os onze apóstolos reuniram-se conforme combinado na colina perto de Cafarnaum, e Jesus apareceu entre eles. Este encontro ocorreu no mesmo monte onde o Mestre os havia designado como seus apóstolos e como embaixadores do reino do Pai na Terra. E esta foi a décima quarta manifestação da morôncia do Mestre.
192:3.2 (2050.2) Neste momento os onze apóstolos ajoelharam-se em círculo ao redor do Mestre e ouviram-no repetir as incumbências e viram-no reencenar a cena da ordenação, tal como quando foram destacados pela primeira vez para a obra especial do reino. E tudo isto foi para eles uma memória da sua consagração anterior ao serviço do Pai, exceto a oração do Mestre. Quando o Mestre – o Jesus da morôncia – orou agora, foi em tons de majestade e com tais palavras de poder como os apóstolos nunca antes tinham ouvido. Seu Mestre falava agora com os governantes dos universos como alguém que, em seu próprio universo, tinha todo o poder e autoridade depositados em suas mãos. E estes onze homens nunca esqueceram esta experiência da rededicação na morôncia aos antigos compromissos de embaixadores. O Mestre passou apenas uma hora neste monte com seus embaixadores e, depois de se despedir deles afetuosamente, desapareceu de sua vista.
192:3.3 (2050.3) E ninguém viu Jesus durante uma semana inteira. Os apóstolos realmente não tinham ideia do que fazer, não sabendo se o Mestre havia ido para o Pai. Neste estado de incerteza permaneceram em Betsaida. Eles tinham receio de ir pescar, não viesse ele visitá-los e deixassem de vê-lo. Durante esta semana inteira Jesus esteve ocupado com as criaturas da morôncia na Terra e com os assuntos da transição da morôncia que ele estava vivenciando neste mundo.
4. A Reunião na Margem do Lago
192:4.1 (2050.4) A notícia das aparições de Jesus estava se espalhando por toda a Galileia, e a cada dia um número crescente de crentes chegava à casa de Zebedeu para perguntar sobre a ressurreição do Mestre e para descobrir a verdade sobre estas supostas aparições. Pedro, no início da semana, avisou que uma reunião pública seria realizada à beira-mar no Sabá seguinte, às três horas da tarde.
192:4.2 (2050.5) Assim, no sábado, 29 de abril, às três horas, mais de quinhentos crentes dos arredores de Cafarnaum se congregaram em Betsaida para ouvir Pedro pregar o seu primeiro sermão público desde a ressurreição. O apóstolo estava no seu melhor e, depois de terminar seu discurso envolvente, poucos de seus ouvintes duvidaram de que o Mestre havia ressuscitado dos mortos.
192:4.3 (2050.6) Pedro terminou o seu sermão dizendo: “Afirmamos que Jesus de Nazaré não está morto; declaramos que ele ressuscitou da tumba; proclamamos que o vimos e conversamos com ele”. Assim que terminou de fazer esta declaração de fé, ali ao seu lado, em plena vista de todas aquelas pessoas, o Mestre apareceu na forma da morôncia e, falando-lhes em tons familiares, disse: “A paz esteja com vocês, e a minha paz eu deixo com vocês”. Quando apareceu e lhes falou assim, desapareceu de sua vista. Esta foi a décima quinta manifestação da morôncia do Jesus ressuscitado.
192:4.4 (2051.1) Por causa de certas coisas ditas aos onze enquanto eles estavam em conferência com o Mestre no monte da ordenação, os apóstolos tiveram a impressão de que o seu Mestre faria em breve uma aparição pública diante de um grupo de crentes galileus, e que, depois que ele fizesse isso, eles deveriam retornar a Jerusalém. Assim, bem cedo no dia seguinte, domingo, 30 de abril, os onze partiram de Betsaida para Jerusalém. Eles ensinaram e pregaram bastante na descida pelo Jordão, de modo que só chegaram à casa dos Marcos em Jerusalém tarde na quarta-feira, 3 de maio.
192:4.5 (2051.2) Este foi um triste retorno ao lar para João Marcos. Poucas horas antes de chegar em casa, seu pai, Elias Marcos, morreu repentinamente de hemorragia cerebral. Embora o pensamento da certeza da ressurreição dos mortos tenha contribuído muito para confortar os apóstolos em sua dor, ao mesmo tempo eles lamentaram verdadeiramente a perda de seu bom amigo, que havia sido seu firme apoiador mesmo em tempos de grande dificuldade e desapontamento. João Marcos fez tudo o que pôde para consolar sua mãe e, falando por ela, convidou os apóstolos a continuarem a morar na casa dela. E os onze fizeram deste cenáculo seu quartel-general até depois do dia de Pentecostes.
192:4.6 (2051.3) Os apóstolos haviam entrado em Jerusalém de propósito depois do anoitecer para que não fossem vistos pelas autoridades judias. Nem apareceram publicamente em conexão com o funeral de Elias Marcos. Durante todo o dia seguinte eles permaneceram em reclusão tranquila neste memorável cenáculo.
192:4.7 (2051.4) Na quinta-feira à noite os apóstolos tiveram uma reunião maravilhosa neste cenáculo e todos se comprometeram a saírem na pregação pública do novo evangelho do Senhor ressuscitado, exceto Tomé, Simão Zelote e os gêmeos Alfeu. Já tinham começado os primeiros passos para alterar o evangelho do reino – a filiação a Deus e a irmandade com o homem – pela proclamação da ressurreição de Jesus. Natanael opôs-se a esta virada no corpo da mensagem pública deles, mas não conseguiu resistir à eloquência de Pedro, nem conseguiu superar o entusiasmo dos discípulos, especialmente das mulheres crentes.
192:4.8 (2051.5) E assim, sob a vigorosa liderança de Pedro e antes que o Mestre ascendesse ao Pai, os seus bem-intencionados representantes começaram aquele processo sutil de alteração gradual e segura da religião de Jesus para uma forma nova e modificada de religião sobre Jesus.
Paper 192
Appearances in Galilee
192:0.1 (2045.1) BY THE time the apostles left Jerusalem for Galilee, the Jewish leaders had quieted down considerably. Since Jesus appeared only to his family of kingdom believers, and since the apostles were in hiding and did no public preaching, the rulers of the Jews concluded that the gospel movement was, after all, effectually crushed. They were, of course, disconcerted by the increasing spread of rumors that Jesus had risen from the dead, but they depended upon the bribed guards effectively to counteract all such reports by their reiteration of the story that a band of his followers had removed the body.
192:0.2 (2045.2) From this time on, until the apostles were dispersed by the rising tide of persecution, Peter was the generally recognized head of the apostolic corps. Jesus never gave him any such authority, and his fellow apostles never formally elected him to such a position of responsibility; he naturally assumed it and held it by common consent and also because he was their chief preacher. From now on public preaching became the main business of the apostles. After their return from Galilee, Matthias, whom they chose to take the place of Judas, became their treasurer.
192:0.3 (2045.3) During the week they tarried in Jerusalem, Mary the mother of Jesus spent much of the time with the women believers who were stopping at the home of Joseph of Arimathea.
192:0.4 (2045.4) Early this Monday morning when the apostles departed for Galilee, John Mark went along. He followed them out of the city, and when they had passed well beyond Bethany, he boldly came up among them, feeling confident they would not send him back.
192:0.5 (2045.5) The apostles paused several times on the way to Galilee to tell the story of their risen Master and therefore did not arrive at Bethsaida until very late on Wednesday night. It was noontime on Thursday before they were all awake and ready to partake of breakfast.
1. Appearance by the Lake
192:1.1 (2045.6) About six o’clock Friday morning, April 21, the morontia Master made his thirteenth appearance, the first in Galilee, to the ten apostles as their boat drew near the shore close to the usual landing place at Bethsaida.
192:1.2 (2045.7) After the apostles had spent the afternoon and early evening of Thursday in waiting at the Zebedee home, Simon Peter suggested that they go fishing. When Peter proposed the fishing trip, all of the apostles decided to go along. All night they toiled with the nets but caught no fish. They did not much mind the failure to make a catch, for they had many interesting experiences to talk over, things which had so recently happened to them at Jerusalem. But when daylight came, they decided to return to Bethsaida. As they neared the shore, they saw someone on the beach, near the boat landing, standing by a fire. At first they thought it was John Mark, who had come down to welcome them back with their catch, but as they drew nearer the shore, they saw they were mistaken — the man was too tall for John. It had occurred to none of them that the person on the shore was the Master. They did not altogether understand why Jesus wanted to meet with them amidst the scenes of their earlier associations and out in the open in contact with nature, far away from the shut-in environment of Jerusalem with its tragic associations of fear, betrayal, and death. He had told them that, if they would go into Galilee, he would meet them there, and he was about to fulfill that promise.
192:1.3 (2046.1) As they dropped anchor and prepared to enter the small boat for going ashore, the man on the beach called to them, “Lads, have you caught anything?” And when they answered, “No,” he spoke again. “Cast the net on the right side of the boat, and you will find fish.” While they did not know it was Jesus who had directed them, with one accord they cast in the net as they had been instructed, and immediately it was filled, so much so that they were hardly able to draw it up. Now, John Zebedee was quick of perception, and when he saw the heavy-laden net, he perceived that it was the Master who had spoken to them. When this thought came into his mind, he leaned over and whispered to Peter, “It is the Master.” Peter was ever a man of thoughtless action and impetuous devotion; so when John whispered this in his ear, he quickly arose and cast himself into the water that he might the sooner reach the Master’s side. His brethren came up close behind him, having come ashore in the small boat, hauling the net of fishes after them.
192:1.4 (2046.2) By this time John Mark was up and, seeing the apostles coming ashore with the heavy-laden net, ran down the beach to greet them; and when he saw eleven men instead of ten, he surmised that the unrecognized one was the risen Jesus, and as the astonished ten stood by in silence, the youth rushed up to the Master and, kneeling at his feet, said, “My Lord and my Master.” And then Jesus spoke, not as he had in Jerusalem, when he greeted them with “Peace be upon you,” but in commonplace tones he addressed John Mark: “Well, John, I am glad to see you again and in carefree Galilee, where we can have a good visit. Stay with us, John, and have breakfast.”
192:1.5 (2046.3) As Jesus talked with the young man, the ten were so astonished and surprised that they neglected to haul the net of fish in upon the beach. Now spoke Jesus: “Bring in your fish and prepare some for breakfast. Already we have the fire and much bread.”
192:1.6 (2046.4) While John Mark had paid homage to the Master, Peter had for a moment been shocked at the sight of the coals of fire glowing there on the beach; the scene reminded him so vividly of the midnight fire of charcoal in the courtyard of Annas, where he had disowned the Master, but he shook himself and, kneeling at the Master’s feet, exclaimed, “My Lord and my Master!”
192:1.7 (2046.5) Peter then joined his comrades as they hauled in the net. When they had landed their catch, they counted the fish, and there were 153 large ones. And again was the mistake made of calling this another miraculous catch of fish. There was no miracle connected with this episode. It was merely an exercise of the Master’s preknowledge. He knew the fish were there and accordingly directed the apostles where to cast the net.
192:1.8 (2047.1) Jesus spoke to them, saying: “Come now, all of you, to breakfast. Even the twins should sit down while I visit with you; John Mark will dress the fish.” John Mark brought seven good-sized fish, which the Master put on the fire, and when they were cooked, the lad served them to the ten. Then Jesus broke the bread and handed it to John, who in turn served it to the hungry apostles. When they had all been served, Jesus bade John Mark sit down while he himself served the fish and the bread to the lad. And as they ate, Jesus visited with them and recounted their many experiences in Galilee and by this very lake.
192:1.9 (2047.2) This was the third time Jesus had manifested himself to the apostles as a group. When Jesus first addressed them, asking if they had any fish, they did not suspect who he was because it was a common experience for these fishermen on the Sea of Galilee, when they came ashore, to be thus accosted by the fish merchants of Tarichea, who were usually on hand to buy the fresh catches for the drying establishments.
192:1.10 (2047.3) Jesus visited with the ten apostles and John Mark for more than an hour, and then he walked up and down the beach, talking with them two and two — but not the same couples he had at first sent out together to teach. All eleven of the apostles had come down from Jerusalem together, but Simon Zelotes grew more and more despondent as they drew near Galilee, so that, when they reached Bethsaida, he forsook his brethren and returned to his home.
192:1.11 (2047.4) Before taking leave of them this morning, Jesus directed that two of the apostles should volunteer to go to Simon Zelotes and bring him back that very day. And Peter and Andrew did so.
2. Visiting with the Apostles Two and Two
192:2.1 (2047.5) When they had finished breakfast, and while the others sat by the fire, Jesus beckoned to Peter and to John that they should come with him for a stroll on the beach. As they walked along, Jesus said to John, “John, do you love me?” And when John answered, “Yes, Master, with all my heart,” the Master said: “Then, John, give up your intolerance and learn to love men as I have loved you. Devote your life to proving that love is the greatest thing in the world. It is the love of God that impels men to seek salvation. Love is the ancestor of all spiritual goodness, the essence of the true and the beautiful.”
192:2.2 (2047.6) Jesus then turned toward Peter and asked, “Peter, do you love me?” Peter answered, “Lord, you know I love you with all my soul.” Then said Jesus: “If you love me, Peter, feed my lambs. Do not neglect to minister to the weak, the poor, and the young. Preach the gospel without fear or favor; remember always that God is no respecter of persons. Serve your fellow men even as I have served you; forgive your fellow mortals even as I have forgiven you. Let experience teach you the value of meditation and the power of intelligent reflection.”
192:2.3 (2047.7) After they had walked along a little farther, the Master turned to Peter and asked, “Peter, do you really love me?” And then said Simon, “Yes, Lord, you know that I love you.” And again said Jesus: “Then take good care of my sheep. Be a good and a true shepherd to the flock. Betray not their confidence in you. Be not taken by surprise at the enemy’s hand. Be on guard at all times — watch and pray.”
192:2.4 (2047.8) When they had gone a few steps farther, Jesus turned to Peter and, for the third time, asked, “Peter, do you truly love me?” And then Peter, being slightly grieved at the Master’s seeming distrust of him, said with considerable feeling, “Lord, you know all things, and therefore do you know that I really and truly love you.” Then said Jesus: “Feed my sheep. Do not forsake the flock. Be an example and an inspiration to all your fellow shepherds. Love the flock as I have loved you and devote yourself to their welfare even as I have devoted my life to your welfare. And follow after me even to the end.”
192:2.5 (2048.1) Peter took this last statement literally — that he should continue to follow after him — and turning to Jesus, he pointed to John, asking, “If I follow on after you, what shall this man do?” And then, perceiving that Peter had misunderstood his words, Jesus said: “Peter, be not concerned about what your brethren shall do. If I will that John should tarry after you are gone, even until I come back, what is that to you? Only make sure that you follow me.”
192:2.6 (2048.2) This remark spread among the brethren and was received as a statement by Jesus to the effect that John would not die before the Master returned, as many thought and hoped, to establish the kingdom in power and glory. It was this interpretation of what Jesus said that had much to do with getting Simon Zelotes back into service, and keeping him at work.
192:2.7 (2048.3) When they returned to the others, Jesus went for a walk and talk with Andrew and James. When they had gone a short distance, Jesus said to Andrew, “Andrew, do you trust me?” And when the former chief of the apostles heard Jesus ask such a question, he stood still and answered, “Yes, Master, of a certainty I trust you, and you know that I do.” Then said Jesus: “Andrew, if you trust me, trust your brethren more — even Peter. I once trusted you with the leadership of your brethren. Now must you trust others as I leave you to go to the Father. When your brethren begin to scatter abroad because of bitter persecutions, be a considerate and wise counselor to James my brother in the flesh when they put heavy burdens upon him which he is not qualified by experience to bear. And then go on trusting, for I will not fail you. When you are through on earth, you shall come to me.”
192:2.8 (2048.4) Then Jesus turned to James, asking, “James, do you trust me?” And of course James replied, “Yes, Master, I trust you with all my heart.” Then said Jesus: “James, if you trust me more, you will be less impatient with your brethren. If you will trust me, it will help you to be kind to the brotherhood of believers. Learn to weigh the consequences of your sayings and your doings. Remember that the reaping is in accordance with the sowing. Pray for tranquillity of spirit and cultivate patience. These graces, with living faith, shall sustain you when the hour comes to drink the cup of sacrifice. But never be dismayed; when you are through on earth, you shall also come to be with me.”
192:2.9 (2048.5) Jesus next talked with Thomas and Nathaniel. Said he to Thomas, “Thomas, do you serve me?” Thomas replied, “Yes, Lord, I serve you now and always.” Then said Jesus: “If you would serve me, serve my brethren in the flesh even as I have served you. And be not weary in this well-doing but persevere as one who has been ordained by God for this service of love. When you have finished your service with me on earth, you shall serve with me in glory. Thomas, you must cease doubting; you must grow in faith and the knowledge of truth. Believe in God like a child but cease to act so childishly. Have courage; be strong in faith and mighty in the kingdom of God.”
192:2.10 (2049.1) Then said the Master to Nathaniel, “Nathaniel, do you serve me?” And the apostle answered, “Yes, Master, and with an undivided affection.” Then said Jesus: “If, therefore, you serve me with a whole heart, make sure that you are devoted to the welfare of my brethren on earth with tireless affection. Admix friendship with your counsel and add love to your philosophy. Serve your fellow men even as I have served you. Be faithful to men as I have watched over you. Be less critical; expect less of some men and thereby lessen the extent of your disappointment. And when the work down here is over, you shall serve with me on high.”
192:2.11 (2049.2) After this the Master talked with Matthew and Philip. To Philip he said, “Philip, do you obey me?” Philip answered, “Yes, Lord, I will obey you even with my life.” Then said Jesus: “If you would obey me, go then into the lands of the gentiles and proclaim this gospel. The prophets have told you that to obey is better than to sacrifice. By faith have you become a God-knowing kingdom son. There is but one law to obey — that is the command to go forth proclaiming the gospel of the kingdom. Cease to fear men; be unafraid to preach the good news of eternal life to your fellows who languish in darkness and hunger for the light of truth. No more, Philip, shall you busy yourself with money and goods. You now are free to preach the glad tidings just as are your brethren. And I will go before you and be with you even to the end.”
192:2.12 (2049.3) And then, speaking to Matthew, the Master asked, “Matthew, do you have it in your heart to obey me?” Matthew answered, “Yes, Lord, I am fully dedicated to doing your will.” Then said the Master: “Matthew, if you would obey me, go forth to teach all peoples this gospel of the kingdom. No longer will you serve your brethren the material things of life; henceforth you are also to proclaim the good news of spiritual salvation. From now on have an eye single only to obeying your commission to preach this gospel of the Father’s kingdom. As I have done the Father’s will on earth, so shall you fulfill the divine commission. Remember, both Jew and gentile are your brethren. Fear no man when you proclaim the saving truths of the gospel of the kingdom of heaven. And where I go, you shall presently come.”
192:2.13 (2049.4) Then he walked and talked with the Alpheus twins, James and Judas, and speaking to both of them, he asked, “James and Judas, do you believe in me?” And when they both answered, “Yes, Master, we do believe,” he said: “I will soon leave you. You see that I have already left you in the flesh. I tarry only a short time in this form before I go to my Father. You believe in me — you are my apostles, and you always will be. Go on believing and remembering your association with me, when I am gone, and after you have, perchance, returned to the work you used to do before you came to live with me. Never allow a change in your outward work to influence your allegiance. Have faith in God to the end of your days on earth. Never forget that, when you are a faith son of God, all upright work of the realm is sacred. Nothing which a son of God does can be common. Do your work, therefore, from this time on, as for God. And when you are through on this world, I have other and better worlds where you shall likewise work for me. And in all of this work, on this world and on other worlds, I will work with you, and my spirit shall dwell within you.”
192:2.14 (2049.5) It was almost ten o’clock when Jesus returned from his visit with the Alpheus twins, and as he left the apostles, he said: “Farewell, until I meet you all on the mount of your ordination tomorrow at noontime.” When he had thus spoken, he vanished from their sight.
3. On the Mount of Ordination
192:3.1 (2050.1) At noon on Saturday, April 22, the eleven apostles assembled by appointment on the hill near Capernaum, and Jesus appeared among them. This meeting occurred on the very mount where the Master had set them apart as his apostles and as ambassadors of the Father’s kingdom on earth. And this was the Master’s fourteenth morontia manifestation.
192:3.2 (2050.2) At this time the eleven apostles knelt in a circle about the Master and heard him repeat the charges and saw him re-enact the ordination scene even as when they were first set apart for the special work of the kingdom. And all of this was to them as a memory of their former consecration to the Father’s service, except the Master’s prayer. When the Master — the morontia Jesus — now prayed, it was in tones of majesty and with words of power such as the apostles had never before heard. Their Master now spoke with the rulers of the universes as one who, in his own universe, had had all power and authority committed to his hand. And these eleven men never forgot this experience of the morontia rededication to the former pledges of ambassadorship. The Master spent just one hour on this mount with his ambassadors, and when he had taken an affectionate farewell of them, he vanished from their sight.
192:3.3 (2050.3) And no one saw Jesus for a full week. The apostles really had no idea what to do, not knowing whether the Master had gone to the Father. In this state of uncertainty they tarried at Bethsaida. They were afraid to go fishing lest he come to visit them and they miss seeing him. During this entire week Jesus was occupied with the morontia creatures on earth and with the affairs of the morontia transition which he was experiencing on this world.
4. The Lakeside Gathering
192:4.1 (2050.4) Word of the appearances of Jesus was spreading throughout Galilee, and every day increasing numbers of believers arrived at the Zebedee home to inquire about the Master’s resurrection and to find out the truth about these reputed appearances. Peter, early in the week, sent out word that a public meeting would be held by the seaside the next Sabbath at three o’clock in the afternoon.
192:4.2 (2050.5) Accordingly, on Saturday, April 29, at three o’clock, more than five hundred believers from the environs of Capernaum assembled at Bethsaida to hear Peter preach his first public sermon since the resurrection. The apostle was at his best, and after he had finished his appealing discourse, few of his hearers doubted that the Master had risen from the dead.
192:4.3 (2050.6) Peter ended his sermon, saying: “We affirm that Jesus of Nazareth is not dead; we declare that he has risen from the tomb; we proclaim that we have seen him and talked with him.” Just as he finished making this declaration of faith, there by his side, in full view of all these people, the Master appeared in morontia form and, speaking to them in familiar accents, said, “Peace be upon you, and my peace I leave with you.” When he had thus appeared and had so spoken to them, he vanished from their sight. This was the fifteenth morontia manifestation of the risen Jesus.
192:4.4 (2051.1) Because of certain things said to the eleven while they were in conference with the Master on the mount of ordination, the apostles received the impression that their Master would presently make a public appearance before a group of the Galilean believers, and that, after he had done so, they were to return to Jerusalem. Accordingly, early the next day, Sunday, April 30, the eleven left Bethsaida for Jerusalem. They did considerable teaching and preaching on the way down the Jordan, so that they did not arrive at the home of the Marks in Jerusalem until late on Wednesday, May 3.
192:4.5 (2051.2) This was a sad home-coming for John Mark. Just a few hours before he reached home, his father, Elijah Mark, suddenly died from a hemorrhage in the brain. Although the thought of the certainty of the resurrection of the dead did much to comfort the apostles in their grief, at the same time they truly mourned the loss of their good friend, who had been their stanch supporter even in the times of great trouble and disappointment. John Mark did all he could to comfort his mother and, speaking for her, invited the apostles to continue to make their home at her house. And the eleven made this upper chamber their headquarters until after the day of Pentecost.
192:4.6 (2051.3) The apostles had purposely entered Jerusalem after nightfall that they might not be seen by the Jewish authorities. Neither did they publicly appear in connection with the funeral of Elijah Mark. All the next day they remained in quiet seclusion in this eventful upper chamber.
192:4.7 (2051.4) On Thursday night the apostles had a wonderful meeting in this upper chamber and all pledged themselves to go forth in the public preaching of the new gospel of the risen Lord except Thomas, Simon Zelotes, and the Alpheus twins. Already had begun the first steps of changing the gospel of the kingdom — sonship with God and brotherhood with man — into the proclamation of the resurrection of Jesus. Nathaniel opposed this shift in the burden of their public message, but he could not withstand Peter’s eloquence, neither could he overcome the enthusiasm of the disciples, especially the women believers.
192:4.8 (2051.5) And so, under the vigorous leadership of Peter and ere the Master ascended to the Father, his well-meaning representatives began that subtle process of gradually and certainly changing the religion of Jesus into a new and modified form of religion about Jesus.
Documento 192
Aparições na Galiléia
192:0.1 (2045.1) QUANDO os apóstolos saíram de Jerusalém indo à Galiléia, os líderes judeus haviam-se acalmado consideravelmente. Posto que Jesus aparecia apenas para a sua família de crentes no Reino, e já que os apóstolos estavam escondidos e não faziam nenhuma pregação pública, os governantes dos judeus concluíram que o movimento do evangelho afinal havia sido efetivamente derrotado. É claro, estavam desconcertados por causa dos rumores que cada vez mais se disseminavam de que Jesus tinha ressuscitado dos mortos e, de fato, eles dependiam dos guardas subornados para contradizer essas notícias mediante o relato inventado de que um bando dos seus seguidores havia levado o corpo.
192:0.2 (2045.2) Desse momento em diante, até que os apóstolos fossem dispersados, na maré montante da perseguição, Pedro foi reconhecido de maneira geral como o líder do corpo apostólico. Jesus jamais deu a ele tal autoridade, e os seus companheiros apóstolos nunca o elegeram formalmente para essa posição de responsabilidade; ele assumiu-a naturalmente e a mantinha pelo consentimento comum e também porque era o principal pregador dentre eles. Desse momento em diante a pregação pública tornou-se a função principal dos apóstolos. Após o seu retorno da Galiléia, Matias, a quem eles escolheram para tomar o lugar de Judas, tornou-se o tesoureiro.
192:0.3 (2045.3) Durante a semana, eles permaneceram em Jerusalém; Maria, a mãe de Jesus, passou boa parte do tempo com as mulheres crentes que estavam alojadas na casa de José de Arimatéia.
192:0.4 (2045.4) Nessa segunda-feira pela manhã, quando os apóstolos partiram para a Galiléia, João Marcos foi atrás deles. Continuou seguindo-os até fora da cidade e, quando haviam já passado por Betânia, atrevidamente ele aproximou-se, confiando que eles não o mandariam de volta.
192:0.5 (2045.5) Os apóstolos pararam diversas vezes no caminho da Galiléia para contar a história do seu Mestre ressuscitado e, conseqüentemente, não chegaram em Betsaida senão muito tarde na noite da quarta-feira. E já era meio-dia da quinta- feira quando eles acordaram e aprontaram-se para compartilhar o desjejum.
1. A Aparição junto ao Lago
192:1.1 (2045.6) Sexta-feira, 21 de abril, por volta das seis da manhã, o Mestre moroncial fez a sua décima terceira aparição, a primeira para os dez apóstolos na Galiléia, no momento em que o barco deles aproximou-se da margem, perto do local em que em geral se aportava em Betsaida.
192:1.2 (2045.7) Depois de os apóstolos haverem passado a tardinha e as primeiras horas da noite de quinta-feira na casa de Zebedeu, à espera, Simão Pedro sugeriu que fossem pescar. Quando Pedro propôs a pescaria, todos os apóstolos decidiram ir junto. Durante a noite inteira jogaram as redes, mas não pegaram nenhum peixe. Não se importavam muito de não haverem pescado nada, pois tinham muitas experiências interessantes sobre as quais falar; coisas que lhes haviam acontecido muito recentemente em Jerusalém. Todavia, quando veio a luz do dia, eles decidiram voltar a Betsaida. E quando se aproximavam da margem, viram alguém de pé na praia, perto da amarração dos barcos, junto a uma fogueira. Inicialmente eles pensaram que fosse João Marcos que estivesse ali para dar as boas-vindas a eles e à sua pesca, mas, ao chegarem mais perto da margem, viram que estavam enganados — o homem era alto demais para ser João. Não ocorreu a nenhum deles que a pessoa na margem fosse o Mestre. Não compreendiam de todo por que Jesus queria encontrar-se com eles nos locais abertos das suas atividades anteriores e em contato com a natureza, longe dos ambientes fechados de Jerusalém e das suas ligações trágicas ao temor, traição e morte. Jesus havia dito a eles que, se fossem à Galiléia, os encontraria lá e estava para ali cumprir aquela promessa.
192:1.3 (2046.1) Quando jogaram a âncora e se preparavam para entrar no pequeno barco, a fim de irem até a margem, o homem na praia interpelou-os: “Rapazes, pegaram alguma coisa?” E quando eles responderam: “Não”, ele falou de novo: “Jogai a rede do lado direito do barco, e encontrareis os peixes”. Ainda que não soubessem que era Jesus que se tinha dirigido a eles, em uma decisão unânime jogaram a rede como lhes tinha sido instruído e imediatamente ela ficou cheia, e tanto que quase não foram capazes de içá-la. Ora, João Zebedeu era de percepção rápida e, quando viu a rede tão pesada e carregada, ele percebeu que era o Mestre quem havia falado a eles. Quando esse pensamento veio à sua mente, ele inclinou-se e sussurrou a Pedro: “É o Mestre”. Pedro sempre fora um homem de agir sem indecisão e de devoção impetuosa; assim, quando João sussurrou aquilo no seu ouvido, rapidamente ele levantou-se e de um pulo jogou-se na água para chegar mais rápido ao lado do Mestre. Os seus irmãos chegaram pouco depois, dentro do barco pequeno, arrastando a rede de peixes atrás de si.
192:1.4 (2046.2) Nessa altura, João Marcos já estava de pé e, vendo os apóstolos acercando-se da margem com a rede carregada, correu até a praia para saudá-los; e, quando viu onze homens em vez de dez, supôs que aquele a quem não reconhecia seria o Jesus ressuscitado e, diante dos dez, que permaneciam atônitos e em silêncio, o jovem correu até junto ao Mestre e, ajoelhando-se aos seus pés, disse: “Meu Senhor e meu Mestre”. E então Jesus falou, não como o havia feito em Jerusalém, quando os saudou dizendo: “A paz esteja convosco”; mas, com um tom familiar ele dirigiu-se a João Marcos: “Bem, João, estou contente de ver-te novamente e nesta alegre Galiléia, onde podemos reunir-nos com tranqüilidade. Fica conosco, João, e toma a tua refeição matinal”.
192:1.5 (2046.3) Enquanto Jesus falava ao jovem, os dez apóstolos estavam tão surpresos e atônitos que se esqueceram de puxar a rede de peixes para a praia. E então Jesus disse: “Trazei o vosso peixe e preparai uns poucos para comermos. Já temos a fogueira e muito pão”.
192:1.6 (2046.4) No momento em que João Marcos homenageava o Mestre, Pedro, por um momento, chocou-se com a visão dos carvões de fogo reluzentes ali na praia; a cena relembrava tão vividamente o fogo da meia-noite no pátio de Anás, onde ele havia negado ao Mestre, que ele sacudiu-se e, ajoelhando-se aos pés do Mestre, exclamou: “Meu Senhor e meu Mestre!”
192:1.7 (2046.5) Então Pedro juntou-se aos camaradas que traziam a rede. Quando colocaram a pesca em terra firme, contaram os peixes, e havia 153 dos grandes. E então novamente foi cometido o erro de chamar a esse acontecimento de uma outra pescaria milagrosa. Não havia nenhum milagre ligado a esse episódio. Tinha sido meramente um exercício de presciência do Mestre. Ele sabia que os peixes estavam lá e desse modo indicou aos apóstolos onde jogar a rede.
192:1.8 (2047.1) Jesus dirigiu-se a eles, dizendo: “Vinde agora, todos vós, para comer. Até mesmo os gêmeos devem sentar-se enquanto eu converso convosco; João Marcos preparará o peixe”. João Marcos trouxe sete peixes de bom tamanho, os quais o Mestre colocou no fogo e quando ficaram cozidos o rapaz serviu-os a cada um dos dez. Então Jesus partiu o pão e passou-o a João, que, por sua vez, o serviu aos apóstolos famintos. Quando todos eles estavam servidos, Jesus chamou João Marcos para sentar-se enquanto ele próprio servia o peixe e o pão ao rapaz. E, enquanto comiam, Jesus conversou com eles e rememorou as suas muitas experiências na Galiléia e nesse mesmo lago.
192:1.9 (2047.2) Essa foi a terceira vez que Jesus manifestou-se aos apóstolos como um grupo. Inicialmente quando Jesus dirigiu-se a eles, perguntando se haviam pescado algum peixe, eles nem suspeitavam de quem fosse, porque era um fato comum a esses pescadores no mar da Galiléia, ao aproximarem-se da margem, ouvir uma pergunta assim, feita pelos mercadores de peixe de Tariquéia, que normalmente estavam ali para comprar o pescado fresco destinado aos estabelecimentos de secagem do peixe.
192:1.10 (2047.3) Jesus conversou com os dez apóstolos e João Marcos por mais de uma hora, e então ele caminhou pela praia, falando com dois a dois deles — mas não eram os mesmos dois que antes ele havia enviado para pregar juntos. Os onze apóstolos haviam vindo de Jerusalém juntos, mas, quando se aproximavam da Galiléia, Simão zelote ficou mais deprimido ainda, de tal modo que, ao chegarem a Betsaida, ele deixou os irmãos e retornou para a sua casa.
192:1.11 (2047.4) Antes de deixá-los nessa manhã, Jesus indicou que dois dos apóstolos deviam oferecer-se para ir até Simão zelote e trazê-lo de volta naquele mesmo dia. Pedro e André cuidaram disso.
2. Conversando com os Apóstolos Dois a Dois
192:2.1 (2047.5) Quando acabaram de comer, e enquanto os outros permaneciam sentados em volta da fogueira, Jesus chamou Pedro e João para que fossem com ele dar uma caminhada pela praia. Enquanto caminhavam, Jesus perguntou a João: “João, tu me amas?” E quando João respondeu: “Sim, Mestre, de todo o meu coração”, o Mestre disse: “Então, João, deixa de lado a tua intolerância e aprende a amar os homens como eu te amei. Devota a tua vida a provar que o amor é a maior coisa neste mundo. É o amor de Deus que compele os homens a buscar a salvação. O amor é o ancestral de toda a bondade espiritual, a essência do que é verdadeiro e belo”.
192:2.2 (2047.6) Jesus então se voltou para Pedro e perguntou: “Pedro, tu me amas?” Pedro respondeu: “Senhor, sabes que eu te amo com toda a minha alma”. Então Jesus disse: “Se me amas, Pedro, alimenta as minhas ovelhas. Não negligencies a ministração aos fracos, aos pobres e aos jovens. Prega o evangelho sem medo e sem preferências; lembra-te sempre de que Deus não tem preferência por ninguém. Serve aos teus semelhantes como eu tenho servido a ti; perdoa os teus companheiros mortais como eu te perdoei. Que a experiência te ensine o valor da meditação e o poder da reflexão inteligente”.
192:2.3 (2047.7) Após haverem andado até um pouco mais adiante, o Mestre voltou-se para Pedro e perguntou: “Pedro, realmente me amas?” Nesse momento Simão disse: “Sim, Senhor, sabes que te amo, Mestre”. E novamente disse Jesus: “Então cuida bem do meu rebanho. Sê um pastor bom e verdadeiro para as ovelhas. Não traias a confiança que depositarem em ti. Não te deixes tomar de surpresa na mão do inimigo. Fica de guarda a todo instante — vigia e ora”.
192:2.4 (2047.8) Quando haviam dado uns poucos passos mais, Jesus voltou-se para Pedro e, pela terceira vez, perguntou: “Pedro, tu me amas verdadeiramente?” E Pedro então, levemente ferido pela desconfiança aparente que o Mestre teria tido dele, disse, com muita emoção: “Senhor, sabes de todas as coisas e, portanto, sabes que real e verdadeiramente eu te amo”. Então Jesus disse: “Alimenta as minhas ovelhas. Não te esqueças do rebanho. Sê um exemplo e uma inspiração para todos os teus irmãos pastores. Ama o rebanho como eu te amei e te devota ao bem-estar dele, como eu devotei a minha vida ao teu bem-estar. E segue os meus passos até o fim”.
192:2.5 (2048.1) Pedro interpretou essa última convocação ao pé da letra — como se devesse continuar seguindo atrás dele — e, dirigindo-se a Jesus, apontou para João, perguntando: “Se eu seguir a ti, o que fará esse homem?” E então, percebendo que Pedro não havia compreendido as suas palavras, Jesus disse: “Pedro, não te preocupes com o que os teus irmãos farão. Se eu quiser que João permaneça aqui, até quando eu voltar, depois que tu fores embora, em que isso te importa? Apenas estejas seguro de seguir os meus passos”.
192:2.6 (2048.2) Essa observação difundiu-se entre os irmãos e foi recebida como uma declaração feita por Jesus de que João não morreria antes que o Mestre retornasse, como muitos pensavam e esperavam, para estabelecer o Reino em poder e glória. E essa interpretação das palavras de Jesus teve um papel importante para trazer Simão zelote de volta ao serviço e mantê-lo servindo.
192:2.7 (2048.3) Quando eles voltaram para junto dos outros, Jesus saiu para caminhar e conversar com André e Tiago. Eles estavam a uma curta distância, quando Jesus disse a André: “André, tu confias em mim?” E quando o antigo dirigente dos apóstolos ouviu Jesus fazer uma tal pergunta, ele parou e respondeu: “Sim, Mestre, confio em ti com toda a certeza, e tu sabes que confio”. Então Jesus disse: “André, se confias em mim, confia ainda mais nos teus irmãos — até mesmo em Pedro. Eu confiei a liderança dos teus irmãos a ti, certa vez. Agora, que te deixo para ir ao meu Pai, deves confiar nos outros. Quando os teus irmãos começarem a dispersar-se por aí, em virtude de amargas perseguições, sê um conselheiro sábio e de muita consideração para com Tiago, o meu irmão na carne, quando colocarem nos ombros dele cargas tão pesadas que ele não terá experiência suficiente para suportar. E então continua confiando, pois não te faltarei. Quando tiveres terminado a tua tarefa aqui na Terra, tu virás até a mim”.
192:2.8 (2048.4) Nesse momento Jesus voltou-se para Tiago, perguntando: “Tiago, tu confias em mim?” E é claro que Tiago respondeu: “Sim, Mestre, eu confio em ti do fundo do meu coração”. Então disse Jesus: “Tiago, se confiares mais em mim, tu serás menos impaciente com os teus irmãos. Se confiares em mim, isso te ajudará a ser compassivo com a irmandade dos crentes. Aprende a pesar as conseqüências das tuas palavras e atos. Lembra-te de que a colheita é feita segundo o que se planta. Ora pela tranqüilidade de espírito e cultiva a paciência. Essas graças, com a fé viva, sustentar-te-ão quando vier a hora de beber da taça do sacrifício. Mas nunca te desanimes; quando terminares aqui na Terra, também tu virás ter comigo”.
192:2.9 (2048.5) Em seguida Jesus conversou com Tomé e Natanael. A Tomé ele disse: “Tomé, tu serves a mim?” Tomé respondeu: “Sim, Senhor, sirvo a ti agora e para sempre”. Então Jesus disse: “Se quiseres servir a mim, serve aos meus irmãos na carne como eu servi a ti. E não te canses desse bem-servir, mas persevera como quem foi ordenado por Deus para esse serviço de amor. Quando tiveres acabado o teu serviço comigo na Terra, servirás a mim na glória. Tomé, tu deves parar de duvidar; tu deves crescer na fé e no conhecimento da verdade. Acredita em Deus, como uma criança, e pára de agir tão infantilmente. Tem coragem; sê forte na fé e poderoso no Reino de Deus”.
192:2.10 (2049.1) Nisso, dirigindo-se a Natanael, o Mestre indagou: “Natanael, é a mim que serves?” E o apóstolo respondeu: “Sim, Mestre, e com toda minha afeição”. Então disse Jesus: “Se serves, pois, a mim, com todo o coração, assegura-te de te consagrares ao bem-estar dos meus irmãos na Terra, com uma afeição incansável. Põe amizade no teu conselho e amor na tua filosofia. Serve ao teu semelhante como eu servi a ti. Sê fiel aos homens como eu vigiei por ti. Sê menos crítico; espera menos de alguns homens, e assim diminuirás a extensão da tua decepção. E quando o trabalho cá embaixo terminar, irás servir a mim no alto”.
192:2.11 (2049.2) Depois disso, o Mestre conversou com Mateus e Filipe. A Filipe ele disse: “Filipe, tu obedeces a mim?” Filipe respondeu: “Sim, Senhor, obedecerei a ti ainda que me custe a vida”. Então disse Jesus: “Se queres obedecer-me, então vai às terras dos gentios e proclama este evangelho. Os profetas disseram-te que obedecer é melhor do que sacrificar. Pela fé te tornaste um filho do Reino, conhecedor de Deus. Não há senão uma lei a ser obedecida — que é o comando de seguir proclamando o evangelho do Reino. Pára de temer os homens; sê destemido ao pregar as boas-novas da vida eterna aos teus semelhantes, os quais permanecem languidamente nas trevas e que têm fome da luz da verdade. Filipe, não mais terás de ocupar-te com o dinheiro e com os bens. Agora estas livre para pregar as boas-novas, como os teus irmãos. E irei antes de ti e estarei contigo até o fim”.
192:2.12 (2049.3) Já, falando a Mateus, o Mestre perguntou: “Mateus, está no teu coração obedecer a mim?” Mateus respondeu: “Sim, Senhor, estou plenamente dedicado a fazer a tua vontade”. Então disse o Mestre: “Mateus, se quiseres obedecer-me, vai ensinar a todos os povos este evangelho do Reino. Não mais proporcionarás aos teus irmãos as coisas materiais da vida; de agora em diante tu também irás proclamar as boas-novas da salvação espiritual. Doravante não tenhas em vista senão obedecer à missão de pregar este evangelho do Reino do Pai. Como eu fiz a vontade do Pai na Terra, do mesmo modo irás cumprir a missão divina. Lembra-te, tanto o judeu quanto o gentio são irmãos teus. Não temas a nenhum homem quando estiveres proclamando as verdades salvadoras do evangelho do Reino do céu. E para onde eu for, irás também em breve”.
192:2.13 (2049.4) E então Jesus caminhou e conversou com os gêmeos Alfeus, Tiago e Judas, e, falando a ambos, perguntou: “Tiago e Judas, vós acreditais em mim?” E ambos responderam: “Sim, Mestre, nós acreditamos”. Em seguida, disse: “Vou deixar- vos em breve. Vedes que já vos deixei na carne. Permanecerei apenas um curto tempo nesta forma, antes de ir para o meu Pai. Vós acreditais em mim — sois meus apóstolos, e sempre o sereis. Continuai acreditando e lembrando da vossa ligação comigo quando eu não estiver mais aqui, e, quando, por acaso, voltardes ao trabalho que fazíeis antes de virdes viver comigo, não permitais nunca que uma mudança das vossas tarefas exteriores influencie a vossa lealdade. Tende fé em Deus, até o fim dos vossos dias na Terra. Nunca esqueçais de que, sendo filhos de Deus pela fé, todo o trabalho honesto do Reino é sagrado. Nada que um filho de Deus faça, pode ser comum. Trabalhai, portanto, de agora em diante, para Deus. E, quando terminardes esse trabalho, eu tenho outros mundos melhores onde, do mesmo modo, trabalhareis para mim. E em todos esses trabalhos, neste mundo e noutros mundos, eu trabalharei convosco, e o meu espírito residirá em vós”.
192:2.14 (2049.5) Eram quase dez horas quando Jesus voltou da sua conversa com os gêmeos Alfeus e, ao deixar os apóstolos, ainda disse: “Adeus, até que os encontre todos no monte da vossa ordenação, amanhã ao meio-dia”. Depois de assim falar, ele desapareceu da vista deles.
3. No Monte da Ordenação
192:3.1 (2050.1) Ao meio-dia do sábado, 22 de abril, os onze apóstolos reuniram-se como indicado, no monte perto de Cafarnaum, e Jesus apareceu entre eles. Essa reunião ocorreu no mesmo monte em que o Mestre os havia designado como seus apóstolos e como embaixadores do Reino do Pai na Terra. E essa foi a décima quarta manifestação moroncial do Mestre.
192:3.2 (2050.2) Naquela ocasião os onze apóstolos ajoelharam-se em um círculo em volta do Mestre e ouviram-no repetir as missões deles, viram-no reproduzir a cena da ordenação, e do mesmo modo como eles foram selecionados para o trabalho especial do Reino. E, para eles, tudo isso foi como uma memória da sua primeira consagração ao serviço do Pai, exceto pela oração do Mestre. Quando o Mestre — o Jesus moroncial — orou, nesse momento, foi em um tom de majestade e com palavras tais de poder que os apóstolos nunca tinham antes ouvido. O Mestre agora falava com os governantes dos universos, como quem, no seu próprio universo, tivesse recebido nas suas mãos todo o poder e autoridade. E esses onze homens nunca esqueceram a experiência de re-consagração moroncial à promessa anterior, como embaixadores. O Mestre passou apenas uma hora nesse monte com os seus embaixadores e, depois de fazer uma despedida afetuosa a todos, desapareceu das suas vistas.
192:3.3 (2050.3) E ninguém durante toda uma semana viu Jesus. Os apóstolos realmente não tinham a menor idéia do que fazer, não sabendo se o Mestre tinha ido para o Pai. Nesse estado de incerteza permaneceram em Betsaida. Tinham medo de ir pescar, e de que então ele viesse falar com eles, e que deixassem de vê-lo. Durante toda essa semana, Jesus esteve ocupado com as criaturas moronciais na Terra e com os assuntos da transição moroncial que ele experienciava neste mundo.
4. A Reunião à Beira do Lago
192:4.1 (2050.4) A notícia das aparições de Jesus espalhava-se pela Galiléia, e a cada dia um número maior de crentes chegava à casa de Zebedeu para perguntar sobre a ressurreição do Mestre e para saber a verdade sobre essas tão comentadas aparições. Pedro, no início da semana, comunicou que uma reunião pública aconteceria junto ao lago no próximo sábado, às três da tarde.
192:4.2 (2050.5) E assim, no sábado, 29 de abril, às três horas, mais de quinhentos crentes dos arredores de Cafarnaum estavam reunidos em Betsaida para ouvir Pedro pregando o seu primeiro sermão público desde a ressurreição. O apóstolo conseguiu o melhor de si e, quando acabou o seu eloqüente discurso, poucos dos seus ouvintes duvidavam de que o Mestre tivesse ressuscitado dos mortos.
192:4.3 (2050.6) Pedro terminou o seu sermão dizendo: “Nós afirmamos que Jesus de Nazaré não está morto; declaramos que ele levantou-se da tumba; proclamamos que o vimos e falamos com ele”. No momento em que acabara de fazer essa declaração de fé, lá ao seu lado, em plena vista de toda aquela gente, o Mestre apareceu na forma moroncial e, dirigindo-se a eles em um tom familiar, disse: “A paz esteja convosco, e a minha paz eu a deixo convosco”. Depois de aparecer e de assim falar a eles, ele desapareceu da vista de todos. Essa foi a décima quinta manifestação moroncial do Jesus ressuscitado.
192:4.4 (2051.1) Devido a certas coisas ditas aos onze apóstolos, enquanto estavam em conferência com o Mestre, no monte da ordenação, os apóstolos tiveram a impressão de que o seu Mestre iria em breve fazer uma aparição pública diante de um grupo de crentes da Galiléia, e que, depois que o tivesse feito, eles deveriam voltar para Jerusalém. Em conseqüência disso, logo cedo no dia seguinte, domingo, 30 de abril, os onze deixaram Betsaida indo para Jerusalém. Ensinaram e pregaram bastante no caminho, Jordão abaixo e, desse modo, não chegaram na casa dos Marcos em Jerusalém a não ser na quarta-feira, 3 de maio, bem tarde.
192:4.5 (2051.2) Esse foi um triste retorno ao lar para João Marcos. Poucas horas antes de chegar em casa, o seu pai, Elias Marcos, morreu repentinamente de uma hemorragia no cérebro. Se bem que o pensamento na certeza da ressurreição dos mortos tivesse confortado em muito os apóstolos na sua tristeza, ao mesmo tempo lamentaram verdadeiramente a perda do seu bom amigo, que os havia apoiado fortemente mesmo nas horas de grandes problemas e decepções. João Marcos fez o que pôde para confortar a sua mãe e, falando por ela, convidou os apóstolos a continuarem fazendo da sua casa o seu lar. E os onze fizeram dessa sala de cima o seu centro de apoio até depois do Dia de Pentecostes.
192:4.6 (2051.3) Os apóstolos propositalmente haviam chegado em Jerusalém depois do cair da noite para não serem vistos pelas autoridades judaicas. Nem apareceram publicamente no funeral de Elias Marcos. Durante todo o dia seguinte permaneceram silenciosamente reclusos nessa memorável sala de cima.
192:4.7 (2051.4) Na quinta-feira à noite, os apóstolos tiveram um encontro maravilhoso nessa sala de cima e todos se comprometeram a sair na pregação pública do novo evangelho do Senhor ressuscitado, exceto Tomé, Simão zelote e os gêmeos Alfeus. Tinham já sido dados os primeiros passos no sentido da troca do evangelho do Reino — a filiação a Deus e a irmandade dos homens — , pela proclamação da ressurreição de Jesus. Natanael fez oposição a essa mudança no contexto da mensagem pública, mas ele não podia contrariar a eloqüência de Pedro, nem deter o entusiasmo dos discípulos, especialmente o das mulheres crentes.
192:4.8 (2051.5) E assim, sob a vigorosa liderança de Pedro e antes que o Mestre ascendesse ao Pai, os seus bem-intencionados representantes começaram aquele processo sutil de substituir, gradual e seguramente, a religião de Jesus por uma forma nova e alterada de religião sobre Jesus.