Urântia

OS DOCUMENTOS DE URÂNTIA

- A REVELAÇÃO DO TERCEIRO MILÊNIO -

INDICE

Documento 195

Depois de Pentecostes

195:0.1 (2069.1) Os resultados da pregação de Pedro no dia de Pentecostes foram tais que decidiram as diretrizes futuras e determinaram os planos da maioria dos apóstolos nos seus esforços para proclamar o evangelho do reino. Pedro foi o verdadeiro fundador da Igreja cristã; Paulo levou a mensagem cristã aos gentios, e os crentes gregos levaram-na a todo o Império Romano.

195:0.2 (2069.2) Embora os hebreus presos à tradição e dominados pelos sacerdotes, como povo, se recusaram a aceitar tanto o evangelho de Jesus da paternidade de Deus e da irmandade dos homens quanto a proclamação de Pedro e Paulo da ressurreição e ascensão de Cristo (subsequente cristianismo), o resto do Império Romano acabou sendo receptivo aos ensinamentos cristãos em evolução. A civilização ocidental era nesta época intelectual, cansada da guerra e completamente cética quanto a todas as religiões e filosofias do universo existentes. Os povos do mundo ocidental, os beneficiários da cultura grega, tinham uma tradição venerada de um passado grandioso. Eles podiam contemplar a herança de grandes realizações em filosofia, arte, literatura e progresso político. Mas com todas estas conquistas eles não tinham nenhuma religião que satisfizesse a alma. Seus anseios espirituais permaneciam insatisfeitos.

195:0.3 (2069.3) Sobre tal cenário da sociedade humana os ensinamentos de Jesus, abrangidos na mensagem cristã, foram subitamente lançados. Uma nova ordem de vida foi assim apresentada aos corações famintos destes povos ocidentais. Esta situação significou um conflito imediato entre as práticas religiosas mais antigas e a nova versão cristianizada da mensagem de Jesus ao mundo. Tal conflito tinha que resultar numa vitória decidida para o novo ou para o velho ou num certo grau de concessão. A História mostra que a luta terminou em concessão. O cristianismo presumia abranger muito mais do que qualquer povo poderia assimilar em uma ou duas gerações. Não era um simples apelo espiritual, tal como Jesus apresentou às almas dos homens; cedo assumiu uma atitude decidida quanto a rituais religiosos, educação, magia, medicina, arte, literatura, lei, governo, moral, regulamentação sexual, poligamia e, em grau limitado, até mesmo escravatura. O cristianismo surgiu não apenas como uma nova religião – algo que todo o Império Romano e todo o Oriente esperavam – mas como uma nova ordem da sociedade humana. E como uma tamanha pretensão rapidamente precipitou o choque sociomoral de todas as eras. Os ideais de Jesus, tal como foram reinterpretados pela filosofia grega e socializados no cristianismo, desafiavam agora ousadamente as tradições da raça humana incorporadas na ética, na moralidade e nas religiões da civilização ocidental.

195:0.4 (2069.4) No início, o cristianismo conquistou como convertidos apenas os estratos sociais e econômicos mais baixos. Mas no início do segundo século o melhor da cultura greco-romana voltava-se cada vez mais para esta nova ordem de crença cristã, este novo conceito do propósito da vida e da meta da existência.

195:0.5 (2070.1) Como esta nova mensagem de origem judaica, que quase havia fracassado na terra do seu nascimento, capturou tão rápida e eficazmente as melhores mentes do Império Romano? O triunfo do cristianismo sobre as religiões filosóficas e os cultos de mistério deveu-se a:

195:0.6 (2070.2) 1. Organização. Paulo foi um grande organizador e seus sucessores mantiveram o ritmo que ele estabeleceu.

195:0.7 (2070.3) 2. O cristianismo foi completamente helenizado. Abrangeu o que há de melhor na filosofia grega, bem como a nata da teologia hebraica.

195:0.8 (2070.4) 3. Mas o melhor de tudo é que continha um novo e grande ideal, o eco da vida de consagração de Jesus e o reflexo da sua mensagem de salvação para toda a humanidade.

195:0.9 (2070.5) 4. Os líderes cristãos estiveram dispostos a fazer tais concessões com o mitraísmo que a melhor metade dos seus adeptos foi conquistada para o culto de Antioquia.

195:0.10 (2070.6) 5. Da mesma forma as gerações seguintes e posteriores de líderes cristãos fizeram tamanhas concessões adicionais ao paganismo que até mesmo o imperador romano Constantino foi conquistado para a nova religião.

195:0.11 (2070.7) Mas os cristãos fizeram um acordo astuto com os pagãos na medida em que adotaram a pompa ritualística dos pagãos enquanto obrigavam os pagãos a aceitar a versão helenizada do cristianismo paulino. Eles fizeram um acordo melhor com os pagãos do que com o culto mitraico, mas mesmo nesse acordo inicial eles se saíram mais do que conquistadores pois conseguiram eliminar as imoralidades grosseiras e também numerosas outras práticas repreensíveis do mistério persa.

195:0.12 (2070.8) Sábia ou insensatamente, estes primeiros líderes do cristianismo fizeram deliberadamente concessões aos ideais de Jesus num esforço para salvar e promover muitas das ideias dele. E foram eminentemente bem-sucedidos. Mas não se enganem! Estes ideais comprometidos do Mestre ainda estão latentes no seu evangelho e acabarão por afirmar o seu pleno poder sobre o mundo.

195:0.13 (2070.9) Por esta paganização do cristianismo a velha ordem conquistou muitas pequenas vitórias de natureza ritualística, mas os cristãos ganharam a ascendência pois que:

195:0.14 (2070.10) 1. Foi percutida uma nova e enormemente mais elevada nota na moral humana.

195:0.15 (2070.11) 2. Um conceito novo e grandemente ampliado de Deus foi dado ao mundo.

195:0.16 (2070.12) 3. A esperança da imortalidade tornou-se uma parte da garantia de uma religião reconhecida.

195:0.17 (2070.13) 4. Jesus de Nazaré foi entregue à alma faminta do homem.

195:0.18 (2070.14) Muitas das grandes verdades ensinadas por Jesus quase se perderam nestas primeiras concessões, mas elas ainda dormem nesta religião do cristianismo paganizado, que por sua vez foi a versão paulina da vida e dos ensinamentos do Filho do Homem. E o cristianismo, mesmo antes de ser paganizado, foi primeiro completamente helenizado. O cristianismo deve muito, muitíssimo, aos gregos. Foi um grego, do Egito, que se levantou tão corajosamente em Niceia e desafiou tão destemidamente esta assembleia que ela não ousou obscurecer tanto o conceito da natureza de Jesus que a verdade autêntica da sua consagração pudesse ter ficado em risco de ser perdida para o mundo. O nome deste grego era Atanásio, e se não fosse a eloquência e a lógica deste crente, as persuasões de Ário teriam triunfado.

 

1. Influência dos Gregos

 

195:1.1 (2071.1) A helenização do cristianismo começou para valer naquele dia memorável em que o apóstolo Paulo compareceu perante o conselho do Areópago em Atenas e falou aos atenienses sobre o “Deus Desconhecido”. Ali, à sombra da Acrópole, este cidadão romano proclamou a estes gregos a sua versão da nova religião que havia tido origem na terra judaica da Galileia. E havia algo estranhamente semelhante na filosofia grega e em muitos dos ensinamentos de Jesus. Tinham uma meta comum – ambos visavam o advento do indivíduo. Os gregos, no advento social e político; Jesus, no advento moral e espiritual. Os gregos ensinavam o liberalismo intelectual que conduz à liberdade política; Jesus ensinou o liberalismo espiritual que leva à liberdade religiosa. Estas duas ideias juntas constituíam um novo e poderoso estatuto para a liberdade humana; elas pressagiavam a liberdade social, política e espiritual do homem.

195:1.2 (2071.2) O cristianismo veio à existência e triunfou sobre todas as religiões rivais principalmente por causa de duas coisas:

195:1.3 (2071.3) 1. A mente grega estava disposta a tomar emprestadas ideias novas e boas até mesmo dos judeus.

195:1.4 (2071.4) 2. Paulo e seus sucessores eram conciliadores voluntariosos, mas astutos e sagazes; eram comerciantes teológicos exímios.

195:1.5 (2071.5) Na época em que Paulo se levantou em Atenas pregando “Cristo e Ele Crucificado”, os gregos estavam espiritualmente famintos; eram inquisitivos, interessados e realmente procurando a verdade espiritual. Nunca se esqueçam que no início os romanos lutaram contra o cristianismo, enquanto os gregos o abraçaram, e que foram os gregos que literalmente forçaram os romanos posteriormente a aceitar esta nova religião, então já modificada, como uma parte da cultura grega.

195:1.6 (2071.6) Os gregos reverenciavam a beleza, os judeus a santidade, mas ambos os povos amavam a verdade. Por séculos os gregos haviam pensado seriamente e debatido fervorosamente sobre todos os problemas humanos – sociais, econômicos, políticos e filosóficos – exceto a religião. Poucos gregos haviam prestado muita atenção à religião; não levavam muito a sério nem mesmo a sua própria religião. Por séculos os judeus tinham negligenciado estes outros campos do pensamento enquanto devotavam as suas mentes à religião. Eles levavam a sua religião muito a sério, demasiado a sério. Conforme iluminado pelo conteúdo da mensagem de Jesus, o produto unido dos séculos de pensamento destes dois povos tornava-se agora a força motriz de uma nova ordem da sociedade humana e, até certo ponto, de uma nova ordem de crença e prática religiosas humanas.

195:1.7 (2071.7) A influência da cultura grega já havia penetrado nas terras do Mediterrâneo ocidental quando Alexandre espalhou a civilização helenística pelo mundo do Oriente Próximo. Os gregos deram-se muito bem com a sua religião e a sua política enquanto viveram em pequenas cidades-estado, mas quando o rei macedônio ousou expandir a Grécia num império, estendendo-se do Adriático ao Indo, os problemas começaram. A arte e a filosofia da Grécia estavam plenamente à altura da tarefa da expansão imperial, mas não era bem assim com a administração política ou a religião gregas. Depois que as cidades-estado da Grécia se expandiram para o império, os seus deuses bastante paroquiais pareciam um pouco esquisitos. Os gregos estavam realmente em busca de um Deus único, um Deus maior e melhor, quando a versão cristianizada da antiga religião judaica chegou até eles.

195:1.8 (2072.1) O Império Helenístico, como tal, não poderia perdurar. A sua influência cultural continuou, mas só perdurou depois de assegurar do Ocidente o gênio político romano para a administração do império e depois de obter do Oriente uma religião cujo Deus único possuía a dignidade do império.

195:1.9 (2072.2) No primeiro século depois de Cristo, a cultura helenística já havia atingido os seus níveis mais elevados; seu retrocesso havia começado; o aprendizado estava avançando, mas a genialidade estava declinando. Foi nesta mesma época que as ideias e ideais de Jesus, parcialmente incorporados ao cristianismo, tornaram-se parte da salvação da cultura e do aprendizado gregos.

195:1.10 (2072.3) Alexandre havia atacado o Oriente com a dádiva cultural da civilização da Grécia; Paulo assaltou o Ocidente com a versão cristã do evangelho de Jesus. E onde quer que a cultura grega prevalecesse em todo o Ocidente, ali o cristianismo helenizado criou raízes.

195:1.11 (2072.4) A versão oriental da mensagem de Jesus, apesar de ter permanecido mais fiel aos seus ensinamentos, continuou a seguir a atitude intransigente de Abner. Nunca progrediu como fez a versão helenizada e acabou por ser perdida no movimento islâmico.

 

2. A Influência Romana

 

195:2.1 (2072.5) Os romanos incorporaram a cultura grega, colocando o governo representativo no lugar do governo por sorteio. E em breve esta mudança favoreceu o cristianismo na medida em que Roma trouxe para todo o mundo ocidental uma nova tolerância por línguas, povos e até religiões estranhas.

195:2.2 (2072.6) Grande parte da perseguição inicial aos cristãos em Roma deveu-se unicamente ao seu uso infeliz do termo “reino” na sua pregação. Os romanos eram tolerantes com toda e qualquer religião, mas muito ressentidos com qualquer coisa que tivesse sabor de rivalidade política. E assim, quando estas primeiras perseguições, devidas em grande parte a mal-entendidos, desvaneceram, o campo para a propaganda religiosa ficou escancarado. O romano estava interessado em administração política; ele pouco se importava com arte ou religião, mas era inusitadamente tolerante com ambas.

195:2.3 (2072.7) A lei oriental era severa e arbitrária; a lei grega era fluida e artística; a lei romana era digna e instiladora de respeito. A educação romana gerava uma lealdade inédita e impassível. Os primeiros romanos eram indivíduos politicamente devotados e sublimemente consagrados. Eram honestos, zelosos e dedicados aos seus ideais, mas sem uma religião digna desse nome. Não é de admirar que os seus instrutores gregos tenham conseguido persuadi-los a aceitar o cristianismo de Paulo.

195:2.4 (2072.8) E estes romanos eram um grande povo. Eles podiam governar o Ocidente porque de fato governavam a si mesmos. Tamanha incomparável honestidade, devoção e autocontrole foi o solo ideal para a recepção e o crescimento do cristianismo.

195:2.5 (2072.9) Foi fácil para estes greco-romanos tornarem-se tão devotados espiritualmente a uma Igreja institucional quanto eram politicamente devotados ao Estado. Os romanos combateram a Igreja apenas quando a temeram como concorrente do Estado. Roma, tendo pouca filosofia nacional ou cultura nativa, assumiu o controle da cultura grega e adotou audazmente Cristo como sua filosofia moral. O cristianismo tornou-se a cultura moral de Roma, mas dificilmente a sua religião no sentido de ser a experiência individual de crescimento espiritual daqueles que abraçavam a nova religião de uma forma tão generalizada. É verdade, de fato, que muitos indivíduos penetraram abaixo da superfície de toda esta religião oficial e encontraram para a nutrição das suas almas os valores reais dos significados ocultos contidos dentro das verdades latentes do cristianismo helenizado e paganizado.

195:2.6 (2073.1) O estoico e o seu forte apelo à “natureza e consciência” apenas prepararam melhor toda a Roma para receber Cristo, pelo menos num sentido intelectual. O romano era um advogado por natureza e formação; ele reverenciava até mesmo as leis da natureza. E agora, no cristianismo, ele discernia nas leis da natureza as leis de Deus. Um povo que pôde produzir Cícero e Virgílio estava maduro para o cristianismo helenizado de Paulo.

195:2.7 (2073.2) E assim estes gregos romanizados forçaram tanto os judeus quanto os cristãos a filosofarem a sua religião, a coordenarem as ideias dela e a sistematizarem os seus ideais, a adaptarem as práticas religiosas à corrente de vida existente. E tudo isto foi enormemente ajudado pela tradução das escrituras hebraicas para o grego e pelo registro posterior do Novo Testamento na língua grega.

195:2.8 (2073.3) Os gregos, em contraste com os judeus e muitos outros povos, há muito tempo acreditavam provisoriamente na imortalidade, em algum tipo de sobrevivência após a morte, e como este era o cerne mesmo do ensinamento de Jesus, era certo que o cristianismo constituiria um forte apelo para eles.

195:2.9 (2073.4) Uma sucessão de vitórias culturais gregas e políticas romanas tinha consolidado as terras mediterrâneas num só império, com uma língua e uma cultura, e tinha preparado o mundo ocidental para um só Deus. O judaísmo forneceu este Deus, mas o judaísmo não era aceitável como uma religião para estes gregos romanizados. Fílon ajudou alguns a mitigar as suas objeções, mas o cristianismo revelou-lhes um conceito ainda melhor de um Deus único, e eles o abraçaram prontamente.

 

3. Sob o Império Romano

 

195:3.1 (2073.5) Após a consolidação do domínio político romano e após a disseminação do cristianismo, os cristãos encontraram-se com um Deus único, um grande conceito religioso, mas sem império. Os greco-romanos encontraram-se com um grande império, mas sem um Deus que servisse como conceito religioso adequado para o culto do império e a unificação espiritual. Os cristãos aceitaram o império; o império adotou o cristianismo. O romano proporcionou uma unidade de governo político; o grego, uma unidade de cultura e aprendizagem; o cristianismo, uma unidade de pensamento e prática religiosos.

195:3.2 (2073.6) Roma superou a tradição do nacionalismo pelo universalismo imperial e pela primeira vez na história tornou possível que diferentes raças e nações aceitassem, pelo menos nominalmente, uma religião única.

195:3.3 (2073.7) O cristianismo ganhou favorecimento em Roma numa época em que havia grande disputa entre os vigorosos ensinamentos dos estoicos e as promessas de salvação dos cultos de mistério. O cristianismo veio com conforto revigorante e poder libertador para um povo espiritualmente faminto cujo idioma não tinha palavra para “altruísmo”.

195:3.4 (2073.8) O que deu maior poder ao cristianismo foi o modo como os seus crentes viveram vidas de serviço e até mesmo o modo como morreram pela sua fé durante os primeiros tempos de perseguição drástica.

195:3.5 (2073.9) O ensinamento relativo ao amor de Cristo pelas crianças logo pôs fim à prática generalizada de expor as crianças à morte quando não eram desejadas, particularmente as meninas.

195:3.6 (2074.1) O plano inicial da adoração cristã foi em grande parte tomado da sinagoga judaica, modificado pelo ritual mitraico; mais tarde, muita pompa pagã foi acrescentada. A espinha dorsal da Igreja cristã primitiva consistia em prosélitos gregos cristianizados do judaísmo.

195:3.7 (2074.2) O segundo século depois de Cristo foi o melhor momento em toda a história do mundo para que uma boa religião fizesse progresso no mundo ocidental. Durante o primeiro século o cristianismo havia se prepardo, pela luta e a concessão, para criar raízes e espalhar-se rapidamente. O cristianismo adotou o imperador; mais tarde, ele adotou o cristianismo. Esta foi uma ótima era para a difusão de uma nova religião. Havia liberdade religiosa; as viagens eram universais e o pensamento era irrestrito.

195:3.8 (2074.3) O ímpeto espiritual de aceitar nominalmente o cristianismo helenizado chegou a Roma tarde demais para impedir o declínio moral já bem avançado ou para compensar a já bem estabelecida e crescente deterioração racial. Esta nova religião era uma necessidade cultural para a Roma imperial, e é extremamente lamentável que não tenha se tornado um meio de salvação espiritual num sentido mais amplo.

195:3.9 (2074.4) Mesmo uma boa religião não poderia salvar um grande império dos resultados seguros da falta de participação individual nos assuntos do governo, do paternalismo excessivo, da tributação exagerada e dos abusos grosseiros de arrecadação, do comércio desequilibrado com o Levante que drenava o ouro, da loucura da diversão, da padronização romana, da degradação da mulher, da escravidão e da decadência racial, das pragas físicas e uma Igreja estatal que se tornou institucionalizada quase ao ponto da esterilidade espiritual.

195:3.10 (2074.5) As condições, contudo, não eram tão más em Alexandria. As primeiras escolas continuaram a manter muitos dos ensinamentos de Jesus livres de concessões. Pantaenus ensinou Clemente e depois seguiu Natanael na proclamação de Cristo na Índia. Embora alguns dos ideais de Jesus fossem sacrificados na construção do cristianismo, deve ser registrado com toda a justiça que, no final do segundo século, praticamente todas as grandes mentes do mundo greco-romano se tinham tornado cristãs. O triunfo estava se aproximando da completude.

195:3.11 (2074.6) E este Império Romano durou tempo suficiente para assegurar a sobrevivência do cristianismo mesmo depois do colapso do império. Mas muitas vezes conjecturamos o que teria acontecido em Roma e no mundo se tivesse sido o evangelho do reino que tivesse sido aceito no lugar do cristianismo grego.

 

4. A Idade das Trevas Europeia

 

195:4.1 (2074.7) A Igreja, sendo um apêndice da sociedade e aliada à política, estava condenada a compartilhar do declínio intelectual e espiritual da chamada “idade das trevas” europeia. Durante este tempo, a religião tornou-se cada vez mais monástica, ascética e regulamentada. Num sentido espiritual, o cristianismo estava hibernando. Ao longo deste período existiu, ao lado desta religião adormecida e secularizada, um fluxo contínuo de misticismo, uma experiência espiritual fantástica que beirava a irrealidade e filosoficamente semelhante ao panteísmo.

195:4.2 (2074.8) Durante estes séculos sombrios e desesperadores, a religião tornou-se de novo virtualmente de segunda mão. O indivíduo quase se perdeu diante da autoridade, da tradição e do ditatorialismo ofuscantes da Igreja. Uma nova ameaça espiritual surgiu na criação de uma galáxia de “santos” que se supunha terem uma influência especial nas cortes divinas e os quais, portanto, se apelados eficazmente, seriam capazes de interceder em favor do homem perante os Deuses.

195:4.3 (2075.1) Mas o cristianismo foi tão suficientemente socializado e paganizado que, embora fosse impotente para deter a idade das trevas que se aproximava, estava mais bem preparado para sobreviver a este longo período de escuridão moral e de estagnação espiritual. E de fato persistiu durante a longa noite da civilização ocidental e ainda funcionava como uma influência moral no mundo quando a Renascença alvoreceu. A reabilitação do cristianismo, seguindo-se à passagem da idade das trevas, resultou na criação de numerosas seitas dos ensinamentos cristãos, crenças adequadas a tipos especiais de personalidade humana intelectual, emocional e espiritual. E muitos destes grupos cristãos especiais, ou famílias religiosas, ainda persistiam no momento da feitura desta apresentação.

195:4.4 (2075.2) O cristianismo exibe uma história em que se originou da transformação não intencional da religião de Jesus numa religião sobre Jesus. Apresenta ainda a história de ter experimentado helenização, paganização, secularização, institucionalização, deterioração intelectual, decadência espiritual, hibernação moral, ameaça de extinção, rejuvenescimento posterior, fragmentação e reabilitação relativa mais recente. Tal histórico é indicativo de vitalidade inerente e da posse de vastos recursos de recuperação. E este mesmo cristianismo está agora presente no mundo civilizado dos povos ocidentais e enfrenta uma luta pela existência que é ainda mais apavorante do que aquelas crises memoráveis que caracterizaram as suas batalhas passadas pelo domínio.

195:4.5 (2075.3) A religião é agora confrontada pelo desafio de uma nova era de mentes científicas e de tendências materialistas. Nesta gigantesca luta entre o secular e o espiritual, a religião de Jesus acabará por triunfar.

 

5. O Problema Moderno

 

195:5.1 (2075.4) O século 20 trouxe novos problemas para o cristianismo e todas as outras religiões resolverem. Quanto mais alto sobe uma civilização, mais necessário se torna o dever de “buscar primeiro as realidades do céu” em todos os esforços do homem para estabilizar a sociedade e facilitar a solução dos seus problemas materiais.

195:5.2 (2075.5) A verdade muitas vezes se torna confusa e até enganosa quando é desmembrada, segregada, isolada e analisada demais. A verdade viva só ensina corretamente quem busca a verdade quando é abraçada em sua integralidade e como uma realidade espiritual viva, não como um fato da ciência material ou uma inspiração da arte interveniente.

195:5.3 (2075.6) A religião é a revelação ao homem do seu destino divino e eterno. A religião é uma experiência puramente pessoal e espiritual e tem que ser sempre distinguida de outras formas elevadas de pensamento do homem, tais como:

195:5.4 (2075.7) 1. A atitude lógica do homem em relação às coisas da realidade material.

195:5.5 (2075.8) 2. A apreciação estética da beleza pelo homem contrastada com a fealdade.

195:5.6 (2075.9) 3. O reconhecimento ético pelo homem das obrigações sociais e do dever político.

195:5.7 (2075.10) 4. Mesmo o senso de moralidade humana do homem não é, em si e por si, religioso.

195:5.8 (2075.11) A religião é projetada para encontrar no universo aqueles valores que suscitam fé, confiança e segurança; a religião culmina na adoração. A religião descobre para a alma aqueles valores supremos que estão em contraste com os valores relativos descobertos pela mente. Tal discernimento supra-humano só pode ser obtido por meio de uma experiência religiosa genuína.

195:5.9 (2075.12) Um sistema social duradouro sem uma moralidade baseada em realidades espirituais não pode ser mantido mais do que poderia o sistema solar sem a gravidade.

195:5.10 (2076.1) Não tentem satisfazer a curiosidade ou gratificar toda a aventura latente que surge dentro da alma numa curta vida na carne. Sejam pacientes! Não fiquem tentados a mergulhar sem lei em aventuras baratas e sórdidas. Subjuguem suas energias e refreiem suas paixões; fiquem calmos enquanto aguardam o desenrolar majestoso de uma carreira interminável de aventuras progressivas e descobertas emocionantes.

195:5.11 (2076.2) Na confusão sobre a origem do homem, não percam de vista o seu destino eterno. Não se esqueçam de que Jesus amava até mesmo as criancinhas e que deixou claro para sempre o grande valor da personalidade humana.

195:5.12 (2076.3) Ao observarem o mundo, lembrem-se de que as manchas negras do mal que veem são mostradas contra um fundo branco do bem último. Vocês não veem meramente manchas brancas de bem que se sobrepõem miseravelmente contra um fundo negro de mal.

195:5.13 (2076.4) Quando há tantas verdades boas para publicar e proclamar, por que deveriam os homens insistir tanto no mal que existe no mundo só porque parece ser um fato? As belezas dos valores espirituais da verdade são mais prazerosas e edificantes do que o fenômeno do mal.

195:5.14 (2076.5) Na religião, Jesus defendeu e seguiu o método da experiência, assim como a ciência moderna busca a técnica da experimentação. Encontramos Deus por meio dos guiamentos do discernimento espiritual, mas nos aproximamos deste discernimento da alma por meio do amor ao belo, da busca da verdade, da lealdade ao dever e da adoração à bondade divina. Mas de todos estes valores, o amor é o verdadeiro guia para o discernimento real.

 

6. Materialismo

 

195:6.1 (2076.6) Os cientistas precipitaram involuntariamente a humanidade num pânico materialista; eles iniciaram uma corrida impensada ao banco moral das eras, mas este banco de experiência humana possui vastos recursos espirituais; pode suportar as exigências que lhe são feitas. Somente homens irrefletidos entram em pânico com relação aos bens espirituais da raça humana. Quando o pânico secular-materialista acabar, a religião de Jesus não será achada em falência. O banco espiritual do reino do céu pagará em fé, esperança e segurança moral a todos os que dele recorrem “em nome Dele”.

195:6.2 (2076.7) Não importa qual seja o aparente conflito entre o materialismo e os ensinamentos de Jesus, podem estar certos de que, nas eras vindouras, os ensinamentos do Mestre triunfarão plenamente. Na realidade, a verdadeira religião não pode envolver-se em qualquer controvérsia com a ciência; ela não está de forma alguma vinculada com coisas materiais. A religião é simplesmente indiferente à ciência, mas simpatizante com ela, ao mesmo tempo em que se devota supremamente ao cientista.

195:6.3 (2076.8) A busca pelo mero conhecimento, sem a concomitante interpretação da sabedoria e do discernimento espiritual da experiência religiosa, acaba por levar ao pessimismo e ao desespero humano. Um pouco de conhecimento é verdadeiramente desconcertante.

195:6.4 (2076.9) Na época deste escrito o pior da era materialista está terminado; o dia de uma melhor compreensão já começa a alvorecer. As mentes superiores do mundo científico já não são totalmente materialistas na sua filosofia, mas as bases do povo ainda se inclinam nessa direção como resultado de ensinamentos anteriores. Mas esta era de realismo físico é apenas um episódio passageiro na vida do homem na Terra. A ciência moderna deixou a religião verdadeira – os ensinamentos de Jesus como traduzidos nas vidas dos seus crentes – intocada. Tudo o que a ciência fez foi destruir as ilusões infantis das interpretações errôneas da vida.

195:6.5 (2077.1) A ciência é uma experiência quantitativa, a religião é uma experiência qualitativa, no que diz respeito à vida do homem na Terra. A ciência lida com fenômenos; a religião, com origens, valores e metas. Atribuir causas como uma explicação dos fenômenos físicos é confessar ignorância dos últimos e no final apenas leva o cientista de volta à primeira grande causa – o Pai Universal do Paraíso.

195:6.6 (2077.2) A passagem violenta de uma era de milagres para uma era de máquinas revelou-se perturbadora no todo para o homem. A esperteza e a destreza das falsas filosofias do mecanicismo desmentem as suas próprias afirmações mecanicistas. A agilidade fatalista da mente de um materialista refuta para sempre as suas afirmações de que o universo é um fenômeno de energia cego e sem propósito.

195:6.7 (2077.3) O naturalismo mecanicista de alguns homens supostamente instruídos e o secularismo impensado do homem comum estão ambos exclusivamente ocupados com coisas; eles são estéreis de todos os reais valores, sanções e satisfações de uma natureza espiritual, além de serem desprovidos de fé, esperança e garantias eternas. Um dos grandes problemas da vida moderna é que o homem pensa que está ocupado demais para encontrar tempo para a meditação espiritual e a devoção religiosa.

195:6.8 (2077.4) O materialismo reduz o homem a um autômato sem alma e o constitui apenas como um símbolo aritmético que encontra um lugar indefeso na fórmula matemática de um universo nada romântico e mecanicista. Mas de onde vem todo este vasto universo da matemática sem um Mestre Matemático? A ciência pode discorrer sobre a conservação da matéria, mas a religião valida a conservação das almas dos homens – diz respeito à sua experiência com realidades espirituais e valores eternos.

195:6.9 (2077.5) O sociólogo materialista de hoje examina uma comunidade, faz um relatório sobre ela e deixa as pessoas como as encontrou. Há mil e novecentos anos, galileus incultos examinaram Jesus dando a sua vida como uma contribuição espiritual para a experiência interior do homem e depois saíram e viraram todo o Império Romano de cabeça para baixo.

195:6.10 (2077.6) Mas os líderes religiosos estão cometendo um grande erro quando tentam convocar o homem moderno para a batalha espiritual com os toques de trombeta da Idade Média. A religião tem que se dotar de lemas novos e atualizados. Nem a democracia nem qualquer outra panaceia política substituirão o progresso espiritual. As falsas religiões podem representar uma evasão da realidade, mas Jesus no seu evangelho introduziu o homem mortal na entrada mesma de uma realidade eterna de progressão espiritual.

195:6.11 (2077.7) Dizer que a mente “emergiu” da matéria não explica nada. Se o universo fosse apenas um mecanismo e a mente não estivesse separada da matéria, nunca teríamos duas interpretações diferentes de qualquer fenômeno observado. Os conceitos de verdade, beleza e bondade não são inerentes nem à física nem à química. Uma máquina não pode saber, muito menos saber a verdade, ter fome de retidão e valorizar a bondade.

195:6.12 (2077.8) A ciência pode ser física, mas a mente do cientista que discerne a verdade é ao mesmo tempo supramaterial. A matéria não conhece a verdade, nem pode amar a misericórdia nem se deleitar nas realidades espirituais. As convicções morais baseadas na iluminação espiritual e enraizadas na experiência humana são tão reais e certas quanto as deduções matemáticas baseadas em observações físicas, mas num nível diferente e superior.

195:6.13 (2077.9) Se os homens fossem apenas máquinas, eles reagiriam de maneira mais ou menos uniforme a um universo material. A individualidade seria inexistente, quanto mais a personalidade.

195:6.14 (2077.10) O fato do mecanismo absoluto do Paraíso estar no centro do universo de universos, na presença da volição inqualificada da Segunda Fonte e Centro, torna para sempre certo que os determinantes não são a lei exclusiva do cosmos. O materialismo existe, mas não é exclusivo; o mecanismo existe, mas não é inqualificado; o determinismo existe, mas não está sozinho.

195:6.15 (2078.1) O universo finito da matéria acabaria por se tornar uniforme e determinista, não fosse pela presença combinada da mente e do espírito. A influência da mente cósmica injeta constantemente espontaneidade até mesmo nos mundos materiais.

195:6.16 (2078.2) A liberdade ou iniciativa em qualquer domínio da existência é diretamente proporcional ao grau de influência espiritual e de controle da mente cósmica; isto é, na experiência humana, o grau da atualidade de fazer “a vontade do Pai”. E assim, quando você começa a encontrar Deus, essa é a prova conclusiva de que Deus já encontrou você.

195:6.17 (2078.3) A busca sincera por bondade, beleza e verdade leva a Deus. E cada descoberta científica demonstra a existência tanto de liberdade quanto de uniformidade no universo. O descobridor estava livre para fazer a descoberta. A coisa descoberta é real e aparentemente uniforme, caso contrário não poderia ter se tornado conhecida como coisa.

 

7. A Vulnerabilidade do Materialismo

 

195:7.1 (2078.4) Quão tolo é para o homem de mente material permitir que teorias tão vulneráveis como aquelas de um universo mecanicista o privem dos vastos recursos espirituais da experiência pessoal da religião verdadeira. Os fatos nunca entram em conflito com a fé espiritual real; as teorias podem. Melhor seria que a ciência fosse dedicada à destruição da superstição em vez de tentar derrubar a fé religiosa – a crença humana em realidades espirituais e valores divinos.

195:7.2 (2078.5) A ciência deveria fazer materialmente pelo homem o que a religião faz espiritualmente por ele: expandir o horizonte da vida e ampliar a sua personalidade. A ciência verdadeira não pode ter disputa duradoura com a religião verdadeira. O “método científico” é meramente um parâmetro intelectual para medir aventuras materiais e realizações físicas. Mas sendo material e integralmente intelectual, é totalmente inútil na avaliação de realidades espirituais e experiências religiosas.

195:7.3 (2078.6) A inconsistência do mecanicista moderno é: se este fosse meramente um universo material e o homem apenas uma máquina, tal homem seria totalmente incapaz de reconhecer-se como tal máquina, e da mesma forma tal homem-máquina seria totalmente inconsciente do fato da existência de tal universo material. A consternação e o desespero materialistas de uma ciência mecanicista fracassaram em reconhecer o fato da mente do cientista residida pelo espírito cujo discernimento supramaterial formula estes conceitos errôneos e autocontraditórios de um universo materialista.

195:7.4 (2078.7) Os valores do Paraíso da eternidade e infinitude, da verdade, da beleza e da bondade, estão ocultos dentro dos fatos dos fenômenos dos universos do tempo e espaço. Mas é necessário o olhar de fé de um mortal nascido do espírito para detectar e discernir estes valores espirituais.

195:7.5 (2078.8) As realidades e os valores do progresso espiritual não são uma “projeção psicológica” – um mero devaneio glorificado da mente material. Tais coisas são as previsões espirituais do Ajustador residente, o espírito de Deus que vive na mente do homem. E não deixem que suas deambulações com as descobertas vagamente vislumbradas da “relatividade” perturbem seus conceitos da eternidade e da infinitude de Deus. E em todas as suas solicitações relativas à necessidade de autoexpressão, não cometam o erro de deixar de proporcionar a expressão do Ajustador, a manifestação do seu eu real e melhor.

195:7.6 (2079.1) Se este fosse apenas um universo material, o homem material nunca seria capaz de chegar ao conceito do caráter mecanicista de uma tal existência exclusivamente material. Este mesmo conceito mecanicista do universo é em si um fenômeno imaterial da mente, e toda mente é de origem imaterial, não importa quão completamente possa parecer estar materialmente condicionada e mecanicamente controlada.

195:7.7 (2079.2) O mecanismo mental parcialmente evoluído do homem mortal não é dotado excessivamente de coerência e sabedoria. A presunção do homem muitas vezes ultrapassa a sua razão e escapa à sua lógica.

195:7.8 (2079.3) O pessimismo mesmo do materialista mais pessimista é, por si só, prova suficiente de que o universo do pessimista não é integralmente material. Tanto o otimismo quanto o pessimismo são reações conceituais numa mente consciente tanto dos valores quanto dos fatos. Se o universo fosse verdadeiramente o que o materialista considera que seja, o homem como máquina humana estaria então desprovido de todo o reconhecimento consciente desse mesmo fato. Sem a consciência do conceito de valores dentro da mente nascida do espírito, o fato do materialismo do universo e dos fenômenos mecanicistas da operação do universo não seria de todo reconhecido pelo homem. Uma máquina não pode ter consciência da natureza ou do valor de outra máquina.

195:7.9 (2079.4) Uma filosofia mecanicista da vida e do universo não pode ser científica porque a ciência reconhece e lida apenas com materiais e fatos. A filosofia é inevitavelmente supracientífica. O homem é um fato material da natureza, mas a sua vida é um fenômeno que transcende os níveis materiais da natureza na medida em que exibe os atributos de controlo da mente e as qualidades criativas do espírito.

195:7.10 (2079.5) O esforço sincero do homem para se tornar um mecanicista representa o fenômeno trágico do esforço fútil desse homem para cometer suicídio intelectual e moral. Mas ele não pode fazer isso.

195:7.11 (2079.6) Se o universo fosse apenas material e o homem apenas uma máquina, não haveria ciência que motivasse o cientista a postular esta mecanização do universo. As máquinas não podem medir, classificar nem avaliar a si mesmas. Tal trabalho científico só poderia ser executado por alguma entidade com status de supramáquina.

195:7.12 (2079.7) Se a realidade do universo é apenas uma vasta máquina, então o homem tem que estar fora do universo e separado dele a fim de reconhecer tal fato e tornar-se consciente do discernimento de tal avaliação.

195:7.13 (2079.8) Se o homem é apenas uma máquina, por qual técnica este homem chega a crer ou declara saber que ele é apenas uma máquina? A experiência de avaliação autoconsciente de si mesmo nunca é um atributo de uma mera máquina. Um mecanicista autoconsciente e declarado é a melhor resposta possível ao mecanicismo. Se o materialismo fosse um fato, não poderia haver nenhum mecanicista autoconsciente. Também é verdade que é preciso primeiro ser uma pessoa moral antes de poder praticar atos imorais.

195:7.14 (2079.9) A própria alegação do materialismo implica uma consciência supramaterial da mente que presume afirmar tais dogmas. Um mecanismo pode deteriorar-se, mas nunca poderia progredir. As máquinas não pensam, criam, sonham, aspiram, idealizam, não têm fome de verdade ou sede de retidão. Elas não motivam suas vidas com a paixão de servir outras máquinas e de escolher como meta de progresso eterno a sublime tarefa de encontrar Deus e se esforçar para ser como Ele. As máquinas nunca são intelectuais, emocionais, estéticas, éticas, morais ou espirituais.

195:7.15 (2079.10) A arte prova que o homem não é mecanicista, mas não prova que ele seja espiritualmente imortal. A arte é a morôncia do mortal, o campo intermediário entre o homem, o material, e o homem, o espiritual. A poesia é um esforço para escapar das realidades materiais para os valores espirituais.

195:7.16 (2080.1) Numa civilização elevada, a arte humaniza a ciência, ao passo que por sua vez ela é espiritualizada pela religião verdadeira – o discernimento dos valores espirituais e eternos. A arte representa a avaliação humana e espaço-temporal da realidade. A religião é o abraço divino dos valores cósmicos e conota a progressão eterna na ascensão e expansão espirituais. A arte do tempo só é perigosa quando se torna cega aos padrões do espírito dos padrões divinos que a eternidade reflete como as sombras da realidade do tempo. A verdadeira arte é a manipulação eficaz das coisas materiais da vida; a religião é a transformação enobrecedora dos fatos materiais da vida e nunca cessa na sua avaliação espiritual da arte.

195:7.17 (2080.2) Quão tolo seria presumir que um autômato pudesse conceber uma filosofia do automatismo, e quão ridículo ele dever presumir formar tal conceito de outros autômatos semelhantes!

195:7.18 (2080.3) Qualquer interpretação científica do universo material não tem valor, a menos que proporcione o devido reconhecimento ao cientista. Nenhuma apreciação da arte é genuína a menos que conceda reconhecimento ao artista. Nenhuma avaliação da moral vale a pena a menos que inclua o moralista. Nenhum reconhecimento da filosofia é edificante se ignorar o filósofo, e a religião não pode existir sem a experiência real do religioso que, nesta mesma experiência e através dela, procura encontrar Deus e conhecê-Lo. Da mesma forma é o universo de universos sem significado destacado do EU SOU, o Deus infinito que o criou e o administra incessantemente.

195:7.19 (2080.4) Os mecanicistas — os humanistas — tendem a oscilar com as correntes materiais. Idealistas e espiritualistas ousam usar seus remos com inteligência e vigor de modo a modificar o curso aparentemente puramente material das correntezas da energia.

195:7.20 (2080.5) A ciência vive da matemática da mente; a música expressa a cadência das emoções. A religião é o ritmo espiritual da alma em harmonia no tempo-espaço com as medidas da melodia mais elevada e eterna da Infinitude. A experiência religiosa é algo na vida humana que é verdadeiramente supramatemático.

195:7.21 (2080.6) Na linguagem, um alfabeto representa o mecanismo do materialismo, enquanto as palavras que expressam o significado de mil pensamentos, grandes ideias e ideais nobres — de amor e ódio, de covardia e coragem — representam os desempenhos da mente dentro do escopo definido tanto pela lei material quanto a espiritual, dirigida pela afirmação da vontade da personalidade e limitada pela dotação situacional inerente.

195:7.22 (2080.7) O universo não é como as leis, os mecanismos e as uniformidades que o cientista descobre, e que ele passa a considerar como ciência, mas sim como o cientista curioso, pensante, discernente, criativo, combinador e discriminador que assim observa os fenômenos do universo e classifica os fatos matemáticos inerentes às fases mecanicistas do lado material da criação. O universo também não é como a arte do artista, mas sim como o artista que se esforça, sonha, aspira e avança, que busca transcender o mundo das coisas materiais num esforço para alcançar uma meta espiritual.

195:7.23 (2080.8) O cientista, não a ciência, percebe a realidade de um universo de energia e matéria em evolução e avanço. O artista, não a arte, demonstra a existência do mundo transitório da morôncia intervindo entre a existência material e a liberdade espiritual. O religioso, não a religião, comprova a existência das realidades do espírito e dos valores divinos que serão encontrados no progresso da eternidade.

 

8. Totalitarismo Secular

 

195:8.1 (2081.1) Mas mesmo depois de o materialismo e o mecanicismo terem sido mais ou menos vencidos, a influência devastadora do secularismo do século 20 ainda prejudicará a experiência espiritual de milhões de almas crédulas.

195:8.2 (2081.2) O secularismo moderno tem sido fomentado por duas influências mundiais. O pai do secularismo foi a atitude tacanha e ímpia da chamada ciência dos séculos 19 e 20 – a ciência ateísta. A mãe do secularismo moderno foi a Igreja cristã medieval totalitária. O secularismo teve o seu início como um protesto crescente contra o domínio quase completo da civilização ocidental pela Igreja cristã institucionalizada.

195:8.3 (2081.3) Na época desta revelação, o clima intelectual e filosófico predominante tanto na vida europeia como na americana é decididamente secular — humanista. Por trezentos anos, o pensamento ocidental tem sido progressivamente secularizado. A religião tornou-se cada vez mais uma influência nominal, em grande parte um exercício ritualístico. Na maioria os professos cristãos da civilização ocidental são na verdade involuntariamente secularistas.

195:8.4 (2081.4) Foi necessário um grande poder, uma influência poderosa, para libertar o pensamento e o viver dos povos ocidentais da constrição esmagadora de uma dominação eclesiástica totalitária. O secularismo quebrou de fato os laços do controlo da Igreja e agora, por sua vez, ameaça estabelecer um novo e tipo de domínio sem Deus sobre os corações e mentes do homem moderno. O Estado político tirânico e ditatorial é fruto direto do materialismo científico e do secularismo filosófico. Logo que o secularismo liberta o homem do domínio da Igreja institucionalizada, vende-o à escravidão servil do Estado totalitário. O secularismo liberta o homem da escravidão eclesiástica apenas para traí-lo para a tirania da escravidão política e econômica.

195:8.5 (2081.5) O materialismo nega Deus, o secularismo simplesmente O ignora; pelo menos essa foi a atitude inicial. Mais recentemente, o secularismo tem assumido uma atitude mais militante, assumindo tomar o lugar da religião a cuja escravidão totalitária outrora resistiu. O secularismo do século 20 tende a afirmar que o homem não precisa de Deus. Mas tenham cuidado! Esta filosofia sem Deus da sociedade humana apenas conduzirá à inquietação, animosidade, infelicidade, guerra e desastre mundial.

195:8.6 (2081.6) O secularismo nunca poderá trazer paz à humanidade. Nada pode ocupar o lugar de Deus na sociedade humana. Mas notem bem! Não se apressem em renunciar aos ganhos benéficos da revolta secular ao totalitarismo eclesiástico. A civilização ocidental usufrui hoje de muitas liberdades e satisfações como resultado da revolta secular. O grande erro do secularismo foi este: ao se revoltarem contra o controlo quase total da vida pela autoridade religiosa, e depois de alcançarem a libertação de tal tirania eclesiástica, os secularistas passaram a instituir uma revolta contra o próprio Deus, por vezes tacitamente e por vezes abertamente.

195:8.7 (2081.7) À revolta secularista vocês devem a espantosa criatividade do industrialismo americano e o progresso material sem precedentes da civilização ocidental. E porque a revolta secularista foi longe demais e perdeu de vista Deus e a religião verdadeira, seguiu-se também a colheita inesperada de guerras mundiais e instabilidade internacional.

195:8.8 (2081.8) Não é necessário sacrificar a fé em Deus de modo a poder desfrutar das bênçãos da revolta secularista moderna: tolerância, serviço social, governo democrático e liberdades civis. Não era necessário que os secularistas antagonizassem a religião verdadeira de modo a promover a ciência e avançar a educação.

195:8.9 (2082.1) Mas o secularismo não é o único pai de todos estes ganhos recentes na ampliação do viver. Por trás dos ganhos do século 20 estão não apenas a ciência e o secularismo, mas também os trabalhos espirituais não reconhecidos e não percebidos da vida e dos ensinamentos de Jesus de Nazaré.

195:8.10 (2082.2) Sem Deus, sem religião, o secularismo científico nunca poderá coordenar as suas forças, harmonizar os seus interesses, raças e nacionalismos divergentes e rivais. Esta sociedade humana secularista, apesar das suas realizações materialistas sem paralelo, está se desintegrando lentamente. A principal força coesiva que resiste a esta desintegração do antagonismo é o nacionalismo. E o nacionalismo é a principal barreira à paz mundial.

195:8.11 (2082.3) A fraqueza inerente ao secularismo é que ele descarta a ética e a religião pela política e o poder. Vocês simplesmente não conseguem estabelecer a irmandade dos homens enquanto ignorarem ou negarem a paternidade de Deus.

195:8.12 (2082.4) O otimismo social e político secular é uma ilusão. Sem Deus, nem independência e liberdade, nem propriedade e riqueza levarão à paz.

195:8.13 (2082.5) A completa secularização da ciência, da educação, da indústria e da sociedade só pode levar ao desastre. Durante o primeiro terço do século 20, os urantianos mataram mais seres humanos do que foram mortos durante toda a dispensação cristã até então. E este é apenas o começo da terrível colheita do materialismo e do secularismo; uma destruição ainda mais terrível ainda está por vir.

 

9. O Problema do Cristianismo

 

195:9.1 (2082.6) Não negligenciem o valor da sua herança espiritual, o rio da verdade correndo através dos séculos, até mesmo nos tempos áridos de uma era materialista e secular. Em todos os seus dignos esforços para livrar-se dos credos supersticiosos de eras passadas, certifiquem-se de manter firme a verdade eterna. Mas sejam pacientes! Quando a atual revolta da superstição terminar, as verdades do evangelho de Jesus persistirão gloriosamente para iluminar um caminho novo e melhor.

195:9.2 (2082.7) Mas o cristianismo paganizado e socializado permanece necessitado de um novo contato com os ensinamentos descomprometidos de Jesus; ele definha por falta de uma nova visão da vida do Mestre na Terra. Uma revelação nova e mais plena da religião de Jesus está destinada a conquistar um império de secularismo materialista e a derrubar uma influência mundial de naturalismo mecanicista. Urântia está agora estremecendo na fronteira mesmo de uma das suas épocas mais surpreendentes e fascinantes de reajustamento social, estimulação moral e iluminação espiritual.

195:9.3 (2082.8) Os ensinamentos de Jesus, embora grandemente modificados, sobreviveram aos cultos de mistério do seu tempo de nascimento, à ignorância e à superstição da idade das trevas, e mesmo agora estão triunfando lentamente sobre o materialismo, o mecanicismo e o secularismo do século 20. E tais épocas de grandes testes e ameaças de derrota são sempre momentos de grande revelação.

195:9.4 (2082.9) A religião precisa de fato de novos líderes, de homens e mulheres espirituais que ousem depender exclusivamente de Jesus e dos seus ensinamentos incomparáveis. Se o cristianismo persistir em negligenciar a sua missão espiritual enquanto continua a ocupar-se com problemas sociais e materiais, o renascimento espiritual terá que aguardar a vinda destes novos instrutores da religião de Jesus que se devotarão exclusivamente à regeneração espiritual dos homens. E então estas almas nascidas do espírito fornecerão rapidamente a liderança e a inspiração requeridas para a reorganização social, moral, econômica e política do mundo.

195:9.5 (2083.1) A era moderna se recusará a aceitar uma religião que seja inconsistente com os fatos e que esteja fora de harmonia com as suas mais elevadas concepções de verdade, beleza e bondade. É chegada a hora para uma redescoberta dos fundamentos verdadeiros e originais do cristianismo distorcido e comprometido dos dias de hoje – a verdadeira vida e ensinamentos de Jesus.

195:9.6 (2083.2) O homem primitivo viveu uma vida de escravidão supersticiosa ao medo religioso. Os homens modernos e civilizados temem a ideia de cair sob o domínio de fortes convicções religiosas. O homem pensante sempre temeu ser cativo de uma religião. Quando uma religião forte e em movimento ameaça dominá-lo, ele invariavelmente tenta racionalizá-la, tradicionalizá-la e institucionalizá-la, esperando assim obter o controle dela. Por tal procedimento, até mesmo uma religião revelada torna-se criada e dominada pelo homem. Os homens e mulheres modernos de inteligência evitam a religião de Jesus devido aos seus receios sobre o que ela poderá fazer a eles – e com eles. E todos esses receios são bem fundados. A religião de Jesus domina e transforma, de fato, os seus crentes, exigindo que os homens dediquem as suas vidas à procura do conhecimento da vontade do Pai no céu e exigindo que as energias da vida sejam consagradas ao serviço altruísta da irmandade do homem.

195:9.7 (2083.3) Homens e mulheres egoístas simplesmente não pagarão tal preço nem mesmo pelo maior tesouro espiritual já oferecido ao homem mortal. Somente quando o homem estiver suficientemente desiludido pelas dolorosas decepções que acompanham as buscas tolas e enganosas do egoísmo, e após a descoberta da esterilidade da religião formalizada, ele estará disposto a voltar-se de todo o coração para o evangelho do reino, a religião de Jesus de Nazaré.

195:9.8 (2083.4) O mundo precisa de mais religião em primeira mão. Mesmo o cristianismo – a melhor das religiões do século 20 – não é apenas uma religião sobre Jesus, mas é em grande parte uma religião que os homens experimentam em segunda mão. Eles aceitam sua religião integralmente conforme transmitida por seus instrutores religiosos convencionais. Que despertar o mundo experimentaria se apenas pudesse ver Jesus como ele realmente viveu na Terra e conhecer, em primeira mão, os seus ensinamentos vivificantes! Palavras descritivas de coisas belas não podem emocionar como a visão delas, nem as palavras do credo podem inspirar as almas dos homens como a experiência de conhecer a presença de Deus. Mas a fé expectante manterá sempre aberta a porta da esperança da alma do homem para a entrada das realidades espirituais eternas dos valores divinos dos mundos além.

195:9.9 (2083.5) O cristianismo tem ousado rebaixar os seus ideais diante do desafio da ganância humana, da loucura da guerra e da luxúria pelo poder; mas a religião de Jesus permanece como a convocação espiritual imaculada e transcendente, convocando o que há de melhor no homem para se elevar acima de todos estes legados da evolução animal e, pela graça, atingir as alturas morais do verdadeiro destino humano.

195:9.10 (2083.6) O cristianismo está ameaçado pela morte lenta derivada do formalismo, da organização excessiva, do intelectualismo e de outras tendências não espirituais. A Igreja cristã moderna não é uma irmandade de crentes dinâmicos como Jesus comissionou continuadamente para efetuar a transformação espiritual de sucessivas gerações da humanidade.

195:9.11 (2083.7) O chamado cristianismo tornou-se um movimento social e cultural, bem como uma crença e prática religiosa. A correnteza do cristianismo moderno drena muitos pântanos pagãos antigos e muitos lodaçais bárbaros; muitas bacias hidrográficas culturais antigas desaguam nesta correnteza cultural atual, bem como nos altos planaltos da Galileia, que se supõe serem a sua fonte exclusiva.

 

10. O Futuro

 

195:10.1 (2084.1) O cristianismo de fato prestou um grande serviço a este mundo, mas o que agora é mais necessário é Jesus. O mundo precisa ver Jesus vivendo novamente na Terra na experiência de mortais nascidos do espírito que revelem efetivamente o Mestre a todos os homens. É inútil falar sobre um renascimento do cristianismo primitivo; vocês têm que seguir em frente desde onde se encontram. A cultura moderna tem que tornar-se espiritualmente batizada com uma nova revelação da vida de Jesus e iluminada com uma nova compreensão do seu evangelho de salvação eterna. E quando Jesus for assim exaltado, atrairá todos os homens a si. Os discípulos de Jesus deveriam ser mais do que conquistadores, transbordando fontes de inspiração e de vida elevada para todos os homens. A religião é apenas um humanismo excelso até que se torne divino pela descoberta da realidade da presença de Deus na experiência pessoal.

195:10.2 (2084.2) A beleza e a sublimidade, a humanidade e a divindade, a simplicidade e a singularidade da vida de Jesus na Terra apresentam um quadro tão impressionante e atraente de salvação do homem e de revelação de Deus que os teólogos e filósofos de todos os tempos deveriam ser efetivamente impedidos de ousar formar credos ou criar sistemas teológicos de escravidão espiritual a partir de tal consagração transcendental de Deus na forma de homem. Em Jesus, o universo produziu um homem mortal em quem o espírito de amor triunfou sobre as desvantagens materiais do tempo e superou o fato da origem física.

195:10.3 (2084.3) Tenham sempre em mente: Deus e os homens precisam um do outro. Eles são mutuamente necessários para a realização plena e final da experiência eterna da personalidade no destino divino da finalidade do universo.

195:10.4 (2084.4) “O reino de Deus está dentro de vocês” foi provavelmente o maior pronunciamento que Jesus alguma vez fez, depois da declaração de que o Pai dele é um espírito vivo e amoroso.

195:10.5 (2084.5) Ao ganhar almas para o Mestre, não é a primeira milha da compulsão, do dever ou da convenção que transformará o homem e o seu mundo, mas antes a segunda milha do serviço livre e da devoção amante da liberdade, que prefigura o seguidor de Jesus estendendo a mão para segurar seu irmão em amor e conduzi-lo sob guiamento espiritual rumo à meta mais elevada e divina da existência mortal. O cristianismo mesmo agora caminha voluntariosamente a primeira milha, mas a humanidade definha e vai tropeçando nas trevas morais porque há tão poucos que genuinamente percorram a segunda milha – tão poucos seguidores professos de Jesus que realmente vivem e amam como ele ensinou seus discípulos a viver, amar e servir.

195:10.6 (2084.6) O chamado à aventura de construir uma sociedade humana nova e transformada por meio do renascimento espiritual da irmandade do reino de Jesus deveria emocionar todos os que acreditam nele, pois os homens não têm sido instigados desde os dias em que andaram pela Terra como companheiros dele na carne.

195:10.7 (2084.7) Nenhum sistema social ou regime político que negue a realidade de Deus pode contribuir de qualquer maneira construtiva e duradoura para o avanço da civilização humana. Mas o cristianismo, tal como está subdividido e secularizado hoje, representa o maior obstáculo ao seu avanço adicional; especialmente é isto verdade no que concerne ao Oriente.

195:10.8 (2084.8) O eclesiasticismo é ao mesmo tempo e para sempre incompatível com aquela fé viva, com o espírito crescente e com a experiência em primeira mão dos camaradas de fé de Jesus na irmandade dos homens na associação espiritual do reino do céu. O desejo louvável de preservar tradições de conquistas passadas muitas vezes leva à defesa de sistemas de culto ultrapassados. O desejo bem-intencionado de promover antigos sistemas de pensamento impede eficazmente o patrocínio de novos meios e métodos adequados concebidos para satisfazer os anseios espirituais das mentes em expansão e avanço dos homens modernos. Da mesma forma, as igrejas cristãs do século 20 constituem grandes obstáculos, mas totalmente inconscientes, ao avanço imediato do evangelho real – os ensinamentos de Jesus de Nazaré.

195:10.9 (2085.1) Muitas pessoas sinceras que de bom grado renderiam lealdade ao Cristo do evangelho acham muito difícil apoiar entusiasticamente uma Igreja que exibe tão pouco do espírito da vida e ensinamentos dele, e a qual lhes foi erroneamente ensinado que teria sido fundada por ele. Jesus não fundou a chamada Igreja cristã, mas, de todas as maneiras consistentes com a natureza dele, a promoveu como o melhor expoente existente do trabalho da vida dele na Terra.

195:10.10 (2085.2) Se a Igreja cristã ao menos ousasse esposar o programa do Mestre, milhares de jovens aparentemente indiferentes acorreriam para se alistar em um tal empreendimento espiritual, e não hesitariam em percorrer o caminho todo nesta grande aventura.

195:10.11 (2085.3) O cristianismo está seriamente confrontado com o infortúnio incorporado num dos seus próprios lemas: “Uma casa dividida contra si mesma não pode subsistir”. O mundo não cristão dificilmente capitulará perante uma cristandade dividida em seitas. O Jesus vivo é a única esperança de uma possível unificação do cristianismo. A verdadeira Igreja – a irmandade de Jesus – é invisível, espiritual e é caracterizada pela unidade, não necessariamente pela uniformidade. A uniformidade é a marca registrada do mundo físico de natureza mecanicista. A unidade espiritual é fruto da união da fé com o Jesus vivo. A Igreja visível deveria recusar continuar impedindo o progresso da irmandade invisível e espiritual do reino de Deus. E esta irmandade está destinada a tornar-se um organismo vivo em contraste com uma organização social institucionalizada. Pode muito bem utilizar tais organizações sociais, mas não pode ser suplantada por elas.

195:10.12 (2085.4) Mas mesmo o cristianismo do século 20 não pode ser desprezado. É o produto do gênio moral combinado dos homens conhecedores de Deus de muitas raças durante muitas épocas, e tem sido verdadeiramente um dos maiores poderes para o bem na Terra e, portanto, nenhum homem deveria considerá-lo levianamente, apesar de seus defeitos inerentes e adquiridos. O cristianismo ainda conjura movimentar as mentes dos homens reflexivos com poderosas emoções morais.

195:10.13 (2085.5) Mas não há desculpa para o envolvimento da Igreja no comércio e na política; tais alianças profanas são uma flagrante traição ao Mestre. E os amantes da verdade genuínos demorarão a esquecer que esta poderosa Igreja institucionalizada tem frequentemente ousado sufocar a fé recém-nascida e perseguir os portadores da verdade que por acaso apareceram em trajes não ortodoxos.

195:10.14 (2085.6) É bem verdade que tal Igreja não teria sobrevivido a menos que houvesse homens no mundo que preferissem tal estilo de adoração. Muitas almas espiritualmente indolentes anseiam por uma religião antiga e autoritária de rituais e tradições sagradas. A evolução humana e o progresso espiritual dificilmente são suficientes para permitir que todos os homens prescindam da autoridade religiosa. E a irmandade invisível do reino pode muito bem incluir estes grupos familiares de várias classes sociais e temperamentais se eles apenas estiverem dispostos a se tornar filhos de Deus verdadeiramente guiados pelo espírito. Mas nesta irmandade de Jesus não há lugar para rivalidade sectária, amargura de grupo, nem afirmações de superioridade moral e infalibilidade espiritual.

195:10.15 (2086.1) Estes vários agrupamentos de cristãos podem servir para acomodar numerosos tipos diferentes de aspirantes a crentes entre os vários povos da civilização ocidental, mas tal divisão da cristandade apresenta uma grave fraqueza quando ela tenta levar o evangelho de Jesus a povos orientais. Estas raças ainda não compreendem que existe uma religião de Jesus separada, e um tanto destacada, do cristianismo, que se tornou cada vez mais uma religião sobre Jesus.

195:10.16 (2086.2) A grande esperança de Urântia reside na possibilidade de uma nova revelação de Jesus com uma apresentação nova e ampliada da sua mensagem salvadora que uniria espiritualmente em serviço amoroso as numerosas famílias dos seus atuais seguidores professos.

195:10.17 (2086.3) Mesmo a educação secular poderia ajudar neste grande renascimento espiritual se prestasse mais atenção à obra de ensinar aos jovens como se engajar no planejamento da vida e na progressão do caráter. O propósito de toda educação deveria ser fomentar e apresentar o propósito supremo da vida, o desenvolvimento de uma personalidade majestosa e bem equilibrada. Há grande necessidade do ensino da disciplina moral em lugar de tanta autogratificação. Sobre tal fundamento a religião pode contribuir com seu incentivo espiritual para a ampliação e o enriquecimento da vida mortal, até mesmo para a segurança e o aprimoramento da vida eterna.

195:10.18 (2086.4) O cristianismo é uma religião improvisada e, portanto, tem que operar em marcha lenta. Desempenhos espirituais de alta velocidade têm que aguardar a nova revelação e a aceitação mais generalizada da real religião de Jesus. Mas o cristianismo é uma religião poderosa, visto que os discípulos comuns de um carpinteiro crucificado puseram em ação aqueles ensinamentos que conquistaram o mundo romano em trezentos anos e depois triunfaram sobre os bárbaros que derrubaram Roma. Este mesmo cristianismo conquistou – absorveu e exaltou – a corrente inteira da teologia hebraica e da filosofia grega. E então, quando ficou em coma durante mais de mil anos como resultado de uma dose excessiva de mistérios e paganismo, esta religião cristã se ressuscitou e praticamente reconquistou o mundo ocidental inteiro. O cristianismo contém o suficiente dos ensinamentos de Jesus para se imortalizar.

195:10.19 (2086.5) Se o cristianismo pudesse ao menos apreender melhor os ensinamentos de Jesus, poderia fazer muito mais para ajudar o homem moderno a resolver os seus problemas novos e cada vez mais complexos.

195:10.20 (2086.6) O cristianismo sofre sob uma grande desvantagem porque passou a ser identificado nas mentes de todo o mundo como uma parte do sistema social, da vida industrial e dos padrões morais da civilização ocidental; e assim o cristianismo pareceu involuntariamente patrocinar uma sociedade que cambaleia sob a culpa de tolerar a ciência sem idealismo, a política sem princípios, a riqueza sem trabalho, o prazer sem restrições, o conhecimento sem caráter, o poder sem consciência e a indústria sem moralidade.

195:10.21 (2086.7) A esperança do cristianismo moderno é que ele deveria cessar de patrocinar os sistemas sociais e as diretrizes industriais da civilização ocidental ao mesmo tempo em que se curva humildemente diante da cruz que tão valentemente exalta, para ali aprender novamente com Jesus de Nazaré as maiores verdades que o homem mortal pode jamais ouvir – o evangelho vivo da paternidade de Deus e da irmandade do homem.

 

Paper 195

After Pentecost

195:0.1 (2069.1) THE results of Peter’s preaching on the day of Pentecost were such as to decide the future policies, and to determine the plans, of the majority of the apostles in their efforts to proclaim the gospel of the kingdom. Peter was the real founder of the Christian church; Paul carried the Christian message to the gentiles, and the Greek believers carried it to the whole Roman Empire.

195:0.2 (2069.2) Although the tradition-bound and priest-ridden Hebrews, as a people, refused to accept either Jesus’ gospel of the fatherhood of God and the brotherhood of man or Peter’s and Paul’s proclamation of the resurrection and ascension of Christ (subsequent Christianity), the rest of the Roman Empire was found to be receptive to the evolving Christian teachings. Western civilization was at this time intellectual, war weary, and thoroughly skeptical of all existing religions and universe philosophies. The peoples of the Western world, the beneficiaries of Greek culture, had a revered tradition of a great past. They could contemplate the inheritance of great accomplishments in philosophy, art, literature, and political progress. But with all these achievements they had no soul-satisfying religion. Their spiritual longings remained unsatisfied.

195:0.3 (2069.3) Upon such a stage of human society the teachings of Jesus, embraced in the Christian message, were suddenly thrust. A new order of living was thus presented to the hungry hearts of these Western peoples. This situation meant immediate conflict between the older religious practices and the new Christianized version of Jesus’ message to the world. Such a conflict must result in either decided victory for the new or for the old or in some degree of compromise. History shows that the struggle ended in compromise. Christianity presumed to embrace too much for any one people to assimilate in one or two generations. It was not a simple spiritual appeal, such as Jesus had presented to the souls of men; it early struck a decided attitude on religious rituals, education, magic, medicine, art, literature, law, government, morals, sex regulation, polygamy, and, in limited degree, even slavery. Christianity came not merely as a new religion—something all the Roman Empire and all the Orient were waiting for—but as a new order of human society. And as such a pretension it quickly precipitated the social-moral clash of the ages. The ideals of Jesus, as they were reinterpreted by Greek philosophy and socialized in Christianity, now boldly challenged the traditions of the human race embodied in the ethics, morality, and religions of Western civilization.

195:0.4 (2069.4) At first, Christianity won as converts only the lower social and economic strata. But by the beginning of the second century the very best of Greco-Roman culture was increasingly turning to this new order of Christian belief, this new concept of the purpose of living and the goal of existence.

195:0.5 (2070.1) How did this new message of Jewish origin, which had almost failed in the land of its birth, so quickly and effectively capture the very best minds of the Roman Empire? The triumph of Christianity over the philosophic religions and the mystery cults was due to:

195:0.6 (2070.2) 1. Organization. Paul was a great organizer and his successors kept up the pace he set.

195:0.7 (2070.3) 2. Christianity was thoroughly Hellenized. It embraced the best in Greek philosophy as well as the cream of Hebrew theology.

195:0.8 (2070.4) 3. But best of all, it contained a new and great ideal, the echo of the life bestowal of Jesus and the reflection of his message of salvation for all mankind.

195:0.9 (2070.5) 4. The Christian leaders were willing to make such compromises with Mithraism that the better half of its adherents were won over to the Antioch cult.

195:0.10 (2070.6) 5. Likewise did the next and later generations of Christian leaders make such further compromises with paganism that even the Roman emperor Constantine was won to the new religion.

195:0.11 (2070.7) But the Christians made a shrewd bargain with the pagans in that they adopted the ritualistic pageantry of the pagan while compelling the pagan to accept the Hellenized version of Pauline Christianity. They made a better bargain with the pagans than they did with the Mithraic cult, but even in that earlier compromise they came off more than conquerors in that they succeeded in eliminating the gross immoralities and also numerous other reprehensible practices of the Persian mystery.

195:0.12 (2070.8) Wisely or unwisely, these early leaders of Christianity deliberately compromised the ideals of Jesus in an effort to save and further many of his ideas. And they were eminently successful. But mistake not! these compromised ideals of the Master are still latent in his gospel, and they will eventually assert their full power upon the world.

195:0.13 (2070.9) By this paganization of Christianity the old order won many minor victories of a ritualistic nature, but the Christians gained the ascendancy in that:

195:0.14 (2070.10) 1. A new and enormously higher note in human morals was struck.

195:0.15 (2070.11) 2. A new and greatly enlarged concept of God was given to the world.

195:0.16 (2070.12) 3. The hope of immortality became a part of the assurance of a recognized religion.

195:0.17 (2070.13) 4. Jesus of Nazareth was given to man’s hungry soul.

195:0.18 (2070.14) Many of the great truths taught by Jesus were almost lost in these early compromises, but they yet slumber in this religion of paganized Christianity, which was in turn the Pauline version of the life and teachings of the Son of Man. And Christianity, even before it was paganized, was first thoroughly Hellenized. Christianity owes much, very much, to the Greeks. It was a Greek, from Egypt, who so bravely stood up at Nicaea and so fearlessly challenged this assembly that it dared not so obscure the concept of the nature of Jesus that the real truth of his bestowal might have been in danger of being lost to the world. This Greek’s name was Athanasius, and but for the eloquence and the logic of this believer, the persuasions of Arius would have triumphed.


1. Influence of the Greeks


195:1.1 (2071.1) The Hellenization of Christianity started in earnest on that eventful day when the Apostle Paul stood before the council of the Areopagus in Athens and told the Athenians about “the Unknown God.” There, under the shadow of the Acropolis, this Roman citizen proclaimed to these Greeks his version of the new religion which had taken origin in the Jewish land of Galilee. And there was something strangely alike in Greek philosophy and many of the teachings of Jesus. They had a common goal—both aimed at the emergence of the individual. The Greek, at social and political emergence; Jesus, at moral and spiritual emergence. The Greek taught intellectual liberalism leading to political freedom; Jesus taught spiritual liberalism leading to religious liberty. These two ideas put together constituted a new and mighty charter for human freedom; they presaged man’s social, political, and spiritual liberty.

195:1.2 (2071.2) Christianity came into existence and triumphed over all contending religions primarily because of two things:

195:1.3 (2071.3) 1. The Greek mind was willing to borrow new and good ideas even from the Jews.

195:1.4 (2071.4) 2. Paul and his successors were willing but shrewd and sagacious compromisers; they were keen theologic traders.

195:1.5 (2071.5) At the time Paul stood up in Athens preaching “Christ and Him Crucified,” the Greeks were spiritually hungry; they were inquiring, interested, and actually looking for spiritual truth. Never forget that at first the Romans fought Christianity, while the Greeks embraced it, and that it was the Greeks who literally forced the Romans subsequently to accept this new religion, as then modified, as a part of Greek culture.

195:1.6 (2071.6) The Greek revered beauty, the Jew holiness, but both peoples loved truth. For centuries the Greek had seriously thought and earnestly debated about all human problems—social, economic, political, and philosophic—except religion. Few Greeks had paid much attention to religion; they did not take even their own religion very seriously. For centuries the Jews had neglected these other fields of thought while they devoted their minds to religion. They took their religion very seriously, too seriously. As illuminated by the content of Jesus’ message, the united product of the centuries of the thought of these two peoples now became the driving power of a new order of human society and, to a certain extent, of a new order of human religious belief and practice.

195:1.7 (2071.7) The influence of Greek culture had already penetrated the lands of the western Mediterranean when Alexander spread Hellenistic civilization over the near-Eastern world. The Greeks did very well with their religion and their politics as long as they lived in small city-states, but when the Macedonian king dared to expand Greece into an empire, stretching from the Adriatic to the Indus, trouble began. The art and philosophy of Greece were fully equal to the task of imperial expansion, but not so with Greek political administration or religion. After the city-states of Greece had expanded into empire, their rather parochial gods seemed a little queer. The Greeks were really searching for one God, a greater and better God, when the Christianized version of the older Jewish religion came to them.

195:1.8 (2072.1) The Hellenistic Empire, as such, could not endure. Its cultural sway continued on, but it endured only after securing from the West the Roman political genius for empire administration and after obtaining from the East a religion whose one God possessed empire dignity.

195:1.9 (2072.2) In the first century after Christ, Hellenistic culture had already attained its highest levels; its retrogression had begun; learning was advancing but genius was declining. It was at this very time that the ideas and ideals of Jesus, which were partially embodied in Christianity, became a part of the salvage of Greek culture and learning.

195:1.10 (2072.3) Alexander had charged on the East with the cultural gift of the civilization of Greece; Paul assaulted the West with the Christian version of the gospel of Jesus. And wherever the Greek culture prevailed throughout the West, there Hellenized Christianity took root.

195:1.11 (2072.4) The Eastern version of the message of Jesus, notwithstanding that it remained more true to his teachings, continued to follow the uncompromising attitude of Abner. It never progressed as did the Hellenized version and was eventually lost in the Islamic movement.


2. The Roman Influence


195:2.1 (2072.5) The Romans bodily took over Greek culture, putting representative government in the place of government by lot. And presently this change favored Christianity in that Rome brought into the whole Western world a new tolerance for strange languages, peoples, and even religions.

195:2.2 (2072.6) Much of the early persecution of Christians in Rome was due solely to their unfortunate use of the term “kingdom” in their preaching. The Romans were tolerant of any and all religions but very resentful of anything that savored of political rivalry. And so, when these early persecutions, due so largely to misunderstanding, died out, the field for religious propaganda was wide open. The Roman was interested in political administration; he cared little for either art or religion, but he was unusually tolerant of both.

195:2.3 (2072.7) Oriental law was stern and arbitrary; Greek law was fluid and artistic; Roman law was dignified and respect-breeding. Roman education bred an unheard-of and stolid loyalty. The early Romans were politically devoted and sublimely consecrated individuals. They were honest, zealous, and dedicated to their ideals, but without a religion worthy of the name. Small wonder that their Greek teachers were able to persuade them to accept Paul’s Christianity.

195:2.4 (2072.8) And these Romans were a great people. They could govern the Occident because they did govern themselves. Such unparalleled honesty, devotion, and stalwart self-control was ideal soil for the reception and growth of Christianity.

195:2.5 (2072.9) It was easy for these Greco-Romans to become just as spiritually devoted to an institutional church as they were politically devoted to the state. The Romans fought the church only when they feared it as a competitor of the state. Rome, having little national philosophy or native culture, took over Greek culture for its own and boldly adopted Christ as its moral philosophy. Christianity became the moral culture of Rome but hardly its religion in the sense of being the individual experience in spiritual growth of those who embraced the new religion in such a wholesale manner. True, indeed, many individuals did penetrate beneath the surface of all this state religion and found for the nourishment of their souls the real values of the hidden meanings held within the latent truths of Hellenized and paganized Christianity.

195:2.6 (2073.1) The Stoic and his sturdy appeal to “nature and conscience” had only the better prepared all Rome to receive Christ, at least in an intellectual sense. The Roman was by nature and training a lawyer; he revered even the laws of nature. And now, in Christianity, he discerned in the laws of nature the laws of God. A people that could produce Cicero and Vergil were ripe for Paul’s Hellenized Christianity.

195:2.7 (2073.2) And so did these Romanized Greeks force both Jews and Christians to philosophize their religion, to co-ordinate its ideas and systematize its ideals, to adapt religious practices to the existing current of life. And all this was enormously helped by translation of the Hebrew scriptures into Greek and by the later recording of the New Testament in the Greek tongue.

195:2.8 (2073.3) The Greeks, in contrast with the Jews and many other peoples, had long provisionally believed in immortality, some sort of survival after death, and since this was the very heart of Jesus’ teaching, it was certain that Christianity would make a strong appeal to them.

195:2.9 (2073.4) A succession of Greek-cultural and Roman-political victories had consolidated the Mediterranean lands into one empire, with one language and one culture, and had made the Western world ready for one God. Judaism provided this God, but Judaism was not acceptable as a religion to these Romanized Greeks. Philo helped some to mitigate their objections, but Christianity revealed to them an even better concept of one God, and they embraced it readily.


3. Under the Roman Empire


195:3.1 (2073.5) After the consolidation of Roman political rule and after the dissemination of Christianity, the Christians found themselves with one God, a great religious concept, but without empire. The Greco-Romans found themselves with a great empire but without a God to serve as the suitable religious concept for empire worship and spiritual unification. The Christians accepted the empire; the empire adopted Christianity. The Roman provided a unity of political rule; the Greek, a unity of culture and learning; Christianity, a unity of religious thought and practice.

195:3.2 (2073.6) Rome overcame the tradition of nationalism by imperial universalism and for the first time in history made it possible for different races and nations at least nominally to accept one religion.

195:3.3 (2073.7) Christianity came into favor in Rome at a time when there was great contention between the vigorous teachings of the Stoics and the salvation promises of the mystery cults. Christianity came with refreshing comfort and liberating power to a spiritually hungry people whose language had no word for “unselfishness.”

195:3.4 (2073.8) That which gave greatest power to Christianity was the way its believers lived lives of service and even the way they died for their faith during the earlier times of drastic persecution.

195:3.5 (2073.9) The teaching regarding Christ’s love for children soon put an end to the widespread practice of exposing children to death when they were not wanted, particularly girl babies.

195:3.6 (2074.1) The early plan of Christian worship was largely taken over from the Jewish synagogue, modified by the Mithraic ritual; later on, much pagan pageantry was added. The backbone of the early Christian church consisted of Christianized Greek proselytes to Judaism.

195:3.7 (2074.2) The second century after Christ was the best time in all the world’s history for a good religion to make progress in the Western world. During the first century Christianity had prepared itself, by struggle and compromise, to take root and rapidly spread. Christianity adopted the emperor; later, he adopted Christianity. This was a great age for the spread of a new religion. There was religious liberty; travel was universal and thought was untrammeled.

195:3.8 (2074.3) The spiritual impetus of nominally accepting Hellenized Christianity came to Rome too late to prevent the well-started moral decline or to compensate for the already well-established and increasing racial deterioration. This new religion was a cultural necessity for imperial Rome, and it is exceedingly unfortunate that it did not become a means of spiritual salvation in a larger sense.

195:3.9 (2074.4) Even a good religion could not save a great empire from the sure results of lack of individual participation in the affairs of government, from overmuch paternalism, overtaxation and gross collection abuses, unbalanced trade with the Levant which drained away the gold, amusement madness, Roman standardization, the degradation of woman, slavery and race decadence, physical plagues, and a state church which became institutionalized nearly to the point of spiritual barrenness.

195:3.10 (2074.5) Conditions, however, were not so bad at Alexandria. The early schools continued to hold much of Jesus’ teachings free from compromise. Pantaenus taught Clement and then went on to follow Nathaniel in proclaiming Christ in India. While some of the ideals of Jesus were sacrificed in the building of Christianity, it should in all fairness be recorded that, by the end of the second century, practically all the great minds of the Greco-Roman world had become Christian. The triumph was approaching completion.

195:3.11 (2074.6) And this Roman Empire lasted sufficiently long to insure the survival of Christianity even after the empire collapsed. But we have often conjectured what would have happened in Rome and in the world if it had been the gospel of the kingdom which had been accepted in the place of Greek Christianity.


4. The European Dark Ages


195:4.1 (2074.7) The church, being an adjunct to society and the ally of politics, was doomed to share in the intellectual and spiritual decline of the so-called European “dark ages.” During this time, religion became more and more monasticized, asceticized, and legalized. In a spiritual sense, Christianity was hibernating. Throughout this period there existed, alongside this slumbering and secularized religion, a continuous stream of mysticism, a fantastic spiritual experience bordering on unreality and philosophically akin to pantheism.

195:4.2 (2074.8) During these dark and despairing centuries, religion became virtually secondhanded again. The individual was almost lost before the overshadowing authority, tradition, and dictation of the church. A new spiritual menace arose in the creation of a galaxy of “saints” who were assumed to have special influence at the divine courts, and who, therefore, if effectively appealed to, would be able to intercede in man’s behalf before the Gods.

195:4.3 (2075.1) But Christianity was sufficiently socialized and paganized that, while it was impotent to stay the oncoming dark ages, it was the better prepared to survive this long period of moral darkness and spiritual stagnation. And it did persist on through the long night of Western civilization and was still functioning as a moral influence in the world when the renaissance dawned. The rehabilitation of Christianity, following the passing of the dark ages, resulted in bringing into existence numerous sects of the Christian teachings, beliefs suited to special intellectual, emotional, and spiritual types of human personality. And many of these special Christian groups, or religious families, still persist at the time of the making of this presentation.

195:4.4 (2075.2) Christianity exhibits a history of having originated out of the unintended transformation of the religion of Jesus into a religion about Jesus. It further presents the history of having experienced Hellenization, paganization, secularization, institutionalization, intellectual deterioration, spiritual decadence, moral hibernation, threatened extinction, later rejuvenation, fragmentation, and more recent relative rehabilitation. Such a pedigree is indicative of inherent vitality and the possession of vast recuperative resources. And this same Christianity is now present in the civilized world of Occidental peoples and stands face to face with a struggle for existence which is even more ominous than those eventful crises which have characterized its past battles for dominance.

195:4.5 (2075.3) Religion is now confronted by the challenge of a new age of scientific minds and materialistic tendencies. In this gigantic struggle between the secular and the spiritual, the religion of Jesus will eventually triumph.


5. The Modern Problem


195:5.1 (2075.4) The twentieth century has brought new problems for Christianity and all other religions to solve. The higher a civilization climbs, the more necessitous becomes the duty to “seek first the realities of heaven” in all of man’s efforts to stabilize society and facilitate the solution of its material problems.

195:5.2 (2075.5) Truth often becomes confusing and even misleading when it is dismembered, segregated, isolated, and too much analyzed. Living truth teaches the truth seeker aright only when it is embraced in wholeness and as a living spiritual reality, not as a fact of material science or an inspiration of intervening art.

195:5.3 (2075.6) Religion is the revelation to man of his divine and eternal destiny. Religion is a purely personal and spiritual experience and must forever be distinguished from man’s other high forms of thought, such as:

195:5.4 (2075.7) 1. Man’s logical attitude toward the things of material reality.

195:5.5 (2075.8) 2. Man’s aesthetic appreciation of beauty contrasted with ugliness.

195:5.6 (2075.9) 3. Man’s ethical recognition of social obligations and political duty.

195:5.7 (2075.10) 4. Even man’s sense of human morality is not, in and of itself, religious.

195:5.8 (2075.11) Religion is designed to find those values in the universe which call forth faith, trust, and assurance; religion culminates in worship. Religion discovers for the soul those supreme values which are in contrast with the relative values discovered by the mind. Such superhuman insight can be had only through genuine religious experience.

195:5.9 (2075.12) A lasting social system without a morality predicated on spiritual realities can no more be maintained than could the solar system without gravity.

195:5.10 (2076.1) Do not try to satisfy the curiosity or gratify all the latent adventure surging within the soul in one short life in the flesh. Be patient! be not tempted to indulge in a lawless plunge into cheap and sordid adventure. Harness your energies and bridle your passions; be calm while you await the majestic unfolding of an endless career of progressive adventure and thrilling discovery.

195:5.11 (2076.2) In confusion over man’s origin, do not lose sight of his eternal destiny. Forget not that Jesus loved even little children, and that he forever made clear the great worth of human personality.

195:5.12 (2076.3) As you view the world, remember that the black patches of evil which you see are shown against a white background of ultimate good. You do not view merely white patches of good which show up miserably against a black background of evil.

195:5.13 (2076.4) When there is so much good truth to publish and proclaim, why should men dwell so much upon the evil in the world just because it appears to be a fact? The beauties of the spiritual values of truth are more pleasurable and uplifting than is the phenomenon of evil.

195:5.14 (2076.5) In religion, Jesus advocated and followed the method of experience, even as modern science pursues the technique of experiment. We find God through the leadings of spiritual insight, but we approach this insight of the soul through the love of the beautiful, the pursuit of truth, loyalty to duty, and the worship of divine goodness. But of all these values, love is the true guide to real insight.


6. Materialism


195:6.1 (2076.6) Scientists have unintentionally precipitated mankind into a materialistic panic; they have started an unthinking run on the moral bank of the ages, but this bank of human experience has vast spiritual resources; it can stand the demands being made upon it. Only unthinking men become panicky about the spiritual assets of the human race. When the materialistic-secular panic is over, the religion of Jesus will not be found bankrupt. The spiritual bank of the kingdom of heaven will be paying out faith, hope, and moral security to all who draw upon it “in His name.”

195:6.2 (2076.7) No matter what the apparent conflict between materialism and the teachings of Jesus may be, you can rest assured that, in the ages to come, the teachings of the Master will fully triumph. In reality, true religion cannot become involved in any controversy with science; it is in no way concerned with material things. Religion is simply indifferent to, but sympathetic with, science, while it supremely concerns itself with the scientist.

195:6.3 (2076.8) The pursuit of mere knowledge, without the attendant interpretation of wisdom and the spiritual insight of religious experience, eventually leads to pessimism and human despair. A little knowledge is truly disconcerting.

195:6.4 (2076.9) At the time of this writing the worst of the materialistic age is over; the day of a better understanding is already beginning to dawn. The higher minds of the scientific world are no longer wholly materialistic in their philosophy, but the rank and file of the people still lean in that direction as a result of former teachings. But this age of physical realism is only a passing episode in man’s life on earth. Modern science has left true religion—the teachings of Jesus as translated in the lives of his believers—untouched. All science has done is to destroy the childlike illusions of the misinterpretations of life.

195:6.5 (2077.1) Science is a quantitative experience, religion a qualitative experience, as regards man’s life on earth. Science deals with phenomena; religion, with origins, values, and goals. To assign causes as an explanation of physical phenomena is to confess ignorance of ultimates and in the end only leads the scientist straight back to the first great cause—the Universal Father of Paradise.

195:6.6 (2077.2) The violent swing from an age of miracles to an age of machines has proved altogether upsetting to man. The cleverness and dexterity of the false philosophies of mechanism belie their very mechanistic contentions. The fatalistic agility of the mind of a materialist forever disproves his assertions that the universe is a blind and purposeless energy phenomenon.

195:6.7 (2077.3) The mechanistic naturalism of some supposedly educated men and the thoughtless secularism of the man in the street are both exclusively concerned with things; they are barren of all real values, sanctions, and satisfactions of a spiritual nature, as well as being devoid of faith, hope, and eternal assurances. One of the great troubles with modern life is that man thinks he is too busy to find time for spiritual meditation and religious devotion.

195:6.8 (2077.4) Materialism reduces man to a soulless automaton and constitutes him merely an arithmetical symbol finding a helpless place in the mathematical formula of an unromantic and mechanistic universe. But whence comes all this vast universe of mathematics without a Master Mathematician? Science may expatiate on the conservation of matter, but religion validates the conservation of men’s souls—it concerns their experience with spiritual realities and eternal values.

195:6.9 (2077.5) The materialistic sociologist of today surveys a community, makes a report thereon, and leaves the people as he found them. Nineteen hundred years ago, unlearned Galileans surveyed Jesus giving his life as a spiritual contribution to man’s inner experience and then went out and turned the whole Roman Empire upside down.

195:6.10 (2077.6) But religious leaders are making a great mistake when they try to call modern man to spiritual battle with the trumpet blasts of the Middle Ages. Religion must provide itself with new and up-to-date slogans. Neither democracy nor any other political panacea will take the place of spiritual progress. False religions may represent an evasion of reality, but Jesus in his gospel introduced mortal man to the very entrance upon an eternal reality of spiritual progression.

195:6.11 (2077.7) To say that mind “emerged” from matter explains nothing. If the universe were merely a mechanism and mind were unapart from matter, we would never have two differing interpretations of any observed phenomenon. The concepts of truth, beauty, and goodness are not inherent in either physics or chemistry. A machine cannot know, much less know truth, hunger for righteousness, and cherish goodness.

195:6.12 (2077.8) Science may be physical, but the mind of the truth-discerning scientist is at once supermaterial. Matter knows not truth, neither can it love mercy nor delight in spiritual realities. Moral convictions based on spiritual enlightenment and rooted in human experience are just as real and certain as mathematical deductions based on physical observations, but on another and higher level.

195:6.13 (2077.9) If men were only machines, they would react more or less uniformly to a material universe. Individuality, much less personality, would be nonexistent.

195:6.14 (2077.10) The fact of the absolute mechanism of Paradise at the center of the universe of universes, in the presence of the unqualified volition of the Second Source and Center, makes forever certain that determiners are not the exclusive law of the cosmos. Materialism is there, but it is not exclusive; mechanism is there, but it is not unqualified; determinism is there, but it is not alone.

195:6.15 (2078.1) The finite universe of matter would eventually become uniform and deterministic but for the combined presence of mind and spirit. The influence of the cosmic mind constantly injects spontaneity into even the material worlds.

195:6.16 (2078.2) Freedom or initiative in any realm of existence is directly proportional to the degree of spiritual influence and cosmic-mind control; that is, in human experience, the degree of the actuality of doing “the Father’s will.” And so, when you once start out to find God, that is the conclusive proof that God has already found you.

195:6.17 (2078.3) The sincere pursuit of goodness, beauty, and truth leads to God. And every scientific discovery demonstrates the existence of both freedom and uniformity in the universe. The discoverer was free to make the discovery. The thing discovered is real and apparently uniform, or else it could not have become known as a thing.


7. The Vulnerability of Materialism


195:7.1 (2078.4) How foolish it is for material-minded man to allow such vulnerable theories as those of a mechanistic universe to deprive him of the vast spiritual resources of the personal experience of true religion. Facts never quarrel with real spiritual faith; theories may. Better that science should be devoted to the destruction of superstition rather than attempting the overthrow of religious faith—human belief in spiritual realities and divine values.

195:7.2 (2078.5) Science should do for man materially what religion does for him spiritually: extend the horizon of life and enlarge his personality. True science can have no lasting quarrel with true religion. The “scientific method” is merely an intellectual yardstick wherewith to measure material adventures and physical achievements. But being material and wholly intellectual, it is utterly useless in the evaluation of spiritual realities and religious experiences.

195:7.3 (2078.6) The inconsistency of the modern mechanist is: If this were merely a material universe and man only a machine, such a man would be wholly unable to recognize himself as such a machine, and likewise would such a machine-man be wholly unconscious of the fact of the existence of such a material universe. The materialistic dismay and despair of a mechanistic science has failed to recognize the fact of the spirit-indwelt mind of the scientist whose very supermaterial insight formulates these mistaken and self-contradictory concepts of a materialistic universe.

195:7.4 (2078.7) Paradise values of eternity and infinity, of truth, beauty, and goodness, are concealed within the facts of the phenomena of the universes of time and space. But it requires the eye of faith in a spirit-born mortal to detect and discern these spiritual values.

195:7.5 (2078.8) The realities and values of spiritual progress are not a “psychologic projection”—a mere glorified daydream of the material mind. Such things are the spiritual forecasts of the indwelling Adjuster, the spirit of God living in the mind of man. And let not your dabblings with the faintly glimpsed findings of “relativity” disturb your concepts of the eternity and infinity of God. And in all your solicitation concerning the necessity for self-expression do not make the mistake of failing to provide for Adjuster-expression, the manifestation of your real and better self.

195:7.6 (2079.1) If this were only a material universe, material man would never be able to arrive at the concept of the mechanistic character of such an exclusively material existence. This very mechanistic concept of the universe is in itself a nonmaterial phenomenon of mind, and all mind is of nonmaterial origin, no matter how thoroughly it may appear to be materially conditioned and mechanistically controlled.

195:7.7 (2079.2) The partially evolved mental mechanism of mortal man is not overendowed with consistency and wisdom. Man’s conceit often outruns his reason and eludes his logic.

195:7.8 (2079.3) The very pessimism of the most pessimistic materialist is, in and of itself, sufficient proof that the universe of the pessimist is not wholly material. Both optimism and pessimism are concept reactions in a mind conscious of values as well as of facts. If the universe were truly what the materialist regards it to be, man as a human machine would then be devoid of all conscious recognition of that very fact. Without the consciousness of the concept of values within the spirit-born mind, the fact of universe materialism and the mechanistic phenomena of universe operation would be wholly unrecognized by man. One machine cannot be conscious of the nature or value of another machine.

195:7.9 (2079.4) A mechanistic philosophy of life and the universe cannot be scientific because science recognizes and deals only with materials and facts. Philosophy is inevitably superscientific. Man is a material fact of nature, but his life is a phenomenon which transcends the material levels of nature in that it exhibits the control attributes of mind and the creative qualities of spirit.

195:7.10 (2079.5) The sincere effort of man to become a mechanist represents the tragic phenomenon of that man’s futile effort to commit intellectual and moral suicide. But he cannot do it.

195:7.11 (2079.6) If the universe were only material and man only a machine, there would be no science to embolden the scientist to postulate this mechanization of the universe. Machines cannot measure, classify, nor evaluate themselves. Such a scientific piece of work could be executed only by some entity of supermachine status.

195:7.12 (2079.7) If universe reality is only one vast machine, then man must be outside of the universe and apart from it in order to recognize such a fact and become conscious of the insight of such an evaluation.

195:7.13 (2079.8) If man is only a machine, by what technique does this man come to believe or claim to know that he is only a machine? The experience of self-conscious evaluation of one’s self is never an attribute of a mere machine. A self-conscious and avowed mechanist is the best possible answer to mechanism. If materialism were a fact, there could be no self-conscious mechanist. It is also true that one must first be a moral person before one can perform immoral acts.

195:7.14 (2079.9) The very claim of materialism implies a supermaterial consciousness of the mind which presumes to assert such dogmas. A mechanism might deteriorate, but it could never progress. Machines do not think, create, dream, aspire, idealize, hunger for truth, or thirst for righteousness. They do not motivate their lives with the passion to serve other machines and to choose as their goal of eternal progression the sublime task of finding God and striving to be like him. Machines are never intellectual, emotional, aesthetic, ethical, moral, or spiritual.

195:7.15 (2079.10) Art proves that man is not mechanistic, but it does not prove that he is spiritually immortal. Art is mortal morontia, the intervening field between man, the material, and man, the spiritual. Poetry is an effort to escape from material realities to spiritual values.

195:7.16 (2080.1) In a high civilization, art humanizes science, while in turn it is spiritualized by true religion—insight into spiritual and eternal values. Art represents the human and time-space evaluation of reality. Religion is the divine embrace of cosmic values and connotes eternal progression in spiritual ascension and expansion. The art of time is dangerous only when it becomes blind to the spirit standards of the divine patterns which eternity reflects as the reality shadows of time. True art is the effective manipulation of the material things of life; religion is the ennobling transformation of the material facts of life, and it never ceases in its spiritual evaluation of art.

195:7.17 (2080.2) How foolish to presume that an automaton could conceive a philosophy of automatism, and how ridiculous that it should presume to form such a concept of other and fellow automatons!

195:7.18 (2080.3) Any scientific interpretation of the material universe is valueless unless it provides due recognition for the scientist. No appreciation of art is genuine unless it accords recognition to the artist. No evaluation of morals is worth while unless it includes the moralist. No recognition of philosophy is edifying if it ignores the philosopher, and religion cannot exist without the real experience of the religionist who, in and through this very experience, is seeking to find God and to know him. Likewise is the universe of universes without significance apart from the I AM, the infinite God who made it and unceasingly manages it.

195:7.19 (2080.4) Mechanists—humanists—tend to drift with the material currents. Idealists and spiritists dare to use their oars with intelligence and vigor in order to modify the apparently purely material course of the energy streams.

195:7.20 (2080.5) Science lives by the mathematics of the mind; music expresses the tempo of the emotions. Religion is the spiritual rhythm of the soul in time-space harmony with the higher and eternal melody measurements of Infinity. Religious experience is something in human life which is truly supermathematical.

195:7.21 (2080.6) In language, an alphabet represents the mechanism of materialism, while the words expressive of the meaning of a thousand thoughts, grand ideas, and noble ideals—of love and hate, of cowardice and courage—represent the performances of mind within the scope defined by both material and spiritual law, directed by the assertion of the will of personality, and limited by the inherent situational endowment.

195:7.22 (2080.7) The universe is not like the laws, mechanisms, and the uniformities which the scientist discovers, and which he comes to regard as science, but rather like the curious, thinking, choosing, creative, combining, and discriminating scientist who thus observes universe phenomena and classifies the mathematical facts inherent in the mechanistic phases of the material side of creation. Neither is the universe like the art of the artist, but rather like the striving, dreaming, aspiring, and advancing artist who seeks to transcend the world of material things in an effort to achieve a spiritual goal.

195:7.23 (2080.8) The scientist, not science, perceives the reality of an evolving and advancing universe of energy and matter. The artist, not art, demonstrates the existence of the transient morontia world intervening between material existence and spiritual liberty. The religionist, not religion, proves the existence of the spirit realities and divine values which are to be encountered in the progress of eternity.


8. Secular Totalitarianism


195:8.1 (2081.1) But even after materialism and mechanism have been more or less vanquished, the devastating influence of twentieth-century secularism will still blight the spiritual experience of millions of unsuspecting souls.

195:8.2 (2081.2) Modern secularism has been fostered by two world-wide influences. The father of secularism was the narrow-minded and godless attitude of nineteenth- and twentieth-century so-called science—atheistic science. The mother of modern secularism was the totalitarian medieval Christian church. Secularism had its inception as a rising protest against the almost complete domination of Western civilization by the institutionalized Christian church.

195:8.3 (2081.3) At the time of this revelation, the prevailing intellectual and philosophical climate of both European and American life is decidedly secular—humanistic. For three hundred years Western thinking has been progressively secularized. Religion has become more and more a nominal influence, largely a ritualistic exercise. The majority of professed Christians of Western civilization are unwittingly actual secularists.

195:8.4 (2081.4) It required a great power, a mighty influence, to free the thinking and living of the Western peoples from the withering grasp of a totalitarian ecclesiastical domination. Secularism did break the bonds of church control, and now in turn it threatens to establish a new and godless type of mastery over the hearts and minds of modern man. The tyrannical and dictatorial political state is the direct offspring of scientific materialism and philosophic secularism. Secularism no sooner frees man from the domination of the institutionalized church than it sells him into slavish bondage to the totalitarian state. Secularism frees man from ecclesiastical slavery only to betray him into the tyranny of political and economic slavery.

195:8.5 (2081.5) Materialism denies God, secularism simply ignores him; at least that was the earlier attitude. More recently, secularism has assumed a more militant attitude, assuming to take the place of the religion whose totalitarian bondage it onetime resisted. Twentieth-century secularism tends to affirm that man does not need God. But beware! this godless philosophy of human society will lead only to unrest, animosity, unhappiness, war, and world-wide disaster.

195:8.6 (2081.6) Secularism can never bring peace to mankind. Nothing can take the place of God in human society. But mark you well! do not be quick to surrender the beneficent gains of the secular revolt from ecclesiastical totalitarianism. Western civilization today enjoys many liberties and satisfactions as a result of the secular revolt. The great mistake of secularism was this: In revolting against the almost total control of life by religious authority, and after attaining the liberation from such ecclesiastical tyranny, the secularists went on to institute a revolt against God himself, sometimes tacitly and sometimes openly.

195:8.7 (2081.7) To the secularistic revolt you owe the amazing creativity of American industrialism and the unprecedented material progress of Western civilization. And because the secularistic revolt went too far and lost sight of God and true religion, there also followed the unlooked-for harvest of world wars and international unsettledness.

195:8.8 (2081.8) It is not necessary to sacrifice faith in God in order to enjoy the blessings of the modern secularistic revolt: tolerance, social service, democratic government, and civil liberties. It was not necessary for the secularists to antagonize true religion in order to promote science and to advance education.

195:8.9 (2082.1) But secularism is not the sole parent of all these recent gains in the enlargement of living. Behind the gains of the twentieth century are not only science and secularism but also the unrecognized and unacknowledged spiritual workings of the life and teaching of Jesus of Nazareth.

195:8.10 (2082.2) Without God, without religion, scientific secularism can never co-ordinate its forces, harmonize its divergent and rivalrous interests, races, and nationalisms. This secularistic human society, notwithstanding its unparalleled materialistic achievement, is slowly disintegrating. The chief cohesive force resisting this disintegration of antagonism is nationalism. And nationalism is the chief barrier to world peace.

195:8.11 (2082.3) The inherent weakness of secularism is that it discards ethics and religion for politics and power. You simply cannot establish the brotherhood of men while ignoring or denying the fatherhood of God.

195:8.12 (2082.4) Secular social and political optimism is an illusion. Without God, neither freedom and liberty, nor property and wealth will lead to peace.

195:8.13 (2082.5) The complete secularization of science, education, industry, and society can lead only to disaster. During the first third of the twentieth century Urantians killed more human beings than were killed during the whole of the Christian dispensation up to that time. And this is only the beginning of the dire harvest of materialism and secularism; still more terrible destruction is yet to come.


9. Christianity’s Problem


195:9.1 (2082.6) Do not overlook the value of your spiritual heritage, the river of truth running down through the centuries, even to the barren times of a materialistic and secular age. In all your worthy efforts to rid yourselves of the superstitious creeds of past ages, make sure that you hold fast the eternal truth. But be patient! when the present superstition revolt is over, the truths of Jesus’ gospel will persist gloriously to illuminate a new and better way.

195:9.2 (2082.7) But paganized and socialized Christianity stands in need of new contact with the uncompromised teachings of Jesus; it languishes for lack of a new vision of the Master’s life on earth. A new and fuller revelation of the religion of Jesus is destined to conquer an empire of materialistic secularism and to overthrow a world sway of mechanistic naturalism. Urantia is now quivering on the very brink of one of its most amazing and enthralling epochs of social readjustment, moral quickening, and spiritual enlightenment.

195:9.3 (2082.8) The teachings of Jesus, even though greatly modified, survived the mystery cults of their birthtime, the ignorance and superstition of the dark ages, and are even now slowly triumphing over the materialism, mechanism, and secularism of the twentieth century. And such times of great testing and threatened defeat are always times of great revelation.

195:9.4 (2082.9) Religion does need new leaders, spiritual men and women who will dare to depend solely on Jesus and his incomparable teachings. If Christianity persists in neglecting its spiritual mission while it continues to busy itself with social and material problems, the spiritual renaissance must await the coming of these new teachers of Jesus’ religion who will be exclusively devoted to the spiritual regeneration of men. And then will these spirit-born souls quickly supply the leadership and inspiration requisite for the social, moral, economic, and political reorganization of the world.

195:9.5 (2083.1) The modern age will refuse to accept a religion which is inconsistent with facts and out of harmony with its highest conceptions of truth, beauty, and goodness. The hour is striking for a rediscovery of the true and original foundations of present-day distorted and compromised Christianity—the real life and teachings of Jesus.

195:9.6 (2083.2) Primitive man lived a life of superstitious bondage to religious fear. Modern, civilized men dread the thought of falling under the dominance of strong religious convictions. Thinking man has always feared to be held by a religion. When a strong and moving religion threatens to dominate him, he invariably tries to rationalize, traditionalize, and institutionalize it, thereby hoping to gain control of it. By such procedure, even a revealed religion becomes man-made and man-dominated. Modern men and women of intelligence evade the religion of Jesus because of their fears of what it will do to them—and with them. And all such fears are well founded. The religion of Jesus does, indeed, dominate and transform its believers, demanding that men dedicate their lives to seeking for a knowledge of the will of the Father in heaven and requiring that the energies of living be consecrated to the unselfish service of the brotherhood of man.

195:9.7 (2083.3) Selfish men and women simply will not pay such a price for even the greatest spiritual treasure ever offered mortal man. Only when man has become sufficiently disillusioned by the sorrowful disappointments attendant upon the foolish and deceptive pursuits of selfishness, and subsequent to the discovery of the barrenness of formalized religion, will he be disposed to turn wholeheartedly to the gospel of the kingdom, the religion of Jesus of Nazareth.

195:9.8 (2083.4) The world needs more firsthand religion. Even Christianity—the best of the religions of the twentieth century—is not only a religion about Jesus, but it is so largely one which men experience secondhand. They take their religion wholly as handed down by their accepted religious teachers. What an awakening the world would experience if it could only see Jesus as he really lived on earth and know, firsthand, his life-giving teachings! Descriptive words of things beautiful cannot thrill like the sight thereof, neither can creedal words inspire men’s souls like the experience of knowing the presence of God. But expectant faith will ever keep the hope-door of man’s soul open for the entrance of the eternal spiritual realities of the divine values of the worlds beyond.

195:9.9 (2083.5) Christianity has dared to lower its ideals before the challenge of human greed, war-madness, and the lust for power; but the religion of Jesus stands as the unsullied and transcendent spiritual summons, calling to the best there is in man to rise above all these legacies of animal evolution and, by grace, attain the moral heights of true human destiny.

195:9.10 (2083.6) Christianity is threatened by slow death from formalism, overorganization, intellectualism, and other nonspiritual trends. The modern Christian church is not such a brotherhood of dynamic believers as Jesus commissioned continuously to effect the spiritual transformation of successive generations of mankind.

195:9.11 (2083.7) So-called Christianity has become a social and cultural movement as well as a religious belief and practice. The stream of modern Christianity drains many an ancient pagan swamp and many a barbarian morass; many olden cultural watersheds drain into this present-day cultural stream as well as the high Galilean tablelands which are supposed to be its exclusive source.


10. The Future


195:10.1 (2084.1) Christianity has indeed done a great service for this world, but what is now most needed is Jesus. The world needs to see Jesus living again on earth in the experience of spirit-born mortals who effectively reveal the Master to all men. It is futile to talk about a revival of primitive Christianity; you must go forward from where you find yourselves. Modern culture must become spiritually baptized with a new revelation of Jesus’ life and illuminated with a new understanding of his gospel of eternal salvation. And when Jesus becomes thus lifted up, he will draw all men to himself. Jesus’ disciples should be more than conquerors, even overflowing sources of inspiration and enhanced living to all men. Religion is only an exalted humanism until it is made divine by the discovery of the reality of the presence of God in personal experience.

195:10.2 (2084.2) The beauty and sublimity, the humanity and divinity, the simplicity and uniqueness, of Jesus’ life on earth present such a striking and appealing picture of man-saving and God-revealing that the theologians and philosophers of all time should be effectively restrained from daring to form creeds or create theological systems of spiritual bondage out of such a transcendental bestowal of God in the form of man. In Jesus the universe produced a mortal man in whom the spirit of love triumphed over the material handicaps of time and overcame the fact of physical origin.

195:10.3 (2084.3) Ever bear in mind—God and men need each other. They are mutually necessary to the full and final attainment of eternal personality experience in the divine destiny of universe finality.

195:10.4 (2084.4) “The kingdom of God is within you” was probably the greatest pronouncement Jesus ever made, next to the declaration that his Father is a living and loving spirit.

195:10.5 (2084.5) In winning souls for the Master, it is not the first mile of compulsion, duty, or convention that will transform man and his world, but rather the second mile of free service and liberty-loving devotion that betokens the Jesusonian reaching forth to grasp his brother in love and sweep him on under spiritual guidance toward the higher and divine goal of mortal existence. Christianity even now willingly goes the first mile, but mankind languishes and stumbles along in moral darkness because there are so few genuine second-milers—so few professed followers of Jesus who really live and love as he taught his disciples to live and love and serve.

195:10.6 (2084.6) The call to the adventure of building a new and transformed human society by means of the spiritual rebirth of Jesus’ brotherhood of the kingdom should thrill all who believe in him as men have not been stirred since the days when they walked about on earth as his companions in the flesh.

195:10.7 (2084.7) No social system or political regime which denies the reality of God can contribute in any constructive and lasting manner to the advancement of human civilization. But Christianity, as it is subdivided and secularized today, presents the greatest single obstacle to its further advancement; especially is this true concerning the Orient.

195:10.8 (2084.8) Ecclesiasticism is at once and forever incompatible with that living faith, growing spirit, and firsthand experience of the faith-comrades of Jesus in the brotherhood of man in the spiritual association of the kingdom of heaven. The praiseworthy desire to preserve traditions of past achievement often leads to the defense of outgrown systems of worship. The well-meant desire to foster ancient thought systems effectually prevents the sponsoring of new and adequate means and methods designed to satisfy the spiritual longings of the expanding and advancing minds of modern men. Likewise, the Christian churches of the twentieth century stand as great, but wholly unconscious, obstacles to the immediate advance of the real gospel—the teachings of Jesus of Nazareth.

195:10.9 (2085.1) Many earnest persons who would gladly yield loyalty to the Christ of the gospel find it very difficult enthusiastically to support a church which exhibits so little of the spirit of his life and teachings, and which they have been erroneously taught he founded. Jesus did not found the so-called Christian church, but he has, in every manner consistent with his nature, fostered it as the best existent exponent of his lifework on earth.

195:10.10 (2085.2) If the Christian church would only dare to espouse the Master’s program, thousands of apparently indifferent youths would rush forward to enlist in such a spiritual undertaking, and they would not hesitate to go all the way through with this great adventure.

195:10.11 (2085.3) Christianity is seriously confronted with the doom embodied in one of its own slogans: “A house divided against itself cannot stand.” The non-Christian world will hardly capitulate to a sect-divided Christendom. The living Jesus is the only hope of a possible unification of Christianity. The true church—the Jesus brotherhood—is invisible, spiritual, and is characterized by unity, not necessarily by uniformity. Uniformity is the earmark of the physical world of mechanistic nature. Spiritual unity is the fruit of faith union with the living Jesus. The visible church should refuse longer to handicap the progress of the invisible and spiritual brotherhood of the kingdom of God. And this brotherhood is destined to become a living organism in contrast to an institutionalized social organization. It may well utilize such social organizations, but it must not be supplanted by them.

195:10.12 (2085.4) But the Christianity of even the twentieth century must not be despised. It is the product of the combined moral genius of the God-knowing men of many races during many ages, and it has truly been one of the greatest powers for good on earth, and therefore no man should lightly regard it, notwithstanding its inherent and acquired defects. Christianity still contrives to move the minds of reflective men with mighty moral emotions.

195:10.13 (2085.5) But there is no excuse for the involvement of the church in commerce and politics; such unholy alliances are a flagrant betrayal of the Master. And the genuine lovers of truth will be slow to forget that this powerful institutionalized church has often dared to smother newborn faith and persecute truth bearers who chanced to appear in unorthodox raiment.

195:10.14 (2085.6) It is all too true that such a church would not have survived unless there had been men in the world who preferred such a style of worship. Many spiritually indolent souls crave an ancient and authoritative religion of ritual and sacred traditions. Human evolution and spiritual progress are hardly sufficient to enable all men to dispense with religious authority. And the invisible brotherhood of the kingdom may well include these family groups of various social and temperamental classes if they are only willing to become truly spirit-led sons of God. But in this brotherhood of Jesus there is no place for sectarian rivalry, group bitterness, nor assertions of moral superiority and spiritual infallibility.

195:10.15 (2086.1) These various groupings of Christians may serve to accommodate numerous different types of would-be believers among the various peoples of Western civilization, but such division of Christendom presents a grave weakness when it attempts to carry the gospel of Jesus to Oriental peoples. These races do not yet understand that there is a religion of Jesus separate, and somewhat apart, from Christianity, which has more and more become a religion about Jesus.

195:10.16 (2086.2) The great hope of Urantia lies in the possibility of a new revelation of Jesus with a new and enlarged presentation of his saving message which would spiritually unite in loving service the numerous families of his present-day professed followers.

195:10.17 (2086.3) Even secular education could help in this great spiritual renaissance if it would pay more attention to the work of teaching youth how to engage in life planning and character progression. The purpose of all education should be to foster and further the supreme purpose of life, the development of a majestic and well-balanced personality. There is great need for the teaching of moral discipline in the place of so much self-gratification. Upon such a foundation religion may contribute its spiritual incentive to the enlargement and enrichment of mortal life, even to the security and enhancement of life eternal.

195:10.18 (2086.4) Christianity is an extemporized religion, and therefore must it operate in low gear. High-gear spiritual performances must await the new revelation and the more general acceptance of the real religion of Jesus. But Christianity is a mighty religion, seeing that the commonplace disciples of a crucified carpenter set in motion those teachings which conquered the Roman world in three hundred years and then went on to triumph over the barbarians who overthrew Rome. This same Christianity conquered—absorbed and exalted—the whole stream of Hebrew theology and Greek philosophy. And then, when this Christian religion became comatose for more than a thousand years as a result of an overdose of mysteries and paganism, it resurrected itself and virtually reconquered the whole Western world. Christianity contains enough of Jesus’ teachings to immortalize it.

195:10.19 (2086.5) If Christianity could only grasp more of Jesus’ teachings, it could do so much more in helping modern man to solve his new and increasingly complex problems.

195:10.20 (2086.6) Christianity suffers under a great handicap because it has become identified in the minds of all the world as a part of the social system, the industrial life, and the moral standards of Western civilization; and thus has Christianity unwittingly seemed to sponsor a society which staggers under the guilt of tolerating science without idealism, politics without principles, wealth without work, pleasure without restraint, knowledge without character, power without conscience, and industry without morality.

195:10.21 (2086.7) The hope of modern Christianity is that it should cease to sponsor the social systems and industrial policies of Western civilization while it humbly bows itself before the cross it so valiantly extols, there to learn anew from Jesus of Nazareth the greatest truths mortal man can ever hear—the living gospel of the fatherhood of God and the brotherhood of man.

 


Documento 195

Depois de Pentecostes

195:0.1 (2069.1) OS RESULTADOS da pregação de Pedro, no Dia de Pentecostes, foram tais que decidiram sobre as políticas futuras e determinaram os planos da maioria dos apóstolos, nos seus esforços para proclamar o evangelho do Reino. Pedro foi o verdadeiro fundador da igreja cristã; Paulo levou a mensagem cristã aos gentios, e os crentes gregos difundiram-na por todo o império romano.

195:0.2 (2069.2) Embora o povo hebreu, limitado às tradições e dominado pelos sacerdotes, enquanto povo, se recusasse a aceitar que o evangelho de Jesus, da paternidade de Deus e da irmandade dos homens, fosse a proclamação de Pedro e de Paulo, da ressurreição e da ascensão de Cristo (o cristianismo subseqüente), todo o restante do império romano acabou sendo receptivo aos ensinamentos cristãos que evoluíam. Nesse momento a civilização ocidental estava intelectualmente cansada da guerra e encontrava-se também profundamente cética a respeito de todas as religiões e filosofias existentes sobre o universo. Os povos do mundo ocidental, beneficiários da cultura grega, tinham uma respeitável tradição de um passado grandioso. Eles podiam contemplar a herança de grandes realizações na filosofia, na arte, na literatura e nos progressos políticos. Mas, ao lado de todas essas realizações, não tinham tido nenhuma religião que satisfizesse à alma. Os seus anseios espirituais permaneciam insatisfeitos.

195:0.3 (2069.3) E subitamente, sobre tal cenário da sociedade humana, foram lançados os ensinamentos de Jesus, adotados na mensagem cristã. Uma nova ordem de vida, assim, foi apresentada aos corações insaciados desses povos do Ocidente. Essa situação significava um conflito imediato entre as práticas religiosas mais antigas e a nova versão cristianizada da mensagem de Jesus ao mundo. Um tal conflito resultaria em uma vitória definida, fosse da nova crença, ou da mais antiga, ou fosse em algum grau de concessões feitas por alguma dessas partes. A história mostra que a luta levou a um comprometimento sob a forma de concessões. O cristianismo presumiu abranger coisas demasiadamente maiores do que qualquer povo pudesse assimilar em uma ou duas gerações. Não se tratava de uma chamada espiritual simples, como a que Jesus havia apresentado à alma dos homens; abrangia, desde muito cedo, uma atitude sobre os rituais religiosos, a educação, a magia, a medicina, a arte, a literatura, a legislação, o governo, a moral, a regulamentação do sexo, a poligamia e, em um grau limitado, até mesmo a escravidão. O cristianismo não veio meramente como uma nova religião — como algo pelo qual todo o império romano e todo o Oriente estivessem esperando — mas como uma nova ordem de sociedade humana. E, com uma tal pretensão, precipitou rapidamente o colapso moral-social das idades. Os ideais de Jesus, tal como foram reinterpretados pela filosofia grega e socializados pela cristandade, desafiavam agora, com ousadia, as tradições da raça humana incorporadas à ética, à moralidade e à religião da civilização ocidental.

195:0.4 (2069.4) De início, o cristianismo conseguiu convertidos apenas nos estratos sociais e econômicos mais baixos. Mas, por volta do segundo século, o melhor da elite da cultura greco-romana voltava-se cada vez mais para essa nova ordem de crença cristã, para esse novo conceito de propósito de vida e meta de existência.

195:0.5 (2070.1) Como é que essa nova mensagem, de origem judaica, que quase fracassara na sua terra de nascimento, capturou tão rápida e eficazmente o melhor mesmo das mentes do império romano? O triunfo do cristianismo sobre as religiões filosóficas e os cultos dos mistérios deveu-se aos fatores:

195:0.6 (2070.2) 1. A organização. Paulo era um grande organizador e os seus sucessores mantiveram o ritmo que ele estabeleceu.

195:0.7 (2070.3) 2. O cristianismo estava profundamente helenizado. Abrangia o melhor da filosofia grega, bem como a nata da teologia hebraica.

195:0.8 (2070.4) 3. Mas, melhor do que tudo, trazia em si um ideal novo e grande, o eco da vida auto-outorgada de Jesus e o reflexo da sua mensagem de salvação, para toda a humanidade.

195:0.9 (2070.5) 4. Os líderes cristãos estavam dispostos a fazer concessões ao mitraísmo, pois a melhor metade dos que haviam aderido ao cristianismo fora conquistada do culto da Antioquia.

195:0.10 (2070.6) 5. Do mesmo modo, a próxima e mais recente das gerações de líderes da cristandade fez outras concessões mais ao paganismo, tanto que até Constantino, o imperador romano, foi conquistado para a nova religião.

195:0.11 (2070.7) E os cristãos fizeram uma barganha astuta com os pagãos, pois adotaram a pompa ritualística dos pagãos obrigando-os a aceitar a versão helenizada do cristianismo paulino. O acordo que fizeram com os pagãos foi melhor do que aquele que concluíram com o culto mitráico, mas, mesmo naquele compromisso inicial de concessão, eles saíram mais do que vencedores, pois tiveram êxito em eliminar as imoralidades grosseiras e também numerosas outras práticas repreensíveis do mistério persa.

195:0.12 (2070.8) Esses líderes iniciais da cristandade, sabiamente ou não, comprometeram deliberadamente os ideais de Jesus, em um esforço para salvar e promover muitas das suas idéias, e nisso eles tiveram um êxito iminente. Mas não vos enganeis! Esses ideais do Mestre, ainda que comprometidos, estão latentes no seu evangelho e terminarão por fazer valer todo o seu poder diante do mundo.

195:0.13 (2070.9) Por meio dessa paganização do cristianismo, a velha ordem teve muitas vitórias menores, de natureza ritualista, mas os cristãos ganharam a ascendência, pois:

195:0.14 (2070.10) 1. Foi tocada uma nota da moral humana, uma nota nova e de conotação enormemente mais elevada.

195:0.15 (2070.11) 2. Um conceito novo e ampliado de Deus foi passado ao mundo.

195:0.16 (2070.12) 3. A esperança de imortalidade tornou-se um ponto de reafirmação, dentro de uma religião reconhecida.

195:0.17 (2070.13) 4. Jesus de Nazaré foi dado à alma sedenta do homem.

195:0.18 (2070.14) Muitas das grandes verdades, ensinadas por Jesus, foram quase perdidas nesses comprometimentos e concessões iniciais, mas elas ainda permanecem como que adormecidas nessa religião de cristianismo paganizado, que é, por sua vez, a versão paulina da vida e dos ensinamentos do Filho do Homem. E o cristianismo, mesmo antes de ser paganizado, foi profundamente helenizado. O cristianismo deve muito aos gregos, bastante mesmo. Em Nicéia, um grego vindo do Egito, levantou-se corajosamente para desafiar a assembléia, e tão destemidamente o fez que o concílio não ousou obscurecer o conceito da natureza de Jesus; pois a verdade mesma da auto-outorga havia estado em perigo de ser perdida para o mundo. O nome desse grego era Atanásio e, não fossem a eloqüência e a lógica desse crente, a força persuasiva de Ários teria triunfado.

 

1. A Influência dos Gregos

 

195:1.1 (2071.1)A helenização da cristandade, na realidade, começou naquele dia memorável em que o apóstolo Paulo, diante do conselho de Areópagos, em Atenas, falou aos atenienses sobre “o Deus Desconhecido”. Lá, à sombra da Acrópolis, esse cidadão romano proclamou aos gregos a sua versão da nova religião, que havia tido origem na terra judaica da Galiléia. E havia coisas estranhamente semelhantes na filosofia grega e em muitos ensinamentos de Jesus. Tinham uma meta em comum — ambos visavam o soerguimento do indivíduo. Os gregos, por meio da emergência social e política do indivíduo; e Jesus, por meio da emergência moral e espiritual do homem. Os gregos ensinavam o liberalismo intelectual que conduzia à liberdade política; Jesus ensinava o liberalismo espiritual que conduzia à liberdade religiosa. Essas duas idéias, colocadas juntas, constituíam um novo e poderoso código para a liberdade humana, e prognosticavam, para o homem, a sua liberdade social, política e espiritual.

195:1.2 (2071.2) O cristianismo veio à existência e triunfou sobre todas a religiões, então em contenda, principalmente por causa de duas coisas:

195:1.3 (2071.3) 1. A mente grega estava disposta a tomar emprestadas idéias novas e boas, ainda que fosse dos judeus.

195:1.4 (2071.4) 2. Paulo e os seus sucessores estavam dispostos a comprometerem-se, mas fazendo concessões astuciosas e sagazes; eles eram negociantes teológicos perspicazes.

195:1.5 (2071.5) Na época, Paulo dirigiu-se a Atenas pregando “Cristo e o Cristo Crucificado”, os gregos, espiritualmente sedentos, encontravam-se em uma busca inquiridora, interessada e, na realidade, de busca da verdade espiritual. Nunca vos esqueçais de que a princípio os romanos combateram o cristianismo, enquanto os gregos adotaram-no; e de que foram os gregos que literalmente forçaram os romanos, subseqüentemente, a aceitar essa nova religião, já então modificada como uma parte da cultura grega.

195:1.6 (2071.6) Os gregos veneravam a beleza, os judeus a santidade; mas ambos os povos amavam a verdade. Durante séculos os gregos pensaram e debateram seriamente sobre todos os problemas humanos — sociais, econômicos, políticos e filosóficos — , exceto sobre a religião. Poucos entre os gregos haviam dado atenção maior à religião; eles não levavam muito a sério nem a própria religião. Durante séculos os judeus haviam negligenciado esses outros campos do pensamento ao devotar suas mentes à religião. Eles levavam a própria religião bastante a sério, talvez até em demasia. Iluminado pelo conteúdo da mensagem de Jesus, o produto de séculos de pensamento desses dois povos, agora unidos, transformava-se na força motriz de uma nova ordem de sociedade humana e, em uma certa medida, de uma nova ordem de crença e de prática humana religiosa.

195:1.7 (2071.7) A influência da cultura grega havia já penetrado as terras do Mediterrâneo Oriental, quando Alexandre expandiu a civilização helênica no mundo do Oriente próximo. Os gregos saíam-se muito bem com a sua religião e a sua política, enquanto estiveram organizados em pequenas cidades-Estado, mas, quando o rei macedônio ousou expandir a Grécia, como um império, que se estendia do Adriático ao rio Indus, os problemas começaram. A arte e a filosofia da Grécia estavam perfeitamente à altura da expansão imperial, mas não era bem assim com a administração política grega, nem com a religião. Depois que as cidades-Estado da Grécia conseguiram expandir-se como império, os seus deuses paroquiais pareciam um pouco esquisitos. Os gregos realmente estavam procurando um Deus único, um Deus maior e melhor, quando a versão cristianizada da antiga religião judaica chegou a eles.

195:1.8 (2072.1) O império helenista, enquanto tal, não podia durar. A sua influência cultural continuou, mas só durou até assegurar para si o gênio político romano do Ocidente, para a administração do império, e depois que obteve do Oriente uma religião cujo Deus único possuía a dignidade imperial.

195:1.9 (2072.2) No primeiro século depois de Cristo, a cultura helênica havia já atingido os seus níveis mais elevados; o seu retrocesso havia começado; o aprendizado avançava, mas a genialidade declinava. Foi nessa mesma época que as idéias e os ideais de Jesus, parcialmente incorporados ao cristianismo, concorreram para salvar a cultura e o conhecimento gregos.

195:1.10 (2072.3) Alexandre havia atacado o Oriente com a dádiva cultural da civilização da Grécia; Paulo assaltou o Ocidente com a versão cristã do evangelho de Jesus. E, em todos os lugares em que a cultura grega prevaleceu, em todo o Ocidente, também o cristianismo helenizado criou raiz.

195:1.11 (2072.4) A versão oriental da mensagem de Jesus, não obstante haver permanecido mais fiel aos ensinamentos dele, continuou seguindo a atitude de Abner de não fazer comprometimentos sob forma de concessões. E nunca progrediu como o fez a versão helenizada, permanecendo enfim perdida no movimento islâmico.

 

2. A Influência Romana

 

195:2.1 (2072.5) Os romanos incorporaram a cultura grega na totalidade, colocando governos representativos em lugar de governos por áreas. E em breve essa mudança favoreceu o cristianismo, pois Roma trouxe a todo o mundo ocidental uma nova tolerância para línguas, povos e mesmo religiões estrangeiras.

195:2.2 (2072.6) Grande parte da perseguição inicial aos cristãos, em Roma, deveu-se apenas ao uso infeliz que faziam do termo “reino” nas suas pregações. Os romanos eram tolerantes com toda e qualquer religião, mas ressentiam-se muito de qualquer coisa que tivesse o sabor de rivalidade política. E, assim, quando essas perseguições iniciais, devidas tão somente a mal-entendidos, tiveram fim, o campo para a propagação religiosa encontrava-se bem aberto. Os romanos estavam interessados na administração política; eles não se importavam muito com a arte nem com a religião, eram tolerantes com ambas de um modo extraordinário.

195:2.3 (2072.7) A lei oriental era severa e arbitrária; a lei grega era fluida e artística; a lei romana era dignificada e inspiradora de respeito. A educação romana induzia uma lealdade inédita e impassível. Os romanos do período inicial eram indivíduos politicamente devotados e consagrados de um modo sublime. Eram honestos, zelosos e dedicados aos seus ideais, mas não possuíam uma religião digna de ser chamada como tal. Não é de se admirar que os instrutores gregos tivessem sido capazes de persuadi-los a aceitar o cristianismo de Paulo.

195:2.4 (2072.8) E esses romanos eram um grande povo. Eles puderam governar o Ocidente porque se governavam bem a si próprios. Uma honestidade sem par, uma tal devoção e um autocontrole tão decidido formavam o solo ideal para receber e fazer crescer a cristandade.

195:2.5 (2072.9) Foi fácil para esses greco-romanos tornarem-se tão espiritualmente devotados a uma igreja institucionalizada, quanto o eram politicamente ao Estado. Os romanos combateram a igreja apenas quando temeram que ela estivesse competindo com o Estado. Roma, tendo uma filosofia nacional tímida e pouca cultura nativa, tomou a cultura grega como sua própria e fez de Cristo, com valentia, a sua própria filosofia moral. O cristianismo converteu-se na cultura moral de Roma, mas dificilmente tornou-se a sua religião, no sentido de ser, para aqueles que abraçaram a nova religião, uma experiência individual de crescimento espiritual, a religião de um modo pleno. É verdade, de fato, que muitos indivíduos a penetraram com mais profundidade, saindo da superfície de toda essa religião estatal, e encontraram alimento para as suas almas nos valores reais dos significados, mascarados por trás das verdades latentes do cristianismo helenizado e paganizado.

195:2.6 (2073.1) Os estóicos e o seu apelo inflexível à “natureza e à consciência” haviam preparado bem toda a Roma para receber Cristo, pelo menos em um sentido intelectual. O romano era, por natureza e por educação, um legislador; ele venerava até mesmo as leis da natureza. E agora, no cristianismo, ele divisava as leis de Deus nas leis da natureza. Um povo que pôde produzir Cícero e Virgílio estava amadurecido para o cristianismo helenizado de Paulo.

195:2.7 (2073.2) E, pois, esses gregos romanizados forçaram tanto os judeus quanto os cristãos a filosofarem sobre a própria religião, a coordenarem as idéias dessa religião, a sistematizarem os seus ideais e a adaptarem as práticas religiosas às correntes predominantes de vida. E tudo isso foi enormemente ajudado pela tradução das escrituras hebraicas para o grego e pela redação do Novo Testamento, na língua grega.

195:2.8 (2073.3) Contrariamente aos judeus e a muitos outros povos, os gregos vinham, há muito tempo, crendo provisoriamente na imortalidade, em alguma espécie de sobrevivência após a morte e, já que esse era o núcleo mesmo do ensinamento de Jesus, era certo que o cristianismo significasse um forte apelo para eles.

195:2.9 (2073.4) Uma sucessão de vitórias da cultura grega e da política romana havia consolidado as terras do Mediterrâneo como um império, com uma língua e uma cultura, e preparou o mundo ocidental para um só Deus. O judaísmo contribuiu com esse Deus, mas o judaísmo não era aceitável como uma religião para esses gregos romanizados. Filo ajudou alguns a mitigarem as suas objeções, mas o cristianismo revelou a eles um conceito melhor de um Deus único e, prontamente, eles o abraçaram.

 

3. Sob o Império Romano

 

195:3.1 (2073.5) Após a consolidação do governo político romano, e depois da disseminação do cristianismo, os cristãos se viram com um Deus, um grande conceito religioso, mas sem um império. Os greco-romanos se viram com um grande império, mas sem um Deus para servir de conceito religioso adequado à adoração do império e à sua unificação espiritual. Os cristãos aceitaram o império; o império adotou o cristianismo. Os romanos forneceram uma unidade de governo político; os gregos, uma unidade de cultura e de instrução; o cristianismo, uma unidade de prática e de pensamento religioso.

195:3.2 (2073.6) Roma suplantou a tradição do nacionalismo por meio do universalismo imperial e, pela primeira vez na história, tornou possível que raças e nações diferentes, pelo menos nominalmente, aceitassem uma religião única.

195:3.3 (2073.7) O cristianismo ganhou a preferência de Roma, em uma época na qual havia uma grande luta entre os ensinamentos enérgicos dos estóicos e as promessas de salvação dos cultos dos mistérios. O cristianismo trouxe o conforto repousante e o poder libertador para um povo espiritualmente sedento, cuja língua não possuía nenhuma palavra para “ausência de egoísmo”.

195:3.4 (2073.8) O que deu maior poder à cristandade foi o modo pelo qual os seus crentes viveram vidas de serviço e, mesmo, o modo pelo qual morreram pela própria fé, durante os tempos iniciais de perseguições drásticas.

195:3.5 (2073.9) O ensinamento a respeito do amor de Cristo pelas crianças logo colocou um fim à prática disseminada de expor as crianças à morte, quando não eram desejadas, particularmente as meninas.

195:3.6 (2074.1) O plano inicial do culto cristão foi tomado, em sua quase totalidade, ao das sinagogas judaicas, e modificado pelo ritual mitraico; posteriormente, muito do fausto pagão foi acrescentado a ele. A espinha dorsal da igreja cristã inicial consistia de prosélitos gregos do judaísmo, que se cristianizaram.

195:3.7 (2074.2) O segundo século depois de Cristo foi o melhor período, em toda a história do mundo, para uma boa religião fazer progressos no mundo ocidental. Durante o primeiro século, a cristandade havia-se preparado, por meio de lutas e de concessões, para criar raízes e espalhar-se rapidamente. A cristandade adotou o imperador; mais tarde, o imperador adotou o cristianismo. Essa foi uma grande época para uma nova religião ser disseminada. Existia liberdade religiosa; as viagens se haviam generalizado e inexistiam entraves para o livre pensamento.

195:3.8 (2074.3) O ímpeto espiritual de aceitar nominalmente o cristianismo helenizado chegou a Roma tarde demais para impedir o declínio moral já bem avançado, ou para compensar a deterioração racial já bem estabelecida e crescente. Essa nova religião era uma necessidade cultural para a Roma imperial, e é uma grande infelicidade que não se haja tornado um meio de salvação espiritual em um sentido mais amplo.

195:3.9 (2074.4) Mesmo uma boa religião não podia salvar um grande império dos resultados óbvios da falta de participação do indivíduo nos assuntos do governo, do excesso de paternalismo, do exagero e da grosseria dos abusos na coleta dos impostos, do comércio desequilibrado com o Levante, que acabou com o ouro, da loucura dos prazeres, do clichê da padronização romana, da degradação da mulher, da escravidão e da decadência racial, das epidemias físicas, e de uma igreja estatal que se tornou institucionalizada quase até o ponto da esterilidade espiritual.

195:3.10 (2074.5) Em Alexandria, contudo, as condições não eram assim tão desfavoráves. As primeiras escolas continuavam mantendo muitos dos ensinamentos de Jesus sem comprometimentos e concessões. Pantaenos ensinou a Clemente, e passou a colaborar com Natanael, proclamando Cristo na Índia. Embora alguns dos ideais de Jesus hajam sido sacrificados na edificação do cristianismo, deveria aqui, com toda a justiça, ficar registrado que, ao final do segundo século, praticamente todas as grandes mentes do mundo greco-romano, passaram a ser cristãs. O triunfo estava próximo de ser completo.

195:3.11 (2074.6) E esse império romano perdurou tempo suficiente para assegurar a sobrevivência do cristianismo, mesmo depois do império entrar em colapso. Mas nós temos conjecturado, freqüentemente, sobre o que teria acontecido a Roma e ao mundo, caso tivesse sido aceito o evangelho do Reino em lugar do cristianismo grego.

 

4. A Idade das Trevas na Europa

 

195:4.1 (2074.7)A igreja, estando subordinada à sociedade e aliada à política, ficava condenada a compartilhar do declínio intelectual e espiritual na chamada “idade das trevas” européia. Nessa época, a religião tornou-se mais e mais monástica, ascética e regulamentada. Num sentido espiritual, o cristianismo estava hibernando. Durante esse período, existiu, junto com essa religião adormecida e secularizada, uma corrente contínua de misticismo, uma experiência espiritual fantástica que beirou à irrealidade e que, filosoficamente, foi semelhante ao panteísmo.

195:4.2 (2074.8) Nesses séculos de trevas e de desespero, de novo a religião passou a ser algo de segunda mão. O indivíduo se encontrava quase perdido diante da autoridade superofuscante da tradição e do ditatorialismo da igreja. Uma nova ameaça espiritual surgiu na criação de uma galáxia de “santos”, os quais, se presumia, exerciam especial influência nas cortes divinas, e que, por isso, se se apelasse eficazmente para eles, seriam capazes de interceder pelo homem perante os Deuses.

195:4.3 (2075.1) Mas a cristandade estava tão suficientemente socializada e paganizada que, conquanto fosse impotente para frustrar a vinda da idade das trevas, se encontrava mais bem preparada para sobreviver a esse período prolongado de trevas morais e de estagnação espiritual. E o cristianismo perdurou durante a longa noite da civilização ocidental e funcionou ainda como uma influência moral no mundo, quando do alvorecer da renascença. A reabilitação do cristianismo, depois de passar pela idade das trevas, resultou na vinda à existência de numerosas seitas de ensinamentos cristãos, as crenças adequando-se aos tipos especiais — o intelectual, o emocional e o espiritual — de personalidades humanas. E muitos desses grupos especiais de cristãos, ou de famílias religiosas, ainda persistiam à época em que se fazia a apresentação deste documento.

195:4.4 (2075.2) O cristianismo traz em si a história de ter-se originado numa transformação, não intencional, da religião de Jesus, em uma religião sobre Jesus. E ainda apresenta a história de haver experimentado a helenização, a paganização, a secularização, a institucionalização, a deterioração intelectual, a decadência espiritual, a hibernação moral, a ameaça de extinção, o rejuvenescimento posterior, a fragmentação e, mais recentemente, uma relativa reabilitação. Essa genealogia indica a vitalidade inerente e a posse de vastos recursos de recuperação. E esse mesmo cristianismo está agora presente no mundo civilizado de povos do mundo ocidental e tem à frente uma luta pela existência que é ainda menos auspiciosa do que aquelas crises acidentadas que caracterizaram as suas batalhas passadas para alcançar o predomínio.

195:4.5 (2075.3) A religião confronta-se agora com o desafio de um novo tempo de mentes científicas e de tendências materialistas. Nessa luta gigantesca entre o secular e o espiritual, a religião de Jesus finalmente irá triunfar.

 

5. Os Problemas Modernos

 

195:5.1 (2075.4) O século vinte trouxe ao cristianismo, e a todas as outras religiões, novos problemas a serem resolvidos. Quanto mais alto ascende uma civilização, mais premente torna- se o dever de “primeiro buscar as realidades do céu”, em todos os esforços do homem, para estabilizar a sociedade e facilitar a solução dos seus problemas materiais.

195:5.2 (2075.5) A verdade, muitas vezes, torna-se confusa e até enganosa, quando é desmembrada, fracionada, isolada e demasiadamente analisada. A verdade viva ensina, ao buscador da verdade, corretamente, apenas quando ela é abraçada em plenitude e como uma realidade espiritual viva, não como um fato dentro de uma ciência material, nem como uma inspiração de uma arte intermediária.

195:5.3 (2075.6) A religião é a revelação ao homem do seu destino eterno e divino. A religião é uma experiência puramente pessoal e espiritual e deve ser, sempre, diferenciada de outras formas elevadas de pensamento, tais como:

195:5.4 (2075.7) 1. A atitude lógica do homem para com as coisas da realidade material.

195:5.5 (2075.8) 2. A apreciação estética que o homem tem da beleza, em contraste com a fealdade.

195:5.6 (2075.9) 3. O reconhecimento ético que o homem tem das obrigações sociais e do dever político.

195:5.7 (2075.10) 4. Mesmo o senso de moralidade humana, em si e por si próprio, não é religioso.

195:5.8 (2075.11) A religião está destinada a encontrar aqueles valores no universo que exigem fé, confiança e certeza; a religião culmina na adoração. A religião descobre, para a alma, os valores supremos que estão em contraposição aos valores relativos descobertos pela mente. Um tal discernimento interior supra-humano só pode ser alcançado por meio da experiência religiosa verdadeira.

195:5.9 (2075.12) Não se pode sustentar um sistema social duradouro, sem uma moralidade baseada em realidades espirituais, assim como não se poderia sustentar o sistema solar sem a gravidade.

195:5.10 (2076.1) Não tenteis satisfazer a curiosidade, nem gratificar todos os desejos latentes de aventura que surgem na alma, em uma curta vida na carne. Sede pacientes! Não vos deixeis ceder à tentação de lançar-vos em um mergulho desregrado em aventuras baratas e sórdidas. Domai as vossas energias e refreai as vossas paixões; sede calmos enquanto aguardais o desdobrar majestático de uma carreira interminável de aventuras progressivas e de descobertas emocionantes.

195:5.11 (2076.2) Na confusão sobre a origem do homem, não percais de vista o seu destino eterno. Não vos esqueçais de que Jesus amou até mesmo às crianças pequenas, e de que, para sempre, ele deixou claro o grande valor da personalidade humana.

195:5.12 (2076.3) Ao observardes o mundo, lembrai-vos de que as manchas negras do mal, que podeis ver, se destacam sobre o fundo branco do bem último. Vós não vedes meramente manchas brancas do bem, mostrando-se miseravelmente sobre o fundo negro do mal.

195:5.13 (2076.4) Quando há tantas verdades, e tão boas, a se fazerem públicas e proclamadas, por que deveriam os homens insistir tanto no mal do mundo, só porque ele parece ser um fato? As belezas dos valores espirituais da verdade geram mais prazer e são mais enaltecedoras do que o fenômeno do mal.

195:5.14 (2076.5) Na religião, Jesus defendeu e seguiu o método da experiência, do mesmo modo que a ciência moderna busca a técnica pela experimentação. Nós encontramos Deus por meio dos guiamentos do discernimento espiritual interior, mas nós nos aproximamos desse discernimento da alma por meio do amor pelo belo, da busca da verdade, da lealdade ao dever e da adoração à bondade divina. Mas de todos esses valores, o amor é o guia verdadeiro para o discernimento autêntico.

 

6. O Materialismo

 

195:6.1 (2076.6) Involuntariamente, os cientistas fizeram a humanidade precipitar-se em um pânico materialista; eles deram início a uma corrida irrefletida ao banco moral dos tempos, mas esse banco de experiência humana tem vastos recursos espirituais; e pode suportar as demandas que lhe estão sendo feitas. Apenas os homens impensados entram em pânico com os ativos espirituais da raça humana. Quando o pânico materialista-secular houver chegado ao fim, a religião de Jesus não terá ido à bancarrota. O banco espiritual do Reino do céu estará pagando, com fé, esperança e certeza moral, a todos aqueles que recorrerem a ele “em Seu nome”.

195:6.2 (2076.7) Não importando quais possam ser os conflitos aparentes entre o materialismo e os ensinamentos de Jesus, podeis permanecer seguros de que, nas idades que virão, os ensinamentos do Mestre triunfarão completamente. Na realidade, a verdadeira religião não irá envolver-se em nenhuma controvérsia com a ciência, pois não se ocupa em absoluto com as coisas materiais. Para a religião a ciência é simplesmente indiferente, apesar de ter uma simpatia por ela, enquanto se preocupa supremamente com o cientista.

195:6.3 (2076.8) A busca do conhecimento meramente, sem a interpretação da sabedoria que o acompanha e sem o discernimento interior espiritual da experiência religiosa, finalmente leva ao pessimismo e ao desespero humano. Uma dose de conhecimento, se pequena, pode ser algo verdadeiramente desconcertante.

195:6.4 (2076.9) Na época em que estes documentos foram escritos, o pior da era materialista já havia chegado ao fim; o dia de uma melhor compreensão já está no seu alvorecer. As mentes mais elevadas do mundo científico não são mais totalmente materialistas na sua filosofia, e o grosso e comum do povo ainda inclina-se nessa direção em conseqüência de ensinamentos anteriores. Mas essa idade de realismo físico é apenas um episódio passageiro na vida do homem sobre a Terra. A ciência moderna deixou a verdadeira religião — os ensinamentos de Jesus, como traduzidos nas vidas dos seus crentes — intocada. Tudo o que a ciência fez foi destruir as ilusões infantis das falsas interpretações da vida.

195:6.5 (2077.1) A ciência é uma experiência quantitativa, a religião é uma experiência qualitativa, no que concerne à vida do homem na Terra. A ciência lida com os fenômenos; a religião, com as origens, os valores e as metas. Designar causas como explicação de fenômenos físicos é confessar ignorância das ultimas coisas e, ao fim, apenas leva o cientista diretamente de volta à primeira grande causa — o Pai Universal do Paraíso.

195:6.6 (2077.2) A passagem violenta, de uma era de milagres para uma idade de máquinas, revelou-se como sendo de todo desconcertante para o homem. A engenhosidade e a habilidade das falsas filosofias do mecanismo desmentem as pretensões puramente mecanicistas. A agilidade fatalista da mente de um materialista contradiz, para sempre, as suas afirmações de que o universo é um fenômeno energético cego e sem propósito.

195:6.7 (2077.3) O naturalismo mecanicista de alguns homens, supostamente instruídos, e o secularismo impensado, do homem nas ruas, estão ambos ocupados exclusivamente com as coisas; eles estão desprovidos de todos os valores reais, das recompensas e das satisfações de uma natureza espiritual, assim como estão despojados de fé, esperança e certezas eternas. Um dos grandes problemas da vida moderna é que o homem pensa que ele é ocupado demais para encontrar tempo para a meditação espiritual e para a devoção religiosa.

195:6.8 (2077.4) O materialismo reduz o homem a um autômato sem alma e faz dele um mero símbolo aritmético, incluído, sem ter poder, na fórmula matemática de um universo pouco romântico e muito mecânico. Mas de onde provém todo esse vasto universo de matemáticas, sem um Mestre Matemático? A ciência pode discorrer sobre a conservação da matéria, mas a religião torna válida a conservação das almas humanas — e preocupa-se com a experiência delas ligada às realidades espirituais e valores eternos.

195:6.9 (2077.5) O sociólogo materialista de hoje observa uma comunidade, faz um relatório sobre ela e deixa o povo como ele o encontrou. Há dezenove séculos, alguns galileus pouco instruídos observaram Jesus dando a sua vida, como uma contribuição espiritual para a experiência interior do homem, e então eles saíram da Galiléia e viraram todo o império romano de cabeça para baixo.

195:6.10 (2077.6) Os líderes religiosos, contudo, estão cometendo um grande erro ao tentar convocar o homem moderno para a batalha espiritual, com um soar medieval de trombetas. A religião deve prover-se de lemas novos e atuais. Nem a democracia, nem qualquer outra panacéia política, tomará o lugar do progresso espiritual. As religiões falsas podem representar uma fuga da realidade, mas, com o seu evangelho, Jesus conduziu o homem mortal à entrada de uma realidade eterna de progresso espiritual.

195:6.11 (2077.7) Dizer que a mente “surgiu” da matéria nada explica. Se o universo fosse apenas um mecanismo e a mente uma parte da matéria, nós nunca teríamos duas interpretações diferentes de qualquer fenômeno observado. Os conceitos da verdade, da beleza e da bondade não são inerentes, seja à física seja à química. Uma máquina não pode conhecer, e muito menos conhecer a verdade, ter fome de retidão ou valorizar a bondade.

195:6.12 (2077.8) A ciência pode ser física, mas a mente do cientista que discerne a verdade é de todo supramaterial. A matéria não conhece a verdade, nem pode amar a misericórdia nem se comprazer com as verdades espirituais. As convicções morais baseadas no esclarecimento espiritual, e com raízes na experiência humana, são tão reais e certas quanto as deduções matemáticas baseadas nas observações físicas, mas em um nível diferente, mais elevado.

195:6.13 (2077.9) Se os homens não passassem de máquinas, eles reagiriam mais ou menos uniformemente a um universo material. Não existiria a individualidade, e a personalidade menos ainda.

195:6.14 (2077.10) A existência do mecanismo absoluto do Paraíso, no centro do universo dos universos, na presença da volição inqualificável da Segunda Fonte e Centro, torna para sempre certo que as causas determinantes não sejam a lei exclusiva do cosmo. O materialismo existe, mas ele não é exclusivo; o mecanismo existe, mas ele não é inqualificável nem irrestrito; o determinismo existe, mas ele não está só.

195:6.15 (2078.1) O universo finito da matéria tornar-se-ia finalmente uniforme e determinista, não fosse a presença combinada da mente e do espírito. A influência da mente cósmica injeta constantemente a própria espontaneidade nos mundos materiais.

195:6.16 (2078.2) A liberdade, ou a iniciativa, em qualquer reino da existência, é diretamente proporcional ao grau de influência espiritual e de controle da mente-cósmica; e isto é, na experiência humana, o grau de realidade com que vós fazeis a “vontade do Pai”. E assim, uma vez que vós começais a encontrar Deus, esta é a prova conclusiva de que Deus já vos encontrou.

195:6.17 (2078.3) A busca sincera da bondade, da beleza e da verdade conduz a Deus. E cada descoberta científica demonstra a existência tanto da liberdade, quanto da uniformidade no universo. O descobridor estava livre para fazer a descoberta. A coisa descoberta é real e aparentemente uniforme, ou então não poderia ter-se tornado conhecida como uma coisa.

 

7. A Vulnerabilidade do Materialismo

 

195:7.1 (2078.4) Quão tolo é, para o homem de mente material, permitir que teorias vulneráveis, como as de um universo mecanicista, privem-no dos recursos espirituais vastos da experiência pessoal da verdadeira religião. Os fatos nunca contradizem a fé espiritual real; as teorias, sim, podem contradizer. Melhor seria se a ciência ficasse devotada à destruição da superstição, em vez de ficar tentando arruinar a fé religiosa — a crença humana nas realidades espirituais e nos valores divinos.

195:7.2 (2078.5) A ciência deveria fazer materialmente, pelo homem, o que a religião faz por ele, espiritualmente: ampliar o horizonte da vida e tornar a sua personalidade mais abrangente. A verdadeira ciência não pode manter uma disputa duradoura com a religião verdadeira. O “método científico” é meramente um padrão intelectual de avaliação, com o qual se medem as aventuras materiais e as realizações físicas. Mas, como é material e totalmente intelectual, ele passa a ser inteiramente inútil na avaliação das realidades espirituais e das experiências religiosas.

195:7.3 (2078.6) A incoerência do mecanicista moderno é tal que: se o universo fosse meramente material e o homem apenas uma máquina, o homem seria completamente incapaz de se reconhecer como tal e, do mesmo modo, esse homem-máquina seria totalmente inconsciente do fato da existência de um tal universo material. O desalento e desespero materialista da ciência mecanicista fracassou por não reconhecer o fato de que a mente do cientista é residida por um espírito, e este é o discernimento supramaterial, mesmo, dessa mente, que está a formular tal conceito errôneo e autocontraditório de um universo materialista.

195:7.4 (2078.7) Os valores do Paraíso, de eternidade e de infinitude, de verdade, de beleza e bondade, estão ocultos dentro dos fatos dos fenômenos dos universos do tempo e do espaço. Mas é necessário o olho da fé, ao mortal nascido do espírito, para detectar e discernir esses valores espirituais.

195:7.5 (2078.8) As realidades e os valores do progresso espiritual não são uma “projeção psicológica” — um mero sonho diurno glorificado da mente material. Tais coisas são antecipações espirituais do Ajustador residente, o espírito de Deus vivendo na mente do homem. E que as vossas incursões, fraca e confusamente visualizadas adentro da teoria da “relatividade”, não perturbem os vossos conceitos da eternidade e da infinitude de Deus. E, todas as vezes que fordes solicitados a respeito da necessidade da vossa auto-expressão, não cometais o erro de omitir a expressão do Ajustador, a manifestação do vosso eu melhor e mais real.

195:7.6 (2079.1) Se esse fosse um universo apenas material, o homem material nunca seria capaz de alcançar o conceito do caráter mecanicista de uma existência, assim tão exclusivamente material. Esse conceito mecanicista do universo é, em si mesmo, um fenômeno não-material da mente, e toda a mente é de origem não-material; não importando quão radicalmente ela possa parecer ser condicionada materialmente e controlada mecanicamente.

195:7.7 (2079.2) O mecanismo mental parcialmente evoluído, do homem mortal, não é superdotado de consistência e sabedoria. A vaidade do homem freqüentemente ultrapassa a sua razão e ilude a sua lógica.

195:7.8 (2079.3) O próprio pessimismo do materialista mais pessimista é, em si e por si próprio, prova suficiente de que o universo do pessimista não é totalmente material. O otimismo e o pessimismo são, ambos, reações conceituais em uma mente consciente dos valores, tanto quanto dos fatos. Se o universo fosse verdadeiramente o que o materialista considera que ele seja, o homem, como máquina humana, seria então desprovido de todo o reconhecimento consciente daquele fato mesmo. Sem a consciência do conceito de valor, dentro da mente nascida do espírito, o homem não poderia reconhecer, de nenhum modo, o fato do materialismo do universo, e os fenômenos mecanicistas da operação do universo. Uma máquina não pode ser consciente da natureza ou do valor de uma outra máquina.

195:7.9 (2079.4) Uma filosofia mecanicista da vida e do universo não pode ser científica, porque a ciência reconhece apenas as coisas materiais e os fatos, lidando apenas com eles. A filosofia é, inevitavelmente, supracientífica. O homem é um fato material da natureza, mas a sua vida é um fenômeno que transcende os níveis materiais da natureza, pois ela tem os atributos de controle da mente e as qualidades criativas do espírito.

195:7.10 (2079.5) O esforço sincero do homem, para transformar-se em um mecanicista, representa o fenômeno trágico do esforço fútil daquele homem para cometer o suicídio intelectual e moral. Mas ele não o pode fazer.

195:7.11 (2079.6) Se o universo fosse apenas material e se o homem fosse apenas uma máquina, não haveria a ciência para encorajar o cientista a postular essa mecanização do universo. Máquinas não podem medir, classificar, nem avaliar a si próprias. Uma tal obra do trabalho da ciência poderia apenas ser executada por alguma entidade que tenha um status supramaquinal.

195:7.12 (2079.7) Se a realidade do universo é ser apenas uma imensa máquina, então o homem deve estar do lado de fora do universo e separado dele, pois só assim o homem pode reconhecer tal fato e tornar-se consciente e dono de um discernimento de uma tal avaliação.

195:7.13 (2079.8) Se o homem é apenas uma máquina, por meio de qual técnica é que ele chega a acreditar ou a proclamar saber que ele próprio é apenas uma máquina? A experiência de uma avaliação autoconsciente, do próprio eu, nunca é um atributo de uma mera máquina. Um mecanicista autoconsciente e reconhecido é a melhor resposta possível ao mecanicismo. Se o materialismo fosse um fato, não poderia haver nenhum mecanicista autoconsciente. E também é verdade que, para cometer atos imorais, alguém tem antes de ser uma pessoa moral.

195:7.14 (2079.9) A própria pretensão do materialismo implica uma consciência supramaterial da mente, e que presuma afirmar tais dogmas. Um mecanismo poderia deteriorar- se, mas nunca progredir. Máquinas não pensam, criam, sonham, aspiram a algo nem idealizam, nem anseiam pela verdade, nem têm sede de retidão. Elas não motivam as suas vidas com a paixão de servir a outras máquinas, nem de escolher como meta própria de progresso eterno a tarefa sublime de encontrar Deus e de esforçar-se para ser igual a Ele. Máquinas nunca tomam posições intelectuais, emocionais, estéticas, éticas, morais ou espirituais.

195:7.15 (2079.10) A arte prova que o homem não é mecanicista, mas não prova que ele é espiritualmente imortal. A arte é a morôncia do mortal, o domínio intermediário entre o homem, o ser material, e o homem, o ser espiritual. A poesia é o esforço de escape das realidades materiais e aproximação dos valores espirituais.

195:7.16 (2080.1) Numa civilização evoluída, a arte humaniza a ciência, enquanto, por sua vez, ela é espiritualizada pela religião verdadeira — o discernimento dos valores espirituais e eternos. A arte representa a avaliação humana e tempo-espacial da realidade. A religião é o abraço divino dos valores cósmicos e denota progresso eterno na ascensão e na expansão espiritual. A arte do tempo é perigosa apenas quando se torna cega para os padrões espirituais dos arquétipos divinos que a eternidade reflete como sombras da realidade do tempo. A arte verdadeira é a manipulação eficiente das coisas materiais da vida; a religião é a transformação enobrecedora dos fatos materiais da vida, e nunca cessa na sua avaliação espiritual da arte.

195:7.17 (2080.2) Quão tolo é presumir que um autômato poderia conceber uma filosofia do automatismo, e quão ridículo seria supor que pudesse presumir formar o conceito de outros autômatos companheiros e irmãos!

195:7.18 (2080.3) Qualquer interpretação científica do universo material torna-se sem valor, a menos que venha do devido reconhecimento ao cientista. Nenhuma apreciação da arte será genuína a menos que seja acompanhada do reconhecimento do artista. Nenhuma avaliação da moral vale a pena, a menos que inclua o moralista. Nenhum reconhecimento da filosofia será edificante, se ignorar o filósofo, e a religião não pode existir sem a experiência real do religioso que, nessa e por meio dessa mesma experiência, está buscando encontrar Deus e conhecê-lo. Do mesmo modo, o universo dos universos fica sem significado se separado do EU SOU, o Deus infinito que o fez e que continuamente o administra.

195:7.19 (2080.4) Os mecanicistas — humanistas — tendem a se alienar, junto com as correntes materiais. Os idealistas e os espiritualistas ousam usar os seus remos com inteligência e vigor para, aparentemente, modificar o curso puramente material das correntes da energia.

195:7.20 (2080.5) A ciência vive por meio das matemáticas da mente; a música expressa o bater do tempo das emoções. A religião é o ritmo espiritual da alma, em harmonia tempo-espacial com as medidas melódicas mais elevadas e eternas da Infinitude. A experiência religiosa é algo na vida humana que é verdadeiramente supramatemático.

195:7.21 (2080.6) Para a linguagem, um alfabeto representa o mecanismo do materialismo, enquanto as palavras que exprimem os significados de mil pensamentos, grandes idéias e ideais nobres — de amor e ódio, de covardia e coragem — representam as atuações da mente, dentro do escopo definido tanto pela lei material, quanto pela espiritual, dirigido pela afirmação da vontade da personalidade e limitado pelo dom inerente à situação.

195:7.22 (2080.7) O universo não é como as leis, mecanismos e constantes de uniformidades que o cientista descobre e que acaba por considerar como sendo ciência. O universo é mais como um cientista curioso, pensador, que escolhe, que é criativo e que combina e discrimina e que, assim, observa os fenômenos do universo e classifica os fatos matemáticos inerentes às fases mecanicistas do lado material da criação. O universo não é, também, como a arte do artista; mas é mais como o artista que pesquisa, sonha, aspira a algo e avança, e que busca transcender o mundo das coisas materiais, em um esforço para alcançar uma meta espiritual.

195:7.23 (2080.8) O cientista, não a ciência, percebe a realidade de um universo de energia e de matéria, que evolui e que avança. O artista, não a arte, demonstra a existência do mundo transitório moroncial, que se interpõe entre a existência material e a liberdade espiritual. O religioso, não a religião, comprova a existência das realidades do espírito e os valores divinos que devem ser encontrados ao longo do progresso para a eternidade.

 

8. O Totalitarismo Secular

 

195:8.1 (2081.1) Mesmo depois de estarem, o materialismo e o mecanicismo, mais ou menos superados, a influência devastadora do secularismo, do século vinte, contudo, ainda estará frustrando a experiência espiritual de milhões de almas desprecavidas.

195:8.2 (2081.2) O secularismo moderno tem sido fomentado por duas influências mundiais. O pai do secularismo foi a estreiteza e o afastamento de Deus, da chamada ciência do século dezenove e do século vinte — a ciência ateísta. A mãe do secularismo moderno foi a igreja cristã medieval totalitarista. O secularismo teve o seu início num protesto que surgiu contra o domínio quase completo da igreja cristã institucionalizada, sobre a civilização ocidental.

195:8.3 (2081.3) Na época desta revelação, o clima intelectual e filosófico predominante, tanto na vida européia como na vida americana, é decididamente secular — humanista. Durante trezentos anos, o pensamento ocidental vem se mostrando progressivamente mais secularizado e leigo. A religião tornou-se uma influência cada vez mais apenas só de nome, um exercício muito mais de ritual. A maioria daqueles que se professam cristãos, na civilização ocidental, na verdade são inconscientemente leigos ou secularizados.

195:8.4 (2081.4) Foi necessária uma grande força, uma influência poderosa, para libertar o pensamento e o viver, dos povos ocidentais, da garra paralisadora de uma dominação totalitária eclesiástica. O secularismo rompeu com os grilhões do controle da igreja e, agora, por sua vez, ele ameaça estabelecer um tipo novo e sem Deus de domínio sobre os corações e mentes do homem moderno. Um estado político tirânico e ditatorial é a herança direta do materialismo científico e do secularismo filosófico. Assim que o secularismo liberta o homem da dominação da igreja institucionalizada, ele vende o homem para a servidão escrava do estado totalitarista. O secularismo liberta o homem da escravidão eclesiástica apenas para traí-lo, entregando-o à tirania da escravidão política e econômica.

195:8.5 (2081.5) O materialismo nega a Deus, o secularismo simplesmente O ignora; ao menos essa foi a atitude inicial. Mais recentemente, o secularismo comprometeu-se numa atitude mais militante, assumindo tomar o lugar da religião de cuja servidão totalitarista ele fugiu certa vez. O secularismo do século vinte tende a afirmar que o homem não precisa de Deus. Mas tomai cuidado! Essa filosofia, sem Deus, da sociedade humana levará apenas à intranqüilidade, à animosidade, à infelicidade, à guerra e a um desastre mundial.

195:8.6 (2081.6) O secularismo nunca poderá trazer a paz à humanidade. Nada pode tomar o lugar de Deus na sociedade humana. Mas prestai bastante atenção! Não vos apresseis em abandonar os benefícios da revolta secular contra o totalitarismo eclesiástico. A civilização ocidental desfruta hoje de muitas liberdades e satisfações, resultantes da revolta secular. O grande erro do secularismo foi que, ao revoltar-se contra o controle, quase total, da autoridade religiosa sobre a vida, e depois de alcançar a libertação dessa tirania eclesiástica, os secularistas passaram a instituir uma revolta contra o próprio Deus, algumas vezes tacitamente, abertamente em outras.

195:8.7 (2081.7) À revolta secularista vós deveis a criatividade espantosa do industrialismo norte-americano e o progresso material sem precedentes da civilização ocidental. E, porque a revolta secularista foi muito longe e perdeu de vista a verdadeira religião e a Deus, seguiram-se também uma colheita inesperada de guerras mundiais e uma falta de estabilidade internacional.

195:8.8 (2081.8) Não é necessário que se sacrifique a fé em Deus para que se possa desfrutar das bênçãos da revolta secularista moderna: a tolerância, o serviço social, o governo democrático e as liberdades civis. Não foi necessário aos secularistas antagonizarem a verdadeira religião para promover a ciência e para avançar com a educação.

195:8.9 (2082.1) Contudo, o secularismo não é o único progenitor de todos esses ganhos recentes na ampliação da vida. Por detrás dos ganhos do século vinte não estão apenas a ciência e o secularismo, mas também os trabalhos espirituais, não reconhecidos nem considerados, da vida e dos ensinamentos de Jesus de Nazaré.

195:8.10 (2082.2) Sem Deus, sem religião, o secularismo científico não pode nunca coordenar suas forças, harmonizar os seus interesses, as suas raças e os seus nacionalismos, divergentes e competitivos. Essa sociedade humana secularista, não obstante os seus feitos materialistas sem paralelos, está desintegrando-se vagarosamente. A força coesiva principal a resistir a essa desintegração, de antagonismos, é o nacionalismo. E o nacionalismo é a maior barreira para a paz mundial.

195:8.11 (2082.3) A fraqueza inerente ao secularismo é que ele se descarta da ética e da religião, a troco de política e de poder. Vós simplesmente não podeis estabelecer a irmandade dos homens se ignorardes ou se negardes a paternidade de Deus.

195:8.12 (2082.4) O otimismo secular social e político é uma ilusão. Sem Deus, nem a independência, nem a liberdade, nem a propriedade, nem a riqueza conduzirão à paz.

195:8.13 (2082.5) A secularização completa da ciência, da educação, da indústria e da sociedade pode conduzir apenas ao desastre. No primeiro terço do século vinte, os urantianos mataram mais seres humanos do que os que foram mortos durante toda a dispensação cristã até aquela época. E isso é apenas o começo da pavorosa ceifa do materialismo e do secularismo; destruições ainda mais terríveis ainda estão para vir.

 

9. O Problema do Cristianismo

 

195:9.1 (2082.6)Não negligencieis o valor da vossa herança espiritual, o rio da verdade correndo pelos séculos, mesmo pelos tempos estéreis de uma idade materialista e secular. Em todos os vossos esforços condignos para livrar-vos das crenças supersticiosas das idades passadas, certificai-vos de que conservais a verdade eterna. Mas sede pacientes! Quando a revolta atual, da superstição, estiver terminada, as verdades do evangelho de Jesus persistirão gloriosamente, iluminando um caminho novo e melhor.

195:9.2 (2082.7) Mas o cristianismo paganizado e socializado permanece na necessidade de um novo contato com os ensinamentos reais de Jesus, não comprometidos por concessões; pois ele definha na falta de uma nova visão da vida do Mestre na Terra. Uma revelação nova e mais plena da religião de Jesus está destinada a vencer num império de secularismo materialista e a derrotar uma corrente mundial de naturalismo mecanicista. Urântia está agora agitada e à beira de uma das suas épocas mais assombrosas e encantadoras de reajustamento social, de estimulação moral e de iluminação espiritual.

195:9.3 (2082.8) Os ensinamentos de Jesus, ainda que grandemente modificados, sobreviveram aos cultos dos mistérios da sua época natal, à ignorância e à superstição da idade medieval das trevas, e estão, ainda agora, triunfando lentamente sobre o materialismo, o mecanicismo e o secularismo do século vinte. E esses tempos de grandes provações, e de ameaças de derrotas, são sempre tempos de grandes revelações.

195:9.4 (2082.9) A religião necessita de novos líderes, de homens e mulheres espirituais, que ousarão depender apenas de Jesus e dos seus ensinamentos incomparáveis. Se o cristianismo persistir em negligenciar a sua missão espiritual e continuar a ocupar- se de problemas sociais e materiais, o renascimento espiritual deve esperar a vinda desses novos instrutores da religião de Jesus, que irão devotar-se exclusivamente à regeneração espiritual dos homens. E, então, essas almas nascidas do espírito irão rapidamente preencher os quesitos de liderança e de inspiração, para a reorganização social, moral, econômica e política do mundo.

195:9.5 (2083.1) A idade moderna recusar-se-á a aceitar uma religião que seja inconsistente com os fatos e fora de harmonia com as suas concepções mais elevadas da verdade, da beleza e da bondade. É chegada a hora de uma redescoberta dos fundamentos verdadeiros e originais do cristianismo atual, distorcido por concessões — a vida verdadeira e os ensinamentos de Jesus.

195:9.6 (2083.2) O homem primitivo viveu uma vida de servidão supersticiosa ao medo religioso. O homem moderno, civilizado, tem pavor do pensamento de cair no domínio de fortes convicções religiosas. O homem pensante tem sempre temido estar aprisionado a uma religião. Quando uma religião forte e atuante ameaça dominá-lo, ele invariavelmente tenta racionalizá-la, tradicionalizá-la e institucionalizá- la, esperando com isso ter o controle dela. Com esse procedimento, até mesmo uma religião revelada torna-se feita pelo homem e dominada pelo homem. As mulheres e os homens modernos, de inteligência, fogem da religião de Jesus, por causa do medo que têm do que ela fará a eles — e com eles. E todos esses medos são bem fundados. A religião de Jesus de fato domina e transforma os seus crentes, exigindo que os homens dediquem as suas vidas a buscar um conhecimento do que é a vontade do Pai no céu, exigindo que as energias da vida sejam consagradas ao serviço altruísta da irmandade dos homens.

195:9.7 (2083.3) Os homens e as mulheres egoístas simplesmente não pagarão esse preço, nem mesmo pelo maior tesouro espiritual jamais oferecido ao homem mortal. Só quando se houver tornado desiludido o bastante, por desapontamentos tristes que acompanham as buscas tolas e decepcionantes do egoísmo, e depois da descoberta da esterilidade da religião formalizada, é que o homem dispor-se-á a voltar-se, de todo o coração, para o evangelho do Reino, a religião de Jesus de Nazaré.

195:9.8 (2083.4) O mundo necessita mais de uma religião de primeira mão. Mesmo o cristianismo — a melhor das religiões do século vinte — não é apenas uma religião sobre Jesus, mas é amplamente uma religião na qual os homens experimentam coisas por intermédio de outras pessoas. Eles tomam a sua religião totalmente como é passada pelos instrutores religiosos consagrados. Que despertar experimentaria o mundo, se pudesse tão somente ver Jesus como ele realmente viveu na Terra, e conhecer, de primeira mão, os ensinamentos dados pela sua própria vida! As palavras que descrevem as coisas belas não conseguem emocionar como as próprias coisas, nem podem as palavras de um credo inspirar as almas dos homens, como o pode a experiência de conhecer a presença de Deus. Mas a fé atenta sempre manterá a porta da esperança da alma do homem aberta para a entrada das realidades espirituais eternas dos valores divinos dos mundos além deste.

195:9.9 (2083.5) A cristandade tem ousado rebaixar o nível dos seus ideais diante do desafio da usura humana, da loucura das guerras e do desejo ardente de poder; mas a religião de Jesus permanece sendo a convocação espiritual imaculada e transcendente, apelando para o que há de melhor no homem, para que ele se eleve acima de todos esses legados de evolução animal e, por meio da graça, para que alcance as alturas morais do verdadeiro destino humano.

195:9.10 (2083.6) O cristianismo está ameaçado de morte lenta, pelo formalismo, pela super- organização, pelo intelectualismo e por outras tendências não espirituais. A moderna igreja cristã não é aquela irmandade de crentes dinâmicos à qual Jesus encarregou continuadamente com a missão de efetuar a transformação espiritual das gerações sucessivas da humanidade.

195:9.11 (2083.7) O chamado cristianismo tornou-se um movimento social e cultural, tanto quanto uma crença e uma prática religiosa. As correntes do cristianismo moderno drenam muitos antigos pântanos pagãos e muitos marasmos bárbaros; muitas bacias culturais antigas vertem as suas águas nessa corrente cultural de hoje, bem como os mananciais dos altos platôs galileus os quais se supõe serem a sua fonte exclusiva.

 

10. O Futuro

 

195:10.1 (2084.1) O cristianismo de fato prestou um grande serviço a este mundo, mas agora é Jesus que se faz mais necessário. O mundo necessita ver Jesus vivendo novamente na Terra, na experiência de mortais nascidos do espírito e que efetivamente revelem o Mestre a todos os homens. É inútil falar de um renascimento da primitiva cristandade; vós deveis seguir para frente, partindo de onde estais. A cultura moderna deve tornar-se espiritualmente batizada com uma nova revelação da vida de Jesus e iluminada por um novo entendimento do seu evangelho de salvação eterna. E quando Jesus tornar-se elevado assim, ele atrairá todos os homens para si. Os discípulos de Jesus, mais do que conquistadores, deveriam ser fontes transbordantes de inspiração e de vida elevada para todos os homens. A religião é apenas um humanismo elevado, até que seja tornado divino pela descoberta da realidade da presença de Deus, na experiência pessoal.

195:10.2 (2084.2) A beleza e a sublimidade, a humanidade e a divindade, a simplicidade, a singularidade e a unicidade da vida de Jesus na Terra apresentam um quadro tão impressionante e tão atraente de salvação do homem e de revelação de Deus, que os teólogos e os filósofos de todos os tempos deveriam ficar efetivamente impedidos de ousar formar credos ou de criar sistemas teológicos de servidão espiritual a partir dessa auto-outorga transcendental de Deus, na forma do homem. Em Jesus, o universo produziu um homem mortal em quem o espírito do amor triunfou sobre as limitações materiais do tempo e suplantou o fato da origem física.

195:10.3 (2084.3) Tende sempre em mente que Deus e os homens necessitam uns dos outros. Eles são mutuamente necessários para a realização plena e final da experiência eterna da personalidade, no destino divino da finalidade do universo.

195:10.4 (2084.4) “O Reino de Deus está dentro de vós” foi provavelmente a maior afirmação que Jesus fez, junto com a declaração de que o seu Pai é um espírito vivo cheio de amor.

195:10.5 (2084.5) Ao conquistar almas para o Mestre, não é a primeira légua, a da obrigação, do dever ou da convenção, que irá transformar o homem e o seu mundo, mas é mais a segunda légua, a de serviço livre, de devoção e amor à liberdade, a que representa o esforço semelhante ao de Jesus, para alcançar o irmão no amor e para colocá-lo sob a guia espiritual, na direção da meta divina mais elevada da existência mortal. O cristianismo, ainda hoje, percorre, com disposição, a primeira légua; mas a humanidade definha e tropeça nas trevas morais, porque há tão poucos homens fazendo a segunda légua — tão poucos seguidores professos de Jesus e que realmente vivem e amam, como ele ensinou os seus discípulos a viver, a amar e a servir.

195:10.6 (2084.6) O chamamento à aventura de edificar uma sociedade humana nova e transformada por meio do renascimento espiritual da irmandade, no Reino de Jesus, deveria comover e apaixonar a todos aqueles que crêem nele, de um modo como os homens não se comovem desde os dias em que eles perambulavam pela Terra como companheiros dele na carne.

195:10.7 (2084.7) Nenhum sistema social ou regime político que nega a realidade de Deus pode contribuir de uma forma construtiva e duradoura para o avanço da civilização humana. A cristandade, tal como está hoje subdividida e secularizada, representa o maior de todos os obstáculos ao avanço da humanidade; e isso é verdade, especialmente no que concerne ao Oriente.

195:10.8 (2084.8)  O domínio eclesiástico é, agora e sempre, incompatível com aquela fé viva, com o crescimento do espírito e com a experiência original, e de primeira mão, dos camaradas de fé de Jesus, na irmandade dos homens, na associação espiritual do Reino do céu. O desejo louvável de conservar as tradições das realizações passadas, muitas vezes, leva à defesa de sistemas obsoletos de adoração. O desejo bem-intencionado, de realimentar sistemas antigos de pensamento, efetivamente, impede a promoção eficaz de meios e métodos novos e adequados que satisfaçam os anseios espirituais das mentes que se expandem, e avançam, dos homens modernos. Do mesmo modo, as igrejas cristãs do século vinte permanecem como grandes obstáculos, ainda que totalmente inconscientes, ao avanço imediato do evangelho verdadeiro — os ensinamentos de Jesus de Nazaré.

195:10.9 (2085.1) Muitas pessoas sinceras, que de bom grado ofereceriam a sua lealdade ao Cristo do evangelho, acham bastante difícil sustentar, com entusiasmo, uma igreja que demonstra tão pouco do espírito da vida e dos ensinamentos dele, mesmo lhes havendo sido ensinado, erroneamente, que ele a teria fundado. Jesus não fundou a chamada igreja cristã, mas, de todos os modos coerentes com a sua natureza, ele fomentou-a como sendo o melhor expoente existente do trabalho da sua vida na Terra.

195:10.10 (2085.2) Se a igreja cristã ousasse tão-só esposar o programa do Mestre, milhares de jovens, aparentemente indiferentes, apressar-se-iam a alistar-se em um tal empreendimento espiritual, e eles não hesitariam em ir até o fim nessa grande aventura.

195:10.11 (2085.3) A cristandade se defronta seriamente com a condenação que está incorporada em um dos seus próprios slogans: “Uma casa dividida, contra si própria, não poderá sobreviver”. O mundo não cristão dificilmente render-se-á a uma cristandade dividida em seitas. O Jesus vivo é a única esperança de uma unificação possível da cristandade. A verdadeira igreja — a fraternidade de Jesus — é invisível, é espiritual e é caracterizada pela unidade, não necessariamente pela uniformidade. A uniformidade seria uma marca, para o mundo físico, de natureza mecanicista. A unidade espiritual é fruto da união de fé com o Jesus vivo. A igreja visível deveria recusar-se a continuar impedindo o progresso da irmandade invisível e espiritual do Reino de Deus. E essa fraternidade está destinada a tornar-se um organismo vivo, ao contrário de uma organização social institucionalizada. Ela pode, muito bem, servir-se dessas organizações sociais, mas não deve ser suplantada por elas.

195:10.12 (2085.4) Apesar de tudo, mesmo o cristianismo do século vinte não deve ser menosprezado. Ele é o produto do gênio moral dos homens sabedores de Deus, de muitas raças, durante muitos séculos, e tem sido verdadeiramente um dos grandes poderes para o bem na Terra e, portanto, nenhum homem deveria considerá-lo superficialmente e sem o devido apreço, não obstante os seus defeitos inerentes e adquiridos. O cristianismo ainda consegue movimentar as mentes dos homens de reflexão, por meio de emoções morais poderosas.

195:10.13 (2085.5) E não há uma desculpa para o envolvimento da igreja no comércio e na política; alianças ímpias como essas são traições flagrantes ao Mestre. E os amantes genuínos da verdade tardarão em esquecer que essa poderosa igreja institucionalizada tem, freqüentemente, ousado sufocar as fés recém-nascidas e perseguir àqueles que conceberam a verdade e que, na oportunidade, apareceram em vestimentas não ortodoxas.

195:10.14 (2085.6) Infelizmente, é bem verdade que essa igreja não teria sobrevivido, caso não tivesse havido homens no mundo que preferissem o seu estilo de adoração. Muitas almas, espiritualmente indolentes, têm a necessidade ardente de uma religião antiga e autoritária, de tradição sagrada nos rituais. A evolução humana e o progresso espiritual dificilmente são suficientes para capacitar todos os homens a prescindirem de uma autoridade religiosa. E a fraternidade invisível do Reino pode muito bem incluir esses grupos familiares de várias classes e temperamentos sociais caso eles estejam dispostos apenas a tornarem-se filhos de Deus, guiados pelo espírito. Mas, nessa fraternidade de Jesus, não há lugar para a rivalidade sectária, para amargas rixas grupais, nem para afirmações de superioridade moral e de infalibilidade espiritual.

195:10.15 (2086.1) Esses vários agrupamentos de cristãos podem servir para acomodar numerosos tipos diferentes de possíveis crentes, entre os vários povos da civilização ocidental, mas essa divisão da cristandade representa uma grande fraqueza, quando ela intenta levar o evangelho de Jesus aos povos orientais. Aquelas raças ainda não compreendem que possa haver uma religião de Jesus separadamente, e de algum modo à parte, do cristianismo, que cada vez mais está tornando-se uma religião a respeito de Jesus.

195:10.16 (2086.2) A grande esperança para Urântia está na possibilidade de uma nova revelação de Jesus, com uma apresentação nova e ampliada da sua mensagem de salvação, que espiritualmente una, no serviço amoroso, as numerosas famílias daqueles que atualmente são os seus professos seguidores.

195:10.17 (2086.3) Mesmo a educação secular poderia ajudar, nesse grande renascimento espiritual, caso desse mais atenção ao trabalho de ensinar aos jovens como efetuar um planejamento de vida e realizar progressos de caráter. O propósito de toda a educação deveria ser fomentar e realizar o propósito supremo da vida, o desenvolvimento de uma personalidade na grandeza e no equilíbrio. Há uma grande necessidade do ensino da disciplina da moral, em lugar de tanta autogratificação. Com essa base, e por meio do seu incentivo espiritual, a religião pode contribuir para a ampliação e o enriquecimento da vida mortal, e mesmo para a segurança e o engrandecimento da vida eterna.

195:10.18 (2086.4) O cristianismo é uma religião gerada por adequações extemporâneas, e por isso deve operar em baixa velocidade. As atuações em alta velocidade espiritual devem esperar a nova revelação e uma aceitação mais geral da verdadeira religião de Jesus. O cristianismo, contudo, é uma religião poderosa, visto que os discípulos comuns de um carpinteiro crucificado lançaram os ensinamentos que conquistaram o mundo romano, em trezentos anos, e então triunfaram sobre os bárbaros, que arruinaram Roma. Esse mesmo cristianismo predominou — absorvendo e engrandecendo — sobre todas as correntes da teologia hebraica e da filosofia grega. E então, quando essa religião cristã entrou em coma, durante mais de mil anos, em resultado de uma dose excessiva de mistérios e paganismo, ela ressuscitou e virtualmente reconquistou todo o mundo ocidental. O cristianismo contém o suficiente dos ensinamentos de Jesus para imortalizar-se.

195:10.19 (2086.5) Se o cristianismo pudesse abranger mais dos ensinamentos de Jesus, daria uma ajuda bem maior ao homem moderno para resolver os seus problemas novos e cada vez mais complexos.

195:10.20 (2086.6) O cristianismo sofre de uma grande limitação, porque se tornou identificado, nas mentes de todo o mundo, com uma parte do sistema social, da vida industrial e dos padrões morais da civilização ocidental; e assim o cristianismo parece haver patrocinado, involuntariamente, uma sociedade que titubeia sob a culpa de tolerar uma ciência sem idealismo, uma política sem princípios, uma riqueza sem trabalho, um prazer sem restrições, um conhecimento sem caráter, um poder sem consciência e uma indústria sem moralidade.

195:10.21 (2086.7) A esperança, para o cristianismo moderno, é a de que ele possa cessar de apadrinhar os sistemas sociais e as políticas industriais da civilização ocidental e, ao mesmo tempo, a de que ele humildemente se curve diante dessa cruz que ele louva com tanta valentia, e que passe a aprender de novo, de Jesus de Nazaré, sobre as maiores verdades que o homem mortal pôde jamais escutar — o evangelho vivo da paternidade de Deus e da irmandade dos homens.