Urântia

OS DOCUMENTOS DE URÂNTIA

- A REVELAÇÃO DO TERCEIRO MILÊNIO -

INDICE

Documento 190

Aparições de Jesus da Morôncia

190:0.1 (2029.1) O Jesus ressuscitado agora se prepara para passar um curto período em Urântia com o propósito de experienciar a carreira ascendente de um mortal dos reinos na morôncia. Embora este tempo da vida na morôncia deva ser passado no mundo da sua encarnação mortal, será, no entanto, em todos os aspectos a contraparte da experiência dos mortais de Satânia que passam pela vida progressiva na morôncia dos sete mundos das mansões de Jerusém.

190:0.2 (2029.2) Todo este poder que é inerente em Jesus – o dom da vida – e que lhe permitiu ressuscitar dentre os mortos, é a própria dádiva da vida eterna que ele concede aos crentes do reino, e que mesmo agora garante a ressurreição deles das amarras da morte natural.

190:0.3 (2029.3) Os mortais dos reinos se erguerão na manhã da ressurreição com o mesmo tipo de corpo de transição ou da morôncia que Jesus teve quando ressuscitou da tumba nesta manhã de domingo. Estes corpos não têm sangue circulante e tais seres não comem alimentos materiais comuns; não obstante, estas formas da morôncia são reais. Quando os vários crentes viram Jesus depois da sua ressurreição, eles realmente o viram; não foram vítimas autoiludidas de visões ou alucinações.

190:0.4 (2029.4) A fé inabalável na ressurreição de Jesus foi a característica cardinal da fé de todos os ramos do ensinamento inicial do evangelho. Em Jerusalém, Alexandria, Antioquia e Filadélfia todos os instrutores do evangelho se uniram nesta fé implícita na ressurreição do Mestre.

190:0.5 (2029.5) Ao considerarmos o papel proeminente que Maria Madalena desempenhou na proclamação da ressurreição do Mestre, deve-se registrar que Maria era a principal porta-voz do corpo de mulheres, assim como Pedro era para os apóstolos. Maria não era chefe das trabalhadoras, mas era a instrutora principal e porta-voz pública. Maria tornou-se uma mulher de grande circunspecção, de modo que a sua ousadia em falar com um homem que ela considerou ser o zelador do jardim de José apenas indica quão horrorizada ela ficou ao encontrar a tumba vazia. Foi a profundidade e a agonia do seu amor, a plenitude da sua devoção, que a fez esquecer, por um momento, as restrições convencionais à abordagem de uma mulher judia a um homem estranho.

 

1. Arautos da Ressurreição

 

190:1.1 (2029.6) Os apóstolos não queriam que Jesus os deixasse; por isso menoscabaram todas as declarações dele sobre morrer, juntamente com suas promessas de ressuscitar. Eles não estavam esperando a ressurreição do modo como veio e recusaram-se a acreditar até serem confrontados com a coerção da evidência incontestável e a prova absoluta das suas próprias experiências.

190:1.2 (2030.1) Quando os apóstolos se recusaram a acreditar no relato das cinco mulheres que afirmavam ter visto Jesus e conversado com ele, Maria Madalena retornou à tumba, e as outras voltaram para a casa de José, onde relataram suas experiências à filha dele e às outras mulheres. E as mulheres acreditaram no seu relato. Pouco depois das seis horas, a filha de José de Arimateia e as quatro mulheres que tinham visto Jesus foram até a casa de Nicodemos, onde relataram todos estes acontecimentos a José, Nicodemos, Davi Zebedeu e aos outros homens ali reunidos. Nicodemos e os outros duvidaram da sua história, duvidaram que Jesus tivesse ressuscitado dos mortos; eles conjecturaram que os judeus haviam removido o corpo. José e Davi estavam dispostos a acreditar no relato, tanto que se apressaram para inspecionar a tumba e encontraram tudo exatamente como as mulheres haviam descrito. E foram os últimos a ver o sepulcro assim, pois o sumo sacerdote enviou o capitão dos guardas do templo à tumba às sete e meia para remover os panos funerários. O capitão embrulhou-os todos no lençol de linho e atirou-os de um penhasco próximo.

190:1.3 (2030.2) Da tumba Davi e José foram imediatamente para a casa de Elias Marcos, onde mantiveram uma conferência com os dez apóstolos no cenáculo. Apenas João Zebedeu estava disposto a acreditar, mesmo que vagamente, que Jesus havia ressuscitado dos mortos. Pedro tinha acreditado no início, mas, quando não conseguiu encontrar o Mestre, caiu em sérias dúvidas. Todos estavam dispostos a acreditar que os judeus haviam removido o corpo. Davi não quis discutir com eles, mas, ao partir, disse: “Vocês são os apóstolos e deveriam compreender estas coisas. Não discutirei com vocês; no entanto, volto agora para a casa de Nicodemos, onde marquei com os mensageiros nos reunirmos esta manhã, e quando eles estiverem reunidos, eu os enviarei em sua última missão, como arautos da ressurreição do Mestre. Eu escutei o Mestre dizer que, depois que morresse, ressuscitaria ao terceiro dia, e acredito nele”. E falando assim aos abatidos e desamparados embaixadores do reino, este autonomeado chefe de comunicação e inteligência despediu-se dos apóstolos. Ao sair do cenáculo ele deixou cair a bolsa de Judas, contendo todos os fundos apostólicos, no colo de Mateus Levi.

190:1.4 (2030.3) Eram cerca de nove e meia quando o último dos vinte e seis mensageiros de Davi chegou à casa de Nicodemos. Davi prontamente os reuniu no espaçoso pátio e dirigiu-se a eles:

190:1.5 (2030.4) “Homens e irmãos, durante todo este tempo vocês me serviram de acordo com o juramento que fizeram a mim e uns aos outros, e eu os chamo para testemunharem que nunca enviei informações falsas por suas mãos. Estou prestes a enviá-los em sua última missão como mensageiros voluntários do reino e, ao fazê-lo, eu os libero de seus juramentos e assim desativo o corpo de mensageiros. Homens, declaro-lhes que terminamos nosso trabalho. O Mestre não mais precisa de mensageiros mortais; ele ressuscitou dos mortos. Ele nos disse antes de o prenderem que ele morreria e ressuscitaria ao terceiro dia. Eu vi a tumba – está vazia. Conversei com Maria Madalena e outras quatro mulheres que conversaram com Jesus. Agora eu desfaço o grupo, me despeço de vocês e os envio para suas respectivas tarefas, e a mensagem que vocês levarão aos crentes é: ‘Jesus ressuscitou dos mortos; a tumba está vazia.’”

190:1.6 (2030.5) A maioria daqueles presentes esforçou-se para persuadir Davi a não fazer isto. Mas não conseguiram influenciá-lo. Procuraram então dissuadir os mensageiros, mas eles não deram ouvidos às palavras de dúvida. E assim, pouco antes das dez horas da manhã deste domingo, estes vinte e seis estafetas saíram como os primeiros arautos da poderosa verdade-fato do Jesus ressuscitado. E começaram esta missão como fizeram em tantas outras, em cumprimento do juramento que fizeram a Davi Zebedeu e uns aos outros. Estes homens tinham grande confiança em Davi. Partiram para esta missão sem sequer se demorarem para conversar com aqueles que tinham visto Jesus; eles acreditaram na palavra de Davi. A maioria deles acreditou no que Davi lhes havia dito, e mesmo aqueles que duvidaram um pouco, transmitiram a mensagem com a mesma certeza e rapidez.

190:1.7 (2031.1) Os apóstolos, o corpo espiritual do reino, estão neste dia reunidos no cenáculo, onde manifestam medo e expressam dúvidas, enquanto estes leigos, representando a primeira tentativa de socialização do evangelho do Mestre da irmandade dos homens, sob as ordens do seu líder destemido e eficiente, avançam para proclamar o Salvador ressuscitado de um mundo e de um universo. E eles se engajam neste serviço memorável antes que os representantes escolhidos por ele estejam dispostos a acreditar na palavra dele ou a aceitar o depoimento de testemunhas oculares.

190:1.8 (2031.2) Estes vinte e seis foram despachados para a casa de Lázaro em Betânia e para todos os centros de crentes, desde Bersebá no sul até Damasco e Sídon no norte; e desde Filadélfia no leste até Alexandria no oeste.

190:1.9 (2031.3) Quando se despediu de seus irmãos, Davi foi até a casa de José para ver sua mãe, e eles então foram para Betânia para se juntarem à família de Jesus que os aguardava. Davi permaneceu ali em Betânia com Marta e Maria até depois de terem se desfeito de seus bens terrenos, e ele as acompanhou em sua jornada para se juntarem a seu irmão, Lázaro, em Filadélfia.

190:1.10 (2031.4) Cerca de uma semana depois João Zebedeu levou Maria, a mãe de Jesus, para a casa dele em Betsaida. Tiago, o irmão mais velho de Jesus, permaneceu com a sua família em Jerusalém. Rute permaneceu em Betânia com as irmãs de Lázaro. O restante da família de Jesus voltou para a Galileia. Davi Zebedeu deixou Betânia com Marta e Maria, rumo a Filadélfia, no início de junho, um dia depois de seu casamento com Rute, a irmã mais nova de Jesus.

 

2. A Aparição de Jesus em Betânia

 

190:2.1 (2031.5) Desde o momento da ressurreição na morôncia até a hora da sua ascensão em espírito ao alto, Jesus fez dezenove aparições separadas em forma visível aos seus crentes na Terra. Ele não apareceu aos seus inimigos nem àqueles que não conseguiam fazer uso espiritual da sua manifestação em forma visível. Sua primeira aparição foi para as cinco mulheres na tumba; a segunda, para Maria Madalena, também na tumba.

190:2.2 (2031.6) A terceira aparição ocorreu por volta do meio-dia deste domingo em Betânia. Pouco depois do meio-dia, o irmão mais velho de Jesus, Tiago, estava no jardim de Lázaro diante da tumba vazia do irmão ressuscitado de Marta e Maria, repassando em sua mente a notícia que lhes fora trazida cerca de uma hora antes pelo mensageiro de Davi. Tiago sempre se havia inclinado a acreditar na missão do seu irmão mais velho na Terra, mas há muito que perdera contato com a obra de Jesus e mergulhara em graves dúvidas relativamente às afirmações posteriores dos apóstolos de que Jesus era o Messias. A família inteira ficou perplexa e muito confusa com a notícia trazida pelo mensageiro. Exatamente quando Tiago estava diante da tumba vazia de Lázaro, Maria Madalena entrou em cena e relatou com entusiasmo à família suas experiências nas primeiras horas da manhã na tumba de José. Antes que ela houvesse terminado, Davi Zebedeu e sua mãe chegaram. Rute, é claro, acreditou no relato, e também Judá depois de conversar com Davi e Salomé.

190:2.3 (2032.1) Nesse ínterim, enquanto procuravam por Tiago e antes de encontrá-lo, enquanto permanecia ali no jardim perto da tumba, ele percebeu uma presença próxima, como se alguém lhe tivesse tocado no ombro; e quando se virou para olhar, contemplou o aparecimento gradual de uma forma estranha ao seu lado. Ficou assombrado demais para falar e demasiado assustado para fugir. E então a forma estranha falou, dizendo: “Tiago, venho chamá-lo para o serviço do reino. Dê mãos sinceras a seus irmãos e me siga”. Quando ouviu seu nome ser pronunciado, Tiago soube que era seu irmão mais velho, Jesus, quem se dirigira a ele. Todos tiveram mais ou menos dificuldade em reconhecer a forma da morôncia do Mestre, mas poucos tiveram qualquer dificuldade em reconhecer sua voz ou de alguma forma identificar sua personalidade encantadora assim que ele começava a comunicar-se com eles.

190:2.4 (2032.2) Quando percebeu que Jesus estava se dirigindo a ele, Tiago começou a cair de joelhos, exclamando: “Meu pai e meu irmão”, mas Jesus pediu-lhe que ficasse de pé enquanto falava com ele. E caminharam pelo jardim e conversaram por quase três minutos; falaram sobre experiências de dias passados e previram os acontecimentos do futuro próximo. Ao se aproximarem da casa, Jesus disse: “Adeus, Tiago, até que eu os cumprimente a todos juntos”.

190:2.5 (2032.3) Tiago entrou correndo na casa, exatamente enquanto eles o procuravam em Betfagé, exclamando: “Acabei de ver Jesus e conversei com ele, confraternizei com ele. Ele não está morto; ele ressuscitou! Ele desapareceu diante de mim, dizendo: ‘Adeus, até que eu os cumprimente a todos juntos’”. Mal havia terminado de falar quando Judá retornou, e ele recontou a experiência de encontrar Jesus no jardim para o benefício de Judá. E todos começaram a acreditar na ressurreição de Jesus. Tiago anunciou então que não voltaria à Galileia, e Davi exclamou: “Ele é visto não apenas por mulheres exaltadas; até mesmo homens de coração forte começaram a vê-lo. Espero vê-lo eu mesmo”.

190:2.6 (2032.4) E Davi não esperou muito, pois a quarta aparição de Jesus ao reconhecimento mortal ocorreu pouco antes das duas horas nesta mesma casa de Marta e Maria, quando ele apareceu visivelmente diante de sua família terrena e dos amigos deles, vinte ao todo. O Mestre apareceu na porta aberta dos fundos, dizendo: “A paz esteja com vocês. Saudações àqueles que já estiveram perto de mim na carne e que comungaram com meus irmãos e irmãs no reino do céu. Como vocês puderam duvidar? Por que demoraram tanto antes de escolherem seguir a luz da verdade de todo o coração? Venham, portanto, todos vocês para a comunhão do Espírito da Verdade no reino do Pai”. Quando eles começaram a se recuperar do primeiro choque de seu assombro e a se moverem em direção a ele como que para abraçá-lo, ele desapareceu da vista deles.

190:2.7 (2032.5) Todos eles queriam correr para a cidade para contar aos apóstolos em dúvida o que havia acontecido, mas Tiago os conteve. Somente Maria Madalena teve permissão de retornar à casa de José. Tiago proibiu-os de noticiar fora o fato desta visita da morôncia por causa de certas coisas que Jesus lhe tinha dito enquanto conversavam no jardim. Mas Tiago nunca revelou mais sobre sua confraternização com o Mestre ressuscitado neste dia na casa de Lázaro em Betânia.

 

3. Na Casa de José

 

190:3.1 (2033.1) A quinta manifestação da morôncia de Jesus ao reconhecimento dos olhos mortais ocorreu na presença de umas vinte e cinco mulheres crentes reunidas na casa de José de Arimateia, cerca de quinze minutos depois das quatro horas neste mesmo domingo à tarde. Maria Madalena havia retornado à casa de José poucos minutos antes desta aparição. Tiago, irmão de Jesus, havia solicitado que nada fosse dito aos apóstolos a respeito da aparição do Mestre em Betânia. Ele não pediu a Maria que se abstivesse de relatar a ocorrência às suas irmãs crentes. Consequentemente, depois de ter pedido a todas as mulheres para manterem segredo, Maria passou a relatar o que havia acontecido tão recentemente enquanto ela estava com a família de Jesus em Betânia. E ela estava no meio deste relato emocionante quando um silêncio repentino e solene caiu sobre elas; bem no meio delas contemplaram a forma plenamente visível de Jesus ressuscitado. Ele as saudou, dizendo: “A paz esteja com vocês. Na comunhão do reino não haverá judeu nem gentio, rico nem pobre, livre nem escravo, homem nem mulher. Vocês também são chamadas a publicar as boas novas da liberdade da humanidade por meio do evangelho da filiação a Deus no reino do céu. Vão por todo o mundo proclamando este evangelho e confirmando os crentes na fé nele. E enquanto fazem isto, não se esqueçam de ministrar aos enfermos e fortalecer aqueles que estão desanimados e dominados pelo medo. E eu sempre estarei com vocês, até mesmo aos confins da Terra”. E quando havia falado assim, ele desapareceu da vista delas, enquanto as mulheres caíram de bruços e adoraram em silêncio.

190:3.2 (2033.2) Das cinco aparições da morôncia de Jesus ocorridas até então, Maria Madalena havia testemunhado quatro.

190:3.3 (2033.3) Como resultado do envio dos mensageiros durante o meio da manhã e do vazamento inconsciente de insinuações relativas a esta aparição de Jesus na casa de José, começou a chegar aos governantes dos judeus no início da noite a notícia de que estava sendo relatado pela cidade que Jesus havia ressuscitado e que muitas pessoas afirmavam tê-lo visto. Os sinedristas ficaram completamente exaltados com estes rumores. Depois de uma consulta apressada com Anás, Caifás convocou uma reunião do Sinédrio para as oito horas daquela noite. Foi nesta reunião que se tomaram medidas para expulsar das sinagogas qualquer pessoa que fizesse menção à ressurreição de Jesus. Foi até sugerido que qualquer um que afirmasse tê-lo visto deveria ser condenado à morte; esta proposta, no entanto, não foi votada porque a reunião se desfez numa confusão que beirou o autêntico pânico. Eles haviam ousado pensar que tinham acabado com Jesus. Eles estavam prestes a descobrir que o seu verdadeiro problema com o homem de Nazaré estava apenas começando.

 

4. Aparição aos Gregos

 

190:4.1 (2033.4) Por volta das quatro e meia, na casa de um certo Flávio, o Mestre fez a sua sexta aparição da morôncia para uns quarenta crentes gregos ali reunidos. Enquanto estavam empenhados em discutir os relatos da ressurreição do Mestre, ele se manifestou no meio deles, apesar de as portas estarem bem fechadas, e falando-lhes, disse: “A paz esteja com vocês. Embora o Filho do Homem tenha aparecido na Terra entre os judeus, ele veio para ministrar a todos os homens. No reino de meu Pai não haverá judeus nem gentios; todos vocês serão irmãos – os filhos de Deus. Vão, portanto, a todo o mundo, proclamando este evangelho da salvação assim como vocês o receberam dos embaixadores do reino, e eu os congregarei à irmandade dos filhos da fé e da verdade do Pai”. E quando os incumbiu assim, ele partiu, e eles não o viram mais. Permaneceram dentro de casa a noite toda; estavam demasiado tomados pelo assombro e pelo medo para se aventurarem fora. Nenhum destes gregos dormiu naquela noite; ficaram acordados discutindo estas coisas e esperando que o Mestre pudesse visitá-los novamente. Entre este grupo estavam muitos dos gregos que estiveram no Getsêmani quando os soldados prenderam Jesus e Judas o traiu com um beijo.

190:4.2 (2034.1) Os rumores da ressurreição de Jesus e os relatos a respeito das muitas aparições aos seus seguidores estão se espalhando rapidamente, e a cidade inteira está sendo levada a um alto nível de exaltação. O Mestre já apareceu à sua família, às mulheres e aos gregos, e logo se manifestará no meio dos apóstolos. O Sinédrio começará em breve a considerar estes novos problemas que tão repentinamente foram impostos aos governantes judeus. Jesus pensa muito nos seus apóstolos, mas deseja que eles fiquem sozinhos por mais algumas horas de reflexão solene e consideração ponderada antes de visitá-los.

 

5. A Caminhada com os Dois Irmãos

 

190:5.1 (2034.2) Em Emaús, cerca de onze quilômetros a oeste de Jerusalém, viviam dois irmãos, pastores, que haviam passado a semana da Páscoa em Jerusalém participando dos sacrifícios, cerimoniais e festas. Cleopas, o mais velho, acreditava parcialmente em Jesus; pelo menos havia sido expulso da sinagoga. Seu irmão, Jacó, não era um crente, embora estivesse muito intrigado com o que ouvira sobre os ensinamentos e obras do Mestre.

190:5.2 (2034.3) Nesta tarde de domingo, a cerca de cinco quilômetros de Jerusalém e poucos minutos antes das cinco horas, enquanto estes dois irmãos caminhavam penosamente pela estrada para Emaús, conversavam com grande seriedade sobre Jesus, seus ensinamentos, sua obra, e mais especialmente a respeito dos rumores de que sua tumba estava vazia e que algumas das mulheres haviam conversado com ele. Cleopas estava inclinado a acreditar nestes relatos, mas Jacó insistiu que todo o caso era provavelmente uma fraude. À medida que discutiam e debatiam a caminho de casa, a manifestação da morôncia de Jesus, sua sétima aparição, veio ao lado deles enquanto prosseguiam na jornada. Cleopas muitas vezes ouvira Jesus ensinar e tinha comido com ele nas casas dos crentes de Jerusalém em diversas ocasiões. Mas não reconheceu o Mestre nem mesmo quando falou espontaneamente com eles.

 

 

190:5.3 (2034.4) Depois de caminhar um pouco com eles, Jesus disse: “Quais eram as palavras que vocês trocavam com tanta sinceridade quando eu cheguei junto de vocês?” E quando Jesus acabou de falar, eles pararam e olharam para ele com triste surpresa. Disse Cleopas: “Como é que você peregrina em Jerusalém e não sabe as coisas que aconteceram recentemente?” Então perguntou o Mestre: “Que coisas?” Cleopas respondeu: “Se não sabe sobre estes assuntos, você é o único em Jerusalém que não ouviu estes rumores relativamente a Jesus de Nazaré, o qual foi um profeta poderoso em palavras e atos diante de Deus e de todo o povo. Os principais sacerdotes e os nossos governantes entregaram-no aos romanos e exigiram que o crucificassem. Ora, muitos de nós esperávamos que fosse ele quem libertaria Israel do jugo dos gentios. Mas isso não é tudo. Já é o terceiro dia desde que ele foi crucificado, e certas mulheres nos assombraram ao declarar que esta manhã muito cedo foram à sua tumba e a encontraram vazia. E estas mesmas mulheres insistem que conversaram com este homem; elas afirmam que ele ressuscitou dos mortos. E quando as mulheres relataram isto aos homens, dois de seus apóstolos correram para a tumba e também a encontraram vazia” – e aqui Jacó interrompeu seu irmão para dizer: “mas eles não viram Jesus”.

 

190:5.4 (2035.1) Enquanto caminhavam, Jesus lhes disse: “Quão lentos vocês são para compreender a verdade! Quando vocês me dizem que é sobre os ensinamentos e a obra deste homem que vocês discutem, então posso esclarecê-los já que estou mais do que familiarizado com estes ensinamentos. Vocês não se lembram que este Jesus sempre ensinou que o reino dele não era deste mundo, e que todos os homens, sendo filhos de Deus, deveriam encontrar liberdade e libertação na alegria espiritual da comunhão da irmandade do serviço amoroso neste novo reino da verdade do amor do Pai celestial? Vocês não se lembram de como este Filho do Homem proclamou a salvação de Deus para todos os homens, ministrando aos doentes e aflitos e libertando aqueles que estavam cativos pelo medo e escravizados pelo mal? Vocês não sabem que este homem de Nazaré disse aos seus discípulos que ele tinha que ir a Jerusalém, ser entregue aos seus inimigos, os quais o levariam à morte, e que ele ressuscitaria ao terceiro dia? Vocês não foram informados de tudo isto? E vocês nunca leram nas Escrituras a respeito deste dia de salvação para judeus e gentios, onde diz que nele serão abençoadas todas as famílias da Terra; que ele ouvirá o clamor dos necessitados e salvará as almas dos pobres que o procuram; que todas as nações o chamarão abençoado? Que tal Libertador será como a sombra de uma grande rocha numa terra exaurida. Que ele apascentará o rebanho como um verdadeiro pastor, reunindo os cordeiros nos seus braços e carregando-os ternamente no colo. Que ele abrirá os olhos dos espiritualmente cegos e trará os prisioneiros do desespero para a plena liberdade e luz; que todos os que estão nas trevas verão a grande luz da salvação eterna. Que ele curará os quebrantados de coração, proclamará liberdade aos cativos do pecado e abrirá a prisão para aqueles que estão escravizados pelo medo e cativos do mal. Que ele confortará aqueles que lamentam e lhes concederá a alegria da salvação no lugar da tristeza e do pesar. Que ele será o desejo de todas as nações e a alegria eterna daqueles que buscam a retidão. Que este Filho da verdade e da retidão se levantará sobre o mundo com luz curadora e poder salvador; até mesmo que ele salvará seu povo dos pecados deles; que ele realmente buscará e salvará aqueles que estão perdidos. Que ele não destruirá os fracos, mas ministrará a salvação a todos os que têm fome e sede de retidão. Para que aqueles que nele creem tenham a vida eterna. Que ele derramará seu espírito sobre toda a carne, e que este Espírito da Verdade será em cada crente uma fonte de água, jorrando para a vida eterna. Vocês não entenderam quão grandioso foi o evangelho do reino que este homem lhes entregou? Vocês não percebem quão grandiosa é a salvação que veio sobre vocês?”

 

190:5.5 (2035.2) A esta altura eles já haviam chegado perto da aldeia onde estes irmãos moravam. Nenhuma palavra foi dita por estes dois homens desde que Jesus começou a ensiná-los enquanto seguiam pelo caminho. Logo eles pararam em frente à sua humilde morada, e Jesus estava prestes a despedir-se deles, seguindo estrada abaixo, mas eles o obrigaram a entrar e ficar com eles. Insistiram que já era quase noite e que ele ficasse com eles. Finalmente Jesus consentiu e, logo depois de entrarem em casa, sentaram-se para comer. Eles lhe deram o pão para abençoar e, quando ele começou a parti-lo e entregá-lo, seus olhos foram abertos e Cleopas reconheceu que seu convidado era o próprio Mestre. E quando ele disse: “É o Mestre” –, o Jesus da morôncia desapareceu de sua vista.

 

190:5.6 (2036.1) E então eles disseram, um para o outro: “Não é de admirar que nossos corações ardessem dentro de nós conforme ele nos falava enquanto caminhávamos pela estrada e enquanto ele abria ao nosso entendimento os ensinamentos das Escrituras!”

 

190:5.7 (2036.2) Eles não quiseram parar para comer. Tinham visto o Mestre da morôncia e saíram correndo de casa, voltando às pressas para Jerusalém para espalhar as boas novas do Salvador ressuscitado.

 

190:5.8 (2036.3) Por volta das nove horas daquela noite e pouco antes de o Mestre aparecer aos dez, estes dois irmãos entusiasmados irromperam no cenáculo perante os apóstolos, declarando que tinham visto Jesus e conversado com ele. E contaram tudo o que Jesus lhes havia dito e como não tinham discernido quem ele era até o momento de partir o pão.

 

Paper 190

Morontia Appearances of Jesus

190:0.1 (2029.1) THE resurrected Jesus now prepares to spend a short period on Urantia for the purpose of experiencing the ascending morontia career of a mortal of the realms. Although this time of the morontia life is to be spent on the world of his mortal incarnation, it will, however, be in all respects the counterpart of the experience of Satania mortals who pass through the progressive morontia life of the seven mansion worlds of Jerusem.

190:0.2 (2029.2) All this power which is inherent in Jesus—the endowment of life—and which enabled him to rise from the dead, is the very gift of eternal life which he bestows upon kingdom believers, and which even now makes certain their resurrection from the bonds of natural death.

190:0.3 (2029.3) The mortals of the realms will arise in the morning of the resurrection with the same type of transition or morontia body that Jesus had when he arose from the tomb on this Sunday morning. These bodies do not have circulating blood, and such beings do not partake of ordinary material food; nevertheless, these morontia forms are real. When the various believers saw Jesus after his resurrection, they really saw him; they were not the self-deceived victims of visions or hallucinations.

190:0.4 (2029.4) Abiding faith in the resurrection of Jesus was the cardinal feature of the faith of all branches of the early gospel teaching. In Jerusalem, Alexandria, Antioch, and Philadelphia all the gospel teachers united in this implicit faith in the Master’s resurrection.

190:0.5 (2029.5) In viewing the prominent part which Mary Magdalene took in proclaiming the Master’s resurrection, it should be recorded that Mary was the chief spokesman for the women’s corps, as was Peter for the apostles. Mary was not chief of the women workers, but she was their chief teacher and public spokesman. Mary had become a woman of great circumspection, so that her boldness in speaking to a man whom she considered to be the caretaker of Joseph’s garden only indicates how horrified she was to find the tomb empty. It was the depth and agony of her love, the fullness of her devotion, that caused her to forget, for a moment, the conventional restraints of a Jewish woman’s approach to a strange man.


1. Heralds of the Resurrection


190:1.1 (2029.6) The apostles did not want Jesus to leave them; therefore had they slighted all his statements about dying, along with his promises to rise again. They were not expecting the resurrection as it came, and they refused to believe until they were confronted with the compulsion of unimpeachable evidence and the absolute proof of their own experiences.

190:1.2 (2030.1) When the apostles refused to believe the report of the five women who represented that they had seen Jesus and talked with him, Mary Magdalene returned to the tomb, and the others went back to Joseph’s house, where they related their experiences to his daughter and the other women. And the women believed their report. Shortly after six o’clock the daughter of Joseph of Arimathea and the four women who had seen Jesus went over to the home of Nicodemus, where they related all these happenings to Joseph, Nicodemus, David Zebedee, and the other men there assembled. Nicodemus and the others doubted their story, doubted that Jesus had risen from the dead; they conjectured that the Jews had removed the body. Joseph and David were disposed to believe the report, so much so that they hurried out to inspect the tomb, and they found everything just as the women had described. And they were the last to so view the sepulchre, for the high priest sent the captain of the temple guards to the tomb at half past seven o’clock to remove the grave cloths. The captain wrapped them all up in the linen sheet and threw them over a near-by cliff.

190:1.3 (2030.2) From the tomb David and Joseph went immediately to the home of Elijah Mark, where they held a conference with the ten apostles in the upper chamber. Only John Zebedee was disposed to believe, even faintly, that Jesus had risen from the dead. Peter had believed at first but, when he failed to find the Master, fell into grave doubting. They were all disposed to believe that the Jews had removed the body. David would not argue with them, but when he left, he said: “You are the apostles, and you ought to understand these things. I will not contend with you; nevertheless, I now go back to the home of Nicodemus, where I have appointed with the messengers to assemble this morning, and when they have gathered together, I will send them forth on their last mission, as heralds of the Master’s resurrection. I heard the Master say that, after he should die, he would rise on the third day, and I believe him.” And thus speaking to the dejected and forlorn ambassadors of the kingdom, this self-appointed chief of communication and intelligence took leave of the apostles. On his way from the upper chamber he dropped the bag of Judas, containing all the apostolic funds, in the lap of Matthew Levi.

190:1.4 (2030.3) It was about half past nine o’clock when the last of David’s twenty-six messengers arrived at the home of Nicodemus. David promptly assembled them in the spacious courtyard and addressed them:

190:1.5 (2030.4) “Men and brethren, all this time you have served me in accordance with your oath to me and to one another, and I call you to witness that I have never yet sent out false information at your hands. I am about to send you on your last mission as volunteer messengers of the kingdom, and in so doing I release you from your oaths and thereby disband the messenger corps. Men, I declare to you that we have finished our work. No more does the Master have need of mortal messengers; he has risen from the dead. He told us before they arrested him that he would die and rise again on the third day. I have seen the tomb—it is empty. I have talked with Mary Magdalene and four other women, who have talked with Jesus. I now disband you, bid you farewell, and send you on your respective assignments, and the message which you shall bear to the believers is: ‘Jesus has risen from the dead; the tomb is empty.’”

190:1.6 (2030.5) The majority of those present endeavored to persuade David not to do this. But they could not influence him. They then sought to dissuade the messengers, but they would not heed the words of doubt. And so, shortly before ten o’clock this Sunday morning, these twenty-six runners went forth as the first heralds of the mighty truth-fact of the resurrected Jesus. And they started out on this mission as they had on so many others, in fulfillment of their oath to David Zebedee and to one another. These men had great confidence in David. They departed on this assignment without even tarrying to talk with those who had seen Jesus; they took David at his word. The majority of them believed what David had told them, and even those who somewhat doubted, carried the message just as certainly and just as swiftly.

190:1.7 (2031.1) The apostles, the spiritual corps of the kingdom, are this day assembled in the upper chamber, where they manifest fear and express doubts, while these laymen, representing the first attempt at the socialization of the Master’s gospel of the brotherhood of man, under the orders of their fearless and efficient leader, go forth to proclaim the risen Savior of a world and a universe. And they engage in this eventful service ere his chosen representatives are willing to believe his word or to accept the evidence of eyewitnesses.

190:1.8 (2031.2) These twenty-six were dispatched to the home of Lazarus in Bethany and to all of the believer centers, from Beersheba in the south to Damascus and Sidon in the north; and from Philadelphia in the east to Alexandria in the west.

190:1.9 (2031.3) When David had taken leave of his brethren, he went over to the home of Joseph for his mother, and they then went out to Bethany to join the waiting family of Jesus. David abode there in Bethany with Martha and Mary until after they had disposed of their earthly possessions, and he accompanied them on their journey to join their brother, Lazarus, at Philadelphia.

190:1.10 (2031.4) In about one week from this time John Zebedee took Mary the mother of Jesus to his home in Bethsaida. James, Jesus’ eldest brother, remained with his family in Jerusalem. Ruth remained at Bethany with Lazarus’s sisters. The rest of Jesus’ family returned to Galilee. David Zebedee left Bethany with Martha and Mary, for Philadelphia, early in June, the day after his marriage to Ruth, Jesus’ youngest sister.


2. Jesus’ Appearance at Bethany


190:2.1 (2031.5) From the time of the morontia resurrection until the hour of his spirit ascension on high, Jesus made nineteen separate appearances in visible form to his believers on earth. He did not appear to his enemies nor to those who could not make spiritual use of his manifestation in visible form. His first appearance was to the five women at the tomb; his second, to Mary Magdalene, also at the tomb.

190:2.2 (2031.6) The third appearance occurred about noon of this Sunday at Bethany. Shortly after noontide, Jesus’ oldest brother, James, was standing in the garden of Lazarus before the empty tomb of the resurrected brother of Martha and Mary, turning over in his mind the news brought to them about one hour previously by the messenger of David. James had always inclined to believe in his eldest brother’s mission on earth, but he had long since lost contact with Jesus’ work and had drifted into grave doubting regarding the later claims of the apostles that Jesus was the Messiah. The whole family was startled and well-nigh confounded by the news brought by the messenger. Even as James stood before Lazarus’s empty tomb, Mary Magdalene arrived on the scene and was excitedly relating to the family her experiences of the early morning hours at the tomb of Joseph. Before she had finished, David Zebedee and his mother arrived. Ruth, of course, believed the report, and so did Jude after he had talked with David and Salome.

190:2.3 (2032.1) In the meantime, as they looked for James and before they found him, while he stood there in the garden near the tomb, he became aware of a near-by presence, as if someone had touched him on the shoulder; and when he turned to look, he beheld the gradual appearance of a strange form by his side. He was too much amazed to speak and too frightened to flee. And then the strange form spoke, saying: “James, I come to call you to the service of the kingdom. Join earnest hands with your brethren and follow after me.” When James heard his name spoken, he knew that it was his eldest brother, Jesus, who had addressed him. They all had more or less difficulty in recognizing the morontia form of the Master, but few of them had any trouble recognizing his voice or otherwise identifying his charming personality when he once began to communicate with them.

190:2.4 (2032.2) When James perceived that Jesus was addressing him, he started to fall to his knees, exclaiming, “My father and my brother,” but Jesus bade him stand while he spoke with him. And they walked through the garden and talked for almost three minutes; talked over experiences of former days and forecast the events of the near future. As they neared the house, Jesus said, “Farewell, James, until I greet you all together.”

190:2.5 (2032.3) James rushed into the house, even while they looked for him at Bethpage, exclaiming: “I have just seen Jesus and talked with him, visited with him. He is not dead; he has risen! He vanished before me, saying, ‘Farewell until I greet you all together.’” He had scarcely finished speaking when Jude returned, and he retold the experience of meeting Jesus in the garden for the benefit of Jude. And they all began to believe in the resurrection of Jesus. James now announced that he would not return to Galilee, and David exclaimed: “He is seen not only by excited women; even stronghearted men have begun to see him. I expect to see him myself.”

190:2.6 (2032.4) And David did not long wait, for the fourth appearance of Jesus to mortal recognition occurred shortly before two o’clock in this very home of Martha and Mary, when he appeared visibly before his earthly family and their friends, twenty in all. The Master appeared in the open back door, saying: “Peace be upon you. Greetings to those once near me in the flesh and fellowship for my brothers and sisters in the kingdom of heaven. How could you doubt? Why have you lingered so long before choosing to follow the light of truth with a whole heart? Come, therefore, all of you into the fellowship of the Spirit of Truth in the Father’s kingdom.” As they began to recover from the first shock of their amazement and to move toward him as if to embrace him, he vanished from their sight.

190:2.7 (2032.5) They all wanted to rush off to the city to tell the doubting apostles about what had happened, but James restrained them. Mary Magdalene, only, was permitted to return to Joseph’s house. James forbade their publishing abroad the fact of this morontia visit because of certain things which Jesus had said to him as they conversed in the garden. But James never revealed more of his visit with the risen Master on this day at the Lazarus home in Bethany.


3. At the Home of Joseph


190:3.1 (2033.1) The fifth morontia manifestation of Jesus to the recognition of mortal eyes occurred in the presence of some twenty-five women believers assembled at the home of Joseph of Arimathea, at about fifteen minutes past four o’clock on this same Sunday afternoon. Mary Magdalene had returned to Joseph’s house just a few minutes before this appearance. James, Jesus’ brother, had requested that nothing be said to the apostles concerning the Master’s appearance at Bethany. He had not asked Mary to refrain from reporting the occurrence to her sister believers. Accordingly, after Mary had pledged all the women to secrecy, she proceeded to relate what had so recently happened while she was with Jesus’ family at Bethany. And she was in the very midst of this thrilling recital when a sudden and solemn hush fell over them; they beheld in their very midst the fully visible form of the risen Jesus. He greeted them, saying: “Peace be upon you. In the fellowship of the kingdom there shall be neither Jew nor gentile, rich nor poor, free nor bond, man nor woman. You also are called to publish the good news of the liberty of mankind through the gospel of sonship with God in the kingdom of heaven. Go to all the world proclaiming this gospel and confirming believers in the faith thereof. And while you do this, forget not to minister to the sick and strengthen those who are fainthearted and fear-ridden. And I will be with you always, even to the ends of the earth.” And when he had thus spoken, he vanished from their sight, while the women fell on their faces and worshiped in silence.

190:3.2 (2033.2) Of the five morontia appearances of Jesus occurring up to this time, Mary Magdalene had witnessed four.

190:3.3 (2033.3) As a result of sending out the messengers during the midforenoon and from the unconscious leakage of intimations concerning this appearance of Jesus at Joseph’s house, word began to come to the rulers of the Jews during the early evening that it was being reported about the city that Jesus had risen, and that many persons were claiming to have seen him. The Sanhedrists were thoroughly aroused by these rumors. After a hasty consultation with Annas, Caiaphas called a meeting of the Sanhedrin to convene at eight o’clock that evening. It was at this meeting that action was taken to throw out of the synagogues any person who made mention of Jesus’ resurrection. It was even suggested that anyone claiming to have seen him should be put to death; this proposal, however, did not come to a vote since the meeting broke up in confusion bordering on actual panic. They had dared to think they were through with Jesus. They were about to discover that their real trouble with the man of Nazareth had just begun.


4. Appearance to the Greeks


190:4.1 (2033.4) About half past four o’clock, at the home of one Flavius, the Master made his sixth morontia appearance to some forty Greek believers there assembled. While they were engaged in discussing the reports of the Master’s resurrection, he manifested himself in their midst, notwithstanding that the doors were securely fastened, and speaking to them, said: “Peace be upon you. While the Son of Man appeared on earth among the Jews, he came to minister to all men. In the kingdom of my Father there shall be neither Jew nor gentile; you will all be brethren—the sons of God. Go you, therefore, to all the world, proclaiming this gospel of salvation as you have received it from the ambassadors of the kingdom, and I will fellowship you in the brotherhood of the Father’s sons of faith and truth.” And when he had thus charged them, he took leave, and they saw him no more. They remained within the house all evening; they were too much overcome with awe and fear to venture forth. Neither did any of these Greeks sleep that night; they stayed awake discussing these things and hoping that the Master might again visit them. Among this group were many of the Greeks who were at Gethsemane when the soldiers arrested Jesus and Judas betrayed him with a kiss.

190:4.2 (2034.1) Rumors of Jesus’ resurrection and reports concerning the many appearances to his followers are spreading rapidly, and the whole city is being wrought up to a high pitch of excitement. Already the Master has appeared to his family, to the women, and to the Greeks, and presently he manifests himself in the midst of the apostles. The Sanhedrin is soon to begin the consideration of these new problems which have been so suddenly thrust upon the Jewish rulers. Jesus thinks much about his apostles but desires that they be left alone for a few more hours of solemn reflection and thoughtful consideration before he visits them.


5. The Walk with Two Brothers


190:5.1 (2034.2) At Emmaus, about seven miles west of Jerusalem, there lived two brothers, shepherds, who had spent the Passover week in Jerusalem attending upon the sacrifices, ceremonials, and feasts. Cleopas, the elder, was a partial believer in Jesus; at least he had been cast out of the synagogue. His brother, Jacob, was not a believer, although he was much intrigued by what he had heard about the Master’s teachings and works.

190:5.2 (2034.3) On this Sunday afternoon, about three miles out of Jerusalem and a few minutes before five o’clock, as these two brothers trudged along the road to Emmaus, they talked in great earnestness about Jesus, his teachings, work, and more especially concerning the rumors that his tomb was empty, and that certain of the women had talked with him. Cleopas was half a mind to believe these reports, but Jacob was insistent that the whole affair was probably a fraud. While they thus argued and debated as they made their way toward home, the morontia manifestation of Jesus, his seventh appearance, came alongside them as they journeyed on. Cleopas had often heard Jesus teach and had eaten with him at the homes of Jerusalem believers on several occasions. But he did not recognize the Master even when he spoke freely with them.

190:5.3 (2034.4) After walking a short way with them, Jesus said: “What were the words you exchanged so earnestly as I came upon you?” And when Jesus had spoken, they stood still and viewed him with sad surprise. Said Cleopas: “Can it be that you sojourn in Jerusalem and know not the things which have recently happened?” Then asked the Master, “What things?” Cleopas replied: “If you do not know about these matters, you are the only one in Jerusalem who has not heard these rumors concerning Jesus of Nazareth, who was a prophet mighty in word and in deed before God and all the people. The chief priests and our rulers delivered him up to the Romans and demanded that they crucify him. Now many of us had hoped that it was he who would deliver Israel from the yoke of the gentiles. But that is not all. It is now the third day since he was crucified, and certain women have this day amazed us by declaring that very early this morning they went to his tomb and found it empty. And these same women insist that they talked with this man; they maintain that he has risen from the dead. And when the women reported this to the men, two of his apostles ran to the tomb and likewise found it empty”—and here Jacob interrupted his brother to say, “but they did not see Jesus.”

190:5.4 (2035.1) As they walked along, Jesus said to them: “How slow you are to comprehend the truth! When you tell me that it is about the teachings and work of this man that you have your discussions, then may I enlighten you since I am more than familiar with these teachings. Do you not remember that this Jesus always taught that his kingdom was not of this world, and that all men, being the sons of God, should find liberty and freedom in the spiritual joy of the fellowship of the brotherhood of loving service in this new kingdom of the truth of the heavenly Father’s love? Do you not recall how this Son of Man proclaimed the salvation of God for all men, ministering to the sick and afflicted and setting free those who were bound by fear and enslaved by evil? Do you not know that this man of Nazareth told his disciples that he must go to Jerusalem, be delivered up to his enemies, who would put him to death, and that he would arise on the third day? Have you not been told all this? And have you never read in the Scriptures concerning this day of salvation for Jew and gentile, where it says that in him shall all the families of the earth be blessed; that he will hear the cry of the needy and save the souls of the poor who seek him; that all nations shall call him blessed? That such a Deliverer shall be as the shadow of a great rock in a weary land. That he will feed the flock like a true shepherd, gathering the lambs in his arms and tenderly carrying them in his bosom. That he will open the eyes of the spiritually blind and bring the prisoners of despair out into full liberty and light; that all who sit in darkness shall see the great light of eternal salvation. That he will bind up the brokenhearted, proclaim liberty to the captives of sin, and open up the prison to those who are enslaved by fear and bound by evil. That he will comfort those who mourn and bestow upon them the joy of salvation in the place of sorrow and heaviness. That he shall be the desire of all nations and the everlasting joy of those who seek righteousness. That this Son of truth and righteousness shall rise upon the world with healing light and saving power; even that he will save his people from their sins; that he will really seek and save those who are lost. That he will not destroy the weak but minister salvation to all who hunger and thirst for righteousness. That those who believe in him shall have eternal life. That he will pour out his spirit upon all flesh, and that this Spirit of Truth shall be in each believer a well of water, springing up into everlasting life. Did you not understand how great was the gospel of the kingdom which this man delivered to you? Do you not perceive how great a salvation has come upon you?”

190:5.5 (2035.2) By this time they had come near to the village where these brothers dwelt. Not a word had these two men spoken since Jesus began to teach them as they walked along the way. Soon they drew up in front of their humble dwelling place, and Jesus was about to take leave of them, going on down the road, but they constrained him to come in and abide with them. They insisted that it was near nightfall, and that he tarry with them. Finally Jesus consented, and very soon after they went into the house, they sat down to eat. They gave him the bread to bless, and as he began to break and hand to them, their eyes were opened, and Cleopas recognized that their guest was the Master himself. And when he said, “It is the Master —,” the morontia Jesus vanished from their sight.

190:5.6 (2036.1) And then they said, the one to the other, “No wonder our hearts burned within us as he spoke to us while we walked along the road! and while he opened up to our understanding the teachings of the Scriptures!”

190:5.7 (2036.2) They would not stop to eat. They had seen the morontia Master, and they rushed from the house, hastening back to Jerusalem to spread the good news of the risen Savior.

190:5.8 (2036.3) About nine o’clock that evening and just before the Master appeared to the ten, these two excited brothers broke in upon the apostles in the upper chamber, declaring that they had seen Jesus and talked with him. And they told all that Jesus had said to them and how they had not discerned who he was until the time of the breaking of the bread.

 

Documento 190

As Aparições Moronciais de Jesus

190:0.1 (2029.1) O JESUS ressuscitado prepara-se agora para passar um curto período de tempo em Urântia, com o propósito de experienciar a carreira moroncial ascendente de um mortal dos reinos. Ainda que esse período de vida moroncial esteja para ser passado neste mundo da sua encarnação mortal, sob todos os pontos de vista, porém, será o equivalente à contraparte da experiência dos mortais do sistema de Satânia, os quais passam pela vida moroncial progressiva nos sete mundos das mansões de Jerusém.

190:0.2 (2029.2) Todo esse poder que é inerente a Jesus — o dom da vida — , e o capacitou a ressuscitar dos mortos; é a dádiva mesma da vida eterna que ele outorga aos crentes dos reinos e que assegura, ainda agora, a sua ressurreição dos vínculos da morte natural.

190:0.3 (2029.3) Os mortais dos reinos levantar-se-ão na manhã da ressurreição com o mesmo tipo de corpo de transição, ou moroncial, que Jesus teve quando se levantou da tumba naquela manhã de domingo. Esses corpos não têm sangue circulando, e tais seres não se servem de alimentos materiais comuns; contudo, essas formas moronciais são reais. Quando os vários crentes viram Jesus, depois da sua ressurreição, eles realmente o viram; não foram logrados por ilusões, visões ou alucinações.

190:0.4 (2029.4) Uma fé inquebrantável na ressurreição de Jesus foi a característica cardinal da fé em todas as ramificações do ensinamento inicial do evangelho. Em Jerusalém, na Alexandria, na Antioquia e na Filadélfia, todos os educadores do evangelho uniram-se nesta fé implícita na ressurreição do Mestre.

190:0.5 (2029.5) Ao examinarmos o papel proeminente de Maria Madalena, ao proclamar a ressurreição do Mestre, deveria ficar registrado que Maria era a porta-voz principal para o corpo de mulheres, como Pedro o foi para os apóstolos. Não era uma dirigente das mulheres que trabalhavam para o Reino, mas era a sua instrutora principal e sua porta-voz para o público. Maria tornou-se uma mulher muito circunspecta, de tal modo que a sua ousadia ao falar com um homem, a quem ela considerou como sendo o jardineiro de José, apenas indica o quão aterrorizada ficara por haver encontrado a tumba vazia. Foram a profundidade e a agonia do seu amor e a plenitude da sua devoção, que a levaram a esquecer, por um momento, a convenção que impunha a proibição à mulher judia de abordar um homem estranho.

 

1. Os Arautos da Ressurreição

 

190:1.1 (2029.6) Os apóstolos não queriam que Jesus os deixasse; por isso não deram importância a todas as suas afirmações sobre a própria morte, nem às suas promessas de ressuscitar. Eles não estavam esperando a ressurreição do modo como ela veio e recusaram-se a acreditar nela até que se confrontassem compulsivamente com a evidência irrefutável e com a prova absoluta das suas próprias experiências.

190:1.2 (2030.1) Quando os apóstolos se recusaram a crer naquilo que as cinco mulheres relataram, quanto a terem visto e falado com Jesus, elas se retiraram: Maria Madalena voltou ao sepulcro e as outras foram de volta para a casa de José, onde estas últimas contaram a sua experiência para a filha dele e às outras mulheres. E as mulheres acreditavam naquilo que ouviam. Pouco depois das seis horas, a filha de José de Arimatéia e as quatro mulheres que haviam visto Jesus seguiram para a casa de Nicodemos, e ali relataram todos esses acontecimentos a José, a Nicodemos, a Davi Zebedeu e aos outros homens reunidos lá. Nicodemos e os outros duvidaram da sua história, duvidaram de que Jesus houvesse ressuscitado dos mortos; e conjecturavam se os judeus não teriam removido o corpo. José e Davi estavam dispostos a acreditar no que ouviram, tanto que se apressaram a sair e inspecionar a tumba; e encontraram tudo exatamente como as mulheres haviam descrito. E foram os últimos a ver o sepulcro assim, pois o sumo sacerdote enviou o capitão dos guardas do templo para a tumba, às sete horas e trinta minutos, a fim de retirar de lá as mortalhas. O capitão enrolou-as todas no lençol de linho e atirou-as dentro de um precipício próximo.

190:1.3 (2030.2) Do sepulcro, Davi e José foram imediatamente para a casa de Elias Marcos, onde se mantiveram em conferência com os dez apóstolos na sala de cima. Apenas João Zebedeu se achava disposto a acreditar, ainda que vagamente, que Jesus houvesse ressuscitado dos mortos. Pedro acreditou a princípio, mas, quando não encontrou o Mestre, caiu em dúvida profunda. Estavam todos dispostos a acreditar que os judeus haviam retirado o corpo de lá. Davi não argumentaria com eles, mas, quando saiu, ele disse: “Vós sois os apóstolos e devíeis compreender essas coisas. Não discutirei convosco; contudo, volto agora para a casa de Nicodemos, onde marquei de me reunir com os mensageiros esta manhã, e, quando eles estiverem reunidos, eu os enviarei para a sua última missão, como arautos da ressurreição do Mestre. Eu ouvi o Mestre dizer que, depois de morrer, ele iria ressuscitar ao terceiro dia, e eu creio nele”. E assim falando aos deprimidos e abandonados embaixadores do Reino, esse chefe autoconvocado da comunicação e da informação despediu-se dos apóstolos. Quando saía da sala de cima, ele deixou a bolsa de Judas, contendo todos os fundos apostólicos, no colo de Mateus Levi.

190:1.4 (2030.3) Eram aproximadamente nove horas e trinta minutos quando o último dos vinte e seis mensageiros de Davi chegou à casa de Nicodemos. Davi prontamente os reuniu no espaçoso pátio e disse-lhes:

190:1.5 (2030.4) “Homens e irmãos, durante todo esse tempo, vós tendes servido a nós, de acordo com um juramento feito a mim e a vós próprios, uns aos outros; e eu vos conclamo a testemunhar que nunca antes coloquei informação falsa nas vossas mãos. Estou a ponto de enviar-vos para a vossa última missão, como mensageiros voluntários do Reino e, assim fazendo, eu vos libero dos vossos juramentos e dissolvo o corpo de mensageiros. Homens, eu declaro a vós que terminamos nosso trabalho. O Mestre não mais tem necessidade de mensageiros mortais; ele ressuscitou dos mortos. Ele nos disse, antes de o haverem prendido, que iria morrer e que levantaria de novo ao terceiro dia. Eu vi a tumba — está vazia. Conversei com Maria Madalena e quatro outras mulheres que falaram com Jesus. Agora eu desfaço este grupo, me despeço de vós e vos envio para as vossas respectivas tarefas; e a mensagem que devereis levar aos crentes é: ‘Jesus ressuscitou dos mortos; a tumba está vazia’”.

190:1.6 (2030.5) A maioria daqueles que estavam presentes trataram de persuadir Davi a não fazer isso. Mas não conseguiram influenciá-lo. Então procuraram dissuadir os mensageiros, mas estes não deram ouvidos às palavras de dúvida. E assim, pouco antes das dez horas da manhã desse domingo, esses vinte e seis corredores saíram como os primeiros arautos do poderoso fato verdadeiro do Jesus ressuscitado. E eles começaram essa missão como haviam iniciado tantas outras, cumprindo o seu juramento feito junto a Davi Zebedeu e entre eles próprios. Esses homens depositavam uma grande confiança em Davi. Partiram para essa tarefa sem ao menos parar para falar com aqueles que haviam visto Jesus; pois eles acreditaram o suficiente na palavra de Davi. A maioria deles confiava no que Davi lhes havia dito e, mesmo aqueles que duvidavam, de algum modo, levaram a mensagem com a mesma certeza e com a mesma rapidez.

190:1.7 (2031.1) Os apóstolos, do corpo espiritual do Reino, nesse dia, estavam reunidos na sala de cima, onde manifestavam temor e expressavam dúvidas, enquanto aqueles leigos, representando a primeira tentativa de socialização do evangelho do Mestre, pela irmandade dos homens, sob as ordens do seu destemido e eficiente líder, corriam para proclamar o Salvador, ressuscitado, de um mundo e de um universo. E eles engajaram-se nesse serviço memorável, antes mesmo que os seus representantes escolhidos se mostrassem dispostos a acreditar na sua palavra ou a aceitar as provas das testemunhas.

190:1.8 (2031.2) Esses vinte e seis mensageiros foram despachados para a casa de Lázaro, em Betânia, e para todos os centros dos crentes, de Berseba, no sul de Damasco, Sidom, ao norte, e de Filadélfia, no leste, até Alexandria, no oeste.

190:1.9 (2031.3) Quando Davi deixou os seus irmãos, foi até a casa de José em busca da sua mãe; os dois então seguiram até Betânia, para juntarem-se à família de Jesus, que os aguardava. Davi hospedou-se com Marta e Maria, em Betânia, até que elas se desfizessem das suas posses terrenas; e depois ele as acompanhou em sua viagem para unirem-se ao seu irmão, Lázaro, na Filadélfia.

190:1.10 (2031.4) Cerca de uma semana depois, João Zebedeu levou Maria, a mãe de Jesus, até a sua casa em Betsaida. Tiago, o irmão mais velho de Jesus, permaneceu com a sua família em Jerusalém. Rute ficou em Betânia com as irmãs de Lázaro. O restante da família de Jesus voltou para a Galiléia. Davi Zebedeu saiu de Betânia com Marta e Maria, indo para a Filadélfia, no princípio de junho, no dia seguinte ao do seu casamento com Rute, a irmã mais nova de Jesus.

 

2. As Aparições de Jesus em Betânia

 

190:2.1 (2031.5) Da época da ressurreição moroncial até a hora da sua ascensão espiritual às alturas, Jesus fez dezenove aparições isoladas, na forma visível, para os seus crentes na Terra. Ele não apareceu para os seus inimigos, nem para aqueles que não poderiam fazer um uso espiritual da sua manifestação na forma visível. A sua primeira aparição foi para as cinco mulheres no sepulcro; a sua segunda, para Maria Madalena, também no sepulcro.

190:2.2 (2031.6) A terceira aparição ocorreu por volta do meio-dia nesse domingo, em Betânia. Pouco depois do meio-dia, Tiago, o irmão mais velho de Jesus, estava no jardim de Lázaro, de pé, diante da tumba vazia do irmão ressuscitado de Marta e Maria, repassando na sua mente as novidades trazidas uma hora atrás, pelo mensageiro de Davi. Tiago inclinava-se a acreditar sempre na missão do seu irmão mais velho na Terra, mas havia muito tempo que perdera o contato com o trabalho de Jesus e, assim, tinha deixado dominar-se por graves incertezas sobre as últimas afirmações dos apóstolos, de que Jesus era o Messias. Toda a família estava estupefata e bastante confundida com as notícias trazidas pelo mensageiro. E, quando Tiago ainda encontrava-se diante da tumba vazia de Lázaro, Maria Madalena chegou sobressaltada, e relatou à família as suas experiências daquela madrugada no sepulcro de José. Antes que ela tivesse terminado, chegaram Davi Zebedeu e sua mãe. Rute acreditou, é claro, nesse relato, e também Judá, depois de conversar com Davi e Salomé.

190:2.3 (2032.1) Nesse meio tempo, quando procuraram por Tiago, e antes de encontrarem-no, enquanto permanecia ali no jardim próximo da tumba, Tiago apercebeu-se de uma presença próxima, como se alguém tivesse tocado no seu ombro; e, quando ele voltou-se para olhar, pôde ver a aparição gradual de uma estranha forma ao seu lado. Ele ficou por demais atônito para falar e amedrontado demais para fugir. E então a estranha forma expressou-se com estas palavras: “Tiago, vim com a finalidade de chamar-te para o serviço do Reino. Dá as tuas mãos sinceramente aos teus irmãos e segue os meus passos”. Quando Tiago ouviu o seu nome sendo pronunciado, ele soube que era o seu irmão mais velho, Jesus, que se dirigia a ele. Todas as pessoas apresentavam dificuldades, maiores ou menores, para reconhecer a forma moroncial do Mestre, mas poucos encontravam dificuldade para reconhecer a sua voz e identificar, de algum outro modo, a sua encantadora personalidade, uma vez que ele houvesse começado a comunicar-se com eles.

190:2.4 (2032.2) Quando Tiago percebeu que Jesus estava dirigindo-se a ele, quase caiu de joelhos, exclamando: “Meu pai e meu irmão”; mas Jesus solicitou-lhe que ficasse de pé enquanto ele lhe falava. E caminharam pelo jardim conversando por quase três minutos; falaram sobre as experiências de tempos atrás e anteciparam os acontecimentos do futuro próximo. À medida que se aproximaram da casa, Jesus disse: “Adeus, Tiago, até quando eu os vir a todos juntos”.

190:2.5 (2032.3) Tiago correu para a casa, enquanto eles o procuravam em Betfage, exclamando: “Acabo de ver Jesus e de falar com ele, até mesmo conversei com ele. Não está morto; ele ressuscitou! E desapareceu diante de mim, dizendo: ‘Adeus, até quando eu os vir a todos juntos’”. Mal acabou de falar e Judá chegou e, então, em consideração a este, Tiago contou novamente a experiência que teve com Jesus no jardim. E todos começaram a acreditar na ressurreição de Jesus. Tiago agora anunciava que não iria voltar para a Galiléia, e Davi exclamou: “Ele está sendo visto não apenas por mulheres exaltadas; mesmo os homens de corações fortes começaram a vê-lo. Espero, eu próprio, vê-lo também”.

190:2.6 (2032.4) E Davi não teve de esperar muito, pois a quarta aparição de Jesus para o reconhecimento mortal ocorreu pouco antes das duas horas, nessa mesma casa de Marta e Maria, e Jesus surgiu, bem visivelmente, diante da sua família terrena e dos seus amigos, ao todo vinte pessoas. O Mestre apareceu na porta aberta, dos fundos, dizendo: “A paz esteja convosco. Saudações para aqueles que estiveram próximos de mim na carne e irmandade para os meus irmãos e irmãs no Reino do céu. Como pudestes duvidar? Por que titubeastes por tanto tempo, até seguir, do fundo do coração, a luz da verdade? Vinde, pois, todos vós à irmandade do Espírito da Verdade, no Reino do Pai”. Quando começaram a recobrar-se do choque inicial e do próprio espanto, e iam aproximar-se dele como que para abraçá-lo, Jesus desapareceu das suas vistas.

190:2.7 (2032.5) Todos queriam correr para a cidade e contar aos apóstolos hesitantes sobre o que havia acontecido, mas Tiago os conteve. Apenas a Maria Madalena foi permitido voltar à casa de José. Tiago proibiu que eles colocassem abertamente de público que essa visita moroncial havia acontecido, por causa de algumas coisas que Jesus havia dito a ele enquanto conversavam no jardim. Mas Tiago nunca revelou mais nada sobre a conversa com o Mestre ressuscitado nesse dia na casa de Lázaro, em Betânia.

 

3. Na Casa de José

 

190:3.1 (2033.1) A quinta manifestação moroncial de Jesus, para que os olhos dos mortais o reconhecessem, aconteceu na presença de umas vinte e cinco mulheres crentes reunidas na casa de José de Arimatéia, por volta das quatro horas e quinze minutos, nessa mesma tarde de domingo. Maria Madalena havia retornado à casa de José, apenas alguns minutos antes dessa aparição. Tiago, o irmão de Jesus, havia solicitado que nada fosse dito aos apóstolos a respeito da aparição do Mestre em Betânia. Ele não havia pedido a Maria que se abstivesse de contar o ocorrido às suas irmãs crentes. Assim, depois de ter pedido segredo a todas as mulheres, Maria relatou o que havia acontecido enquanto ela esteve com a família de Jesus em Betânia. E, no meio mesmo desse relato emocionante, um silêncio súbito e solene caiu sobre elas; e todas contemplaram bem próximo de si a forma totalmente visível de Jesus ressuscitado. Ele saudou-as dizendo: “A paz esteja convosco. Na comunhão do Reino não haverá judeus nem gentios, nem ricos nem pobres, nem livres ou escravos, nem homem ou mulher. Vós também sois chamadas a tornar pública a boa-nova da liberdade da humanidade por meio do evangelho da filiação a Deus no Reino do céu. Ide a todo o mundo proclamar este evangelho e confirmá-lo para os crentes na fé. E, enquanto fazeis isso, não vos esqueçais de ministrar aos doentes e fortalecer os que estão fracos e cheios de temor. E eu estarei sempre convosco, até mesmo nos confins da Terra”. E depois de falar assim, Jesus desapareceu da vista delas, enquanto as mulheres caíram com os seus rostos no chão e adorando-o em silêncio.

190:3.2 (2033.2) Das cinco aparições moronciais de Jesus ocorridas até esse momento, Maria Madalena havia testemunhado quatro.

190:3.3 (2033.3) Como resultado do envio dos mensageiros durante o meio da tarde e em conseqüência do vazamento inconsciente de indicações a respeito dessa aparição de Jesus na casa de José, um rumor chegou até os dirigentes judeus, durante o anoitecer, sobre o que estava sendo relatado em toda a cidade, de que Jesus havia ressuscitado e que muitas pessoas estavam declarando tê-lo visto. Os sinedristas encontravam-se profundamente perturbados com esses rumores. Após uma rápida conversa com Anãs, Caifás convocou uma reunião do sinédrio para as oito horas, naquela noite. Foi nessa reunião que foi tomada a decisão de expulsar das sinagogas qualquer pessoa que fizesse menção à ressurreição de Jesus. Foi sugerido mesmo que qualquer pessoa que afirmasse tê-lo visto deveria ser condenada à morte; essa proposta, contudo, não chegou a ser votada, já que a reunião dispersou-se em uma confusão que beirava ao pânico. Eles haviam ousado pensar que haviam acabado com Jesus. Mas estavam a ponto de descobrir que as dificuldades reais que teriam com o homem de Nazaré estavam apenas começando.

 

4. Aparição aos Gregos

 

190:4.1 (2033.4) Por volta das quatro horas e trinta minutos, na casa de um certo Flávio, o Mestre fez a sua sexta aparição moroncial para cerca de quarenta gregos crentes reunidos lá. Enquanto estavam empenhados em discutir os relatos da sua ressurreição, o Mestre manifestou-se em meio a eles, a despeito das portas estarem fechadas com ferrolhos seguros, e dirigindo-se a eles, ele disse: “A paz esteja convosco. Embora haja aparecido na Terra e entre os judeus, o Filho do Homem veio para ministrar a todos os homens. No Reino do meu Pai não haverá nem judeus nem gentios; vós sereis todos irmãos — os filhos de Deus. Ide, portanto, a todo o mundo, proclamar este evangelho da salvação, como vós o recebestes dos embaixadores do Reino, e eu os aceitarei em comunhão, na irmandade dos filhos, pela fé na verdade do Pai”. E, tendo falado-lhes assim, ele os deixou; e não mais o viram. Passaram toda a noite dentro da casa; achavam-se por demais tomados de um temor respeitoso e de um medo espantado e não se aventuraram a sair. E nenhum desses gregos dormiu naquela noite; permaneceram acordados, falando sobre essas coisas e esperando que o Mestre pudesse novamente vir a estar com eles. Nesse grupo achavam-se muitos dos gregos que haviam estado no Getsêmani, na ocasião em que Judas traiu Jesus com um beijo e os soldados o prenderam.

190:4.2 (2034.1) Os rumores da ressurreição de Jesus e os relatos a respeito das muitas aparições para os seus seguidores iam espalhando-se rapidamente, e toda a cidade encontrava-se tomada por uma forte emoção. O Mestre já havia aparecido para a sua família, para as mulheres e para os gregos e, dentro em pouco, manifestar- se-ia em meio aos apóstolos. O sinédrio logo irá começar a considerar os novos problemas que, de um modo tão repentino, se precipitaram sobre os governantes judeus. Jesus pensa muito nos seus apóstolos, mas deseja que sejam deixados a sós por algumas horas mais, em reflexão solene e em considerações profundas, antes de estar com eles.

 

5. A Caminhada com os Dois Irmãos

 

190:5.1 (2034.2) Em Emaús, cerca de onze quilômetros a oeste de Jerusalém, viviam dois irmãos pastores, que haviam passado a semana da Páscoa em Jerusalém assistindo aos sacrifícios, aos cerimoniais e às festas. Cleofas, o mais velho, acreditava parcialmente em Jesus; ao menos, havia sido expulso da sinagoga. O seu irmão, Jacó, não era crente, se bem que tivesse ficado bastante perplexo com o que havia ouvido sobre os ensinamentos e trabalhos do Mestre.

190:5.2 (2034.3) Nesse domingo, à tarde, a uns cinco quilômetros para fora de Jerusalém e a uns poucos minutos antes das cinco horas, enquanto esses dois irmãos caminhavam na estrada para Emaús, eles falavam com grande convicção sobre Jesus, dos seus ensinamentos, do seu trabalho e, mais especialmente, a respeito dos rumores de que a sua tumba estava vazia e de que algumas das mulheres haviam conversado com ele. Cleofas estava a meio caminho de acreditar nesses relatos, mas Jacó insistia em que tudo era provavelmente uma fraude. Enquanto eles conversavam e debatiam desse modo, a caminho de casa, a manifestação moroncial de Jesus, a sua sétima aparição, veio junto a eles à medida que caminhavam. Cleofas muitas vezes ouvira Jesus ensinar e comera com ele nas casas dos crentes de Jerusalém em várias ocasiões. Mas não reconheceu o Mestre nem mesmo quando ele falou abertamente com eles.

 

190:5.3 (2034.4) Depois de andar um pequeno trecho da estrada junto com eles, Jesus perguntou: “Quais palavras estavam sendo trocadas entre vós, com tamanha convicção, quando eu cheguei?” E quando Jesus falou, eles pararam e olharam para ele com uma triste surpresa. Disse Cleofas: “Como pode ser que estejas em Jerusalém e não saibas das coisas que aconteceram recentemente?” Então o Mestre perguntou: “Que coisas?” Cleofas replicou: “Se não sabes dessas questões, és o único em Jerusalém que não ouviu os rumores a respeito de Jesus de Nazaré, profeta de palavra e feitos poderosos diante de Deus e todo o povo. Os sacerdotes principais e governantes entregaram-no aos romanos e exigiram que o crucificassem. E, assim, muitos de nós estivemos esperando que fosse ele quem iria libertar Israel do jugo dos gentios. Mas isso não é tudo. É já o terceiro dia, desde que foi crucificado, e algumas mulheres nos deixaram estupefatos ao declarar que, muito cedo nesta manhã, foram ao seu sepulcro e o encontraram vazio. E essas mesmas mulheres afirmam que conversaram com esse homem; sustentam mesmo que ele ressuscitou dos mortos. E quando as mulheres relataram isso aos homens, dois dos seus apóstolos correram à tumba e também encontraram-na vazia” — aqui Jacó interrompeu o seu irmão para dizer: “Mas eles não viram Jesus”.

 

 

190:5.4 (2035.1) Enquanto caminhavam juntos Jesus disse a eles: “Quão vagarosos sois para compreender a verdade! Quando me dizeis que as vossas conversas são sobre os ensinamentos e o trabalho desse homem, então, posso eu esclarecer-vos já que estou mais do que familiarizado com tais ensinamentos. Não vos lembrais de que esse Jesus ensinou sempre que o seu Reino não é deste mundo; e que todos os homens, sendo filhos de Deus, deveriam encontrar libertação e liberdade no júbilo espiritual, na comunhão e na irmandade do serviço amoroso ao novo Reino da verdade do amor do Pai dos céus? Não lembrais que esse mesmo Filho do Homem proclamou que a salvação de Deus é para todos os homens; que ministrou aos doentes e aflitos e libertando quem que estava atado pelas correntes do medo e escravizados pelo mal? Não sabeis que esse homem de Nazaré disse aos seus discípulos, que deveria ir a Jerusalém, que seria entregue aos seus inimigos, e estes o levariam à morte; mas que ele se levantaria ao terceiro dia? Tudo isso não vos foi dito? E nunca lestes nas escrituras a respeito desse dia da salvação para os judeus e para os gentios, onde se diz que nele todas as famílias da Terra serão abençoadas; que ele ouvirá o apelo dos necessitados e salvará as almas dos pobres que o procuram; que todas as nações o chamarão de abençoado? Que esse Libertador será como a sombra de uma grande rocha em uma terra exaurida. Que ele alimentará o rebanho como um verdadeiro pastor, tomando as ovelhas nos seus braços e carregando-as ternamente no seu colo. Que ele abrirá os olhos dos cegos espirituais e trará os prisioneiros do desespero à liberdade plena e à luz; que todos aqueles que se encontram na escuridão verão a grande luz da salvação eterna. Que ele medicará os corações partidos, proclamará a liberdade aos aprisionados do pecado, e abrirá a prisão para aqueles que estão escravizados pelo medo e tolhidos pelo mal. Que confortará àqueles que estão de luto e outorgará a eles o júbilo da salvação em lugar da pena e do pesar. Que ele será o desejo de todas as nações e o júbilo eterno daqueles que buscam a retidão. Que esse Filho da verdade e da retidão se elevará sobre o mundo, com luz curativa e poder salvador; e até mesmo que salvará o seu povo dos pecados; que realmente buscará e salvará os que estão perdidos. Que não destruirá os fracos, e sim ministrará a salvação a todos os que têm fome e sede de retidão. Que aqueles que acreditam nele terão vida eterna. Que ele irá verter o seu espírito sobre toda a carne, e que esse Espírito da Verdade será para cada crente como uma fonte de água, fazendo jorrar a vida eterna. Não compreendestes quão grande foi o evangelho do Reino que esse homem entregou a vós? Não percebeis quão grande é a salvação que vem a vós?”

 

 

190:5.5 (2035.2) Nesta altura eles estavam chegando perto da cidade onde esses dois irmãos moravam. Nenhuma palavra esses dois homens disseram, desde que Jesus havia começado a ensinar a eles, enquanto caminhavam juntos pela estrada. Logo chegaram em frente à sua humilde morada e Jesus estava para deixá-los, indo estrada abaixo, mas eles solicitaram-lhe que entrasse e ficasse com eles. Eles insistiram, como era quase já o cair da noite, que ele permanecesse lá com eles. Finalmente Jesus consentiu e, logo que eles entraram na casa e se sentaram para comer. Deram a ele o pão para abençoar e, quando ele começou a parti-lo e a entregá-lo a eles, os olhos dos dois abriram-se, e Cleofas reconheceu que o convidado deles era o próprio Mestre. E quando ele disse: “É o Mestre” — o Jesus moroncial desapareceu da vista deles.

 

190:5.6 (2036.1) E então eles comentaram um com o outro: “Não é de espantar que os nossos corações estivessem queimando dentro de nós quando ele nos falou, enquanto caminhávamos pela estrada e enquanto ele abria ao nosso entendimento os ensinamentos das escrituras!”

 

190:5.7 (2036.2) Eles não se detiveram para comer. Haviam visto o Mestre moroncial e saíram correndo da casa, de volta a Jerusalém, para difundir a boa-nova do Salvador ressuscitado.

 

190:5.8 (2036.3) Por volta das nove horas, naquela noite, e pouco antes do Mestre aparecer aos dez apóstolos, esses dois irmãos emocionados irromperam na sala de cima, indo ao encontro dos apóstolos, declarando que haviam visto Jesus e conversado com ele. E contaram tudo o que Jesus tinha dito a eles e mesmo que não haviam reconhecido quem ele era, até o momento em que partiu o pão.